quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Queda da escada – 2 —— [10 a 31/Ago/2023]

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado!"
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador, comerciante, tabelião e juiz de paz.
In Memoriam.
10/Ago/2023 (5ª. F)


Visita do Maj Dr. Salgado e Dr. Gabriel. Perguntou como estava. Respondi que doeu muito durante a noite e dormi muito pouco, contudo, nesse início de manhã, a dor sumiu. Questionei como foi a cirurgia e o Dr. Salgado informou que a instalação de 4 parafusos não é tarefa fácil, mas transcorreu dentro da normalidade. Solicitei os documentos da internação e cirurgia e ele prometeu que os providenciaria algumas horas depois.

A indagação essencial: quando seria a alta. Ele respondeu que eu estava livre, a partir do término dos medicamentos que estavam sendo inoculados na veia.

A partir daí, acho que, pela primeira vez, desde o primeiro dia de internação, fiquei ansioso — a volta para casa era a causa.

Eles saíram, a auxiliar de enfermagem entrou e colocou o antibiótico Cefazolina e o analgésico Tramadol no mecanismo de acesso, com o remédio diluído em soro, o que significava pingar lentamente, durante cerca de meia hora. Que pena que a inoculação não foi com seringa de injeção, vale dizer, direta e rápida.

Isabel tratou de arrumar as coisas e foi levando para o carro, em etapas.

Por volta de 10:00 h, comunicamos para as meninas a saída e pedimos o maqueiro. Apareceu o soldado Freitas com uma cadeira de rodas. Passamos pelo ambulatório de Ortopedia, marcamos a consulta de retorno, conforme orientação médica, para o dia 16 de agosto, às 15:00 h.

Eu entrei no carro com alguma dificuldade e seguimos. Isabel procurou dirigir cuidadosa e lentamente. Qualquer quebra-molas ou pequenos obstáculos no asfalto, causava dor no pé.

Chegamos em casa, Cecília nos recebeu com a cadeira de rodas motorizada e eu me transferi para ela. Causando surpresa, dei umas voltas na garagem e entrei em casa pilotando-a de forma eficaz. Segui para o quarto e cheguei à porta do banheiro. Aí, me transferi para a cadeira de banho e fui para debaixo do chuveiro. A CB é mais complicada de dirigir do que a CRM. Enfim, consegui rapidamente a adaptação para o novo cenário: viver os próximos 30 dias na suíte do térreo da casa, usando muletas, CRM e CB.

Alessandra e Laura (que estava no UniCEUB) chegaram por volta de 11:40 h. Alegria em estado puro, seguida de um quase trauma.

O pé começou a doer e tive a maior crise desde a queda em 31 de julho. Tomei Lisador e Alessandra saiu para comprar Novotram (Tramadol usado no HFA é seu genérico).

A dor era tamanha que chamei Cecília para segurar minha mão. Depois de 40 minutos de quase estado de choque, Alessandra chegou com o Novotram. Tomei-o imediatamente. Passados uns 30 minutos, os remédios começaram a fazer efeito e pude me dirigir para a mesa, onde Isabel e as meninas já estavam almoçando. Em uma primeira abordagem, com a dor intensa, eu não almoçaria. Aliviada a dor, eu me reuni a elas para degustar uma comida deliciosa, o que não fazia há dias.

 

Trato agora das perspectivas subsequentes: 

– dia 16 de agosto (4ª. F) – retorno ao HFA, para consulta, possivelmente, com o ortopedista, Dr. Crapis;

– próximos 30 dias – não apoiar o pé direito no chão; vale dizer, os deslocamentos devem ser com muletas, em cadeira de rodas ou, no caso de banho, em cadeira de banho;

– próximos 6 meses – adaptação ao pé ‘biônico’ e preparação para, se possível, voltar a caminhar de manhã, após 6 meses, durante 60 minutos, 5 vezes por semana; e

– doravante, em qualquer tempo, refletir, pensar e agir à luz de calma e paciência; e avaliação cuidadosa do que fazer e falar.

Assim, está encerrada uma primeira parte do relato de minha lamentável queda da escada e respectiva recuperação.

 

 

Daqui por diante, o relato não será mais diário. Apenas no dia em que houver algum fato relevante, farei o devido registro.

 

 

11/Ago/2023 (6ª. F)

Ontem, passados os momentos de intensa dor, iniciei o processo de adaptação a essa circunstância inédita, que incluía, entre outras as seguintes atividades: morar na suíte térrea (que pelo fato de abrigar os três computadores das meninas, elas apelidaram-na de ‘lan-house’); deslocar-me para o banheiro com muletas, fazer a higiene sentado no banco de plástico e utilizar o chuveiro em cadeira de banho; dirigir-me para a sala em cadeira de rodas motorizada; assistir TV uma boa parte do tempo, atendo-me a programas esportivos e a filmes (estes, quase sempre, vistos parcialmente); e, de quando em vez, telefonar para os irmãos Agton, Aloizio e Angeliqui e cunhado Delaor, para o cunhado Pedro e para amigos diletos. 

Continuo não conseguindo assistir aos noticiários de TV, abordagem que incorporei depois que, a partir das eleições presidenciais de 2022, o governo federal voltou para as mãos das quadrilhas mergulhadas na corrupção, lavagem de dinheiro e conspurcação da gestão pública, que vicejaram na política brasileira de 2003 a 2016.

O apoio de Isabel e das queridas filhas Alessandra, Laura e Cecília tem sido imprescindível. Por vezes, fico constrangido de estar dando a elas tanto trabalho; por outro, confirmo a imprescindibilidade da família, que, não raro, personagens da política e da intelectualidade, envenenados por doença ideológica, querem denegrir e até eliminar.

 

16/Ago/2023 (4ª. F)

Com ansiedade, fiquei aguardando o momento de retornar ao HFA, para a primeira avaliação médica subsequente à alta hospitalar de 10 de agosto.

Isabel e Alessandra me acompanharam. Na recepção do hospital, informaram que não havia cadeira de rodas disponíveis, porém, alguns minutos depois apareceu o soldado maqueiro. Ele me transportou para o ambulatório de ortopedia numa cadeira de rodas que não tinha os suportes para pés; para substituí-los, havia uma improvisada corda. 

