O significado da nomeação do Dr. Decotelli
[A sentença “taxada” (e colocada na cor vermelha) era o título original deste texto. Houve substituição e manutenção em destaque na cor vermelha, porque o assunto requer observação, interpretação e avaliação futura.]
Neste texto, são apresentados a entrevista concedida pelo signatário à CNN e algumas considerações sobre eventos antecedentes à emblemática investidura do novo ministro da Educação.
A citada entrevista foi concedida à jornalista Renata Agostini em 22/Jun/2020; foi publicada parcialmente no site da CNN Brasil; e foi comentada pela formadora de opinião, em programa ao vivo, naquela emissora de TV.
Renata Agostini/CNN (RA/CNN) – A saída de Abraham Weintraub veio em boa hora? Qual sua avaliação do desemprenho do governo Bolsonaro na educação até o momento?
Aléssio Ribeiro Souto (ARS) – Como o Sr. Ricardo Velez Rodrigues permaneceu à frente do MEC apenas 3 meses e o Sr. Abraham Weintraub se demitiu após um ano e dois meses, fica evidenciado que a condução da estratégica Pasta da Educação não foi bem sucedida. Isso sem falar no agravamento dos complexos problemas educacionais pela crise da pandemia do coronavirus.
RA/CNN – É preciso trazer um nome de peso ao MEC ou a solução de deixar o atual secretário-executivo da pasta no posto é bem-vinda?
ARS – É essencial que haja uma solução definitiva e duradoura para a Educação. Não custa repetir o velho chavão de que Educação é estratégica e deve receber a mais elevada prioridade na gestão pública de qualquer País. Nesse contexto, é imperioso e inadiável, que seja nomeado um titular para o MEC que atenda à maioria dos seguintes requisitos:
(i) sólida formação acadêmica;
(ii) experiência em magistério superior (incluindo doutorado e respectiva orientação de teses);
(iii) autoria de livros;
(iv) robusta experiência em gestão pública;
(v) crença na força do trabalho, na prevalência do mérito e na imperiosa necessidade de resultados em detrimento da disputa ideológica;
(vi) inequívoco reconhecimento nacional e internacional atinente ao perfil ora delineado; e
(vii) capacitação e facilidade em comunicação com os principais segmentos com interesse em Educação (Parlamento, Governos estaduais e municipais, comunidade acadêmica, comunidade empresarial, mídia e outros setores).
Um ou outro paradigma pode até deixar de ser contemplado, mas a experiência em gestão pública e a capacidade de comunicação com a sociedade são absolutamente imprescindíveis.
RA/CNN – Colocar um militar no posto de ministro poderia ajudar a pacificar a pasta?
ARS – O reconhecimento nacional e até internacional requerido — e mencionado na resposta anterior — não deixa dúvida de que é essencial que o titular do MEC seja um educador por formação, vocação e experiência. Os integrantes da academia, do universo dos docente e dos discentes precisam enxergar no ministro um dos seus. Portanto, é fundamental que seja alguém do meio educacional civil e sobretudo que seja capaz de dialogar no sol e na sombra, no calor e no frio, na terra e na água, em cima e em baixo, do lado de cá e do lado de lá.
RA/CNN – É preciso tirar a influência de Olavo de Carvalho do MEC?
ARS – Eu sempre defendi que os interesses educacionais brasileiros devem ser pensados, concebidos, interpretados e gerenciados no Brasil, por brasileiros que se disponham a enfrentar os desafios e as incertezas dos enormes problemas educacionais, numa perspectiva de busca da paz e da harmonia, contemplando inquestionavelmente a liberdade, a verdade, a coragem e a ética.
RA/CNN – Qual deve ser a principal meta do MEC a partir de agora?
ARS – Sob a orientação da Presidência da República, o novo ministro deve celebrar imediatamente um pacto nacional para a interação entre a Academia, a intelectualidade em geral, o Parlamento, os Governos estaduais e municipais, o meio empresarial, a mídia e outros setores, bem como, em uma perspectiva urgentíssima, identificar os problemas resultantes do impacto da pandemia do coronavirus e agir de forma consensual, imediata e incessante para reduzir os prejuízos para a juventude da maior crise enfrentada pela humanidade nos últimos 70 anos. Claro, poder-se-ia mencionar outros aspectos, além do imprescindível diálogo e do enfrentamento da crise da pandemia. Entre outros, a prioridade para Educação (precisa ser inserida na agenda nacional e nas consciências de cada cidadão, no lar, no trabalho, no barzinho, na praia etc; e, especialmente, ser cobrada permanentemente dos políticos), a valorização dos professores, o aperfeiçoamento da formação e do treinamento dos professores, a motivação dos alunos, a prevalência do mérito, o monitoramento e avaliação do desempenho, maior atenção para a educação básica, cultura e esporte, estabelecimento de métricas de desempenho para os diretores das escolas de ensino básico e para os reitores de universidades (bem como para cada uma das instituições dirigidas). Foram citadas algumas ideias básicas genéricas. Nessa questão, as maiores autoridades nacionais em Educação deveriam ser convocadas para estruturar as ações a serem concebidas e desencadeadas. De três maneiras. Com urgência! Com urgência! Com urgência!
