terça-feira, 16 de junho de 2020

Papel das Forças Armadas


Em artigo publicado na Folha de São Paulo o jornalista Hélio Schartzmann declarou que “alguns de nossos generais ainda não entenderam o que é a democracia e menos ainda o papel das Forças Armadas em uma.”
Fica evidente que o articulista ainda não entendeu a diferença entre país de Enésimo Mundo e de Primeiro Mundo e muito menos o papel dos intelectuais para indicar os rumos da evolução da Nação e da sociedade. 
Se ele tivesse uma compreensão mais arguta dessas questões, ele estaria propugnando por medidas e rumos para sanar nossas desigualdades sociais e os traumas oriundos das decisões dos poderes legislativo e judiciário que, de resto, impactaria de forma inquestionável nas esferas do poder executivo.
Os sábios ainda não aprenderam (e parece que nunca aprenderão) que País de Enésimo Mundo não comporta segmento de Primeiro Mundo. Infelizmente, na falta de um grande trauma depurador, só Leviatã dá jeito numa feira de corrupção e trapalhadas históricas recorrentes. E o pior: os sábios acham que com as desigualdades, o judiciário e a práxis política está tudo bem. Democracia?
O comentário de uma leitora evidenciou desconhecimento da atual conjuntura no que se refere a gestão pública no âmbito da defesa. Foi uma oportunidade prestar esclarecimentos que atualizam a percepção de questões estratégicas relevantes.

 CRISTINA DIAS
As FA de Japão e Alemanha são mínimas, e eles estão entre os países mais ricos e pacíficos do mundo. Enquanto isso, na América Latina, as FA são mastodônticas e caras, e raríssimas vezes atuaram contra forças externas, preferindo combater os “inimigos internos”, também conhecidos como Povo.

Japão no século XXI? O Japão é um dos países que mais investe em tecnologia de defesa. O Japão aumentará seus gastos militares pelo sexto ano consecutivo ao investir em mísseis balísticos e defesa aérea. A previsão orçamentária da Defesa japonesa integra um orçamento nacional de US$ 912 bilhões (R$ 3,5 trilhões), aprovado pelo gabinete do antigo primeiro-ministro, Shinzo Abe, para o próximo ano fiscal, iniciado em abril de 2019.

Alemanha no século XXI? A Alemanha é um grande exportador de produtos de defesa, graças a sua tecnologia dual. O governo alemão terá em 2020 um recorde também no orçamento militar, com 45,05 bilhões de euros (em 2019 eram 43,23 bilhões), com verbas adicionais destinadas às missões da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) no exterior e aos compromissos assumidos ante a Otan. 

Brasil no século XXI? Somos um anão militar por conta da pequena fatia do gasto em defesa aplicada em investimentos: 8,3% em média entre 1999 e 2016 (23,5% para a França e 22,9% para o Reino Unido; Alemanha e Japão, mais de 20%, no mesmo período). Portanto, há um problema estrutural com o orçamento de defesa brasileiro. Sabem a razão? Temos cerca de 50 milhões de pessoas no patamar da pobreza. Isso equivale à população da Inglaterra, quase a da França e mais de 60% da população da Alemanha.
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[Comentários divulgados na Folha de São Paulo online de 16/Jun/2020]
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