quinta-feira, 6 de julho de 2023

Kafka, a boneca e a menina

O presente texto é a reprodução, quase na íntegra, de postagem no portal ‘Quora’ de Anahí Michel, professora de Artes Visuais, da Universidade de Bellas Artes, da Espanha.

 


Aos 40 anos, Franz Kafka, que nunca se casou e não teve filhos, caminhava um dia por um parque em Berlim, quando conheceu uma menina que chorava porque havia perdido sua boneca favorita. Ela e Kafka procuraram a boneca sem sucesso.

Kafka disse a ela para encontrá-lo lá no dia seguinte e eles tentariam encontrar a boneca.

No dia seguinte, quando a boneca ainda não havia sido encontrada, Kafka deu à menina uma carta ‘escrita’ pela boneca dizendo:

"Por favor, não chore. Fiz uma viagem para conhecer o mundo. Vou escrever para você sobre minhas aventuras."

Assim começou uma sequência de eventos que durou 3 semanas, que antecederam o fim da vida de Kafka — e que foram recriados por Jordi Sierra i Fabra, no livro “Kafka e a Boneca Viajante”.

Durante os encontros, Kafka lia as cartas cuidadosamente ‘escritas’ da boneca, com aventuras e conversas que a menina achava adoráveis.

Por fim, Kafka trouxe de volta a boneca (comprou uma) quando havia retornado a Berlim. A menina reagiu com decepção:

"Não se parece nada com a minha boneca."

Kafka entregou a ela outra carta na qual a boneca escrevia: 

“Minhas viagens me mudaram.”

A menina abraçou a nova boneca e alegremente trouxe a boneca para casa com ela.

Um ano depois, Kafka morreu. Muitos anos depois, a menina agora adulta encontrou uma carta dentro da boneca. Na pequena carta assinada por Kafka estava escrito:

"Tudo o que você ama provavelmente estará perdido, mas no final o amor voltará de outra forma."

Aceite a mudança. É inevitável para o crescimento. Juntos, podemos transformar a dor em admiração e amor, mas cabe a nós criar essa conexão consciente e intencionalmente.

 


Fontes: 

– Anahí Michel – Maestra de Artes Visuales de Universidad de Bellas Artes (2002-2006).

– “Kafka e a Boneca Viajante”, de Jordi Sierra i Fabra. Martins Editora Livraria, São Paulo, 2009 — “Prêmio Nacional de Literatura Infantil y Juvenil”, de 2007, concedido pelo Ministério da Cultura de Espanha.

 

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