sexta-feira, 26 de junho de 2020

Educação e verdade


O significado da nomeação do Dr. Decotelli
[A sentença “taxada” (e colocada na cor vermelha) era o título original deste texto. Houve substituição e manutenção em destaque na cor vermelha, porque o assunto requer observação, interpretação e avaliação futura.]

Neste texto, são apresentados a entrevista concedida pelo signatário à CNN e algumas considerações sobre eventos antecedentes à emblemática investidura do novo ministro da Educação.
A citada entrevista foi concedida à jornalista Renata Agostini em 22/Jun/2020; foi publicada parcialmente no site da CNN Brasil; e foi comentada pela formadora de opinião, em programa ao vivo, naquela emissora de TV.

Renata Agostini/CNN (RA/CNN) – A saída de Abraham Weintraub veio em boa hora? Qual sua avaliação do desemprenho do governo Bolsonaro na educação até o momento?
Aléssio Ribeiro Souto (ARS) – Como o Sr. Ricardo Velez Rodrigues permaneceu à frente do MEC apenas 3 meses e o Sr. Abraham Weintraub se demitiu após um ano e dois meses, fica evidenciado que a condução da estratégica Pasta da Educação não foi bem sucedida. Isso sem falar no agravamento dos complexos problemas educacionais pela crise da pandemia do coronavirus.
RA/CNN – É preciso trazer um nome de peso ao MEC ou a solução de deixar o atual secretário-executivo da pasta no posto é bem-vinda?
ARS – É essencial que haja uma solução definitiva e duradoura para a Educação. Não custa repetir o velho chavão de que Educação é estratégica e deve receber a mais elevada prioridade na gestão pública de qualquer País. Nesse contexto, é imperioso e inadiável, que seja nomeado um titular para o MEC que atenda à maioria dos seguintes requisitos: 
 (i)   sólida formação acadêmica;
 (ii)   experiência em magistério superior (incluindo doutorado e respectiva orientação de teses);
 (iii) autoria de livros;
 (iv) robusta experiência em gestão pública;
 (v)   crença na força do trabalho, na prevalência do mérito e na imperiosa necessidade de resultados em detrimento da disputa ideológica;
 (vi) inequívoco reconhecimento nacional e internacional atinente ao perfil ora delineado; e
 (vii) capacitação e facilidade em comunicação com os principais segmentos com interesse em Educação (Parlamento, Governos estaduais e municipais, comunidade acadêmica, comunidade empresarial, mídia e outros setores). 
Um ou outro paradigma pode até deixar de ser contemplado, mas a experiência em gestão pública e a capacidade de comunicação com a sociedade são absolutamente imprescindíveis.
RA/CNN – Colocar um militar no posto de ministro poderia ajudar a pacificar a pasta?
ARS – O reconhecimento nacional e até internacional requerido — e mencionado na resposta anterior — não deixa dúvida de que é essencial que o titular do MEC seja um educador por formação, vocação e experiência. Os integrantes da academia, do universo dos docente e dos discentes precisam enxergar no ministro um dos seus. Portanto, é fundamental que seja alguém do meio educacional civil e sobretudo que seja capaz de dialogar no sol e na sombra, no calor e no frio, na terra e na água, em cima e em baixo, do lado de cá e do lado de lá. 
RA/CNN – É preciso tirar a influência de Olavo de Carvalho do MEC?
ARS – Eu sempre defendi que os interesses educacionais brasileiros devem ser pensados, concebidos, interpretados e gerenciados no Brasil, por brasileiros que se disponham a enfrentar os desafios e as incertezas dos enormes problemas educacionais, numa perspectiva de busca da paz e da harmonia, contemplando inquestionavelmente a liberdade, a verdade, a coragem e a ética.
RA/CNN – Qual deve ser a principal meta do MEC a partir de agora?
ARS – Sob a orientação da Presidência da República, o novo ministro deve celebrar imediatamente um pacto nacional para a interação entre a Academia, a intelectualidade em geral, o Parlamento, os Governos estaduais e municipais, o meio empresarial, a mídia e outros setores, bem como, em uma perspectiva urgentíssima, identificar os problemas resultantes do impacto da pandemia do coronavirus e agir de forma consensual, imediata e incessante para reduzir os prejuízos para a juventude da maior crise enfrentada pela humanidade nos últimos 70 anos. Claro, poder-se-ia mencionar outros aspectos, além do imprescindível diálogo e do enfrentamento da crise da pandemia. Entre outros, a prioridade para Educação (precisa ser inserida na agenda nacional e nas consciências de cada cidadão, no lar, no trabalho, no barzinho, na praia etc; e, especialmente, ser cobrada permanentemente dos políticos), a valorização dos professores, o aperfeiçoamento da formação e do treinamento dos professores, a motivação dos alunos, a prevalência do mérito, o monitoramento e avaliação do desempenho, maior atenção para a educação básica, cultura e esporte, estabelecimento de métricas de desempenho para os diretores das escolas de ensino básico e para os reitores de universidades (bem como para cada uma das instituições dirigidas). Foram citadas algumas ideias básicas genéricas. Nessa questão, as maiores autoridades nacionais em Educação deveriam ser convocadas para estruturar as ações a serem concebidas e desencadeadas. De três maneiras. Com urgência! Com urgência! Com urgência!
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Apreciação

