sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Concierto de Aranjuez

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado!"
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador e comerciante.
In Memorian.

Nesses dias complexos da recuperação das duas cirurgias resultantes da fratura múltipla e exposta do calcâneo, passo o tempo entre a suíte térrea, o banheiro e a sala, deslocando-me com muletas, com cadeira de rodas motorizada ou cadeira de banho; e em uma boa parte do tempo, aferro-me ao celular, ao computador e à TV.

Bisbilhotando músicas para inserir no aplicativo Apple Music, dei com um magnífico vídeo do extraordinário Concierto de Aranjuez, a obra-prima de Joaquin Rodrigo, interpretada pela Orquestra Sinfônica Nacional Dinamarquesa, sob a condução de Rafael Frühbeck de Burgos, e tendo no violão o magistral Pepe Romero.

Diria que vale a pena assistir ao vídeo centenas de vezes, até porque a música está entre as dez melhores músicas já compostas pelo ente humano; e também porque o magistral Adagio (2º. movimento da música) está associado com uma madrugada em que Rodrigo vivenciava a tragédia da perda de filho por sua amada esposa.

 

 

Ressalte-se que há amostra de compositores que produziram música relacionada ou associada com dramas familiares — essa amostra inclui Joaquin Rodrigo [1], Eric Clapton [2]Paul McCartney [3]Astor Piazolla [4] e Roberto Cantoral [5]. 

 

Ao ouvir o Concierto de Aranjuezlembrei-me de que, com mais de 50 anos, já doente e próximo do final da vida, Steve Jobs recebeu a visita de Yo Yo Ma, então considerado o maior violoncelista do mundo. O músico compensava a promessa não cumprida, por fato imprevisto, de comparecer ao casamento do amigo e interpretar sua música favorita. Nessa ocasião, Yo Yo Ma levou seu violoncelo Stradivarius e interpretou a Serenata de Schubert. Aí Jobs mencionou sua descrença em Deus, ressalvada pela impossibilidade de o violoncelista tocar daquela forma sem a ajuda Dele. No campo de comentários do vídeo excepcionalmente bem-feito da obra de Rodrigo, acrescentei a seguinte paródia (ou simplesmente cópia) da expressão de Jobs:

If he didn't say it, surely Steve Jobs would say: "I even thought I didn't believe in God, but after I heard this song, there was no doubt, the composer could not have created it without His help!"

 

 

[1] Joaquin Rodrigo – Concerto de Aranjuez

Rodrigo era cego desde os quatro anos de idade. Por seu inexcedível talento, tornou-se compositor de projeção mundial — sendo responsável pela inclusão do violão, um instrumento popular, no rol dos instrumentos de música clássica. 

O Adagio, esplêndido segundo movimento de seu Concierto de Aranjuez, está associado com a alegria do período em que ele e sua esposa, a pianista turca Victoria Kamhi, passaram a lua de mel em Aranjuez; e com a tristeza da subsequente ida para a Alemanha, onde Victoria, grávida do primeiro filho, perdeu-o por aborto espontâneo, e permaneceu hospitalizada algum tempo, em perigo de vida.

Fonte do texto:

– https://es.wikipedia.org/wiki/Concierto_de_Aranjuez

Música:

Concierto de Aranjuez // Danish National Symphony Orchestra,

Rafael de Burgos & Pepe Romero.

§  https://www.youtube.com/watch?v=-oxH-7VklBI

 

 

[2] Eric Clapton – Tears in Heaven

Nasceu em 1945, filho de uma adolescente de 15 anos que o relegou aos cuidados dos avós. Posteriormente, ela se recusou ser chamada de mãe por ele. 

Em 1991, Eric Clapton estava em Nova Iorque e recebeu a visita de sua ex-esposa Lory del Santo e do filho de ambos, Conor Clapton. Este faleceu ao cair do 57º. andar do edifício em que estavam em Manhattan.

Então, Eric Clapton compôs a música Tears in Heaven, alusiva à morte do filho.

