segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Resposta a Fernando Souto

Prezado FS,

Expressando minha satisfação em receber sua mensagem, faço considerações sobre suas demandas.

A despeito do sobrenome homônimo, creio que nossas famílias são distintas.
Meu pai é Oscar Barbosa Souto, cuja família é oriunda de Jequié-BA. Trata-se de família modesta, com irmãos (meus tios) que foram pequeno comerciante, tabelião de cidade pequena e produtor de cacau, respectivamente. Papai, os três irmãos e duas irmãs já são falecidos.
Papai saiu da Bahia com 20 anos. Perambulou, como lavrador, garimpeiro, peão da pecuária, pelo interior de São Paulo, norte de Mato Grosso, até casar e se fixar no município de Rochedo, a 80 Km de Campo Grande.
Meus dois irmãos e duas irmãs residem em Campo Grande: um como vendedor aposentado da concessionária Volkswagen; outro, advogado e delegado de polícia aposentado (foi oficial do Exército R2 durante 8 anos); uma irmã pedagoga, aposentada como orientadora educacional do município de Campo Grande; e outra, também aposentada, como dona de casa.

Em relação à eleição presidencial, fiz compromisso com a equipe de apoio ao então candidato Bolsonaro, em Brasília, para trabalhar de março a outubro de 2018, em Ciência & Tecnologia e, por empatia, em Educação. Participei de uma equipe valorosa. Vários integrantes foram aproveitados na equipe de transição e ocuparão cargos nos ministérios. 
Eu mantive minha posição e, mesmo sendo considerado para vários cargos no primeiro escalão, por coerência, entendi que não deveria aceitar as propostas.
Para mim, foi muito gratificante participar de uma virada histórica na evolução do País. E o mais importante: consolidei amizades antigas, do meio militar; e fiz novas amizades, entre aqueles do meio civil que compartilharam preocupações, experiências e aspirações comuns.

Sempre que recebo mensagem como a sua, tento repassar para alguns dentre os amigos que prosseguem nas novas sendas descortinadas. Devo mencionar que tudo indica que as equipes já foram montadas. Entretanto, é conveniente que haja nomes disponíveis para eventuais possibilidades.

É o que posso responder agora. Peço desculpas pelo atraso. Nesses dinâmicos tempos de WhatsApp, o e-mail fica meio esquecido.

Forte abraço,
ARS

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Fernando Souto <fssouto@gmail.com>
To:souto49@yahoo.com
Dec 22 at 8:52 AM

Prezado Gen. Souto
Peço desculpas  pela ousadia do e-mail que envio, mas ficaria muito feliz em receber sua resposta positiva a minha pergunta ou quem sabe ajudar na busca que faço.
Sou Fernando Simões Souto, filho de Israel Ramiro da Silva Souto e Eurydes Simões Souto, sobrinho do Gen. Alcio Souto e Virginia Souto que era irmã do meu Pai.  Pelo seu retrato no Google, espero que seja filho do Alvir Souto, pois seus traços me lembram de mais dele que do Paulo Emilio.
Caso a resposta seja positiva, tomo a liberdade de perguntar se poderei reatar laços familiares de mais de 60 anos e perdidos, uma vez que o Tio Alcio é considerado por mim o responsável pela minha formação total, quando me colocou no Colégio Militar do RJ como aluno interno, por ocasião do falecimento repentino do meu pai em 1948!!!, incluindo na obtenção de seu e-mail por meio dos colegas da minha turma Marechal Rondon do CM 1954!
Aguardo sua resposta, pois apreciaria poder a  continuar a ajudar nosso Pais, sem nenhuma outra pretensão que não a de somente ajudar, pois meu CV de serviços como Engenheiro Eletrônico, Ph.D, etc garante uma experiência que acredito possa ser utilizada.
Abraços e muito obrigado
FS

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Evidências ignoradas

No artigo “Baseado em evidências” (Estadão, A12, 30/12/2018), o professor doutor Daniel Martins de Barros cita meu nome e me atribui a defesa do ensino do criacionismo nas escolas públicas. É oportuno recomendar-lhe duas coisas: consultar um psiquiatra e pedir apoio de um professor de português.

Ao psiquiatra ele deve solicitar ajuda para recuperar a ética e deixar de mencionar o nome de terceiro com base em asserção destituída da verdade — e não me venha dizer que ao psiquiatra não interessa a ética. Ao professor de português ele deve pleitear conhecimento para a interpretação de texto. Vejamos as razões.
Tento traduzir para o ilustre professor doutor as evidências ignoradas. Defendo que os professores de quaisquer escolas transmitam todos os “ismos”, correlacionados com os temas constantes do programa de ensino ou da bibliografia adotada; que os professores jamais tentem impor aos alunos os “ismos” de suas preferências; que o papel do professor é estimular, fomentar a faculdade de pensar dos alunos; e que, como corolário, cada aluno faça as opções atinentes aos “ismos” transmitidos pelo professor, de acordo com aquilo que mais lhe convier, por convicções de qualquer ordem, orientação familiar ou outra razão que seja.
No atinente à questão criacionismo versus evolucionismo, bem como de outras questões, constantes da entrevista que concedi para a jornalista Renata Agostini e publicada pelo Estadão, devo asseverar que houve mais de 400 mensagens de leitores divulgadas pelo jornal, no dia da publicação da entrevista, sendo a maioria favorável a meus posicionamentos relativos a Educação, em geral, e ao tema, em particular. Houve uma minoria que se posicionou de forma contrária, sendo que uma meia dúzia de leitores dirigiu-me insultos, por ter interpretado minha resposta de forma errônea, isto é, da mesma maneira que o sábio articulista professor doutor Daniel.
Além das mensagens de leitores, os seguintes jornalistas publicaram artigos relativos a minha entrevista: Reinaldo de Azevedo, em a Folha de São Paulo e no Correio Braziliense; Reinaldo José Lopes, em a Folha de São Paulo; e Antonio Gois, em O Globo. É certo que dentre os citados, alguns me atribuíram afirmações que não declarei nem foram publicadas. Não é trivial inferir se queriam me atingir ou me usar para atingir outrem. 
Para professor de português, eu sugiro o jornalista Antonio Gois que, de forma precisa e objetiva — da mesma forma que quatro centenas de leitores — interpretou de forma correta minhas afirmações.
Enfim, criacionismo e evolucionismo, educação sexual e armamento — temas tratados no artigo em  epígrafe — são coisas muito sérias para serem tratadas sem levar em conta o objetivo essencial do ser humano: a busca da paz e da harmonia, que por sua vez, são atingíveis por intermédio da democracia, o instrumento, a senda primacial. E por último e de fundamental importância, a democracia se alicerça inquestionavelmente na liberdade, na verdade, na coragem e na ética.