Em face dessa entrevista, há a considerar uma sequência de antecedentes no processo de substituição do segundo ministro da Educação do governo Bolsonaro.
Já na campanha política de 2018, à luz de contribuições de diversos colaboradores altamente qualificados da equipe de Brasília, apresentei para debate no âmbito dos companheiros —e também para o então candidato à presidência da República — os paradigmas que os candidatos a ministro da Educação deveriam satisfazer. 
É oportuno relembrar que na videoconferência com elevada autoridade da República, no final de maio/2020, mencionei com ênfase, entre outros, os seguintes aspectos:
“.....................
– Nomeação do Ministro da Educação comprometido com prioridade absoluta para Educação
– Integração e interação plena entre os indissociáveis campos da Educação, Cultura e Esporte
......................”
Embora quase todos os notáveis integrantes da equipe tenham reafirmado a necessidade de prioridade para Educação, fiquei até um pouco constrangido pela percepção (talvez errada ...) de que a conveniência de substituição do ministro não fosse desejada, pelo menos de forma consensual. Em minhas participações posteriores, reafirmei meu posicionamento.
Tive a oportunidade de opinar uma vez mais sobre a titularidade do MEC, quando a elevada autoridade me telefonou pela primeira vez, consultando sobre uma possível investidura do Dr. Nadalin como titular da Educação. Tentei transmitir de forma contundente o que imagino ser visão majoritária de nossa equipe — para não entrar em detalhes da conversa, alertei que haveria a possibilidade de prosseguimento e agravamento do que ocorrera até agora na Educação, em um ano e meio de governo.
Em 14 de junho (domingo), às 17:00 h, recebi de um ministro do Governo Federal, um pedido de sugestão de nome para o cargo de ministro da Educação. Certamente, já havia a tendência ou a certeza da substituição do Dr. Weintraub.
Depois de algumas consultas telefônicas, e passados 20 minutos, decidi fazer a sugestão de três nomes, todos integrantes de nossa valorosa equipe. Se fosse apenas um nome, e este fosse recusado, a oportunidade estaria perdida.
No acompanhamento da situação, ficou evidenciado que passados menos de 72 horas da apresentação da sugestão, os três nomes foram levados ao presidente da República.
Posteriormente, no dia 17 de junho (4ª feira), o presidente anunciou a demissão do Dr. Weintraub. Passados poucos dias convocou os três nomes indicados, para audiência.
E por último e primacial, passados dois dias da entrevista com que foram iniciados estes garranchos, isto é, no dia 23 de junho (4ª feira), o presidente da República anunciou o nome do Dr. Carlos Alberto Decotelli como o novo ministro da Educação — uns dos três nomes constantes da sugestão.

O Dr. Decotelli satisfaz a maioria dos critérios apontados na entrevista para a jornalista da CNN — ressalte-se que os dois primeiros nomeados, Dr. Velez Rodrigues e Dr. Abraham Weintraub, não preenchiam os requisitos apontados.
O Dr. Decotelli constitui uma promissora esperança (que esse pleonasmo não incomode). Há evidências de que tem sólida formação acadêmica, possui exemplar vivência no magistério, é autor de robusta bibliografia, notabiliza-se como experiente gestor e possui magnífica capacidade de interação com apoiadores e contrários. Ademais, é reconhecido como incorruptível — uma questão primacial em nosso maltratado País. Portanto, o Dr. Decotelli preenche o conjunto de paradigmas para ocupar o estratégico cargo de ministro da Educação. 

