segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Mudança para a vanguarda

Na surpreendente nota “Retrocesso institucional” (Estadão de 28 de fevereiro), é apresentada uma condenação à nomeação de um cidadão, militar da reserva, para o cargo de Ministro da Defesa.
Seria o caso de inferir que um médico poderia ter restrições para ocupar o cargo de Ministro da Saúde; um economista para o cargo de Ministro da Fazenda; ou um advogado para o cargo de Ministro da Justiça — raciocínio estrábico, diria o sábio. 
Na sinuosa nota, poder-se-ia concluir que Eisenhower, De Gaulle e Churchill, por serem militares, não poderiam sequer terem se apresentado como candidatos ao cargo máximo de seus respectivos países. 
Na obtusa nota, faltou ao autor dizer que, similarmente ao que ocorrera na Grécia antiga, há a urgente necessidade de se incluir na Constituição um artigo que defina o conceito de cidadão; em parágrafos subsequentes, sejam definidos quais cargos somente os cidadãos podem ocupar; e, evidentemente, quais seres humanos adultos preenchem as condições para serem considerados cidadãos. 
É razoável também lembrar que a apologia à obra do Sr. Fernando Henrique Cardoso, contida na nota, deveria ser acompanhada do esclarecimento de seu papel na adoção da reeleição, bem como na eleição do Sr. Lula e, por extensão, da Sra. Dilma. É razoável não esquecer que a carta do general romano a seu irmão Cícero e inúmeros outros fatos históricos — que no Brasil desaguaram no sucesso da adoção da reeleição —, são antecedentes animadores das crises do Mensalão e do Petrolão. Por oportuno, a carta para Cícero orientava, há dois milênios, como realizar tramoias para ser eleito senador e sobreviver na política.
Abstenho-me de analisar a origem da inconveniência com que é tratada uma classe de cidadãos. Na democracia, cada um tem a liberdade de expressar sua verdade, mesmo que esta decorra de lógica desarrazoada — os integrantes do Estadão sabem o que é isso! 
O essencial é analisar as causas das mazelas do Brasil e do povo brasileiro. Quando alguém do maior e melhor jornal do País tenta formar opiniões dessa maneira, tem-se um inequívoco indicador das mazelas: corrupção e desrespeito ao bem público; indigência na educação, saúde e segurança; estilo e qualidade insatisfatórias dos políticos; e versão distorcida da história concebida pelos professores doutores na academia — para citar apenas uma amostra do universo.
Há solução: outubro está chegando! “Só a mudança é permanente!” (Heráclito 400 a. C.).

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Coragem, honestidade e verdade


CORREIO BRAZILIENSE — 20/Fev/2017


Precisamos falar sobre Bolsonaro
Leonardo Cavalcanti

[No texto, o Sr. Cavalcanti propõe debate sobre o provável candidato Bolsonaro, mas induz o leitor a pensar que os oponentes do candidato são certos e os demais errados].




RESPOSTA DESTE (E)LEITOR



[Mensagem divulgada na coluna Sr Redator, do Correio Brasiliense de 22/2/2017]
O artigo “Precisamos falar sobre Bolsonaro”, do senhor Leonardo Cavalcanti (Correio Braziliense de 20 de fevereiro) analisa os possíveis candidatos da eleição presidencial de 2018. Nesse sentido, é oportuno asseverar que o texto contém uma virtude: a proposição de debate sobre o provável candidato Bolsonaro; e um vício: a assertiva de que os oponentes do Bolsonaro são sábios e os demais são idiotas. 
De um lado, o senhor Cavalcanti se despoja dos erros dos adversários do senhor Trump — a mídia, os intelectuais e os democratas americanos asseveravam que ele perderia inapelavelmente; de outro, ele abraça-os com inexplicável inconformismo — de forma similar ao que ocorreu no vizinho do norte, atribuindo a outros todos os defeitos possíveis. 
Por oportuno, é razoável asseverar que constitui engano fatal alguém pensar que está sempre certo e os oponentes inequivocamente errados. Ademais, repetir erro já cometido não é prova de lucidez
Por último e fundamentalmente importante, é fácil inferir que, no deserto de ética e honestidade da política brasileira, basta a um político ter coragem, não se deixar corromper e falar a verdade, para ganhar a eleição presidencial de 2018. É essa a práxis do Bolsonaro?


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