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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Boicote do PT e PSOL à posse de Bolsonaro


ESTADÃO — 28/DEZ/2018


O Estadão divulga que o PT e o PSOL boicotarão a posse do presidente Bolsonaro.


RESPOSTA DESTE (E)LEITOR


 [Divulgado no campo ‘Comentários’, junto ao artigo, no site do Estadão, em 28/12/2018]

Seria altamente benéfico se esse pessoal do PT, do PSOL et caterva boicotasse a posse do novo presidente e todas as demais atividades públicas. Eles ficariam em casa descansando e dormindo para sempre. Assim, eles não correriam o risco de ir para Curitiba. Não seria necessária uma montanha de gente da PF, do MPF e da Justiça Federal para investigar, processar, prender e manter na prisão os meliantes. E mais, os recursos não afanados poderiam ser empregados em Educação e Saúde. Eles e nós ganharíamos. Enfim, seria uma solução mágica.

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domingo, 16 de dezembro de 2018

Mais militares do que em 1964

No artigo “Ministério terá mais militares do que em 1964”, as jornalistas Ana Beatriz Assam, Marianna Holanda e Marcelo Godoy (O Estado de S. Paulo, de 16 Dezembro 2018) tecem uma mixórdia de considerações baseadas em dados históricos parciais e em citações de intelectuais tupiniquins e até de um americano, provavelmente, desqualificado para ter sucesso em sua própria realidade.
Do americano, as sábias jornalistas citam a seguinte asserção: “... Ele [Bolsonaro] quer que o prestígio dos generais reflita numa melhora de sua imagem. Em outras palavras, o papel deles [dos militares] no governo é prover uma estatura que o próprio presidente não tem."
As sábias jornalistas poderiam informar que os governos de 1964 a 1985, com expressiva quantidade de ministros militares, elevaram o Brasil de 42ª para 8ª economia do mundo; elevaram a produção de petróleo de 75.000 para 750.000 barris diários; criaram o Banco Central, o BNDES, a EMBRAPA, a FINEP, o FGTS, ... e dezenas de outros órgãos essenciais; e construíram as maiores hidrelétricas do Brasil (e que estão entre as maiores do mundo). Há outras realizações, mas pode-se parar por aí.
Elas poderiam informar também que os militares brasileiros ajudaram os Aliados a varrer o nazismo da face da terra; e impediram que o cumunismo triunfasse no Brasil.
Adicionalmente, cabe uma sequência de perguntas às jornalistas. Bem que elas poderiam responder. Há algum problema em ter militares no governo? Há algum problema em alavancar o Brasil? Há algum problema em derrotar o nazismo e o cumunismo, os sistemas que mais assassinatos e torturas cometeram no mundo? 
Essas sábias estão repetindo o que um sábio alicerçado na estupidez e no histórico desprezo nutrido por alguns estrangeiros contra o estado de coisas que permeia uma parcela de circunstâncias de nosso maltratado País. Estão repetindo o que intelectuais, jornalistas, políticos e artistas fizeram — especialmente de janeiro a outubro de 2018 —, que foi diminuir, ofender e insultar a figura do Bolsonaro. Essas sábias andam, pensam e escrevem com a face traseira voltada para a frente e se esquecem que há a impossibilidade de enxergar com as extremidades e cavidades glúteas. 
Ora, o caboclo venceu a eleição a despeito dos mencionados intelectuais, políticos, jornalistas e artistas. Venceu combatendo a criminalidade, a corrupção; posicionou-se contra o maior escândalo político da história da humanidade; virou o cenário e o contexto político brasileiro de pernas pro ar e as sábias decidem caracterizar com estranheza a presença de militares no governo. Por que não usar a excelsa sabedoria para analisar a qualificação de cada militar que foi indicado para o governo e, por exemplo, compará-los com os ex-terroristas, com aqueles que estão no xadrez, com aqueles que estão sendo processados por corrupção; e que fizeram parte dos governos dos últimos 20 anos?
Repito o que já mencionei em outra amostra de “garranchos” — o que um lavrador semianalfabeto, que me semialfabetizou na infância chamava de “mal traçadas linhas” — isto é, faltam no Brasil, traumas, intelectuais e estadistas. Traumas como gênese de processos depuradores; intelectuais para apontar as sendas e os caminhos para a superação dos traumas; e estadistas para seguir os ensinamentos dos intelectuais, e desencadear e empreender o processo transformador. As notórias sábias poderiam preencher uma parcela do vazio e contribuir para quem está tentando preencher outra parcela e assim ajustar as contas com a grandeza tão mal aproveitada por milhões de desassistidos — mais de 50 milhões, para, utilizando um dado recente, ser preciso com a estratosférica dimensão das demandas.


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sábado, 15 de dezembro de 2018

O AI-5 e a democracia


O GLOBO — 14/Dez/2018


Em seu blog e anunciado pelo jornal O Globo, Merval Pereira, relembra no artigo “50 anos depois” dois fatos históricos deste último meio século. 

Deplorando, o jornalista cita a instituição do AI-5, em dezembro de 1968; bem como sua revogação por intermédio da emenda constitucional Nº 11, em janeiro de 1979. 