[As sentenças em destaque foram  “taxadas” (e colocadas na cor vermelha) pela razão anteriormente mencionada — isto é, demanda de observação, interpretação e avaliação futura.]

A juventude tem razões para otimismo. Os que almejam um mundo melhor para seus substitutos prosseguem amparados na ilusão e nos sonhos. Os descrentes se mantêm em seu eterno calvário.
Lembrando de Aristóteles (que não teve filhos; não teve mesmo?), da Vinci (que não poderia tê-los), Marx (que teve sete filhos, não cuidou devidamente de quatro, que por isso faleceram precocemente; deixou de ser referência para duas filhas, Eleanor e Laura, que optaram por suicídio; e um último que não foi sequer reconhecido) e Einstein (que não deu crédito para sua primeira mulher, matemática que o ajudou muito; e ignorou filho), é imperioso tratar da concessão de crédito, tão essencial e às vezes descurada, como no caso de Marx e Einstein — lamentável, por se tratar dos próprios filhos. 


Nesse sentido, há que mencionar o pleito de reconhecimento ao Dr. Antônio Testa, um dos primeiros civis a integrar a equipe de campanha de Brasília, às vezes, indevidamente, nomeada na imprensa como ‘equipe de militares’. O Dr. Testa, por sua robustez intelectual e liderança, carreou para a citada equipe dezenas de ‘scholars’, que até hoje — no governo e fora dele — trabalham incansavelmente para as futuras gerações. E lembrar também o Dr. Marcus Vinicius, por sua invejável capacidade de gestão, retratada na vivência de docente, consagrada biografia e facilidade de lidar com conjunturas conflitantes. 
Não pode haver hesitação em citar também todos os demais integrantes da equipe — generais Ronalt e Marco Aurélio, companheiros de longa data; e novos companheiros, intelectuais do setor educacional — que em maior ou menor escala, ombreiam com os dois citados, em qualificação intelectual, em elegância na interação pessoal e profissional, e nas constantes lições que transmitem em cada reunião e em cada contato.
Esses créditos se destinam a celebrar a vitória, apenas o primeiro passo de uma caminhada que pode significar uma transformação no enfoque de Educação em nosso grandioso País (grande em extensão territorial, em população e em recursos naturais). Dessa forma, podemos aspirar ao sonho de igualdade de oportunidade e especialmente à possibilidade de vida com dignidade e decência para todos os brasileiros, com a contribuição decisiva da Educação, da mesma forma como ocorreu em outros países ao longo da História.
É esse o extraordinário significado da ascensão do Dr. Carlos Alberto Decotelli para o estratégico e prioritário cargo de ministro da Educação. Que ele tenha sucesso e transforme os nossos sonhos em realidade.
É forçoso mencionar o reconhecimento e a gratidão ao Sr. General Heleno e ao Sr. Almirante Rocha, duas dentre as autoridades que mais contribuíram para que as propostas da equipe pudessem ser transformadas em decisão pelo presidente da República, com a investidura do Dr. Decotelli.
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A seguir é apresentada a matéria divulgada no site da CNN Brasil.
O título não corresponde ao que foi transmitido na entrevista. Com frequência, os editores usam essa abordagem.

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MEC não teve sucesso até aqui, diz autor de programa de governo de Bolsonaro




Por Renata Agostini, CNN  — 23 de junho de 2020 às 15:43


O presidente da República, Jair Bolsonaro, acompanha o velório do soldado Pedro Lucas Ferreira Chaves, paraquedista que morreu no Rio (21.jun.2020) – Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO 

