sexta-feira, 17 de novembro de 2023

O que esperar da Suprema Corte de CorruPTozumba? [Mensagem para o Estadão]

O Estado de São Paulo

Prezado senhor,

 

Um lavrador semianalfabeto estava no barzinho tomando umas e outras com amigos e, de repente, afirmou: “Eu não votei em ladrão!”. Alguns dentre os presentes se indignaram, arrastaram-no e amarraram em um poste. Quando um deles retornou com o chicote, o declarante suplicou: “Mas eu não disse em quem votei; eu não identifiquei nenhum ladrão!”. O inusitado evidenciou a prevalência da ideia de que cada um pensa e age com o cérebro que tem, sob a égide da opção, vocação e caráter que lhe move. 

Rui Barbosa — democrata, antítese dos indignados e que se antecipou a Émile Zola na denúncia da falsidade judiciária envolvendo o militar de origem judaica Alfred Dreyfus – reafirmaria sua épica declaração relativa ao triunfo das nulidades e os consequentes desânimo da virtude, riso da honra e vergonha da honestidade. 

Já o filósofo Jean Paul Sartre — socialista real, parceiro dos indignados e que usou sua genialidade para declarar a irrelevância dos crimes de Stalin; e de forma paradoxal, examinou com acurácia a questão do anti-semitismo — caracterizou, em Huis Clos, a relevância do ato de assumir.

A vida segue ...

CorruPTozumba é um reino imaginário em que a elite dirigente se notabiliza pela conspurcação da liberdade e da verdade, pelo ‘toma-lá-da-cá’ nas interações políticas, pela corrupção generalizada nas ações de governo, pela gestão econômica catastrófica, pela atuação judicial à margem do estado de direito e pela defesa de socialização.

Os integrantes da Suprema Corte de CorruPTozumba são indicados e investidos em suas magnas funções em face das seguintes condições, que seus dirigentes consideram virtuosas:

– reprovação em concurso para juiz;

– prestação de serviços advocatícios para organização criminosa;

– prestação de serviços advocatícios para condenado por assassinatos em país democrático;

– permissão para a esposa trabalhar em escritório que lida com causa que pode ser submetida a julgamento na Suprema Corte;

– atividades empresariais incompatíveis com o cargo;

– difamação de instituições e autoridades corruPTozumbenses no exterior;

– tratamento de questões judiciais fora dos autos do processo;

– militância em campanha política de partido responsável pela maior corrupção da história;

– descumprimento e conspurcação da Carta Magna com decisões espúrias e inconstitucionais; e

– investidura de advogado na egrégia Corte por mandatário amigo que, anteriormente, recebeu seus serviços advocatícios.

Dúvida não há! As Supremas Cortes americana e britânica e os Tribunais Constitucionais e demais Cortes francesa e alemã não possuem magistrados detentores de virtudes similares.

Os integrantes da Suprema Corte de CorruPTozumba observam, com especial interesse, os cidadãos que, na condição de meliantes contumazes, foram aprisionados e, passado mais ou menos tempo da libertação, ascenderam ao posto de mandatário maior do País. As referências preferenciais desses magistrados são os seguintes personagens históricos: Joseph Stalin, na União Soviética; Adolf Hitler, na Alemanha; Pol Pot, no Cambodja (a rigor, Pol Pot não foi encarcerado porque refugiou-se na floresta); Fidel Castro, em Cuba; e Hugo Chaves, na Venezuela.

Nesse contexto, os integrantes da Suprema Corte de CorruPTozumba libertaram o cidadão que a sociedade corruPTozumbense considera, eternamente, ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário, para que pudesse ascender ao Poder do malsinado reino imaginário. Por óbvio, a razão prevalente para a libertação foi a virtude desse caboclo ter causado a maior crise social, política, econômica e de corrupção do planeta da família dos zumbas.

Na atualidade, os integrantes da Suprema Corte de CorruPTozumba estão diligenciando para que os recursos recuperados pela sociedade sejam devolvidos para os notórios políticos e empresários corruptos e, de forma definitiva, sejam anulados todas as ações empreendidas pela Operação Tera-Veloz que desmontou os hediondos esquemas de corrupção, aí incluídas absolvições de todos os malfeitores condenados no âmbito dessa e de outras operações contra organizações criminosas do reinado.

O que mais esperar dos integrantes da Suprema Corte de CorruPTozumba, senão um estado de distopia que satisfaça as mentes doentias dos socialistas, sejam eles nacional-socialistas, socialista-fascistas, socialistas reais ou socialistas corruPTozumbenses?

CorruPTozumba não é único. Há vários reinos de CorruPTozumba. Que à luz dos próprios cérebro, opção, vocação e caráter — e inspirando-se em Rui e Sartre —, cada um renuncie à decisão de não se envergonhar e adquira a faculdade de assumir o CorruPTozumba que lhe apraz. 

Tudo bem! Que sejam o que são! Mas é relevante indagar: quando todos os entes humanos entenderão e abandonarão o ideário de CorruPTozumba, bem como o preconceito contra etnia, religião e ambiente de liberdade e verdade?

Por óbvio, é fácil entender as razões pelas quais o maltratado reino de CorruPTozumba prossegue em um dos maiores retrocessos da história deste e dos demais planetas.

Atenciosamente,

ARS

Assinante do Estadão

 

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