Celebrando, ele relata a promulgação da lei da Anistia, de agosto de 1979. 

Merval recorda que o texto original da Lei da Anistia estava sobre a mesa do ministro da Justiça, Petrônio Portela, e num descuido deste, um jornalista de O Globo passou a mão no documento, e o jornal deu a notícia em primeira mão no dia seguinte.


RESPOSTAS DESTE (E)LEITOR


[Divulgadas no campo ‘Comentários’, contíguo ao artigo, no blog do Merval Pereira, em 14 e 15/Dez/2018, respectivamente]

Resposta 1
Por que não mencionar os antecedentes geradores do AI-5, de 1964 a 1968? Exemplos: guerrilha de Xambioá; surgimento do MR-8; formação da VPR, para guerrilha; atentado em Guararapes (morte de jornalista e Almirante); texto “Algumas Questões sobre as Guerrilhas no Brasil”, de Marighella; surgimento da ALN, para guerrilha; ataque terrorista contra o QG do II Exército e a morte de Kozel. Historiador e jornalista não podem estar no universo do analfabetismo funcional, da doença ideológica ou da má fé.


Resposta 2
Se jornalista pode roubar documento oficial do governo para cumprir o seu papel — aí incluída a (nem sempre pouco ética) passagem de perna nos concorrentes —, então o governo pode instituir instrumento como o AI-5 para combater a guerrilha, as mortes dela resultantes e todas as demais consequências terríveis. 
Com o AI-5, evitou-se uma situação como a da Colômbia, cuja guerrilha — não combatida nem precocemente eliminada — das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC) causou mais de 100.000 mortes de cidadãos do país vizinho. 
Lógica cristalina, inequívoca e irretorquível. 
É o que os adolescentes afirmam: aceita que dói menos.

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Presidentes no período militar (1964 a 1985)

  • Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco    — de 15/04/1964 a 15/03/1967.
  • General Artur da Costa e Silva                               — de 15/03/1967 a 31/08/1969.
  • Junta Governativa Provisória de 1969                    — de 31/08/1969 a 30/10/1969.
  • General Emílio Garrastazu Médici                         — de 30/10/1969 a 15/03/1974
  • General Ernesto Geisel                                            — de 15/03/1974 a 15/03/1979.
  • General João Batista de Oliveira Figueiredo          — de 15/03/1979 a 15/03/1985.


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quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O Contragolpe de 1964 e o AI-5


É papel inalienável do historiador relatar os fatos históricos e interpretá-los na forma devida para que na posteridade todos — e em especial os jovens — recebam herança adequada. Muito se tem escrito sobre a adoção do Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 13 de dezembro de 1968. É oportuno pois rever causas determinantes, remotas ou próximas, sobretudo com foco naquelas patrocinadas pelos comunistas brasileiros, objetivando a implantação do País da ditadura do proletariado; e, frequentemente, justificadas com a alegação de combate à ditadura militar. Ei-las: 
üa preparação para a guerrilha de Xambioá, entre 1964 e 1968, quando vários dentre os dezoito militantes comunistas que haviam passado por treinamento militar na China, se estabeleceram no Araguaia, para iniciar um movimento guerrilheiro; 
üo surgimento em 1964, no meio universitário da cidade de Niterói, do “Movimento Revolucionário Oito de Outubro” (MR-8), em memória da captura e assassinato na Bolívia, em 8 de outubro de 1967, de Che Guevara;
üa formação em 1966, da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), a partir da união de dissidentes da “Política Operária” (POLOP) com remanescentes do “Movimento Nacionalista Revolucionário”(MNR), com a finalidade de empreender ações de guerrilha; 
üo atentado de 25 de julho de 1966, no aeroporto de Guararapes em Recife, perpetrado pelos comunistas, com o objetivo de assassinar o General Costa e Silva, que se encontrava em campanha pela eleição à Presidência da República, e que ceifou a vida do jornalista Edson Registou de Carvalho e do Vice Almirante Nelson Gomes Fernandes; 
üa divulgação do texto “Algumas Questões Sobre as Guerrilhas no Brasil”, elaborado em outubro de 1967, em Havana, Cuba, por Carlos Marighella, no qual afirma que “Esta contribuição teórica e prática da revolução cubana ao marxismo-leninismo elevou a um plano inteiramente novo a guerrilha, colocando-a na ordem-do-dia por toda a parte, em especial na América Latina”;
üo surgimento, em 1967, da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização estruturada para a prática da guerrilha urbana; e
üo ataque terrorista desencadeado em 26 de junho de 1968, contra o Quartel General do IIº Exército, no Ibirapuera, em São Paulo, e que matou o soldado Mário Kozel Filho.
Por evidente, os fatos históricos ora citados são ignorados, omitidos e apagados da memória por aqueles que tratam do dramático período de 1968. Os livros adotados nas escolas — para mais de 6 milhões de alunos no ensino médio, dentre as 46 milhões de matrículas no ensino básico — deixam de transmitir aspectos essenciais, como as causas que geraram o AI-5, mencionadas neste texto. Por que?
Para desempenhar seu papel, os historiadores devem estar fora do universo dos analfabetos funcionais, dos doentes ideológicos ou dos que prezam a má fé como paradigma existencial. Do contrário, jamais transmitirão a ideia ontológica de que o “objetivo fundamental do ser humano é a paz e a harmonia, tendo como instrumento a democracia, que por seu turno é alicerçada na liberdade, na verdade, na coragem e na ética”.
E por último e fundamental: a sociedade brasileira clama por mudança. A fraude, a falsidade e a corrupção receberam um duro golpe em 2018. A esperança, a fé e o otimismo entraram na agenda social e política. Todos precisam se conscientizar desses novos tempos em que cidadãos, contribuintes e eleitores estão imergindo.