Não foi necessário esperar muito tempo. Para minha surpresa, fui recebido pelo Maj Dr. Crapis e pela médica residente. A consulta foi agradável, dado que o Dr. Crapis se mostrou gentil e alegre. Relatei o desconforto dessa primeira semana, as dificuldades para dormir, a retirada paulatina, a partir de domingo, dos remédios analgésicos e outros aspectos. Ele determinou a troca do curativo e, após a retirada cuidadosa pela enfermeira, das bandagens, examinou os dois ferimentos localizados abaixo do tornozelo — o primeiro do lado esquerdo, resultante da primeira cirurgia; e o segundo do lado direito, resultante da segunda cirurgia. Embora, para olhos leigos, parecessem horríveis, o Dr. Crapis considerou-os em estado de normalidade e indicadores do êxito das cirurgias. Ainda bem! 

Evolução da cirurgia ortopédica no lado externo do pé direito
(sedação, anestesia, correção de ligamentos e tecidos do calcanhar, correção do calcâneo multifragmentado com a inserção de 4 parafusos e sutura).
Retorno ao HFA – Brasília – 16/Ago/2023.

Por fim, o Dr. Crapis informou que o retorno seria em duas semanas, isto é, no dia 30 de agosto; e orientou que agendássemos a consulta, com a apresentação de uma radiografia, a ser providenciada na mesma data dessa consulta. Ademais, ele sugeriu a troca da imobilização, que seria feita sobre os curativos, antes da saída do hospital, por bota ortopédica, também chamada bota ‘robofoot’. Disse que dispúnhamos dessa bota, já que Laura ganhou a da avó Maria Helena quando ela sofreu entorse no futebol e imobilizou o pé.

Com uma certa dose de alívio, com o apoio de Isabel, agendamos a radiografia e a consulta e retornamos para casa.

Tão logo cheguei em casa, verifiquei que o inchaço se ampliou e a imobilização estava apertando muito a perna e o pé, sobretudo nos locais dos ferimentos. Então, decidi fazer a substituição pela bota ‘robofoot’.


19/Ago/2023 (Sáb.)

Em casa, constatei que a bota ‘robofoot’ herdada da Laura estava pressionando em demasia os dois ferimentos. Fomos a uma loja e compramos uma bota Mercur, cujos suportes flexíveis eram movíveis, e ao serem retirados aliviavam a pressão sobre os dois ferimentos. Essas botas pesem mais de 1 kg. É incompreensível que não utilizem material resistente e leve, de tal sorte que se construa uma bota na faixa de 400 g.

A rotina da primeira semana após a alta hospitalar se repete de forma entediante e desconfortável. Dormir tem sido a arte da superação. A alimentação está sendo irregular e o metabolismo alimentar apresentou problema; durante três ingeri comprimidos de Floratil. Há a perspectiva de precisar consultar um médico (gastroenterologista ou nutrólogo? A ver!).

Um objetivo para esse período seria a leitura. Não estou conseguindo tranquilidade para ler; parei no terceiro capítulo de Oppenheimer. Preciso força e energia para continuar. Andei escrevendo uns poucos garranchos. Transcrevo-os a seguir.

 

Não desistir jamais

 

Quando você estiver triste, lembre-se que a alegria é um sentimento que também está dentro de você!

Quando você for derrotado, não esqueça de que você já teve vitórias e muitas outras serão possíveis!

Quando você estiver cansado, trate de descansar pois sua energia torna-lo-á pronto para o próximo embate!

Quando você se sentir só, lembre-se que a solidão é passageira e sempre há alguém que pode ampará-lo!

Quando você estiver desanimado, não esqueça que a coragem o estimula a prosseguir.

Quando você tiver a sensação de que está retrocedendo, lembre-se de firmar o pé e motivar a mente para seguir adiante.

Quando você estiver diante de um obstáculo, desborde-o e siga para a vanguarda.

Quando a solução não existe, invente-a.

Quando não encontrar a trajetória, construa-a.

Quando você estiver desesperado, lembre-se que a calma, a paciência e a fé equivalem à brisa suave que alivia e ao sorriso de uma criança que enternece.

Quando a raiva ficar evidente, use a razão e a lógica, acalme-se e faça o bom senso prevalecer.

E por último e primordialmente relevante, lembre-se de tentar sempre, desistir jamais e vencer sempre que possível — assim, as vitórias serão majoritárias nas sendas de sua trajetória.

 

 

E assim o tempo vai passando.

 

 

Nesses dias complexos da recuperação das duas cirurgias resultantes da fratura múltipla e exposta do calcâneo, passo o tempo entre a suíte térrea, o banheiro e a sala, deslocando-me com muletas, com cadeira de rodas motorizado ou cadeira de banho; e em uma boa parte do tempo, aferro-me ao celular, ao computador e à TV.

Bisbilhotando músicas para inserir no aplicativo Apple Music, encontrei um vídeo da obra-prima de Joaquin Rodrigo, o Concierto de Aranjuez, interpretado pela Orquestra Sinfônica Nacional Dinamarquesa, sob a condução de Rafael Frühbeck de Burgos, e tendo no violão o magistral Pepe Romero.

Diria que vale a pena assistir ao vídeo centenas de vezes, até porque a música está entre as dez melhores músicas já compostas pelo ente humano; e também porque o magistral 2º. Movimento, Rodrigo o criou em uma madrugada em que vivenciava a tragédia da perda de um filho por sua amada esposa.

Ao ouvir o Concierto, lembrei-me de que, com mais de 50 anos, já doente e próximo do final da vida, Steve Jobs recebeu a visita de Yo Yo Ma. O músico compensava a promessa não cumprida, por fato imprevisto, de comparecer ao casamento do amigo e interpretar sua música favorita. Nessa ocasião, Yo Yo Ma levou seu violoncelo Stradivarius e interpretou a Serenata de Schubert. Aí Jobs mencionou sua descrença em Deus, ressalvada pela impossibilidade de o violoncelista tocar daquela forma sem a ajuda Dele.

No campo de comentários do vídeo excepcionalmente bem-feito da obra de Rodrigo, acrescentei a seguinte paródia da expressão de Jobs:

 

 

If he didn’t say it, surely Steve Jobs would say: “I even thought I didn’t believe in God, but after I heard this song, there was no doubt, the composer could not have created it without His help!”

 

 


20/Ago/2023 (Dom.)

Isabel decidiu que, hoje, o almoço fosse churrasco, feito pela Laura que, não raro, me ajudava em ocasiões anteriores. Ela me pediu para que eu a apoiasse. Foram necessárias poucas intervenções: uso do dispositivo elétrico para acender o carvão, espessura do corte da picanha e colocação da carne no espeto (é preciso cuidado para não espetar o dedo); enfim coisas simples que deram segurança à querida filha, iniciante na arte de preparo do churrasco. 

