sábado, 30 de janeiro de 2021

Prioridade, verdade e ética

Em face da terrível crise da atual conjuntura, a “prioridade para pobres e negros nas questões da pandemia” é o que um luminar defende perante a ONU como abordagem para o governo brasileiro.

Conheci um professor na Faculdade que — diante de absurdo apresentado por aluno que não deveria estar no banco acadêmico —afirmava “olha se treinar um animal irracional, ele faz melhor” (enfatize-se que, no vigor da juventude, ele substituía o ‘animal irracional’ pelo ‘macaco’). Evidentemente, alguns alunos ficavam incomodados. Ele sempre treplicava com a ideia de que quem ingressava na academia se obrigava a usar a faculdade de pensar.

Obviamente, que para o luminar que se dirigiu à ONU para falar de prioridade para negros e pobres, ele asseveraria algo parecido com o que propalava em sala de aula (mas se ainda tivesse o vigor da juventude, substituiria ‘ser não humano’ pelo ‘jumento’).

Ora, por que essa forma nada elegante para um ser cujo cérebro o jumento esconjuraria?

Simples! O Brasil tem cerca de 56% de pessoas não brancas, isto é, mais de 100 milhões de indivíduos. Como dar prioridade para os não brancos se o mundo mais de 7 bilhões de habitantes não logrou estabelecer uma prioridade eficaz e nem mesmo vacinou mais de 50 milhões?

Desde o início da pandemia, o governo federal brasileiro defendeu o combate à pandemia e, simultaneamente, medidas que evitassem o colapso econômico que poderias afetar sobretudo os mais pobres.

O governo brasileiro apoiou cerca de 65 milhões de pessoas pobres durante alguns meses, com R$ 600,00 por mês para a compra principalmente de comida. Isso não é uma forma de dar prioridade para os desfavorecidos?

Em consequência, o pleito apresentado à ONU se reveste de ausência da verdade; da ignorância em relação à decência; e do apego efusivo à canalhice.

Pelas razões expostas, e com o amparo do bom senso, da lógica e da inflexibilidade em relação à verdade, nas complexas questões da pandemia e respectivas prioridades, pode-se parodiar o velho professor e — abusando da redundância nestas mal traçadas linhas — asseverar: “se treinar um não humano, pode-se apresentar uma solução melhor para a ONU; e adicionalmente primar pela prevalência da verdade e da ética”.

 

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