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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Reclamação dos perdedores


BR18 / ESTADÃO — 30/Nov/2018


As reclamações de parte da oposição, mesmo não sendo desejáveis, são esperadas, e fazem parte do jogo democrático. Pode-se mesmo asseverar que a intensidade da chiadeira tem sido menor do que a esperada. A realidade não favorece os petistas e seus aliados.


RESPOSTA DESTE (E)LEITOR


[Divulgado no campo ‘Comentários’ do artigo no blog BR18/Estadão, em 30/11/2018]

Bolsonaro está crescendo, surpreendendo na escolha dos ministros, no período pós-eleitora. O Brasil e os brasileiros fizeram a coisa certa: escolheram um presidente para virar os costumes políticos do país de perna para o ar. Ele está fazendo uma revolução sem dor, sem agressão e sem violência. Claro, dói nas mentes e nas consciências dos petistas e demais corruptos, mentirosos e desonestos. Então, não esqueçamos o inexcedível indicador: sempre que um petista ou apaniguado reclamar, a decisão ou ação está rigorosamente correta. Paz e harmonia! Brasil Acima de tudo!

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Atentados históricos

Motivação
Um amigo grado enviou-me uma mensagem contendo ponderada e severa observação sobre o trabalho de segurança envolvendo os responsáveis pela proteção do presidente da República. Respondi-lhe enviando uma resenha dos principais atentados perpetrados contra personagens com relevância global ou regional. A seguir apresento a resposta enviada.

Neste texto, são apontadas circunstâncias atinentes a grandes atentados perpetrados contra os seguintes personagens relevantes da História:

–  estrangeiros – Júlio César, Leon Trotsky, Abraham Lincoln, John Kennedy, Robert Kennedy, Olof Palmer, Itzhak Rabin, Mahatma Gandhi, Benazir Butho, Ronald Reagan, Indira Gandhi, John Lennon e Malala Yousafzai; e

– brasileiros – Dom Pedro II, Prudente de Moraes, Getúlio Vargas, Artur da Costa e Silva, Mário Kozel Filho e Jair Messias Bolsonaro.

Adicionalmente, são feitas considerações sobre os seguintes temas: o papel da segurança de autoridades; a atitude daqueles que são movidos pelo radicalismo ideológico; o risco a que o mandatário presidencial está submetido; e medidas atinentes à minimização das ameaças de atentado.

Atentados no mundo

Júlio César — Na condição de general e comandante de legiões, Júlio César expandiu os domínios romanos até o canal da Mancha, e no leste, até o rio Reno, conquistando os territórios das atuais França e Alemanha e lançou uma incursão militar sobre a atual Inglaterra. Ele desempenhou papel fundamental na evolução da República Romana para o Império Romano. Subsequentemente, Júlio César retornou para a Itália, ultrapassou o Rubicão e marchou com suas legiões sobre Roma. Em 49 a. C., depois de violenta guerra civil e de ter derrotado seu maior opositor, Pompeu, no Egito — com a ampliação dos domínios romanos sobre territórios africanos —, ele assumiu poder total num dos maiores impérios da História. Os senadores ficaram inconformados e iniciaram a conspiração para sua retirada do poder. Em 44 a. C., os senadores se reuniram na Cúria de Pompeu, encurralaram Júlio César, e o jovem senador Brutus desferiu a facada fatal que levou para a eternidade um dos maiores líderes militares e políticos de todos os tempos.

Leon Trotsky — Foi um revolucionário bolchevique que participou com destaque na vitória do comunismo na Rússia em 1917. Ele organizou o Exército Vermelho, foi Ministro das Relações Exteriores, fundou o Politburo do Partido Comunista da União Soviética (PCUS). Após a morte de Lenin, perdeu para Stalin a disputa pela liderança do PCUS. Em consequência, no início da década de 1930, foi afastado do controle do partido, expulso e deportado da União Soviética. Viveu na Turquia, na França, na Noruega e fixou-se em definitivo no México, vivendo por um tempo na casa do pintor Diego Rivera e, em seguida, na casa da esposa Frida Kahlo, esposa de Rivera. Em 1938, com a presença de 25 delegados de 11 países, Trotsky e seus seguidores fundaram a Quarta Internacional em oposição à Terceira Internacional, que era ligada a Stalin. Por desgaste com Rivera, em face de questões políticas e afetivas (ligação amorosa de Trotsky com Frida Kahlo), ele mudou-se para uma casa no bairro de Coyocán, na cidade do Méximo. No início de 1940, a mando de Stalin, o agente comunista espanhol Ramón Mercader, que dele se aproximara por questões literárias, ingressa no escritório de sua casa e utilizando uma picareta de alpinista, aplica-lhe um golpe fatal no crânio.

Abraham Lincoln — O primeiro integrante do Partido Republicano a assumir a presidência dos Estados Unidos venceu a Guerra de Secessão (ou Guerra Civil Americana), liderando a União ou facção nortista, contra a Confederação constituída por estados sulistas; e, agravando as disputas reinantes, proclamou a libertação dos escravos nos estados confederados. Nessa guerra, pereceram mais de 600 mil americanos. Lincoln foi assassinado em 1865, quando assistia à peça Our American Cousin, no Teatro Ford, em Washington, por John Wilkes Booth, um notório ator e espião confederado de Maryland. Durante o intervalo da peça, o guarda-costas e o cocheiro foram até o bar do teatro; então Booth aproveitou-se, ingressou no camarote e desferiu-lhe um tiro na parte de trás da cabeça.

John Kennedy — O mais novo presidente e o primeiro mandatário católico dos Estados Unidos candidatou-se a reeleição e morreu em um atentado perpetrado por Lee Harvey Oswald, quando fazia campanha desfilando em um carro aberto na cidade de Dallas, no estado do Texas. A comissão presidida por Earl Warren para investigar o assassinato concluiu que Oswald agira sozinho, posicionando-se no topo de um edifício e disparando tiros de fuzil. O debate sobre essa questão continua até os dias atuais, sendo que boa parte dos americanos acredita que Kennedy foi vítima de uma conspiração, que pode envolver o crime organizado ou até mesmo a contendora União Soviética.