Valeu a pena! O churrasco ficou muito bom e os deslocamentos na varanda dos fundos da casa me tiraram de rotina entediante. Ademais, fiquei motivado para não me limitar ao trânsito entre o quarto, o banheiro e a sala. Assim, no dia seguinte, resolvi me deslocar para a varanda e dar uma volta na orla da piscina.

Esse passeio no quintal se mostrou desejável e promissor. 

 

22/Ago/2023 (3ª. F)

Hoje é a celebração de 110 anos de nascimento de papai Oscar. O entardecer está magnífico. Registrei-o com uma boa sequência de fotos. Elas são apresentadas a seguir.

 








Imagens do crepúsculo vespertino, obtidas em passeio na cadeira de rodas motorizada, 
na orla da piscina da Casa em Cima do Mundo – Brasília – 22/08/2023.

 

26/Ago/2023 (Sáb.)

A sogra Maria Helena, preocupada com minhas atuais limitações, enviou-me mensagem sugerindo que visse o vídeo Dirt 17, atinente a 17 paraquedistas, insubordinados, mas heroicos, que atuaram na Segunda Guerra Mundial. Enviei-lhe a resposta transcrita a seguir.

 

 

Maria Helena, bom dia,

Procurei Dirt 17 no canal Discovery Science e também no Discovery History, mas não encontrei.

Acabei descobrindo o filme Dirty Dozen com um elenco estelar, sobre um tema similar — participação de gente complicada na Segunda Guerra Mundial. Se não existir em algum canal ‘streaming’, vou comprar o DVD, ao lado de Deserto dos Tártaros. Este baseado em livro do Lino Buzatti (considerado o maior escritor italiano do século XX. Será que é mesmo?).

Antes da fratura, adquiri os seguintes DVDs de filme sobre Beethoven:

O Segredo de Beethoven; e 

A Amada Imortal.

O primeiro vi ontem. É bom mas pesado e complexo. Parece que o outro, é melhor.

Já que, por enquanto, não posso ver um filme que está na crista da onda nos cinemas, peguei dois livros correlatos que tinha há alguns anos e comecei a ler. São eles: 'Oppenheimer – Uma Biografia'  e  'Making the Atomic Bomb', ambos enormes calhamaços. Não consegui passar dos primeiros capítulos.

Enfim, esperava ler muito, mas o desconforto ainda é grande.

Escrevi para as meninas um diário sobre a passagem pelo hospital e os dias subsequentes. Ficou um pouco longo e por isso posso ter prejudicado o interesse de parte delas.

Bom, essa mensagem ficou longa. É um ‘passa-hora’ de quem não pode fazer nada, além de pilotar as muletas, a cadeira de rodas, a cadeira de banho e o controle da TV.

Um bom fina de semana.

Bjs

 

 

30/Ago/2023 (4ª. F)

Conforme previsto, compareci ao HFA, para radiografia, avaliação, troca de curativo, com a retirada dos pontos, e orientação das próximas etapas.

Tomei a decisão de levar a cadeira de rodas motorizada. Valendo-se da experiência vivenciada com seu pai, a funcionária doméstica Aline ajudou Isabel na preparação da cadeira de rodas (retirada da bateria, que pesa cerca de 8 kg; e dobragem). Em realidade, a dobragem mostrou-se inconveniente e então, bastou a retirada da bateria. O funcionário jardineiro Hélio colocou a cadeira de rodas e a bateria no chevrolet Spin. Isabel dirigiu o carro e me levou ao HFA.

Chegamos no hospital 11:15 h. Pilotando a cadeira de rodas, fomos para o laboratório tirar o raio X. Depois, voltamos para a recepção e Isabel foi à lanchonete e comprou sanduíches e coca-cola para o almoço. Evitamos alimentarmo-nos na recepção, porque havia muita gente aguardando atendimento. Fomos almoçar no carro, que ficou estacionado nas proximidades.

Radiografia do Pé Direito – Aléssio Ribeiro Souto.
HFA – Brasília – 30/Ago/2023.

Por volta de 12:40 h, fomos para o ambulatório, onde aguardamos cerca de meia hora.

Fomos recebidos pelo Maj Dr. Crapis e pela médica residente, Dra. Carolina. Relatei o desconforto em qualquer movimento, a dor leve no terceiro ferimento (parte posterior do calcanhar), a dificuldade em dormir, os problemas com o metabolismo alimentar e a sensação de melhoria lenta. Na avaliação do Dr. Crapis, ficou evidenciada a normalidade da evolução. Porém, para mim, ocorreu uma surpresa: ele mencionou que o quarto parafuso (o maior deles) seria retirado. Como a consulta foi demorada, acabei por não obter os esclarecimentos requeridos. Qual a razão? Seria pela instalação com a cabeça fora do osso?

Ele transmitiu a seguinte orientação:

– até 9 de setembro – manter a imobilização;

– a partir de 10 de setembro – iniciar a mobilização do tornozelo — significa movimentar o tornozelo, sem apoiar o pé no chão;

– a partir de 10 de setembro – permanecer sem imobilização enquanto estiver em casa, e para sair recolocar a bota ‘robofoot’;

– 18 de outubro – realização de raio X;

– 18 de outubro – retorno em ambulatório;

– 09 de novembro – previsão para iniciar a andar.

Por óbvio, ficou evidenciado que serão pelo menos 3 meses de utilização de muletas, cadeira de rodas e cadeira de banho.

Ele determinou que fosse substituído o curativo, com a retirada dos pontos. Alguns pontos do ferimento da cirurgia ortopédica deixaram de ser retirados porque o local estava muito dolorido e ligeiramente inflamado. Então, o Dr. Crapis preferiu que a retirada dos pontos fosse concluída dentro de uma semana — retorno adicional em 6 de setembro.

Após a conclusão do novo curativo, voltamos para casa.


31/Ago/2023 (5ª. F)

Ao tomar conhecimento de meu problema no calcanhar, o amigo Paulo Roberto sugeriu um contato com o Dr. Gildásio Daltro, em Salvador.

O Dr. Gildásio é médico, professor, doutor e livre docente da Universidade Federal da Bahia (UFBa).

Fez aperfeiçoamento em cirurgia no pé e no tornozelo (480 h), no hospital San Rafael, na Espanha.

Fez aperfeiçoamento em cirurgia no quadril (240 h), no hospital Raymond Poincaré, na França.

É membro da International Society for Stem Cell Research (ISSCR).

É membro Conselheiro da Revista Current Stem Cell Research and Therapy (2016)

É membro de Honra da Société Française de Chirurgie Orthopédique et Traumatologique (SOFCOT).

