sábado, 3 de outubro de 2020

Iniquidade [des]informativa

Em 21 de agosto, a Folha de São Paulo publicou um editorial com o título “Jair Roussef”, embasado no fato de que o atual governo estaria cometendo, na economia, o mesmo erro da ex-presidente, que saiu da presidência da República escorraçada pelo processo de impeachment. 

Subsequentemente, em face de várias reclamações, o diretor de Redação do jornal publicou um mea culpa com o título “Uma escolha infeliz” (Folha de São Paulo de 30 de agosto), no qual assevera que 

“uma escolha infeliz que tentava resumir a pertinente comparação econômica sem levar em conta que colocava na mesma expressão o sobrenome de uma democrata que foi torturada pela ditadura militar e o prenome de um político apologista da tortura, que defende não só aquele regime como suas práticas vis e sanguinolentas.”

Evidentemente, a doença infecciosa e contagiosa que impacta a práxis de articulistas do jornal levou seus próceres a acertar uma vez e a errar duas outras. 

O acerto se refere à infelicidade do título do editorial, o que foi bem caracterizado com o título do mea culpa: “Uma escolha infeliz” — dúvida não há, a escolha foi mais do que infeliz, foi nefasta. 

Os erros resultam, primeiramente, da comparação absolutamente equivocada do governo desastroso e corruPTo da Sra. Roussef com um governo cuja marca primacial é o combate à corrupção. E, segundamente, resultam da comparação inverídica de alguém que fez parte de equipes, cujos integrantes participaram da luta armada e se orgulham das ações subversivas cometidas, com alguém cuja militância política — faça-se-lhe a crítica que se queira — foi dentro da legalidade no interior do Parlamento brasileiro.

 

Uma mulher que defende a ideologia de dois dos três maiores assassinos da história da Humanidade (Joseph e Tung, cuja "troica" de horror é completada por um sujeito chamado Adolf) é chamada de democrata. Uma mulher que se ajoelha diante do maior ditador das Américas, em todos os tempos (Fidel, cuja fidelidade coincidia com a de sua admiradora subserviente) é chamada de democrata. Uma mulher que fez parte de equipes, cujos integrantes têm as mãos sujas de sangue de inocentes é chamada de democrata. O articulista é uma escolha feliz da Folha, porque ele pensa e escreve de forma consentânea com a iniquidade reinante nesse diário [des]informativo.

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[Comentário postado na Folha de São Paulo online de 3/Out/2020 (ajustado para o limite imposto de 500 caracteres). Claro, com atraso, porém ainda oportuno]

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