Robert Kennedy — Antes e após a morte de John Kennedy, seu irmão mais novo Robert foi Procurador Geral dos Estados Unidos. O jovem Robert deixou o cargo e foi eleito senador pelo estado de Nova Iorque. Em 1968, ele anunciou a campanha para ser nomeado candidato a presidência pelo partido Democrata. Em Indianápolis, Robert interrompeu o discurso de campanha para receber um bilhete e anunciou: "Tenho uma péssima notícia para dar-lhes. Martin Luther King foi assassinado, assim como meu irmão. E, cabe a nós que ficamos, lutar pela causa pela qual eles sacrificaram suas vidas: a justiça e a igualdade entre os homens." Enquanto comemorava a vitória nas prévias dos Democratas, no Ambassador Hotel em Los Angeles, Robert recebeu dois disparos na cabeça, perpetrados por Sirhan Bichara Sirhan. Ele morreu no dia seguinte, no Hospital Bom Samaritano, de Los Angeles, deixando a esposa Ethel grávida do 11º filho do casal.

Olof Palmer — O Primeiro-Ministro sueco Olof Palmer foi assassinado, em 1986, no centro de Estocolmo. Até hoje, o crime intriga os historiadores, porquanto o atentado não se encontra formalmente esclarecido. Porém há várias hipóteses para a autoria do crime: o serviço secreto sul-africano,  o movimento curdo do PKK, um extremista de direita, e, acima de tudo, Christer Pettersson. A esposa Lisbeth Palme identificou o alcóolico e tóxico-dependente Pettersson, como autor dos disparos. Ele foi condenado à prisão perpétua, mas a justiça sueca o libertou por falta de provas.

Itzhak Rabin — Antes da criação do estado de Israel, Itzhak Rabin foi oficial de operações do corpo de elite da Haganá, a organização paramilitar judaica. Durante a Guerra da Independência de Israel (1948-1949), ele comandou a brigada Harel que conquistou a parte ocidental de Jerusalém. Na guerra de 1967, Rabin exerceu a função de Chefe do Estado-Maior do Exército de Israel. Em 1974, após ser eleito deputado no Knesset (Parlamento), Rabin foi eleito Primeiro-Ministro e substituiu Golda Meir. De 1985 a 1990, foi Ministro da Defesa. Em 1992, foi eleito Primeiro-Ministro pela segunda vez. Em 1994, dividiu o Prêmio Nobel da Paz com Shimon Peres e com o líder da OLP, Yasser Arafat. Em 1995, num comício pela paz na Praça dos Reis (hoje Praça Yitzhak Rabin), em Tel Aviv, Rabin foi alvejado e morto por Yigal Amir, estudante judeu ortodoxo e militante de extrema-direita que era contrário às negociações com os palestinos. 

Mahatma Gandhi — Gandhi foi o idealizador e fundador do estado indiano moderno. Foi o maior defensor mundial da revolução por meio do protesto sem violência e do princípio da não agressão. Em 1948, Gandhi foi morto a tiros em Nova Delhi por um hindu radical chamado Nathruram Godse, supostamente, por propugnar o pagamento de dívidas ao Paquistão e assim ter causar o enfraquecimento do governo indiano.

Benazir Butho — Benazir pertencia a uma tradicional família de políticos do Paquistão. Seu pai, Ali Bhutto foi Primeiro-Ministro e depois foi condenado à morte e enforcado pelo assassinato de político desafeto. Benazir também foi Primeira-Ministra. Foi assassinada a tiros, no retorno de um comício, na cidade de Rawalpindi, por um homem bomba, que em seguida explodiu-se matando 20 pessoas. A Al-Qaeda do Afeganistão reivindicou a responsabilidade pelo assassinato de Benazir.


Ronald Reagan — Foi ator, trabalhou durante cerca de 30 anos em Hollywood, culminando com a presidência da Associação de Atores de Cinema. Ingressou na política e tornou-se governador da Califórnia, onde se firmou como uma das importantes lideranças do Partido Republicano. Em 1981, concorreu à presidência dos Estados Unidos, tornou-se o 40º mandatário dos Estados Unidos e teve um extraordinário êxito na economia, o que o credenciou para a reeleição. No segundo mandato, direcionou as prioridades do governo para a política externa, e com o apoio da Primeira Ministra do Reino Unido, Margareth Thatcher e do Papa João Paulo II, teve contribuição relevante para a queda do Muro de Berlim e o consequente esfacelamento da União Soviética. Em 30 de março de 1981, passados apenas 69 dias da investidura no primeiro mandato da presidência, sofreu atentado a tiros na saída do hotel Hilton Washington. John Hinckley Jr, de 26 anos, disparou seis tiros em sua direção. Um projetil ricocheteou na porta da limusine e alojou-se em seu pulmão. Seu secretário de imprensa James Brady, o policial Thomas Delahanty e o agente do Serviço Secreto Timothy McCarthy também foram feridos. Reagan esteve próximo da morte, mas sobreviveu depois de cirurgia exploratória de emergência no George Washington University Hospital.

Indira Gandhi — Por temer o apoio do Paquistão aos Sikhs, a Primeira-Ministra Indira Gandhi ordenou um ataque militar ao santuário sagrado Harmindar Sahid, onde estavam encastelados militantes radicais. Na feroz luta, 83 soldados e 493 ocupantes Sikhs foram mortos, com o consequente ódio dos integrantes daquela seita. Em consequência, em 1984, dois de seus guardas-costa de origem Sikh, Beant Singh e Satwant Singh, a assassinaram. Em um discurso no próprio dia em que morreu, Indira afirmou profeticamente: “Não me importa se perco a vida ao serviço da nação. Se morrer hoje, cada gota de meu sangue revigorará a nação.”