O Dr. Gildásio é especialista em Medicina Regenerativa Óssea com célula-tronco, que normalmente pode ser utilizada em lugar de Cirurgia Ortopédica com prótese. Contabiliza mais de 600 intervenções com célula-tronco.

Atualmente, o Dr. Gildásio é rico e idoso (76 anos), e trabalha no Hospital Universitário da UFBa, com o vigor similar ao de médicos mais jovens.

Em 2022, o Paulo Roberto deixou Brasília, onde lhe tinham proposto cirurgia ortopédica com prótese metálica na bacia, foi para Salvador, e se submeteu ao tratamento do Dr. Gildásio —regeneração do osso traumatizado com célula-tronco.

É imperioso asseverar que o Dr. Gildásio está tentando emplacar um projeto governamental no Ministério da Saúde, atinente ao tratamento ósseo com célula-tronco, que vai beneficiar, sobretudo, as camadas mais carentes da população.

No início da tarde deste 31 de agosto, o Paulo Roberto acertou um contato meu com a Dra. Valéria, assessora do Dr. Gildásio. Às 16:10 h, telefonei; ela estava no trânsito, dirigindo e me disse que retornaria a ligação mais tarde. Às 18:40 h, o próprio Dr. Gildásio me telefonou e solicitou um relato do problema. Transmiti uma síntese do que ocorreu e disse que poderia enviar cópias de raio X e de tomografia (que eu tinha preparado adredemente); ele concordou e desligamos. 

Em meia hora, o Dr. Gildásio me telefonou de volta e deu uma aula sobre o tratamento e recuperação de fratura multifragmentar e exposta do calcâneo. Ele me impressionou pela simplicidade pessoal, e por objetividade e precisão profissionais.

Afora, a tranquilidade e segurança transmitidas em relação ao tratamento correto, recebido no HFA, pela equipe dirigida pelo Dr. Alessandro Crapis, o Dr. Gildásio aduziu que o parafuso grande deverá ser retirado depois que as partes traumatizadas estiverem reconstituídas, o que deve ocorrer a partir de 3 meses da cirurgia ortopédica. De qualquer sorte, ele confirmou que a recuperação é trabalhosa, demorada, requer cuidados especiais e cumprimento rigoroso da orientação recebida.

É imperioso enfatizar que, do conhecimento da existência do médico, ao diagnóstico, em comunicação online, transcorreram menos de cinco horas.

 

Registro essa sequência de informações, motivado pela consciência de que seres humanos há que vivem no limite do que é possível, para cuidar do bem-estar de seus semelhantes e para construir-lhes um mundo melhor.

Enfim, minha admiração, respeito e homenagem ao amigo Paulo Roberto, ao Dr. Alessandro Crapis e ao Dr. Gildásio Daltro, integrantes do universo daqueles que vivem virtuosamente, lançando luzes pelas sendas percorridas.

 

 



O apoio dos amigos - II

Dessa feita, transcrevo a troca de mensagem, a partir de 25/Ago/2023, via Facebook, com familiares distantes e com alguns amigos da Turma Marechal Mascarenhas de Moraes. De forma similar à interação por WhatsApp, recebi intenso apoio e solidariedade da turma aficionada do Facebook.






Democracia e doença

Um caboclo da grei que apoia o governo liderado pelo ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário divulgou no Tweeter uma mensagem, anunciando a prisão pela Polícia Federal do ex-Chefe da Polícia Rodoviária Federal Silviney Vasquez, bem como cogitando da prisão do ex-Ministro da Justiça Anderson Torres, e do ex-Presidente Jair Bolsonaro. Em face da forma grosseira como foi realizado esse anúncio, postei a réplica transcrita a seguir.

 

A liberdade consiste em aceitar aqueles que preferem o responsável pelo maior escândalo de corrupção da História.

A verdade consiste em ler os processos judiciais e constatar quantas crianças e idosos foram prejudicados.

A ética consiste em não deturpar os registros históricos. 

A democracia consiste em viver defendendo e respeitando a liberdade, a verdade e ética; e aceitar os doentes político-ideológicos que não concordam com isso.

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[Divulgado via Tweeter em 10/08/2023]

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terça-feira, 1 de agosto de 2023

Queda da escada – 1 —— [31/Jul a 9/Ago/2023]

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado!"
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador, comerciante, tabelião e juiz de paz.
In Memoriam.

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VER TAMBÉM

Queda da escada – 2

Queda da escada – 3

Queda da escada – 4

Queda da escada – 5

Queda da escada – 6

Queda da escada – 8

Queda da escada – 9

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O objetivo deste texto é apresentar uma resenha das atividades de tratamento médico recebido no HFA (Hospital das Forças Armadas), relativas à fratura multifragmentar e exposta do calcâneo (osso do calcanhar), bem como a evolução do tratamento, durante um ano, dois meses e 12 dias. A fratura resultou da queda de escada no interior de nossa casa em Brasília.


Da internação à alta hospitalar, o relato é diário. Depois, o relato prossegue, abrangendo aqueles dias em que ocorram algum evento que mereça o registro para lembrança futura.


31/Jul/2023 (2ª. F)

Às 10:07 h, ao subir na escada, no corredor do 2º. andar de nossa Casa em Cima do Mundo (CCM), para observar o funcionário José avaliar problema hidráulico na cobertura da casa, a escada escorregou e eu caí de 2,70 m de altura. Em consequência, ocorreu fratura exposta do calcâneo — dor terrível!

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Para ver a fratura, clique em:

Fratura do calcâneo

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Inicialmente, a querida filha Alessandra tentou chamar o SAMU; depois, por orientação da recepção do HFA, para onde telefonei, foi chamada a equipe de emergência do WMED UTI Móvel. Em cerca de 25 minutos, a ambulância chegou e, depois dos primeiros cuidados de dois enfermeiros liderados pela Dra. Ana Maria, fui transportado para o HFA.

Alessandra acompanhou-me. Dei entrada na emergência do HFA às 11:27 h. Fui atendido pelo Dr. Maxwel (médico UnB 102 — formado em 2020), integrante das equipes de emergência de Clínica Geral e de Ortopedia. O equipamento elétrico-eletrônico de medida de pressão, batimento cardíaco et al estava danificado; foi trocado por outro, supostamente, com bom funcionamento.

Fui encaminhado para a radiologia. As imagens de raio X apontaram fratura multifragmentar e exposta do calcâneo. Fui deslocado para o Centro Cirúrgico às 13:07 h. Na hora em que fui recebido pelo médico anestesista, fui informado que, em face de outra emergência gravíssima, eu teria que voltar para a Sala Pré-Operatória do Centro Cirúrgico e aguardar.

