quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O Contragolpe de 1964 e o AI-5


É papel inalienável do historiador relatar os fatos históricos e interpretá-los na forma devida para que na posteridade todos — e em especial os jovens — recebam herança adequada. Muito se tem escrito sobre a adoção do Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 13 de dezembro de 1968. É oportuno pois rever causas determinantes, remotas ou próximas, sobretudo com foco naquelas patrocinadas pelos comunistas brasileiros, objetivando a implantação do País da ditadura do proletariado; e, frequentemente, justificadas com a alegação de combate à ditadura militar. Ei-las: 
üa preparação para a guerrilha de Xambioá, entre 1964 e 1968, quando vários dentre os dezoito militantes comunistas que haviam passado por treinamento militar na China, se estabeleceram no Araguaia, para iniciar um movimento guerrilheiro; 
üo surgimento em 1964, no meio universitário da cidade de Niterói, do “Movimento Revolucionário Oito de Outubro” (MR-8), em memória da captura e assassinato na Bolívia, em 8 de outubro de 1967, de Che Guevara;
üa formação em 1966, da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), a partir da união de dissidentes da “Política Operária” (POLOP) com remanescentes do “Movimento Nacionalista Revolucionário”(MNR), com a finalidade de empreender ações de guerrilha; 
üo atentado de 25 de julho de 1966, no aeroporto de Guararapes em Recife, perpetrado pelos comunistas, com o objetivo de assassinar o General Costa e Silva, que se encontrava em campanha pela eleição à Presidência da República, e que ceifou a vida do jornalista Edson Registou de Carvalho e do Vice Almirante Nelson Gomes Fernandes; 
üa divulgação do texto “Algumas Questões Sobre as Guerrilhas no Brasil”, elaborado em outubro de 1967, em Havana, Cuba, por Carlos Marighella, no qual afirma que “Esta contribuição teórica e prática da revolução cubana ao marxismo-leninismo elevou a um plano inteiramente novo a guerrilha, colocando-a na ordem-do-dia por toda a parte, em especial na América Latina”;
üo surgimento, em 1967, da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização estruturada para a prática da guerrilha urbana; e
üo ataque terrorista desencadeado em 26 de junho de 1968, contra o Quartel General do IIº Exército, no Ibirapuera, em São Paulo, e que matou o soldado Mário Kozel Filho.
Por evidente, os fatos históricos ora citados são ignorados, omitidos e apagados da memória por aqueles que tratam do dramático período de 1968. Os livros adotados nas escolas — para mais de 6 milhões de alunos no ensino médio, dentre as 46 milhões de matrículas no ensino básico — deixam de transmitir aspectos essenciais, como as causas que geraram o AI-5, mencionadas neste texto. Por que?
Para desempenhar seu papel, os historiadores devem estar fora do universo dos analfabetos funcionais, dos doentes ideológicos ou dos que prezam a má fé como paradigma existencial. Do contrário, jamais transmitirão a ideia ontológica de que o “objetivo fundamental do ser humano é a paz e a harmonia, tendo como instrumento a democracia, que por seu turno é alicerçada na liberdade, na verdade, na coragem e na ética”.
      E por último e fundamental: a sociedade brasileira clama por mudança. A fraude, a falsidade e a corrupção receberam um duro golpe em 2018. A esperança, a fé e o otimismo entraram na agenda social e política. Todos precisam se conscientizar desses novos tempos em que cidadãos, contribuintes e eleitores estão imergindo.

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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Tolerância zero com a corrupção


ESTADÃO — 5/DEZ/2017


Em editorial, o Estadão atribui aos eleitores de Bolsonaro uma linha de pensamento e um visão política inequivocadas. Contrariamente ao que o autor do texto propugna, esses cidadãos brasileiros aspiram ética, decência e tolerância zero com a corrupção.


RESPOSTA DESTE (E)LEITOR


Aí pelos idos de 1960, ouvi de um professor de português que o Estadão era um dos quatro melhores jornais do mundo em veracidade e credibilidade de notícias. Desde então tenho acompanhado esse prestigioso jornal. 
Pois bem, no editorial de hoje, o Estadão explicita, como opinião oficial, que há um ruidoso contingente de eleitores que apoiam o ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro porque este propugna “o apoio à tortura, defesa da ditadura militar, hostilidade a minorias em geral e nacionalismo bronco”. 
Supondo que essa assertiva seja adequadamente contextualizada e verdadeira, seria razoável, para não dizer ético, que o editorialista asseverasse também que há um silencioso contingente, correspondente a dezenas de vezes maiores que aqueles mencionados na admitida hipótese, que apoiam Bolsonaro por acreditar na verdade e na liberdade, como pilares da democracia, especialmente porque com a atitude dos políticos brasileiros — aí incluídos todos os últimos presidentes da República — suportando os maiores escândalos de corrupção da história da humanidade, não se pode defender a hipocrisia de que a democracia e seus fundamentos basilares estejam sendo vivenciados com plenitude em nosso maltratado país. 
Gostaria de sugerir que o Estadão não desminta meu talentoso professor do início da segunda metade do século passado. É preciso pois que os leitores tomem conhecimento de o que cidadãos crentes na verdade, livres e defensores da harmonia coletiva e institucional esperam do maior mandatário da República — ética, decência e tolerância zero com a corrupção.