John Lennon — Em uma noite de 1980, enquanto voltava para o edifício Dakota, onde morava, em frente ao Central Park, em Nova Iorque, John Lennon foi abordado pelo fã Mark David Chapman, que durante o dia havia lhe pedido um autógrafo. Chapman assassinou Lennon com cinco tiros de revólver calibre 38, alegando ter lido no livro O apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger, uma mensagem que dizia para matá-lo.

Malala Yousafzai — Em 2009, a partir de 11 anos de idade, Malala Yousafzai passou a desenvolver intensa atividade pela defesa da mulheres e do acesso feminino à educação na sua região natal no vale do Swat, no nordeste do Paquistão, onde os talibãs locais impedem as jovens de frequentar a escola. Após completar 15 anos, Malala entrou num ônibus escolar e foi chamada por um homem armado que apontou-lhe uma pistola e disparou três tiros. Ela foi atingida na testa e no ombro e permaneceu inconsciente e em estado grave nos dias que se seguiram ao ataque. Malala foi transferida para a Inglaterra, sobreviveu, escreveu o livro Eu sou Malala, discursou na sede da ONU, pedindo acesso universal à educação, e foi laureada com os prêmios Sakharov e Nobel da Paz.

Atentados no Brasil

Dom Pedro II — Em consequência da abdicação de seu pai Dom Pedro I, com a idade de 5 anos, Dom Pedro II foi coroado Imperador do Brasil e, nessa condição permaneceu durante 58 anos, isto é, até 1889. Consolidou a extensão de um país continental e teve êxito em três conflitos internacionais: Guerra do Prata, Guerra do Uruguai e Guerra do Paraguai. Tinha a reputação de ser voltado para o patrocínio do conhecimento, cultura e ciências e por essa razão, obteve o respeito e admiração de intelectuais e cientistas como Graham Bell, Charles Darwin, Victor Hugo e Friedrich Nietzsche. Foi amigo, entre outros, de Louis Pasteur, Richard Wagner e Henry Wadsworth Longfellow. Tinha uma vasta gama de interesses em estudos de antropologia, geografia, geologia, medicina, direito, estudos religiosos, filosofia, pintura, escultura, teatro, música, química, poesia e tecnologia. Era fluente em latim, francês, alemão, inglês, italiano, espanhol, grego, árabe, hebraico, sânscrito, chinês, provençal e tupi. Adquiriu o status de membro da Royal Society, da Academia de Ciências da Rússia, das Reais Academias de Ciências e Artes da Bélgica e da Sociedade Geográfica Americana. Em 1875, foi eleito membro da Academia de Ciências francesa — somente dois outros chefes de estado tiveram essa láurea: Pedro, o Grande e Napoleão Bonaparte. Em 15 de julho de 1889, na saída de um teatro no centro da cidade do Rio de Janeiro, após entrar em sua carruagem, Dom Pedro II sofreu um atentado a tiros. O jovem Adriano Augusto do Vale gritou “Viva a República”, sacou uma arma e atirou em sua direção. O projetil não atingiu o Imperador e portanto não teve maiores consequências. 

Prudente de Moraes — Foi um politico oriundo da oligarquia cafeicultora, com mandatos de presidente do estado de São Paulo, senador e presidente da Assembleia Constituinte de 1891. Foi o terceiro presidente do Brasil e exerceu seu mandado de 1894 a 1898; tendo sido o primeiro civil a ser investido no cargo, e o primeiro presidente eleito em eleição direta. Em 5 de novembro de 1897, durante solenidade militar para a recepção de dois batalhões do Exército que retornavam de Canudos, sofreu atentado a tiros, praticado pelo praça da Marinha Marcellino Bispo de Mello. Prudente de Moraes não foi atingido, mas seu ministro da Guerra, Marechal Bittencourt, faleceu defendendo a vida do presidente.

Getúlio Vargas — Conquanto fora do escopo da proposta inicial, as circunstâncias históricas (fim da Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria, em âmbito global; encerramento da ditadura no Brasil,  início do período constitucional de 1946, recrudescimento da doença comunista, debelada em 1964, mas recorrente até os dias atuais) indicam que a inclusão de Vargas se mostra conveniente e oportuna. Ele ocupou a Presidência da República do Brasil em dois períodos; o primeiro indubitavelmente ditatorial, de 1930 a 1945; e o segundo, constitucional, de 1951 a 1954. 
O período de 1930 a 1945 compreendeu três fases: 
(i) 1930-1934, resultante da revolução de 1930, em que Vargas logrou a vitória e foi investido como mandatário do Governo Provisório; 
(ii) 1934-1937, no qual Vargas foi eleito pela Assembleia Constituinte, no âmbito da Constituição promulgada em 1934; e 
(iii) 1937-1945, em que Vargas impôs-se, com base na Constituição de 1937, que criou o Estado Novo. 
O período de 1951 a 1954 decorreu da eleição de Vargas pelo voto popular, sob o amparo da Constituição de 1946. Durante os primeiros meses de 1954, o governo federal esteve envolvido em severa crise política, cujo ápice foi o atentado contra políticos adversários, perpetrado na rua Toneleros, no Rio de Janeiro, por agentes próximos ao presidente da República. O atentado resultou na morte do major Rubens Florentino Vaz, da Força Aérea Brasileira e no ferimento do deputado e jornalista Carlos Lacerda. Vargas foi pressionado por políticos, pela imprensa e por militares, a renunciar ou, ao menos, licenciar-se da presidência. Reagindo a essas pressões, entrou em cena o alter ego de Vargas, ceifando-lhe a vida com a meta de trocá-la pelo presumido ingresso na história. A terrível e incurável doença que leva um ser humano a atentar contra a vida alheia foi, neste caso, algoz do próprio doente, isto é, dele próprio. 