Alessandra — que afora o imprescindível apoio presencial desde o primeiro momento da queda, providenciou, com lucidez, as medidas burocráticas requeridas para a internação — foi pra casa às 13:00 h e voltou para o HFA por volta de 15:00 h.

Às 16:07 h, pedi para falar com um médico, e relatei que desde a hora do acidente, às 10:07 h, até aquele momento, transcorridas pois 6 horas, em pequena ou maior quantidade, o sangue não parou de sair da fratura. O médico reagiu de forma um tanto irritada; porém, argumentei com calma e segurança e parece que ele se deu conta de sua atitude inadequada.

Foi feita tomografia para verificar se houve avarias adicionais não identificadas na radiografia — no dia seguinte tomei conhecimento de que foi confirmada apenas a fratura do calcâneo, afora uma sequência de problemas nos ligamentos e demais componentes do calcanhar, tais como, enfisema subcutâneo e densificação de partes moles adjacentes.

Em torno de 17:00 h, fui levado para o Centro Cirúrgico e submetido a uma primeira cirurgia: sedação, anestesia, limpeza, curativo e sutura.

Alessandra foi substituída por Isabel, que passou a noite e a manhã de terça-feira comigo. Por volta de 19:00 h, na Sala Pré-Operatória, o efeito da sedação passou, e acordei com a parte de baixo do corpo, do umbigo para baixo, ainda anestesiada.

Ao conseguir mexer as duas pernas, as funcionárias tentaram pedir apoio para me transportar para um apartamento. Telefonaram mais de 10 vezes, mas não conseguiram atendimento. Depois, conseguiram a informação de que não havia maqueiros disponíveis. Finalmente, logo após as 21:00 h, os maqueiros apareceram e me transportaram para o apartamento 1019, no 10º. andar.

Como não tinha almoçado nem jantado, pedi para servirem o jantar. Não havia mais jantar, que pela norma, é servido às 18:00 h; havia somente lanche, habitualmente, servido às 21:00 h. Somente às 23:30 h, trouxeram-me o lanche. Alimentei-me, aguardei algum tempo, mergulhei no bom sono e ultrapassei o primeiro dia de uma trapalhada absurda.

 

1/Ago/2023 (3ª. F)

Acordei e recordei o infausto evento com tristeza.

Houve a visita do Maj Dr. Salgado e do Dr. Gabriel. O Dr. Salgado fez a troca de curativo e avaliação. O aspecto do pé direito não é o que se pode apreciar. Estava roxo e inchado; com sutura de 7 cm, em cada um dos dois lados do pé, abaixo do tornozelo; e sutura de 2 cm na parte posterior do calcanhar.

Tomei consciência da complicação em que tinha me metido: médicos, enfermeiras, procedimentos e relatório de aprazamento (documento com a prescrição detalhada de medicamentos e demais orientações médicas). Ademais, depois da cirurgia de ontem, ficarei internado até desinchar o tornozelo, afastar o risco de infecção e reconstituir a pele; depois será agendada a cirurgia ortopédica e repetido o processo de recuperação cirúrgica.

Analgésicos Tramadol e Dipirona, antibiótico Cefazolina, e soro estavam sendo ministrados direto na veia. Para isso, infiltraram um mecanismo de acesso (uma agulha interligada a tubo) em veia do antebraço. Dessa forma, é garantida maior eficácia ao medicamento, com o inconveniente de alguma dor e desconforto. O antibiótico, por exemplo, é aplicado de 8 em 8 horas.

O apartamento estava sem persianas. Depois, esclareceram que foram tiradas para não acumular coronavírus durante a pandemia.

As enfermeiras tentaram fazer o eletrocardiograma uma meia dúzia de vezes. O primeiro aparelho não funcionou. O segundo só funcionou (será que funcionou corretamente?) na terceira tentativa.

Assim, o tempo foi passando. No início da tarde, Isabel foi substituída por Cecília. Por força de seu perfil prevalente, ela fez um ingente esforço para me consolar e animar; e acabou chorando.

Com incomum desprendimento, Laura faltou ao futebol de que tanto gosta, substituiu Cecília e me acompanhou durante a noite.

Minhas queridas filhas têm se revezado no acompanhamento. Para Alessandra, que está ingressando no 4º. semestre de Medicina, acho que foi agregador. Pelo sim pelo não, para as filhas, a experiência tem sido positiva: vivenciar as dificuldades paternas e apoiá-lo, acho que tem sido enriquecedor.

 

2/Ago/2023 (4ª. F)

O Maj Dr. Salgado e o Dr. Gabriel repetiram a visita de rotina. O estado do tornozelo e calcanhar apresentou ligeira melhora (expectativa ou realidade?)

Nesse terceiro dia, ficou imperiosa a necessidade de banho — com a demanda de cadeira especial, toalhas e plásticos para cobrir o pé fraturado e o antebraço com o mecanismo de acesso. Para tanto, foi sugerida a troca de local.

Então, mudaram-me para o apartamento 1043, que tem um banheiro mais espaçoso e facilita o movimento da cadeira de banho; e adicionalmente, tem aparelho de ar condicionado. Ressalte-se que esse apartamento está sem o tampo metálico externo de uma janela; e o sol entra diretamente sobre as duas camas. De forma similar ao anterior, não tem persianas.

Laura continuou me acompanhando durante a manhã. Com muita garra, ela ajudou nos deslocamentos, na vedação dos locais que não poderiam se molhar no banho e em cada atividade que a falta de um pé sadio causa impacto.

No início da tarde, Alessandra substituiu Laura e passou a noite comigo. Ela trouxe o notebook e, com argúcia, escolheu o filme Extraordinário; vimo-lo a partir de 20:00 h. A propósito, no 8º. ano, do Leonardo da Vinci, as meninas leram o livro que deu origem ao filme; fizeram um trabalho de cordel, baseado no livro. A história de superação do menino Augie (August Pulman) foi uma boa escolha para quem está em minha situação.

Alessandra fez uma escolha excelente de filme para o pai paciente.
Apartamento 1049 - HFA – 2/Ago/2023.

3/Ago/2023 (5ª. F)

No início da tarde, Isabel substituiu a Alessandra. Foi razoável, pois o apoio para o banho é mais eficaz com ela do que com as filhas.

Como o pedido para a troca de posição das camas para evitar o sol no paciente não foi atendido pela equipe do hospital, Isabel fez o trabalho ingente de reposicioná-las — arrastar a cama pesada em espaço reduzido não foi tarefa fácil! E de quebra, ela prendeu um lençol em lugar da placa metálica ausente.

