quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Prêmios Nobel de 2023 e cientistas laureados mais de uma vez

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado!"
Homenagem a Oscar Barboza Souto, meu pai, antigo lavrador e comerciante.
In Memoriam.

Neste mês de outubro de 2023, a Real Academia Sueca de Ciências anunciou que “o Nobel de Física foi para o trio que decifrou  movimentos  dos elétrons  em frações de segundos” [1].

Os cientistas Pierre Agostini (da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos), Ferenc Krausz (Diretor do Instituto Max Planck de Quântica Óptica, na Alemanha); e Anne L’Huillier (professora da Universidade Lund, na Suécia) foram homenageados com o Nobel de Física pelos trabalhos em métodos experimentais que geram pulsos de luz para o “estudo da dinâmica eletrônica na matéria”.

 

Em síntese, foi divulgado que “segundo a Academia Real Sueca de Ciências, as experiências desenvolvidas pelo trio produziram pulsos de luz tão curtos que são medidos em attosegundos, ‘demonstrando assim que esses pulsos podem ser usados para fornecer imagens de processos dentro de átomos e moléculas’. Essas investigações criaram a possibilidade de acompanhar os elétrons dentro dos átomos e moléculas, em processos antes impossíveis de serem analisados. Um attossegundo é um milionésimo de trilionésimo de segundo. Para se ter ideia, o número de attossegundos contidos em um segundo é o mesmo número de segundos já passados desde o início do Universo, há 13,8 bilhões de anos, de acordo com a Real Academia.”

 

Subsequentemente, a Academia anunciou os vencedores do Prêmio Nobel de Química de 2023: os pesquisadores Moungi G. Bawendi (professor do Instituto de Tecnologia de Massachussets, MIT), Louis E. Brus (cientista da Universidade de Columbia) e Alexei I. Ekimov (russo e cientista-chefe da Nanocrystals Technology, em Nova Iorque). Esses cientistas foram laureados pelas pesquisas sobre pontos quânticos, nanopartículas com uso em eletrônica (em TVs e em LEDs), em computação e na Medicina avançada (em cirurgia de remoção de tecidos tumorais).

Já o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2023 foi para a bioquímica húngara Katalin Karikó e para o imunologista americano Drew Weissman, responsáveis por criar a tecnologia da vacina de mRNA. As descobertas de ambos, no campo da pesquisa em ciência básica, permitiram o desenvolvimento de imunizantes contras a Covid-19 em 2020, menos de um ano após a identificação do novo coronavírus.

  

É conveniente destacar a proposição de que "o estudo da Física parece ser um negócio de família". Marie Curie e seu marido, Pierre Courie, dividiram o prêmio de 1903. 

Mais tarde, quatro duplas de pai e filho também foram laureadas: em 1915, William Bragg e Lawrence Bragg (com 25 anos e o mais jovem agraciado); em 1922, Niels Bohr e, em 1975, Aage N. Bohr; em 1924, Manne Siegbahn e, em 1981, Kai Siegbahn; em 1906, J. J. Thomson e, em 1937, George Paget Thomson.

 

Ademais, a família de Marie Curie conquistou 6 prêmios Nobel. 

Os laureados são: Marie Curie, o marido Pierre Curie, a filha Irene Curie, o genro Frédérick Joliot-Curie (marido de Irene) e o genro Henry R. Labouisse Jr (ex-marido da filha Eve Curie, galardoado com o Nobel da Paz).


Além de Marie Curie[2][3] (a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel e a única pessoa a ganhar em duas categorias científicas diferentes: na Física e na Química), receberam o Nobel duas vezes os seguintes cientistas: Linus Pauling, John Bardeen, Frederic Sanger e Barry Sharpless.

Linus Pauling[4][5] foi premiado com um Nobel de Química em 1954, por sua pesquisa sobre as ligações químicas. Durante os anos 1930, ele foi um dos pioneiros no uso da mecânica quântica para entender e descrever como os átomos se unem para formar moléculas. O segundo Nobel ganho por ele foi o da Paz, em 1962, pela luta contra a corrida armamentista nuclear entre Oriente e Ocidente durante a Guerra Fria.

John Bardeen[6] se tornou o único cientista a ter conquistado duas vezes o Nobel de Física. O primeiro foi ganho em 1956, ao lado de William B. Shockley e Walter H. Brattain, pela contribuição na invenção do transistor. O segundo Nobel foi recebido em 1972, em parceria com Leon Neil Cooper e John Robert Schrieffer, pelo desenvolvimento da teoria quântica da supercondutividade, também conhecida como teoria BCS (teoria quântica Bardeen-Cooper-Schrieffer). 

Frederick Sanger[7] conquistou dois Prêmios Nobel de Química. Em 1958, a láurea foi por seu trabalho sobre a estrutura das proteínas, que são moléculas compostas por cadeias de aminoácidos que desempenham um papel fundamental dentro das células; e por ter descoberto a estrutura molecular da insulina. Em 1980, Sanger foi premiado por suas contribuições para a determinação de sequências de base de ácidos nucleicos (DNA e RNA) e o armazenamento e transporte de informações genéticas.

Barry Sharpless[8] foi laureado com dois Prêmios Nobel de Química. O primeiro, em 2001, quando foi reconhecido ao lado de outros pesquisadores pelo trabalho com reações em moléculas quirais, cuja estrutura olhada em um espelho não poderia ser espelhada, permitindo prever reações inesperadas quando os compostos eram usados em medicamentos.  O outro, em 2022, quando junto dos pesquisadores Carolyn Bertozzi e Morten Meldal, conseguiu tornar processos químicos complexos mais fáceis, contribuindo para o avanço de descobertas farmacêuticas.

Ao longo da vida, Alfred Nobel[9] — químico, engenheiro, inventor, empresário e filantropo (nascido em Estocolmo, Suécia, em 21 de outubro de 1833; e falecido em Sanremo, Itália, em 10 de dezembro de 1896) — fez várias contribuições importantes para a ciência, com ênfase para 355 patentes de seus relevantes trabalhos de pesquisa, aí incluídas as invenções da dinamite e da borracha sintética. No entanto, ele ficou mais conhecido por ter deixado sua fortuna para galardoar cientistas com o Prêmio Nobel. 

Pelas láureas mencionadas nesta coletânea parcial de dados sobre o Prêmio Nobel, é imperioso destacar que a Real Academia Sueca de Ciências, patrona da gestão da herança filantrópica de Alfred Nobel, atribui relevância, também, para trabalhos de pesquisa que impactam a Medicina e, por via de consequência, para os seres humanos comprometidos com a construção de um mundo melhor para seus semelhantes, na área da Saúde.

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Referências:

[1] Jornal Estadão de 02/10/2023;

[2] Marie Curie – https://www.ebiografia.com/marie_curie/

[3] Marie Curie – https://ribeirosouto.blogspot.com/2021/04/filme-radioactive.html

[4] Biografia de Linus Pauling, em Nobelprize.org;

[5] Linus Pauling – https://pt.wikipedia.org/wiki/Linus_Pauling;

[6] John Bardeen – https://fisica.net/biografias/em-23-05-john-bardeen/

[7] Frederic Sanger – https://biologo.com.br/bio/frederick-sanger/ 

[8] Barry Sharpless – https://www.nobelprize.org/prizes/chemistry/2022/sharpless/facts/

[9] Alfred Nobel – https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/alfred-nobel.htm


[Divulgado no Estadão online de 05/09/2023]

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