Sob Vargas, o Brasil experimentou um período complexo, dramático e nem sempre relatado por completo pelos historiadores. É imperioso não ignorar ou omitir fatos relevantes que permearam a História naquela conjuntura. 
Na passagem da década de 1930 para 1940, a agente soviética judia alemã Olga Benário fora encarregada pela KGB, a polícia secreta soviética, de acompanhar e espionar Luiz Carlos Prestes no Brasil. Subsequentemente, Prestes casou-se com ela.
Olga Benário e uma ou duas pessoas solidárias assassinaram a esposa do presidente do Partido Comunista Brasileiro, diante do risco de ela ser forçada a delatar os companheiros para a polícia política de Vargas.
No contexto da disputa com os comunistas, Getúlio Vargas determinou a entrega de Olga Benário, grávida, para os nazistas alemães — claro, ele tinha a certeza de que os alemães não a poupariam. 
Depois do assassinato da esposa pelos nazistas, Prestes interagiu politicamente com Vargas. Segundo testemunho de William Waack, em vídeo, “Ele abraçou o homem que fez isso!” (Contextualizando para precisa compreensão: “Ele [Prestes] abraçou o homem [Vargas] que fez isso [deportou sua esposa Olga para a Alemanha]”). 
O agente triplo Johnny De Graaf veio para o Brasil com a missão de observar os revolucionários liderados por Prestes e informar a KGB do andamento das ações. De forma absolutamente insólita, ele alimentava com informações também o MI-5 e a polícia política brasileira de Vargas, chefiada por Filinto Muller. Ele esteve amasiado com a motorista de Prestes; foi com ela para Buenos Aires e matou-a diante da possibilidade de ela retornar para a União Soviética e delatá-lo.
Josef Stalin matou mais comunistas alemães que Hitler. Stalin enviou muitos comunistas judeus alemães de volta para a Alemanha nazista; dentre esses, estava incluída a agente soviética judia alemã Margareth Bubanoik, amiga de Olga Benário. 
Stalin supunha que Hitler não o decepcionaria. Ele estava completamente certo.


Artur da Costa e Silva — O General Artur da Costa e Silva foi Ministro da Guerra do governo do Marechal Castelo Branco. Costa e Silva decidiu candidatar-se à Presidência da República e, nesse intento, em 25 de julho de 1966, deslocou-se para Pernambuco em campanha política. Um atentado foi planejado e desencadeado no aeroporto internacional dos Guararapes, em Recife, onde a comitiva era esperada por cerca de trezentas pessoas. O ataque terrorista deixou dois mortos — o Vice-Almirante da reserva Nelson Gomes Fernandes e o jornalista Edson Registou de Carvalho  — bem como vários feridos. O General Costa e Silva, alvo do ataque, não foi atingido pois seu avião sofreu pane em João Pessoa e ele completou a viagem até Recife de automóvel. O historiador Jacob Gorender aponta o terrorista ex-padre Alípio de Freitas como mentor da ação e o militante terrorista Raimundo Gonçalves Figueiredo como executor. Costa e Silva foi eleito presidente da República  pelo Congresso Nacional, obtendo 294 votos. Foi candidato único pela ARENA. O MDB se absteve de votar. Ele exerceu a Presidência de 15 de março de 1967 a 31 de agosto de 1969.


Mário Kozel Filho — Aos 18 anos de idade, Kozel ingressou no Exército para realizar o serviço militar obrigatório no 4º Regimento de Infantaria (Regimento Raposo Tavares), em Quitaúna, município de Osasco, São Paulo. Na madrugada de 26 de junho de 1968, um grupo de militantes comunistas da Vanguarda Popular Revolucionária lançou um ataque terrorista, direcionando um carro-bomba, sem motorista, contra o Quartel General do IIº Exército, no bairro do Ibirapuera, na cidade de São Paulo. Kozel estava de serviço e deslocou-se em direção ao carro-bomba, cuja carga de 20 kg de dinamite explodiu, despedaçando Kozel e espalhando fragmentos numa área de raio de 300 metros. A explosão feriu outros seis soldados que estavam de serviço.

Jair Messias Bolsonaro — Em 1973, Bolsonaro ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras e se formou oficial do Exército quatro anos depois. No posto de capitão, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro e, por essa razão, foi transferido para a reserva do Exército. Foi eleito deputado federal, reelegeu-se sucessivamente perfazendo 7 mandatos no Parlamento brasileiro. No dia 6 de setembro de 2018, quando percorria uma rua apinhada por milhares de pessoas em Juiz de Fora, em campanha para presidente da República, foi vítima de uma atendado a faca; teve a barriga e os intestinos perfurados; e necessitou passar por um procedimento de laparotomia exploratória na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. O autor do atentado foi Adélio Bispo de Oliveira, esquerdista ex-filiado do PSOL. O criminoso declarou que sua ação foi perpetrada “a mando de Deus”. Embora, Bolsonaro tenha ficado entre a vida e a morte, durante complexa cirurgia, sobreviveu, foi transferido para o Hospital Albert Einstein em São Paulo, onde se submeteu a nova, igualmente complexa e exitosa cirurgia. Conquanto concluísse a campanha a cavaleiro do hospital, foi eleito presidente da República com expressiva vantagem sobre seu contendor. Bolsonaro obteve 57 milhões de votos —  cerca de 10 milhões a mais que o oponente do Partido dos Trabalhadores.