Isabel me acompanhou até a manhã seguinte.

 

4/Ago/2023 (6ª. F)

Visita do Dr. Marlon, do residente Dr. Gabriel e de uma interna (acadêmica do 5º. ou 6º. ano de Medicina) oriunda do CEUB. O Dr. Marlon é integrante da equipe que fez a primeira cirurgia. Na substituição do curativo, avaliou e declarou que a evolução está satisfatória. Esclareceu que caso a evolução prossiga na normalidade, a cirurgia ortopédica será realizada na próxima quarta-feira.

No início da tarde, Cecília substituiu Isabel. Conversamos bastante; lamentei estar estragando as férias delas; e ela fez uma produtiva declaração de ânimo e de apologia da família para fazer face às dificuldades. Cecília permaneceu até o dia seguinte.

No jantar, tentei consumir a comida do hospital; contentei-me com umas duas garfadas. Cecília optou por pedir comida do Subway, via iFood. Teve sucesso e degustou um apetitoso sanduíche de pão, três queijos, frango e salada. Fiquei olhando com inveja.

 

5/Ago/2023 (Sáb.)

Visita do Dr. Maxwel. Foi o médico que me recebeu na emergência, na segunda-feira, às 11:30 h. Trocou o curativo e asseverou que o estado do tornozelo estava satisfatório.

Com o apoio inestimável da Cecília, resolvi tomar banho. O processo envolve cobrir o pé e parte da perna com plástico; repetir a operação no braço; entrar no banheiro, tirar a bermuda e a cueca, sentar na cadeira de banho; abrir o chuveiro, ensaboar e lavar; secar, colocar a bermuda e cueca — nesse momento, a cadeira escorregou e eu caí no piso molhado; levantei-me, sentei-me na cadeira e substituí a cueca que se molhou. A Cecília ficou nervosíssima, mas conseguiu me ajudar a sair do banheiro, secar e voltar para a cama. A enfermeira foi chamada para substituir a gaze da imobilização do pé. Enfim, uma operação custosa e demorada, mas ao final, todos restaram sãos e salvos.

Cecília solidária com o pai.
Apartamento 1043 – HFA – Brasília – 5/Ago/2023.

Uma curiosidade! A funcionária da limpeza que veio fazer a faxina hoje se chama Deisielle. Ela faz Faculdade de Enfermagem na UNIP, faz Gestão de Segurança Privada no Instituto Nacional de Segurança Privada, na modalidade on-line; é socorrista e brigadista; tem um filho de 11 anos, Miguel Artur, considerado superdotado, que faz o 5º. ano na Escola Classe 48; e que lê livros da coleção do Steve Jobs — não declarou quais, mas, com certeza, é surpreendente.

Na terça-feira e na quarta-feira, eu até consegui me alimentar minimamente bem. A comida de paciente não causou impacto severo. A partir de quinta-feira, e até hoje, sábado, os alimentos se tornaram insuportáveis: o sabor e o grau de cozimento insatisfatórios e a falta de sal e de tempero ficaram por demais evidentes. Até quando? 
 

Depois do almoço, Laura veio substituir Cecília. Ela veio com Isabel, que levou Cecília para almoçar. Eu e Laura vimos no notebook o filme Moneyball, com Brad Pitt. Seria muito melhor se conhecêssemos as regras do beisebol; ainda assim, foi interessante.

Decidimos nos livrar da comida do hospital para jantar. Pedimos, via iFood, sanduíches Subway.

A Laura desceu para receber os alimentos. Na recepção, no térreo, informaram-lhe que é proibido trazer comida de fora para o apartamento. Ela voltou e, desapontada, mencionou a indesejada, porém correta norma. Disse-lhe para descer, receber os sanduíches, jantar na recepção, e depois voltar. Dancei! Fiquei sem jantar! Por volta de 21:00 h, consumi torradas com queijo Polenguinho, iogurte e água de coco. 

Transmiti para enfermeiras, auxiliares e médico que, desde quinta-feira, estava me alimentando mal e perdendo peso, pois a comida, além de carente de sal, gordura e tempero, era malcozida. 

6/Ago/2023 (Dom.)

Para evidenciar meu estado físico, médico e de ânimo, registro a mensagem que enviei para Isabel, Cecília e Alessandra, no rodapé de foto minha e da Laura.

Laura deixou o futebol de que tando gosta para ficar com o pai.
Apartamento 1043 – HFA – 6/Ago/2023.

A rotina prossegue.

🏨

Um bom começo de domingo.

Higiene feita.

Café tomado.

Sangue colhido.

Pressão e batimento cardíaco aferidos.

Glicemia avaliada.

Antibiótico pingando direto na veia.

 

O melhor é que os contendores do campeonato brasileiro estão numa disputa acirrada para ver quem será Vice-Campeão de 2023.

 

Mesmo sem entendermos de beisebol, eu e Laura vimos o filme Moneyball com o Brad Pitt; recomendamos! É uma história de trabalho intenso, perseverança, ousadia e desapego ao sucesso financeiro.

 

Isabel e filhas queridas, tenham um bom dia.

Beijos.

👨🏻‍🏫

 

Houve a visita do Dr. Pedro Lucas. Graças a sua boa memória, ele se lembrou que atendeu a Laura no HFA, quando ela torceu o tornozelo. Ele fez a troca do curativo e melhorou a imobilização. 

Evolução da cirurgia do lado interno do pé direito
(sedação, anestesia, limpeza e sutura).
Centro cirúrgico do HFA – Brasília – 6/Ago/2023.

Houve também a visita da nutricionista. O relato de ontem, no sentido de que me alimentei mal a partir de quinta-feira, fez efeito.


Ela insistiu em saber a causa da má alimentação. Asseverei, com ênfase que entendia a falta de sal, gordura e tempero na comida; porém considerava inaceitável que fosse malcozida.

Ela queria saber o que estava malcozido. Tudo! Arroz, feijão, cozido de legumes e bife (este estava preto, pelo excesso de cozimento). Ela manifestou a intenção de ajudar e propôs algumas alterações, por exemplo, omelete; e eu acrescentei: salada e iogurte. Fiz-lhe ver que cumpriria com rigor as normas e que tentaria comer o que viesse. Que a reação tenha eficácia!

Terminei de almoçar. Consumi mais de 70% da comida para paciente — arroz, feijão, frango, legumes, salada; fatias de laranja, morango; e suco de pêssego.

A Laura pediu massa com frango et al, via iFood. Deve chegar entre 13:10 e 13:30 h. Ela desceu para almoçar na recepção.