Responsável por coordenar o grupo que formulou o programa de governo de Jair Bolsonaro na área da educação, o general da reserva Aléssio Ribeiro Souto afirmou à CNN que a condução da estratégia do MEC até o momento não foi bem-sucedida.
Segundo ele, o grupo que se dedicou a elaborar propostas para a pasta na campanha teme uma terceira derrota na área. O general disse que é preciso convocar com extrema urgência as principais autoridades em educação para estruturar ações para a área.
“É essencial que haja uma solução definitiva e duradoura para a Educação. Não custa repetir o velho chavão de que Educação é estratégica e deve receber a mais elevada prioridade na gestão pública de qualquer País”, afirmou. 
“Como o senhor Ricardo Vélez Rodrigues permaneceu à frente do MEC apenas três meses e o senhor Abraham Weintraub demitiu-se após um ano e dois meses, fica evidenciado que a condução da estratégica pasta da educação não foi bem-sucedida. Isso sem falar no agravamento dos complexos problemas educacionais pela crise da pandemia do coronavírus”, disse o general.
Souto compôs o núcleo duro da campanha de Jair Bolsonaro e o conhece há mais de 20 anos. Ao lado do general Oswaldo Ferreira e do general Augusto Heleno, que hoje é ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Souto ajudou a formular o programa de governo.
De acordo com ele, seria um erro colocar um militar no MEC. Ele avalia que o sucessor de Weintraub deve ter sólida formação acadêmica, incluindo doutorado, robusta experiência em gestão pública e capacidade de comunicação com a sociedade.
“Os integrantes da academia, do universo dos docente e dos discentes precisam enxergar no ministro um dos seus. Portanto, é fundamental que seja alguém do meio educacional civil e sobretudo que seja capaz de dialogar no sol e na sombra, no calor e no frio, na terra e na água, em cima e em baixo, do lado de cá e do lado de lá”.
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quarta-feira, 24 de junho de 2020

A distopia de uma cabeça com necrose

No artigo “Necropolítica de Bolsonaro aponta para um futuro distópico” (Folha de São Paulo de 18 de junho) é mencionado que o menosprezo à vida de negros e pobres avança sobre o dever do Estado proteger a população. Adicionalmente, trata do conceito de necropolítica, atinente ao poder do Estado decidir quem pode viver ou deve morrer na conjuntura da pandemia do coronavírus.

Para o autor da matéria, essa abordagem decorre de medidas neoliberais equivocadas. Não resta senão imaginar que o ser humano que apresentou esse conceito e respectivos resultados está tomado por algum tipo de moléstia, sendo previsível que seja de fundo ideológico — essa terrível necrose que tem assolado tanta gente em todos os quadrantes do globo e causado as distopias inevitáveis.

O auto do artigo apresentou uma metáfora perfeita e genial de necropolítica: a utilização da morte dos outros para fazer oposição a quem discorda. 

Claro, o caboclo gosta do que faz e de como faz. É o típico intelectual que contribuiu para que o Brasil seja um País que, a despeito do enorme território e dos imensos recursos naturais, apresente uma desigualdade social hedionda que envergonha, indigna e ofende. 

Mas ele gosta disso e se opõe à mudança.

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 24/Jun/2020]

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segunda-feira, 22 de junho de 2020