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Apreciação
Em face dessa entrevista, há a considerar uma sequência de antecedentes no processo de substituição do segundo ministro da Educação do governo Bolsonaro.
Já na campanha política de 2018, à luz de contribuições de diversos colaboradores altamente qualificados da equipe de Brasília, apresentei para debate no âmbito dos companheiros —e também para o então candidato à presidência da República — os paradigmas que os candidatos a ministro da Educação deveriam satisfazer.
É oportuno relembrar que na videoconferência com elevada autoridade da República, no final de maio/2020, mencionei com ênfase, entre outros, os seguintes aspectos:
“.....................
– Nomeação do Ministro da Educação comprometido com prioridade absoluta para Educação
– Integração e interação plena entre os indissociáveis campos da Educação, Cultura e Esporte
......................”
Embora quase todos os notáveis integrantes da equipe tenham reafirmado a necessidade de prioridade para Educação, fiquei até um pouco constrangido pela percepção (talvez errada ...) de que a conveniência de substituição do ministro não fosse desejada, pelo menos de forma consensual. Em minhas participações posteriores, reafirmei meu posicionamento.
Tive a oportunidade de opinar uma vez mais sobre a titularidade do MEC, quando a elevada autoridade me telefonou pela primeira vez, consultando sobre uma possível investidura do Dr. Nadalin como titular da Educação. Tentei transmitir de forma contundente o que imagino ser visão majoritária de nossa equipe — para não entrar em detalhes da conversa, alertei que haveria a possibilidade de prosseguimento e agravamento do que ocorrera até agora na Educação, em um ano e meio de governo.
Em 14 de junho (domingo), às 17:00 h, recebi de um ministro do Governo Federal, um pedido de sugestão de nome para o cargo de ministro da Educação. Certamente, já havia a tendência ou a certeza da substituição do Dr. Weintraub.
Depois de algumas consultas telefônicas, e passados 20 minutos, decidi fazer a sugestão de três nomes, todos integrantes de nossa valorosa equipe. Se fosse apenas um nome, e este fosse recusado, a oportunidade estaria perdida.
No acompanhamento da situação, ficou evidenciado que passados menos de 72 horas da apresentação da sugestão, os três nomes foram levados ao presidente da República.
Posteriormente, no dia 17 de junho (4ª feira), o presidente anunciou a demissão do Dr. Weintraub. Passados poucos dias convocou os três nomes indicados, para audiência.
E por último e primacial, passados dois dias da entrevista com que foram iniciados estes garranchos, isto é, no dia 23 de junho (4ª feira), o presidente da República anunciou o nome do Dr. Carlos Alberto Decotelli como o novo ministro da Educação — uns dos três nomes constantes da sugestão.
O Dr. Decotelli satisfaz a maioria dos critérios apontados na entrevista para a jornalista da CNN — ressalte-se que os dois primeiros nomeados, Dr. Velez Rodrigues e Dr. Abraham Weintraub, não preenchiam os requisitos apontados.
O Dr. Decotelli constitui uma promissora esperança (que esse pleonasmo não incomode). Há evidências de que tem sólida formação acadêmica, possui exemplar vivência no magistério, é autor de robusta bibliografia, notabiliza-se como experiente gestor e possui magnífica capacidade de interação com apoiadores e contrários. Ademais, é reconhecido como incorruptível — uma questão primacial em nosso maltratado País. Portanto, o Dr. Decotelli preenche o conjunto de paradigmas para ocupar o estratégico cargo de ministro da Educação.
[As sentenças em destaque foram “taxadas” (e colocadas na cor vermelha) pela razão anteriormente mencionada — isto é, demanda de observação, interpretação e avaliação futura.]
A juventude tem razões para otimismo. Os que almejam um mundo melhor para seus substitutos prosseguem amparados na ilusão e nos sonhos. Os descrentes se mantêm em seu eterno calvário.
Lembrando de Aristóteles (que não teve filhos; não teve mesmo?), da Vinci (que não poderia tê-los), Marx (que teve sete filhos, não cuidou devidamente de quatro, que por isso faleceram precocemente; deixou de ser referência para duas filhas, Eleanor e Laura, que optaram por suicídio; e um último que não foi sequer reconhecido) e Einstein (que não deu crédito para sua primeira mulher, matemática que o ajudou muito; e ignorou filho), é imperioso tratar da concessão de crédito, tão essencial e às vezes descurada, como no caso de Marx e Einstein — lamentável, por se tratar dos próprios filhos.
