sexta-feira, 12 de abril de 2019

Qualificação dos militares no holofote


No artigo “Forças Armadas consideram Triplo A como uma ‘ameaça’ ” (Estadão de 12 de fevereiro), o jornalista Roberto Godoy assevera que “o Corredor Triplo A, ligação gigante entre os Andes, a Amazônia e uma linha larga no litoral do oceano Atlântico, é amplamente considerado, sempre como ameaça, entre os estudos estratégicos das Forças Armadas. Para alguns oficiais de Estado-Maior, pode ser uma ‘das mais preocupantes’ hipóteses de conflito do Brasil.”

Um leitor postou um comentário afirmando: "Muito holofote para milico no noticiário. Acho que é hora de saber o que ensinam nos quartéis e como é possível fortalecer o poder civil."

Tentei esclarecer o cidadão desavisado.

Faça a gentileza de dirigir sua pergunta para os pais de alunos que estudam em escolas 'militarizadas' (sob a gestão de militares que seguem com rigor a orientação do MEC e suas habitualmente descumpridas normas) no Rio Grande do Norte, em Goiás, no Amazonas, no Distrito Federal. 
Por favor, não esqueça que Churchill, De Gaulle e Eisenhower foram militares. Lembre-se que há dezenas de militares que foram Secretários (Ministros) da Defesa e das Relações Exteriores dos Estados Unidos. Se o senhor responder de forma educada, lerei sua resposta com satisfação. Democracia = Paz + Harmonia.

Um outro leitor complementou, asseverando que Colin Powell foi muito lembrado pelos americanos para lançar-se candidato a Presidência dos Estados Unidos. Repliquei-lhe.

Sua observação é esclarecedora. Creio que é razoável considerarmos a capacitação do cidadão, contribuinte e eleitor. Não importa a profissão de origem. Estamos vivenciando uma transformação da práxis política: fim do "toma-lá-dá-cá", preenchimento de cargos com base no mérito, combate intransigente à criminalidade (com ênfase para a malfadada corrupção). 
Em relação aos militares, convém sublinhar que todos os escolhidos estão entre os grandes talentos de seus pares [e entre os brasileiros em geral]. Todos tiveram missões difíceis no exterior (no Haiti e na África); e todos são experimentados em gestão pública.

Um terceiro leitor chamou Colin Powell e os demais presidentes americanos das últimas três décadas de marionetes nas mãos do stablishment (Rockefeller et al). Similarmente, repliquei-lhe.


Por causa dos marionetes, cidadãos de todos os locais do mundo querem ir para lá. Ademais, olha o que cada cidadão brasileiro tem em casa — uma parcela expressiva das coisas tem origem ou capital americano [chevrolet, ford, coca-cola, apple, back up UPS, boeing, HP, ...]

Olhando a caminhada humana, é fácil perceber que determinaram os rumos do mundo, sucessivamente, egípcios, babilônios, persas, gregos, romanos, ..., e britânicos. Agora é a vez dos americanos. A insatisfação com a realidade resulta de doença ou é causa de doença. É melhor procurar a cura da doença ou evitá-la. Reclamar piora. Infelizmente, não há alternativa. 

Uma inferência para reflexão:  se as reformas econômicas forem permitidas; se o combate à criminalidade prosperar — em especial a criminalidade institucional; se as ações desencadeadas na infraestrutura tiverem êxito; se a Agricultura continuar amparando e potencializando a economia brasileira; se houver eficácia na ação gerencial no nordeste; se houver a recuperação dos erros no campo da Educação; e se a boa fé e a decência prevalecerem, há a possibilidade da transformação do Brasil nos próximos 50 a 200 anos. Aí haverá a mudança do debate e dos paradigmas de reclamação. Os militares e os americanos sairão da agenda.

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[Divulgado no campo 'Comentários' do Estadão online de 12/Abr/2019]

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