quarta-feira, 17 de março de 2021

Os condenados, a Justiça e os eleitores

Com um texto embaralhado, uma articulista do Estadão relata — no artigo “Aliados de Lula citam Santos Cruz como nome para a chapa” —, as andanças do ex-presidente Lula, no período posterior à incompreensível e absurda anulação de sua sentença pelo inferior Supremo Tribunal Federal. Ele está tentando fazer política nos quatro quadrantes do País, porém não consegue andar em meio à população, em locais públicos, dado que é escorraçado por cidadãos indignados. 

É normal que os intelectuais de quaisquer latitudes tratem das injustiças históricas no âmbito da aplicação da justiça — as narrativas mais relevantes estão nos seguintes livros: “Apologia de Sócrates”, de Platão, sobre aquele filósofo, na Grécia; “Eu acuso”de Émile Zola, sobre o capitão Alfred Dreyfus, na França; e “O Caso dos Irmãos Naves”, de João Alamy Filho, sobre os irmãos Sebastião e Joaquim Naves, no Brasil.

É chegada a hora de algum escritor relatar a monumental injustiça cometida pelo Poder Judiciário, em sentido contrário dos casos citados, ao libertar um criminoso contumaz, que agora ingressou na galeria dos ex-corruptos, ex-condenados e ex-presidiários. A injustiça não é contra uma pessoa que cometeu crime; ela foi cometida contra o universo de todos os cidadãos que prezam a decência e a boa fé, e em favor de um meliante.

 

Os aliados de quem foi condenado por crimes contra a sociedade em três instâncias da Justiça — e foi solto por integrante da facção a que pertence — estão sonhando (óbvio, para os cidadãos comprometidos com a verdade, é pesadelo deles). Alguns formadores de opinião insistem em fazer a apologia de organizações criminosas. A juventude lamenta, as crianças choram, os idosos estão aterrorizados por serem submetidos a duas pandemias. Nessum dorma! Venceremos, venceremos!

 

Cidadãos há que concordam com a injustiça contra a sociedade, mas assevera que os atuais governantes também devem ser punidos. Opinei com clareza e sem hesitação.

 

Qualquer cidadão que cometa crime deve ser investigado, processado e, se condenado, deve ser preso. Isso vale para todos que praticam corrupção e outros crimes, e se enrolam nas malhas da Justiça. A violência jamais pode ser utilizada no âmbito da liberdade e da verdade. Afora isso, vale a dor dos anseios não atendidos e nem superados. Como queremos a democracia, em 2022, os cidadãos terão oportunidade de determinar os destinos da condução do País. O choro será livre.

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[Divulgado no Estadão online de 17/Mar/2021]

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Relevantes injustiças praticadas ao longo da história


 



Filme "O Caso dos Irmãos Naves", baseado no livro homônimo de João Alamy Filho.





 

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