segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Mensagem para uma jornalista sobre a Amazônia


VER TAMBÉM:
Cara Ana,
Conforme já é do seu conhecimento, no que concerne à região Norte do Brasil, tenho preferência pelo inovador programa Amazônia 4.0, que prevê uma ênfase muito grande para a economia alicerçada nos produtos da floresta e na biodiversidade, o que pode ser possível com maciço apoio científico-tecnológico.
Afora, o potencial econômico muito expressivo, há a visão de que essa abordagem torna possível o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente.
 No que diz respeito ao artigo “Crônica de um desmonte anunciado”, do escritor Maurício Tuffani, publicado na Folha de São Paulo, que apresenta dez razões para caracterizar a responsabilidade do Bolsonaro nas queimadas da Amazônia, eis o que penso:
(i) há no texto em tela dados e informações corretos, porém não há isenção na formulação dos argumentos pois trata da visão e dos interesses de apenas um lado, o que contraria fundamentalmente um trabalho denso, sério, imparcial e até mesmo científico, que deve ser a tônica de uma análise de um tema da magnitude da Amazônia e do meio ambiente;
(ii) nenhuma autoridade que pensa diferente do autor foi ouvida ou citada; é aquela história, “só é correto, só é democrata, só é confiável quem pensa e age da mesma maneira que eu” — quantos poderiam assinar essa assertiva? Ah, Goeboels, Beria, Che Guevara, Marx, Heidegger, entre tantos outros, não hesitariam. 
 (iii) não há uma única palavra sobre as condições climáticas adversas do corrente ano, que potencializaram as queimadas;
(iv) não há qualquer referência às queimadas de outras regiões do globo, atuais e de outras épocas, notadamente na África — só as queimadas atuais da Amazônia contribuem para o desequilíbrio climático do mundo e ainda por cima são culpa do atual presidente do Brasil;
(v) não há menção às grandes queimadas da Amazônia da primeira década deste século, cuja ordem de grandeza rivaliza com as deste ano — nesse sentido, não atribuo a responsabilidade ao Lula que era presidente quando elas ocorreram;
(vi) de forma geral, o artigo fulaniza demasiadamente os argumentos ao invés de formulá-los à luz da lógica e da razão.
Posso então formular a seguinte inferência: 
(i) minha abordagem para a Amazônia não coincide com aquela que o Ministério do Meio Ambiente está pregando e empreendendo; 
(ii) a análise, as opiniões e os juízos de valor do Maurício Tuffani, alinhavando dez razões para culpar o atual governo pelos incêndios na Amazônia, constituem um exercício intelectual criativo, mas destituído de amparo ético; e indicam que o autor está ligado a uma facção do espectro político-ideológico e por isso não têm minha acolhida; 
(iii) repito à exaustão que minha abordagem favorita é o desenvolvimento econômico dos recursos naturais amazônicos, voltado também para as populações locais, com objetivos que contemplem a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente — note que nesse caso, diferentemente da borracha, do café, da soja e do açaí (em que para cada unidade monetária recebida pelo Brasil correspondem 5 a 10 unidades monetárias recebidas pelos países desenvolvidos, em face da agregação de valor resultante da aplicação de Ciência & Tecnologia, Inovação e Industrialização, C&TI2), nós tomaríamos conta de um enorme potencial de recursos que, de forma similar ao que ocorreram com as commodities citadas, iriam (ou irão) para o exterior; 
(iv) defendo o combate severo e implacável contra a exploração criminosa da Amazônia. 
ARS

# # #

Nenhum comentário:

Postar um comentário