Falsidade pró-democracia


Conforme amplamente noticiado pela imprensa, foi marcado para o dia 26 de junho um ato virtual, supostamente pró-democracia e, por extensão, contra o governo federal.  Manifestaram a intensão de participar a fina flor dos cidadãos que já ocuparam a Presidência da República, como os senhores FHC, José Sarney e Michel Temer, bem como aqueles que foram derrotados na eleição presidencial de 2018 — isto é, gente da estirpe de Fernando Haddad, Ciro Gomes, Guilherme Boulos e outros. 
Os organizadores querem até a presença do ex-presidente presidiário Lula, condenado em dois processos de corrupção e envolvido em outros seis processos em curso, que em face da crescente rejeição que tem sofrido depois de ser libertado indevidamente pela Suprema Corte, declarou que não comparecerá. 
Enfim, o que significa o evento com essas personalidades tão alinhadas com a maior crise da história do Brasil de todos os tempos?
O que os cidadãos vão combinar? Pelo passado da maioria, boa coisa não é. Se somar Reeleição, Mensalão, Petrolão, Invasão chega-se facilmente no Trilhão. A sociedade acordou, mudou e os caboclos não se dão conta. Não é cômico porque é trágico, nefasto, hediondo.
Um leitor com grande probabilidade de ter corrupto favorito discordou que tenha havido mudança nos rumos do País, como mencionado de forma implícita em meu comentário e, para fundamentar sua assertiva, mencionou o caso Queiroz, determinado de forma enviesada pela Suprema Corte e divulgado com enorme sensacionalismo pela mídia. Opinei em relação à infeliz opinião do leitor.
Somando tudo dá um 'nanésimo' do que as esquerdas (que, além da supressão da liberdade, da corrupção desenfreada, assassinaram mais de 100 milhões no mundo) extraíram do povo brasileiro. Agora, vamos estabelecer a diferença: ladrão, assassino, corrupto e bandido de qualquer natureza (de um real ou um bilhão) tem que ser acusado, julgado e, se condenado, tem que ser devidamente encarcerado. Inclusive, os filhos milionários que nunca trabalharam, bem como aqueles que arrancaram centenas de vezes mais do que os que foram citados.
Diante da possibilidade de censura, acrescentei um terceiro comentário na mesma linha do segundo. Curiosamente, este foi aceito e aquele excluído. Transcrevo-o a seguir para deixar caracterizada a censura de quem deveria primar pela defesa da liberdade de expressão. 
Adicionalmente, tantos desfalques para inserir na agenda do combate à corrupção e estão fazendo uma tempestade galáctica por uma ninharia do caso Queiroz. E as diferenças de enfoque? Não importa se o crime é de um real ou um bilhão. Todos devem ser submetidos aos grilhões da Justiça. Se investigar corretamente, a metade dos integrantes da ALERJ já estaria sendo julgada e não apenas os que receberam a enorme ênfase da mídia e respectivos formadores de opinião. E ainda as diferenças? Não tenho corrupto favorito. Quem quiser que defenda os seus. Simples!
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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 22/Jun/2020]
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domingo, 21 de junho de 2020

‘Rachadinha’ na ALERJ — dois pesos e duas medidas


A imprensa tem divulgado com ênfase — para não dizer estardalhaço — a investigação sobre supostos crimes praticados na Assembleia Estadual do Rio de Janeiro pelo então deputado Flávio Bolsonaro, cuja equipe é acusada de ter desviado cerca de um milhão de reais. 
Até aí nada de mais. Quem se desviou da retidão republicana, deve temer e ser devidamente investigado. Onde há suspeita, os braços poderosos da Polícia e da Justiça devem atuar com determinação e eficácia.
Entretanto, nesse caso, há acusações contra parlamentares de vários partidos, devendo ser ressaltado que os supostos danos alcançam dezenas de milhões de reais causados por integrantes do PT e PMDB. Pois bem, nenhum órgão de mídia trata desses casos de corrupção. O foco das notícias está naqueles que se opõem às correntes de esquerda e, naturalmente, estão ligados ao presidente da República. 
Todos que praticam corrupção devem ser investigados, processados e, se confirmado os crimes, condenados e recolhidos para penitenciária. Por que o MP, a Justiça e particularmente a mídia não trata da acusação de desfalque das dezenas de milhões pelos demais Deputados da ALERJ? Por que não trata da fortuna do faxineiro de animais do zoológico?
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[Divulgado no Estadão online de 21/Jun/2020]
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[Divulgado no Globo online de 21/Jun/2020]
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sábado, 20 de junho de 2020

Substituição de Ministro da Educação


Em 1º de janeiro de 2019, por ocasião da posse do presidente eleito, foi nomeado o escritor Ricardo Velez Rodriguez para o cargo de Ministro da Educação. Sua curta gestão foi um desastre.
Passados três meses e uns poucos dias, o colombiano foi substituído pelo economista Abraham Weintraub. Ele durou um ano e dois meses na Pasta. Constatou-se a repetição do desacerto. 
Por ocasião do processo de substituição de Weintraub, um amigo generoso mencionou meu nome para o cargo. Respondi de forma simples e objetiva.