A composição rendeu a Eric Clapton, em 1993, três prêmios Grammy (melhor canção, melhor gravação e melhor interpretação vocal pop masculina), além de ser uma das mais tocadas nas rádios em todos os tempos.

Fonte do texto:

– https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/26/cultura/1553619196_547382.html?outputType=amp

Música:

Tears in Heaven // Eric Clapton, 1992 – VideoClip legendado

§  https://www.youtube.com/watch?v=ycBhSXqkg-8

 


 

[3] Paul McCartney – Let it be

A canção foi composta 10 anos depois da morte de sua mãe Mary McCartney — que morreu por causa de câncer na mama (a mesma doença que, posteriormente, levou Linda, sua esposa e parceira na banda pós-Beatles, Wing). 

Em entrevista, Paul declarou que, às vezes, não conseguia se lembrar do rosto da mãe. Em um determinado dia, ele sonhou com ela, viu sua face com precisão e, diante de sua condição perturbada, ela procurava acalmá-lo de forma maternal e piedosa, transmitindo-lhe conforto e segurança e dizendo-lhe: “deixe acontecer” (“let it be”).

Fonte do texto:

      https://www.culturagenial.com/musica-let-it-be-dos-the-beatles/#:~:text=Segundo%20suas%20declarações%20em%20várias,esse%3A%20%22deixe%20estar%22.

Música:

Let it be // Remastered in 2009 – The Beatles

§  https://www.youtube.com/watch?v=QDYfEBY9NM4

 

 

[4] Astor Piazzolla – Adiós Nonino

Em 1959, Astor estava em Nova a Iorque, onde residia, e compôs a música Adiós Nonino, em homenagem a seu pai, Vicente Piazzolla, que acabara de falecer. Daniel Piazzolla, o filho de Astor, chamava Vicente, de Nonino (avôzinho em italiano).

A esse respeito, Daniel declarou: "Papai nos pediu para deixá-lo em paz por algumas horas. Entramos na cozinha. Primeiro houve um silêncio absoluto. Depois de um tempo, o ouvimos tocar o bandoneon. Era uma melodia muito triste, terrivelmente triste. Ele estava compondo o Adiós Nonino."

Numa entrevista de 1990, Astor Piazzolla declarou que este era seu tango "número um".

Fontes do texto:

– https://www.rdpc.uevora.pt/bitstream/10174/11722/1/Universidade%20de%20Évora-%20Projecto%20Mestrado.pdf

– https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Adiós_Nonino

Música:

Adiós Nonino // Orquestra Sinfônica da Rádio de Colônia, Alemanha

                  (Symphonie “Kölner Rundfunkorchester” Deutschlands)

§ https://www.youtube.com/watch?v=VTPec8z5vdY

 

 

[5] Roberto Cantoral - El Reloj

Essa música foi composta em 1956. Sobre a inspiração que a originou, há duas versões. 

A primeira, por alguns considerada lenda, dá conta de que Cantoral compôs a canção ao final de uma noite tormentosa, dado que os médicos lhe informaram que sua esposa gravemente enferma, jamais resistiria até o dia seguinte; daí a estrofe que evidencia sua intenção de permanecer com ela, não importando o que lhe ocorresse — “Não pare as horas relógio! … Faça essa noite perpétua, para que o dia não amanheça! Para que ela não se afaste de mim!”.

A outra versão evidencia que Cantoral criou a canção em Washington, em frente ao rio Potomac, ao final de turnê do conjunto musical Los Tres Caballeros, pelos Estados Unidos. Durante as apresentações, Cantoral vivenciou um romance com uma das garotas participantes do show, que retornaria a Nova Iorque na manhã seguinte. Essa interação e a presença de um relógio na sala, durante o último encontro, desencadearam a inspiração para Cantarol criar a canção de amor, que resultou em centenas de gravações por intérpretes do mundo inteiro.

Fontes do texto:

– https://www.gnoticia.com.br/musicas-classicas-e-suas-historias/

– https://es.m.wikipedia.org/wiki/El_reloj_(canción)

Música:

El Reloj // Luis Miguel (Video con letra)

§ https://www.youtube.com/watch?v=wEF19rvbH3I

 

 





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