Isabel e Cecília vieram buscar a Laura. Cecília não subiu. Passar esse tempo com as duas tem a virtude de me lembrar que existem momentos únicos, dado que nos próximos 10 ou 20 dias estarei aqui lutando para a recuperação do calcanhar.

No jantar, consumi omelete, torrada Bauduco, salada e suco ONI (Origem Não Identificada).

Estando sozinho, consegui movimentar a mesa de refeição, alimentar-me, jogar os restos de comida no lixo, escovar os dentes e ir ao banheiro. Nada mal para a situação anômala.

Alessandra chegou para me acompanhar durante a noite. Ganhei figurinhas que ela adquiriu em uma exposição temática; uma retratando o pai e três filhas e a outra com uma ode a Brasília, indicadoras de sua sofisticada sensibilidade.

O médico anestesista Dr. M. A. visitou-me no final da tarde. Transmitiu a orientação para a cirurgia ortopédica, que deverá ser mesmo na quarta-feira — jejum total e ausência de água a partir de 22:00 h do dia anterior. 

7/Ago/2023 (2ª. F)

Visita do Dr. Estanislau, ortopedista que, no primeiro semestre atendeu a Laura, na entorse do calcanhar, e a mim mesmo, no problema do ombro; e do Dr. Gabriel. A evolução foi considerada razoável.

A auxiliar de enfermagem trocou o mecanismo de acesso à veia duas vezes — na primeira vez não funcionou. É um processo um pouco doloroso. 

Alessandra permaneceu até a tarde. 

A comida melhorou e almocei bem. A querida filha foi almoçar no Shopping Terraço. Às 16:00 h, recebi a elegante visita do Fábio. Conversamos quase uma hora. Às 18:00 h, Isabel chegou com Cecília. A chegada delas é como a brisa que alivia e o sorriso da criança que enternece. Cecília ficou em lugar da Alessandra.

No jantar, alimentei-me de forma razoável: omelete, salada, sanduíche (que era para o lanche das 15:00 h); e creme de chocolate, que dividi com Cecília. Antes, ela saboreou dois sanduíches que trouxe do Big Box.

Conversei bastante com Cecília. Foi agradável e tranquilizador.

 

8/Ago/2023 (3ª. F)

Ocorreu a visita do Maj Dr. Salgado e do Dr. Gabriel. Como tem ocorrido todos os dias, a imobilização foi retirada, a evolução da cirurgia inicial foi avaliada e a imobilização refeita. 

O Dr. Salgado informou que a cirurgia ortopédica foi confirmada para quarta-feira de manhã. Então, a preparação impõe jejum absoluto, inclusive de água, a partir de 22:00 h de hoje. Os remédios de amanhã (previstos a partir de 8:00 h), devem ser suspensos. A alta está prevista para quinta-feira de manhã.

O processo de recuperação, sem colocar o pé no chão, está previsto para cerca de 30 a 40 dias — um processo realmente longo.

A enfermeira constatou que houve a desconexão do mecanismo de acesso à veia e o líquido estava vazando no antebraço. A correção é um pouco dolorosa. A pressão que, desde o início, tinha se mantido razoavelmente estável, na faixa de 11 x 5 a 13 x 6, hoje chegou a 14 x 6. Acompanhamento é preciso! Resolvi uma dúvida: decidi participar aos amigos irmãos da Turma Marechal Mascarenhas de Moraes, de 1972, da AMAN, o que está se passando comigo. Enviei a mensagem transcrita a seguir.

 

Meus amigos,

Por causa de uma queda da escada, caí de 2,70 m de altura e fraturei o calcâneo (fratura múltipla e exposta). 

Idoso NÃO deve subir em escada (agora estou em dificuldade de mencionar isso para familiares e amigos!).

 

Estou internado no HFA, com previsão de uma segunda cirurgia amanhã (cirurgia ortopédica) e previsão de alta na quinta-feira.

 

Independentemente do que vier acontecer, uma semana no HFA, com um problema não grave, me permite afirmar que temos um tratamento de saúde muito bom — refiro-me a mim próprio e a outros pacientes graves. Pequenos problemas estruturais não tiram o mérito de equipes exemplares.

 

Abraços fraternos,

RS

 

O efeito da mensagem foi impactante. Algumas dezenas de companheiros replicaram com palavras de estímulo, ânimo, conforto, crença, força e fé. Comecei a responder individualmente e parei. Após a cirurgia, responderei coletivamente, citando nominalmente cada um. Anexei as mensagens enviadas e recebidas ao final deste relato.

Telefonei para o Amorim no Rio de Janeiro. Ele está de cama e alegou que nas últimas 3 semanas não tem passado bem. Vai ao médico hoje à tarde. Achei a situação dele preocupante. 

Com diligência e descortino, Cecília pesquisou cadeira de rodas motorizada (CRM) para compra e para aluguel. A CRM mais barata custa R$ 5.000,00 (preço de internet, o que significa maior valor no comércio de Brasília). 

Na empresa brasiliense Ponto da Saúde, o aluguel mensal de uma CRM custa R$ 400,00. 

Conclui-se que a relação custo/benefício da compra não é satisfatória. A decisão é alugar uma CRM.

Falei em videoconferência com Isabel, Alessandra e Laura. Relatei a confirmação da cirurgia e da alta; e pedi para avaliarem a CRM e cadeira de banho na firma da Asa Norte, que dá assistência técnica para umidificadores. Isabel já tinha contatado a firma. Ela tem apenas cadeira de rodas manual.

No almoço, consumi arroz, feijão, frango purê ONI, salada; pudim de chocolate; e suco ONI. Cecília pediu salada Caesar, via iFood; e foi almoçar na recepção, no térreo.

No jantar, pelo terceiro dia consecutivo, serviram omelete, salada e torrada. Como passei a me alimentar um pouco melhor, degustei também um pouco da comida que o hospital serve para acompanhante. Enfim, foi bom, dado que entro em jejum a partir de 22:00 h. 

Recebi um telefonema do amigo Honório, oriundo de Material Bélico e paraquedista; e além disso, é pai de família exemplar, pois durante mais de 30 anos, cuida com desvelo incomum de sua filha Valéria, que chegou a este mundo com problemas que requerem disposição, amor e coragem. Recebi sua manifestação de apoio e votos de rápida recuperação; e disse-lhe que ele é nossa eterna referência por suas virtudes incomparáveis no trato com a filha e com a esposa.

