segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Carta para um amigo

Meu caro amigo ...,

Caso você conheça a fonte do áudio sobre abordagem atinente a uma possível reviravolta política no Brasil, por meios não constitucionais, elaborado com técnica de Inteligência Artificial, curvo-me e dou-lhe razão quanto à possibilidade de autoria por elementos radicais que você mencionou.

Quanto a formas, tipos e padrões de procedimento, as turmas do nacional-socialismo de Hitler, do socialismo real de Stalin e dos demais socialismos — não importando quão radical sejam nem qual direção preferencial preferem — têm mais semelhanças do que qualquer vã filosofia possa imaginar. É que os radicais se deslocam em sentido contrário sobre um círculo; e, conquanto pareçam distintos, eles percorrem trajetória consentânea, com objetivos similares (e ao fim e ao cabo, inevitavelmente se encontram): supressão da liberdade, eliminação da pluralidade política, conspurcação do estado de direito, eliminação da iniciativa privada e prevalência da atuação centralizadora sobre as ações e vontades individuais. 

Atribuir a outros aquilo que é obra de seu próprio pensamento e ação constitui-se em procedimento dos radicais e nefastos de qualquer lado. Só analisar as próprias virtudes e os vícios dos demais é atitude comum de gente dessa espécie.

Nesse contexto ou fora dele, entendo que para apreciar os ensinamentos contidos em ‘Apologia de Sócrates’‘Eu Acuso’‘Sacco e Vanzetti’ e ‘O Caso dos Irmãos Naves’, é preciso que não tenhamos lado. Precisamos apenas de manto, isto é, precisamos ser vocacionadas para estar sob o manto da liberdade, da verdade e da ética. 

  

Convém relembrar que os títulos citados se referem a livros e à obra cinematográfica.

‘Apologia de Sócrates’ é livro de Platão e filme ítalo-espanhol dirigido por Roberto Rosselini.

‘J’Accuse’ é artigo de Émile Zola e filme franco-italiano co-escrito e dirigido por Roman Polanski.

‘Sacco e Vanzetti’ é livro de Louis Joughin e Edmund M. Morgan e filme franco-italiano dirigido por Giuliano Montaldo.

‘O Caso dos Irmãos Naves’ é livro de João Alamy Filho e filme brasileiro dirigido por Luís Sérgio Person. 

Ademais, ‘J’Accuse’ foi escrito por Émile Zola, no jornal francês l’Aurore, porém o erro judiciário foi antecipado pela denúncia de Rui Barbosa, quando estava em Londres, e escreveu em 1895 (três anos antes da matéria de Zola) o artigo ‘O Processo do Capitão Dreyfuss’, publicado no Jornal do Commercio, de Recife.

 


Um caso ilustrativo é o de um amigo que tentou, com seu grupo, inserir-se no governo Bolsonaro. Por causa da oposição de radicais, ele não teve êxito. No governo de CorruPTozumba, ele foi recebido e está atuando. Nossas interações ficaram prejudicadas. Para não perder a amizade, não tratamos mais de política.

 

Minha referência de amizade está associada com o Dr. Lindolpho C. Dias, de Direita (92 anos, engenheiro, matemático de nível mundial, fazendeiro cultivador de café em MG e GO) e com o Dr. Saturnino Braga, de Esquerda (engenheiro da turma do Dr. Lindolpho, reconhecido líder político e ex-senador). A despeito dos posicionamentos políticos-ideológicos contrários, eles são amigos há mais de 75 anos. 

Curiosamente, eu cruzei com o Dr. Saturnino Braga duas vezes: a primeira quando ele era titular da CREDEN, no Senado, e visitou o CTEx, que eu chefiava; e a segunda, na residência do Dr. Lindolpho, por ocasião da celebração de seu aniversário.

 

 

Em se tratando de Fake News, eu entendo que não devemos ignorar nenhum dos três tipos mais proeminentes: das pessoas, no plano individual, de que resulta confusão na recepção de informações; dos integrantes do Judiciário, notadamente contra a Carta Magna, o que causa a desmoralização da Democracia; da mídia (responsável pelas imprescindíveis informações da conjuntura), que ocasiona a conspurcação das mentes e os desajustes na faculdade de pensar. 

No sentido geral, essas modalidades de Fake News levam a um estado de distopia social e institucional — com os inevitáveis perigos, riscos e prejuízos para a Nação e para o Estado, e por via de consequência, com reflexos e impactos terríveis para as próximas gerações.

Enfim, dileto amigo, era para responder sua mensagem, em não mais do que três linhas, contudo acabei por meter os pés pelas mãos, e entulhei uma camionete com assuntos fora do escopo do assunto original. 

Por quê? Bom, aí está em questão o fato de não poder caminhar. Tenho que arranjar coisas para fazer e me adaptar à Medicina do século XXI, que atribui mais relevância à Biologia das crenças. É preciso acionar o pensamento e submeter-se à fé inquebrantável na possibilidade de recuperação e cura. Daí, podem resultar coisas desatinadas.

Se necessário, esqueça meus garranchos desencontrados, elimine-os e tenha uma ótima semana, a partir dessa manhã primaveril, ensolarada e plena de beleza e calor.

Abraço fraterno,

ARS

 

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