Nesse sentido, há que mencionar o pleito de reconhecimento ao Dr. Antônio Testa, um dos primeiros civis a integrar a equipe de campanha de Brasília, às vezes, indevidamente, nomeada na imprensa como ‘equipe de militares’. O Dr. Testa, por sua robustez intelectual e liderança, carreou para a citada equipe dezenas de ‘scholars’, que até hoje — no governo e fora dele — trabalham incansavelmente para as futuras gerações. E lembrar também o Dr. Marcus Vinicius, por sua invejável capacidade de gestão, retratada na vivência de docente, consagrada biografia e facilidade de lidar com conjunturas conflitantes.
Não pode haver hesitação em citar também todos os demais integrantes da equipe — generais Ronalt e Marco Aurélio, companheiros de longa data; e novos companheiros, intelectuais do setor educacional — que em maior ou menor escala, ombreiam com os dois citados, em qualificação intelectual, em elegância na interação pessoal e profissional, e nas constantes lições que transmitem em cada reunião e em cada contato.
Esses créditos se destinam a celebrar a vitória, apenas o primeiro passo de uma caminhada que pode significar uma transformação no enfoque de Educação em nosso grandioso País (grande em extensão territorial, em população e em recursos naturais). Dessa forma, podemos aspirar ao sonho de igualdade de oportunidade e especialmente à possibilidade de vida com dignidade e decência para todos os brasileiros, com a contribuição decisiva da Educação, da mesma forma como ocorreu em outros países ao longo da História.
É esse o extraordinário significado da ascensão do Dr. Carlos Alberto Decotelli para o estratégico e prioritário cargo de ministro da Educação. Que ele tenha sucesso e transforme os nossos sonhos em realidade.
É forçoso mencionar o reconhecimento e a gratidão ao Sr. General Heleno e ao Sr. Almirante Rocha, duas dentre as autoridades que mais contribuíram para que as propostas da equipe pudessem ser transformadas em decisão pelo presidente da República, com a investidura do Dr. Decotelli.
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A seguir é apresentada a matéria divulgada no site da CNN Brasil.
O título não corresponde ao que foi transmitido na entrevista. Com frequência, os editores usam essa abordagem.
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MEC não teve sucesso até aqui, diz autor de programa de governo de Bolsonaro
Por Renata Agostini, CNN — 23 de junho de 2020 às 15:43
O presidente da República, Jair Bolsonaro, acompanha o velório do soldado Pedro Lucas Ferreira Chaves, paraquedista que morreu no Rio (21.jun.2020) – Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
Responsável por coordenar o grupo que formulou o programa de governo de Jair Bolsonaro na área da educação, o general da reserva Aléssio Ribeiro Souto afirmou à CNN que a condução da estratégia do MEC até o momento não foi bem-sucedida.
Segundo ele, o grupo que se dedicou a elaborar propostas para a pasta na campanha teme uma terceira derrota na área. O general disse que é preciso convocar com extrema urgência as principais autoridades em educação para estruturar ações para a área.
“É essencial que haja uma solução definitiva e duradoura para a Educação. Não custa repetir o velho chavão de que Educação é estratégica e deve receber a mais elevada prioridade na gestão pública de qualquer País”, afirmou.
“Como o senhor Ricardo Vélez Rodrigues permaneceu à frente do MEC apenas três meses e o senhor Abraham Weintraub demitiu-se após um ano e dois meses, fica evidenciado que a condução da estratégica pasta da educação não foi bem-sucedida. Isso sem falar no agravamento dos complexos problemas educacionais pela crise da pandemia do coronavírus”, disse o general.
Souto compôs o núcleo duro da campanha de Jair Bolsonaro e o conhece há mais de 20 anos. Ao lado do general Oswaldo Ferreira e do general Augusto Heleno, que hoje é ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Souto ajudou a formular o programa de governo.
De acordo com ele, seria um erro colocar um militar no MEC. Ele avalia que o sucessor de Weintraub deve ter sólida formação acadêmica, incluindo doutorado, robusta experiência em gestão pública e capacidade de comunicação com a sociedade.
“Os integrantes da academia, do universo dos docente e dos discentes precisam enxergar no ministro um dos seus. Portanto, é fundamental que seja alguém do meio educacional civil e sobretudo que seja capaz de dialogar no sol e na sombra, no calor e no frio, na terra e na água, em cima e em baixo, do lado de cá e do lado de lá”.
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