Caro amigo,
Agradeço a lembrança de meu nome. Mas não estou cogitado para essa honrosa missão. 
Devo asseverar que há a expectativa de que possa ser investido alguém — dentre pelo menos quatro candidatos sugeridos ao Governo para o cargo — com inexcedível qualificação, isto é: 
(i)   sólida formação acadêmica; 
(ii)   experiência em magistério superior (incluindo doutorado e respectiva orientação de teses); 
(iii) autoria de livros; 
(iv) robusta experiência em gestão pública;
(v)   crença na força do trabalho, na prevalência do mérito e na imperiosa necessidade de resultados em detrimento da disputa ideológica;
(vi) inequívoco reconhecimento nacional e internacional atinente ao perfil ora delineado; e 
(vii) capacitação e facilidade em comunicação com os principais segmentos com interesse em Educação (Parlamento, Governos estaduais e municipais, comunidade acadêmica, comunidade empresarial, mídia e outros setores). 
Eu e amigos com quem divido a curiosidade sobre questões educacionais apresentamos sugestões e estamos esperançosos de que, nessa terceira tentativa do Governo, a decisão será consentânea com esta mensagem. 
Se assim for, as próximas gerações serão beneficiadas. 
Um abraço.
Obviamente, é difícil conseguir alguém que preencha todos os requisitos. Nesse contexto, o candidato deve preencher a maioria desses paradigmas. É imperioso considerar que o requisito (vii) é obrigatório. 
A capacidade de interação com o conjunto de interessados na seara educacional é obrigatória. É preciso distensão, tranquilidade, convencimento, alívio de tensões e criação de um ambiente de diálogo permanente e produtivo. Só assim, há possibilidade de êxito na emblemática e estratégica Pasta da Educação.
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quarta-feira, 17 de junho de 2020

Resíduo de autoritarismo


O ministro Celso de Mello tem repetidamente vezes dado demonstrações que para ele a democracia é o produto do que ele acha que deve ser e não o produto do consenso entre os cidadãos, apoiados nos mandamentos normativos, de tal sorte que — e aqui uso a expressão recorrente em dezenas de garranchos que já alinhavei — prevaleçam a paz e a harmonia, amparados na liberdade, na verdade, na coragem e na ética.
No artigo “É inconcebível que ainda sobreviva no Estado brasileiro resíduo de autoritarismo, diz Celso”, publicado no Estadão podem ser inferidas contradições inconcebíveis de um alto integrante de um dos Poderes da República.
Se o ministro observar com rigor os mandamentos dos art.1 e 2 da Constituição; se não fizer comparação de conterrâneos com integrantes da ditadura que foi vencida com a contribuição do Brasil, aí incluído o sacrifício de centenas de brasileiros; e se atuar de acordo com o bom senso, a lógica e a razão, outro jurista não o teria alcunhado de juiz "boa sorte" (no sentido do desejo dos atores de teatro) nem haveria no presente, por parte de cidadãos, atos que contrariassem a busca da paz e da harmonia, meta primacial do ser humano. 
Já está na hora de ele começar a dar o exemplo ou descarregar-se.
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[Divulgado no Estadão online de 16/Jun/2020]
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Lanterna da escória jornalística


O suposto jornalista J. C. Kneipp publicou no site Yahoo o artigo “Ineficácia de Bolsonaro na pandemia coloca Brasil na lanterna em ranking mundial”. Ora, ora, ora ...

O Brasil é o 8o. do mundo em total de casos por milhão de habitantes  (4.196 casos/milhão Hab.), e também 8o. do mundo em total de mortes por milhão de habitantes (208 mortes/milhão Hab.); e é o 2o. do mundo em recuperados (464.774). 
A assertiva "Brasil na lanterna em ranking mundial" é Fake News grosseira, ofensiva e acintosa, de alguém que se situa na lanterna da escória jornalística e intelectual.
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[Comentário divulgado no site Yahoo em 17/Jun/2020]
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Um País melhor para nossos substitutos


O ‘scholar’ americano Yascha Mounk resolveu dar palpite nas questões internas brasileiras. A Folha de São Paulo, que prima pelo despautério, decidiu acolher o artigo “Brasil já é uma democracia sob supervisão militar”, do desavisado articulista, com uma sequência de afirmações que pecam por desconhecimento e ignorância em relação à realidade brasileira ou pela doença ideológica de tantos detratores de nosso País. 
Em comentários postados no jornal abordei a questão política e judicial da atual conjuntura brasileira. 