Quase ao final da tarde, quando a enfermeira estava aplicando o antibiótico e tentando corrigir o mecanismo de acesso de medicamento na veia, o Amorim me telefonou, relatando que fora ao médico e nada grave foi constatado; foram pedidos alguns exames — tomografias do pulmão e da pélvis. Mantenho a preocupação com a saúde do grande Amorim.

Foi preciso trocar o mecanismo de acesso cinco vezes porque a auxiliar de enfermagem não conseguia acessar a veia. Ela chamou uma enfermeira, que com sua experiência instalou o mecanismo de acesso no braço esquerdo e não no antebraço, como ocorrera em todas as vezes anteriores.

Por volta de 18:15 h, em meio à refeição, Isabel chegou para substituir a Cecília. Alessandra levou Laura de casa para o ginásio da 603 Norte, para a prática de futebol, e depois veio buscar Cecília. As duas saíram para Cecília jantar e depois apanharem Laura, ao final do futebol.

São 22:00 h. O jejum começou! Então, o processo da cirurgia ortopédica está em curso!

Para passar o tempo, elaborei a mensagem de agradecimento, coletiva, a ser enviada para os amigos da turma Marechal Mascarenhas de Moraes/AMAN — dado que recebi várias dezenas de mensagem desejando sucesso na cirurgia.

 

🤝🤝🤝🤝🤝

Meus amigos,

 

As mensagens de solidariedade, apoio e motivação resultantes de minha internação e cirurgia me trouxeram energia para encarar com força e fé essa passagem. 

Por essa razão, tive surpreendente tranquilidade para aguardar o momento da sedação, anestesia, correção óssea com a instalação de placas e parafusos e o restante do processo.

E mais, a força das mensagens potencializaram minha crença no sucesso do procedimento cirúrgico.

Dessa forma, fortaleço a convicção na grandeza de nossa valorosa turma e na certeza de que a noção de irmandade nos faz melhores, mais fortes e mais virtuosos, bem como capazes de superar falhas e limitações individuais que permeiam a condição humana.

Passado o primeiro momento da cirurgia, constato que houve êxito inicial, tive alta ontem — o processo de recuperação ainda é longo — e por isso expresso o efusivo agradecimento pelas inexcedíveis mensagens motivadoras com que os amigos me contemplaram.

 

Abraços fraternos,

RS

🤝🤝🤝🤝🤝

 

Elaborei também a mensagem de agradecimento individual a ser enviada a cada um dos amigos, irmãos, da turma MMM/72.

 

👏👏👏👏👏

Meu amigo …,

 

Após o primeiro momento da cirurgia ortopédica, constato que houve pleno êxito inicial. Passadas 24 horas do procedimento, tive alta e já estou em casa.

Por isso, caro amigo irmão, expresso o melhor agradecimento por sua mensagem de apoio, solidariedade e motivação.

 

Abraço fraterno, 

RS

👏👏👏👏👏

 

9/Ago/2023 (4ª. F)

Acordei às 06:00 h. Com o apoio de Isabel, iniciei a higiene. Entrei em estado de espera visando ao chamado para a cirurgia.

Apoio inexcedível de Isabel no dia da cirurgia ortopédica.
Apartamento 1049 – HFA – Brasília, 9/Ago/2023.

Surgiu dúvida sobre o consumo dos remédios previstos para 8:00 h. Como já era 8:30 h e a minha pressão, pela primeira vez, ultrapassou 15 x 7, a enfermeira sugeriu que eu tomasse os quatro remédios previstos para 8:00 h — não hesitei e os tomei, até porque o Novanlo 2.5 e o Concárdio 2.5 se destinam aos casos de pressão alta.

A enfermeira mencionou que a ansiedade causa hipertensão. Repliquei que não sentia qualquer sintoma de ansiedade e de aumento da pressão.

A espera para o chamado teve fim às 10:30 h, quando o médico Dr. Leandro — conhecido por causa de consulta uns 4 meses atrás por problema no ombro — chegou com uma cadeira de rodas e disse era chegada a hora. Troquei de roupa, coloquei a bata hospitalar e segui para o Centro Cirúrgico, no segundo andar.

Por volta de 11:00 h, ingeri o medicamento para sedação e em poucos minutos a sonolência chegou; claro, apaguei. Disseram-me que a cirurgia foi concluída 12:40 h. Participaram da cirurgia os médicos: Dr. Crapis, Dr. Salgado, Dr. Marlon, Dr. Leonardo e o anestesista Dr. M. A.

Aí pelas 14:00 h, estava acordado, deitado na cama, mas com a parte do corpo abaixo do umbigo anestesiada. 

Passadas umas 2 horas, consegui movimentar as duas pernas — elevava até a do calcanhar lesionado — então fui levado para o setor de radiologia para radiografar o pé. Pedi uma cópia da radiografia e vi que foram inseridos 4 parafusos no calcâneo.

Radiografia do Pé Direito – Aléssio Ribeiro Souto
HFA - Brasília – 9/Ago/2023

O passo seguinte foi seguir para o apartamento onde Isabel, com algum grau de ansiedade me aguardava. Objetivo imediato: alimentar-me, o que fiz com satisfação.

O amigo Pimentel veio me visitar na hora que eu estava no Centro Cirúrgico. Ele conversou com Isabel. Telefonei para ele e conversamos sobre suas recentes cirurgias e sobre a minha. A última dele resultou de perda de consciência seguida de queda. Ele saiu do desmaio quando chegou ao hospital. Agora, está indo a médico para descobrir a causa. 

Como ele leva vida muito intensa (triathlon, aviação etc) disse para ele que Átila, se não me engano, rei dos hunos, afirmara: “Se não há caminho, nós construímos um”. Parodiando-o, elaborei o seguinte lema para o CTEx: “Se a solução não existe, nós a inventamos.” Ora, ele precisava identificar ou, se for o caso, inventar atividades de que gosta, mas de risco reduzido.

Diante da possibilidade de alta, Isabel permaneceu comigo, exceto durante o jantar; ela optou pelo restaurante Marietas, no Terraço Shopping. A nutricionista é realmente eficaz: no jantar, repetiram omelete, salada, torradas e algumas garfadas da comida destinada à acompanhante.


O apoio dos amigos - I

A seguir, transcrevo a troca de mensagem, a partir de 8/Ago/2023, via WhatsApp, com os amigos da Turma Marechal Mascarenhas de Moraes. Dessa interação resultou apoio, solidariedade, energia e crença para a ultrapassagem da complexa travessia, no processo de recuperação da fratura múltipla e exposta do calcâneo, o osso do calcanhar fundamental para o corpo humano — para me deitar, dormir, permanecer de pé e realizar qualquer deslocamento.