Apreciação
Esta resenha não considerou atentados de menor expressão, ocorridos no Brasil, ao longo da História, tais como: (i) em 1830, contra o político e jornalista fundador e redator do jornal “O Observador Constitucional”, Líbero Badaró, que foi assassinado; (ii) em 1889, contra o Ministro da Marinha José da Costa Azevedo, Barão de Ladário, que foi ferido mas sobreviveu; (iii) em 1905, contra o governador da Bahia, José Marcelino, que sobreviveu; e (iv) em 2018, contra Marielle Franco, que foi assassinada.
Não foram considerados também atentados coletivos tais como: (i) em 2001, de forma coordenada, em Nova Iorque, com a destruição das Torres Gêmeas e a morte de mais de 2000 pessoas; em Washington com a destruição de algumas dependências do Pentágono; e na Pensilvânia, com a queda de aeronave comercial e a morte de todos os passageiros; (ii) em 2015, em Paris, com a morte de mais de uma centena de pessoas; e (iii) em 2017, em Barcelona, com a morte de mais de uma dezena de pessoas.
Dentre os dezenove atentados elencados, catorze resultaram na morte das vítimas e, em pelo menos um caso, na morte de terceiros; três sobreviveram depois de ferimentos graves; e outros três sobreviveram, sem serem atingidos. Quanto ao meio utilizado, constata-se que houve dois ataques a faca, um com picareta de alpinista, dois com a detonação de explosivo e catorze com o disparo de arma de fogo.
Assim, a despeito da sanha incontida e da virulência letal dos doentes, Dom Pedro II, Prudente de Moraes, Costa e Silva, Reagan, Malala e Bolsonaro se salvaram. Obra do acaso ou cada celerado não era suficientemente doente para levar a cabo seu intento com a letalidade pretendida?
É imperioso afirmar que o enfrentamento dos riscos constitui a forja dos estadistas, daqueles que aspiram ingressar no universo dos grandes de sua época e de seu contexto regional ou global. Ademais, a história é cunhada por aqueles que não se acovardam e enfrentam os riscos. O elenco dos que pereceram por enfrentar com bravura as circunstâncias que envolveram sua trajetória não chega a ser tão significativo a ponto de frear, neutralizar ou impedir a marcha em direção ao futuro.
Uma indagação essencial diz respeito ao papel da segurança. Os atentados ora caracterizados resultaram de falhas do pessoal da segurança? Os dados levantados não permitem inferência sobre essa questão. A variedade de meios para perpetrar o ato fatal, a diversidade de momentos históricos, de localização geográfica e de contexto político em que esses atentados ocorreram podem conduzir à minimização do fator falha de segurança. Fica bem evidenciado que a questão essencial é a disposição de pessoas com motivação política e ideológica — quer dizer, seres humanos com desvios comportamentais e temperamento doentio — para arquitetar e conduzir o ato insano. 
Outra indagação pertinente é se existe risco apreciável para o presidente eleito no memorável pleito de 2018. A análise de vídeos e textos impressos com declarações de cidadãos pregando atos de violência — como líderes políticos, dirigentes de ONG e até mesmo integrantes da academia, todos inequivocamente associados a inconformismo com suas derrotas, a incurável doença ideológica e a desapreço pela paz e harmonia resultante de processos democráticos — permite asseverar que esse risco permanece presente.
O questionamento subsequente é que medidas adicionais podem ser alinhavadas para a redução dos mencionados riscos. Inicialmente, há a conveniência de se apontar a necessidade de o presidente da República se expor publicamente, sem demonstrar medo e sem sucumbir diante dos riscos constatados.
Conquanto o profissional que é comissionado chefe da segurança possa estar entre os melhores de sua geração, é impositivo que ele estude, revise, relembre os atentados registrados pela História para melhorar o treinamento dos agentes envolvidos no processo de proteção que envolve a autoridade demandante.
Similarmente, é inquestionável que haja maior, sistemática e permanente interação entre o presidente da República e o Chefe da Segurança; com diálogo, debate e decisão sobre as medidas voltados para a preparação e desencadeamento de medidas preventivas de segurança.
A segurança de elevadas autoridades não pode se cingir apenas ao previsível, ao que as fontes acadêmicas preconizam, ao que o conhecimento e a experiência determinam. Então, uma medida que se impõe é uma maior prioridade para escolha e aperfeiçoamento de agentes capazes de inferir o inusitado, imprevisível e o que surpreende. Nesse sentido, dois bons indicadores são o estudo da psicologia comportamental focalizada na identificação das intenções humanas, mediante a observação de expressão da face, da dinâmica de movimentos e de outros aspectos; e a execução de testes para avaliação da capacidade de percepção daquilo que não é evidente nem habitual, como, por exemplo — algo simplório e fora da curva das melhores bibliografias — ficar observando o céu e, a par de criatividade, criar histórias associadas com a forma das nuvens, a cada período de tempo.
Enfim, os riscos à segurança do presidente da República não cessam. O presidente não pode ignorar nem renunciar aos riscos. A prevenção é fundamental; e seguramente desempenha o papel de contenção e neutralização da grande maioria das ameaças. Ao conhecimento, à experiência e ao estudo continuado devem ser agregadas mais medidas de identificação do imprevisível, do inusitado, do que, à primeira vista, pareceria sem sentido e até mesmo absurdo. O ser humano é o único animal que pensa e, como corolário, é o único que potencializa a faculdade de pensar por intermédio da doença agregada ao pensamento e, especialmente a doença ideológica.
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Fontes: 
  1. Plutarco, “Alexandre e César – As vidas comparadas dos maiores guerreiros da Antiguidade”, Prestígio Editorial, 2001.
  2. Leonardo Padura Fuentes, “O homem que amava os cachorros”, Editora Boitempo, 2009.
  3. Christopher Andrew, “Defend the Realm – The Authorized History of MI5”, Borzoi Books, London, 2009.
  4. Malala Yousafzai Christina Lamb“I Am Malala: The Girl Who Stood Up for Education and Was Shot by the Taliban”, Young Readers Edition, 2016.
  5. William Waack, “Camaradas – Nos arquivos de Moscou”, Companhia das Letras, 2004.
  6. https://pt.wikipedia.org/wiki/<Nome_do_personagem> — consultas: em 28, 29 e 30 de novembro de 2018 e 1º, 2 e 3 de dezembro de 2018.

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PS. 
Submeti este texto à análise de outro amigo grado. Ele respondeu de forma surpreendente, com um questionamento e duas respostas alternativas contundentes. 
O questionamento: o presente texto deve ser levado em consideração?
As respostas alternativas: 
  • NÃO, o autor do texto não é especialista em segurança e portanto não tem conhecimento e experiência no assunto; e 
  • SIM, a maioria dos chefes de segurança dos personagens que morreram em atentado eram especialistas em segurança. 

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