Não é graças aos políticos nefastos (corruptos ou adeptos do nacional-socialismo e do socialismo real ou presidiários livres), que a democracia existe. 
Não é graças aos magistrados desprezíveis (os que falam fora dos autos ou defenderam o PCC ou nunca passaram em concurso para juiz), que a democracia existe. 
É graças aos cidadãos, inclusive os militares, que defendem a sociedade contra todos aqueles, que a democracia pode existir.

Um leitor participou do diálogo. Repliquei.

CARLOS FERNANDO DE SOUZA BRAGA
Não sei se você sabe, mas os militares brasileiros deram um golpe de Estado em 1964 e instauraram uma ditadura que durou até 1985

O distinto leitor deve considerar que a economia do Brasil passou no período de 1964 a 1985, da classificação 43a. para 8a. Tudo o que cada um faz, come, comunica-se, dorme, etc, tem impacto da evolução ocorrida naquele período.
Houve erros e acertos. Houve perdas humanas de um lado e de outro. 
Se tratar de todos os aspectos, cada cidadão pode dar uma demonstração de apreço pela liberdade, verdade, coragem e ética. 
E corrigir os erros da atualidade. E contribuir para um País melhor para os que nos substituirão.

Em comentário adicional, tratei da falha de dados que levaram Yascha Mounk, autor do artigo a opinar.


Com 4.196 casos/milhão de habitantes, o Brasil é o 8o. do mundo em infectados/milhão (USA, 4o. com 6.597). 
Com 208 mortos/milhão de habitantes, é também 8o. do mundo em mortos/milhão (USA, 6o. com 358). 
Com 464.774 recuperados, o Brasil é o 2o. do mundo. 
E esse americano divulgador de Fake News afirma que “centenas de milhares de brasileiros provavelmente vão morrer desnecessariamente devido à reação caótica e incompetente do governo à Covid-19”. Deveria entrar no processo do STF.


O jornal se torna cúmplice do articulista ao acolher o que ele está asseverando de forma indevida.

Outro leitor postou um comentário, uma típica Fake News. Nova réplica.

ROBERTO ALVIM
Já que gosta de rankings, que tal o Brasil estar em 113o lugar em relação a quantidade de testes por milhão de pessoas. Organizadão e super competente nosso governo né? Subnotificação? Imagina só. Deve ser intriga da oposição.

Vamos lá, distinto leitor. É preciso gostar de estatística e ter o hábito de pensar. Quando morei no Oriente Médio, tive conta bancária em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Esse país tem agora uns 8 milhões de habitantes. Claro, não tem comparação estatística com o Brasil.
Em testes/milhão de habitantes: 
(i) entre países com mais de 20 milhões de habitantes, o Brasil é o 25o.;
(ii) entre países com mais de 50 milhões de habitantes, o Brasil é o 12o.; 
(iii) entre países com mais de 100 milhões de habitantes, o Brasil é o 3o. (terceiro!!!) colocado. 
Pensar faz bem! E acalma!
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[Comentários divulgados na Folha de São Paulo online de 17/Jun/2020]
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Equilíbrio entre os Poderes da República


Com brilhantismo, o jornalista Hélio Schwartsman defende “uma interpretação robusta do alcance da liberdade de expressão”. E ele aduz “se alguém está convencido de que uma ditadura é o melhor caminho para o Brasil ou de que negros, judeus e homossexuais são intrinsecamente inferiores, deve ser livre para dizê-lo.” 
Contudo ele ressalva que “o que as autoridades precisam investigar no caso desses grupos que atacam a democracia é se estão instrumentalizando a liberdade de expressão para cometer ilícitos como calúnia, ameaça, associação criminosa ...”.
Para agregar valor à compreensão da complexa conjuntura que o País atravessa, seria conveniente que esse respeitável analista indicasse a diferença de abordagem com que os integrantes da Suprema Corte brasileira lidam com as questões em tela.
Eu diria que o Dr. Hélio Schwartsman tem razão. Comenta com equilíbrio. Mas deveria ter indagado com mais ênfase: só agora os questionamentos são válidos? Só agora magistrados resolveram acordar e descobrir ameaças à democracia? 
E quando isso era feito pelo Jacques Wagner, José Dirceu, Wadi Damous, Lula da Silva, Gleisi Hoffman, João Pedro Stedili e Mauro Iasi (todos autoridades da República e não meros apoiadores, que proferiram imprecações contra as instituições sem qualquer consequência por parte dos magistrados da Suprema Corte) isso não era igualmente ameaçador? 
Será que não tem um intelectual com juízo para fazer um alerta, indicar as sendas a trilhar, por todos?
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[Comentário formulado em face do artigo publicado na Folha de São Paulo de 17/Jun/2020]
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A banalidade do mal no âmbito dos autoritarismos