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sexta-feira, 7 de abril de 2017

Bombardeio da Síria pelos Estados Unidos

A imagem de um pai portando nos braços os filhos gêmeos de nove meses, mortos por causa do lançamento de gás venenoso, provavelmente desencadeado pelo governo sírio de Bashar Al Assad, surpreendeu e horrorizou o mundo.

Em menos de 48 horas, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ordenou um ataque de retaliação contra o território sírio. Foram lançados mais de 50 mísseis Tomahawk de alto poder destrutivo. Dessa forma, Trump lançou um recado multifacetado para o mundo. 

A mensagem seguramente atinge a União Europeia — o PSDB das confederações de países —, e sugere que os europeus não devem permanecer indefinidamente no muro. A Rússia de Vladimir Putin, aliada dos sírios — e que ao lado da China vetou a tentativa do Conselho de Segurança da ONU de expedir uma resolução condenando de forma veemente a atitude criminosa — recebeu um eloquente aviso para exercer seu poder e influência de forma adequada e ponderada. Curiosamente, Xi Jiping, chefe de Estado chinês, está nos Estados Unidos para conferenciar com o presidente americano, e em consequência terá a agenda comercial, estratégica e política impactada pelo ataque americano — as condições de debate se alteraram significativamente. A  Coreia do Norte e o Irã, que têm projetos nucleares que contrariam as normas internacionais, receberam um alerta sobre o atual modus operandi ianque. Os aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio, notadamente a Turquia, Arábia Saudita e Israel, receberam efusivos indícios de que seus interesses poderão ser suportados de forma decisiva pelos americanos. 

No âmbito interno, os eleitores de Trump seguramente estão se regozijando pela iniciativa de seu presidente. Os eleitores contrários a Trump entraram em estado de dúvida. Os defensores dos direitos humanos estão zonzos e em dificuldade de se posicionar. Os industriais do setor de defesa estão sorrindo diante da perspectiva de ampliação de seus negócios.

Mas não seria necessário combinar com os russos? E como o jogo internacional é simultâneo, não seria conveniente combinar com os demais atores. Enfim, Trump demonstrou ser qualificado ou irresponsável, visionário ou oportunista, estadista ou canalha? “E agora José”, que consequências advirão do empreendimento americano? Dado que só “a mudança é permanente”, como será o mundo em 5 ou 10 anos? Quem viver verá!

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sexta-feira, 31 de março de 2017

O Contragolpe de 1964 e o AI-5


É papel inalienável do historiador relatar os fatos históricos e interpretá-los na forma devida para que na posteridade todos — e em especial os jovens — recebam herança adequada. Muito se tem escrito sobre a adoção do Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 13 de dezembro de 1968. É oportuno pois rever causas determinantes, remotas ou próximas, sobretudo com foco naquelas patrocinadas pelos comunistas brasileiros, objetivando a implantação do País da ditadura do proletariado; e, frequentemente, justificadas com a alegação de combate à ditadura militar. Ei-las: 
üa preparação para a guerrilha de Xambioá, entre 1964 e 1968, quando vários dentre os dezoito militantes comunistas que haviam passado por treinamento militar na China, se estabeleceram no Araguaia, para iniciar um movimento guerrilheiro; 
üo surgimento em 1964, no meio universitário da cidade de Niterói, do “Movimento Revolucionário Oito de Outubro” (MR-8), em memória da captura e assassinato na Bolívia, em 8 de outubro de 1967, de Che Guevara;
üa formação em 1966, da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), a partir da união de dissidentes da “Política Operária” (POLOP) com remanescentes do “Movimento Nacionalista Revolucionário”(MNR), com a finalidade de empreender ações de guerrilha; 
üo atentado de 25 de julho de 1966, no aeroporto de Guararapes em Recife, perpetrado pelos comunistas, com o objetivo de assassinar o General Costa e Silva, que se encontrava em campanha pela eleição à Presidência da República, e que ceifou a vida do jornalista Edson Registou de Carvalho e do Vice Almirante Nelson Gomes Fernandes; 
üa divulgação do texto “Algumas Questões Sobre as Guerrilhas no Brasil”, elaborado em outubro de 1967, em Havana, Cuba, por Carlos Marighella, no qual afirma que “Esta contribuição teórica e prática da revolução cubana ao marxismo-leninismo elevou a um plano inteiramente novo a guerrilha, colocando-a na ordem-do-dia por toda a parte, em especial na América Latina”;
üo surgimento, em 1967, da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização estruturada para a prática da guerrilha urbana; e
üo ataque terrorista desencadeado em 26 de junho de 1968, contra o Quartel General do IIº Exército, no Ibirapuera, em São Paulo, e que matou o soldado Mário Kozel Filho.
Por evidente, os fatos históricos ora citados são ignorados, omitidos e apagados da memória por aqueles que tratam do dramático período de 1968. Os livros adotados nas escolas — para mais de 6 milhões de alunos no ensino médio, dentre as 46 milhões de matrículas no ensino básico — deixam de transmitir aspectos essenciais, como as causas que geraram o AI-5, mencionadas neste texto. Por que?
Para desempenhar seu papel, os historiadores devem estar fora do universo dos analfabetos funcionais, dos doentes ideológicos ou dos que prezam a má fé como paradigma existencial. Do contrário, jamais transmitirão a ideia ontológica de que o “objetivo fundamental do ser humano é a paz e a harmonia, tendo como instrumento a democracia, que por seu turno é alicerçada na liberdade, na verdade, na coragem e na ética”.
E por último e fundamental: a sociedade brasileira clama por mudança. A fraude, a falsidade e a corrupção receberam um duro golpe em 2018. A esperança, a fé e o otimismo entraram na agenda social e política. Todos precisam se conscientizar desses novos tempos em que cidadãos, contribuintes e eleitores estão imergindo.

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terça-feira, 28 de março de 2017

Equívocos em série do Sr. FHC



Mesmo sendo o único intelectual da História do Brasil a exercer a Presidência da República, o sr. Fernando Henrique Cardoso não desencadeou uma solução definitiva para os problemas da educação brasileira. 
Em consequência, o País continua um dos últimos colocados na consagrada classificação do Pisa. O sr. Fernando Henrique permitiu ou contribuiu para que o sr. Lula da Silva se elegesse para suceder-lhe. Ademais, não usou sua liderança para propor o impeachment do sr. Lula em 2006. 
As consequências das gestões petistas no Brasil são uma catástrofe histórica sem precedentes. E o que é mais grave: puseram a sociedade em estado de descrença, desesperança e desatino. Não é novidade que o sr. Fernando Henrique tenha previsto o insucesso da candidatura e eleição do sr. João Doria, em São Paulo – que fique claro: não conheço o prefeito paulistano nem tenho procuração, vocação e interesse em defendê-lo. Não é novidade, pois, que o sr. FHC cometa equívocos. Melhor faria se nos poupasse de conhecê-los. 
Afinal, estamos fartos de líderes que não cumpriram seu papel quando abraçaram o maior cargo da República e teimam em continuar exercendo papel para o qual não foram investidos.
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[Divulgado no Estadão impresso e online de 28/Mar2017]
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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Coragem, honestidade e verdade


CORREIO BRAZILIENSE — 20/Fev/2017


Em artigo publicado no Correio Braziliense, o Sr. Lenoardo Cavalcanti propõe debate sobre o provável candidato Bolsonaro, mas induz o leitor a pensar que os oponentes do candidato são certos e os demais errados.


RESPOSTA DESTE (E)LEITOR

[Mensagem divulgada na coluna Sr. Redator do Correio Braziliense impresso de 21/2/2017]

O artigo “Precisamos falar sobre Bolsonaro”, do senhor Leonardo Cavalcanti (Correio Braziliense de 20 de fevereiro) analisa os possíveis candidatos da eleição presidencial de 2018. Nesse sentido, é oportuno asseverar que o texto contém uma virtude: a proposição de debate sobre o provável candidato Bolsonaro; e um vício: a assertiva de que os oponentes do Bolsonaro são sábios e os demais são idiotas. 
De um lado, o senhor Cavalcanti se despoja dos erros dos adversários do senhor Trump — a mídia, os intelectuais e os democratas americanos asseveravam que ele perderia inapelavelmente; de outro, ele abraça-os com inexplicável inconformismo — de forma similar ao que ocorreu no vizinho do norte, atribuindo a outros todos os defeitos possíveis. 
Por oportuno, é razoável asseverar que constitui engano fatal alguém pensar que está sempre certo e os oponentes inequivocamente errados. Ademais, repetir erro já cometido não é prova de lucidez
Por último e fundamentalmente importante, é fácil inferir que, no deserto de ética e honestidade da política brasileira, basta a um político ter coragem, não se deixar corromper e falar a verdade, para ganhar a eleição presidencial de 2018. É essa a práxis do Bolsonaro?

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