No artigo “Tiranias só sobrevivem porque pessoas aceitam o aberrante como normal” (Folha de São Paulo de 17/Jun/2020),  o escritor João Pereira Coutinho, sempre lúcido e perspicaz, chama a atenção para a banalidade do mal como propugnou filósofa Hanna Arendt ao escrever o livro inspirado no julgamento do Eichmann. 

Nesse sentido, o Sr Coutinho abre seu texto asseverando que “quando estava em Jerusalém, cobrindo para a New Yorker o julgamento de Adolf Eichmann, Arendt concluiu que aquele homem não era o monstro amoral que se poderia imaginar. Era apenas um funcionário que cumprira ordens sem pensar seriamente no que fazia.” Mesmo discordando desse aspecto da citada obra, ele atribui correção às teses de sua inspiradora.

Na explicitação de sua bem concebida apreciação, os ensinamentos do Sr. Coutinho são razoáveis e estimulantes, pela robusta condenação da supressão da liberdade, porém ecoam a ideia da citada banalização, apenas com a citação da tirania nazista e omitindo o igualmente nefasto e hediondo autoritarismo comunista. 

Por falar em neutralidade e problema cognitivo, por que quando mencionam a banalidade do mal, os sábios só mencionam o nacional-socialismo e deixam de lado o socialismo real? Seria pela eficácia do último na arte de eliminar seres humanos (placar de dez para um União Soviética e China versus Alemanha)? A dissonância é de caráter ou de tendência atávica?

Um leitor do jornal postou uma observação sarcástica — associando aberrante com berrante — indicando que a defesa da imparcialidade da opinião contrária a qualquer tipo e origem de autoritarismo resulta da possibilidade de imitação da atitude do gado. De forma subliminar, ele sugere que aí está a razão que move os apoiadores do atual governo brasileiro. Embora repetindo recorrente argumentação constante de outros garranchos de minha lavra, minha resposta chegou à fronteira da contundência.

Estás acostumado a ouvir o som do berrante? Tem gente que gosta do som; outros apreciam olhar-se no espelho? Em tempos de pandemia, convém ter calma e paciência. É a receita para a paz e para a harmonia. Estas, em qualquer tempo devem ser a meta primacial do ser humano. Só a democracia as permitem. Mas aí é primacial levar em conta a liberdade, a verdade, a coragem e a ética. Viu como é fácil lidar com o gado? Bom, mas não se deve esquecer que tem muito boi bravo por aí. E perigosos e contagiosos.
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[Comentários postados na Folha de São Paulo online de 17/Jun/2020]
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terça-feira, 16 de junho de 2020

Nacional-socialismo e socialismo real

Como regra habitual, uma parcela de intelectuais, jornalistas e outros formadores de opinião, ao tratar de autoritarismo, só citam o nazismo e deixam de lado o irmão quase siamês, o comunismo. Insurjo-me contra isso.

Essa questão, eu sempre a enfoco sob a égide da luta do Brasil na Itália, na Segunda Guerra Mundial (com 465 mortos no campo de batalha contra o nacional-socialismo, isto é, o nazismo) e da luta dos brasileiros no Brasil na Guerra Fria (cerca de 120 mortos contra aqueles que queriam implantar aqui o socialismo real, ou seja, o comunismo).


Por falar em neutralidade e problema cognitivo, por que quando mencionam a banalidade do mal, os sábios só mencionam o nacional-socialismo e deixam de lado o socialismo real? Seria pela eficácia do último na arte de eliminar seres humanos (placar de dez para um, na comparação entre a União Soviética e China versus Alemanha)? A dissonância é de caráter ou de tendência atávica?

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 16/Jun/2020]

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