Na década de 1960, lideranças civis e expressiva parcela da população estimularam o desencadeamento do contragolpe de 1964 que afastou a possibilidade do triunfo do socialismo no Brasil. Seguiu-se o período de maior desenvolvimento e transformação da história do País, sob a direção de quatro presidentes militares, eleitos sucessivamente pelo Parlamento, mas com forte viés de prevalência da autoridade do chefe de Estado.
Na segunda metade da década de 1980, o País retornou às lideranças civis, com eleições diretas, pelo voto do povo, e com presidentes associados, de forma crescente, a lideranças simpatizantes, aliadas ou correligionárias do socialismo. Por via de consequência — e por empatia e vocação constatada ao longo do século XX (e que não se esqueça jamais: o socialismo sempre dá certo, isto é, ele sempre destrói onde se hospeda) — depois de quase duas décadas, o Brasil enfrentou a maior crise social, econômica, política e moral da história.
Comparando-se esses dois períodos, constata-se que os seguintes aspectos contribuíram para a mudança do primeiro para o período subsequente: a insatisfatória liberalização da economia; e a ineficácia na atuação nos campos da educação, cultura, intelectualidade e mídia. Ressalte-se que essas contribuições estão associadas com causas variadas e complexas, com a prevalência da decisão dos líderes militares, cuja análise não cabe neste contexto.
Em 2018, os brasileiros causaram uma grande mudança e elegeram o presidente da República e expressiva parcela do Parlamento dentre aqueles que se colocam no espectro oponente ao socialismo. Portanto, o País está experimentando uma nova guinada de rumo. Associado a essa transformação, constata-se que a mídia passou a contar com órgãos que se declaram à direita do espectro político, como o ‘Jornal da Cidade’ e revista ‘Crusoé’, para citar apenas dois exemplos — e concorde-se ou não, eles se opõem à tendência predominante na mídia, que de forma geral milita em favor das correntes socialistas. E graças a lideranças no âmbito da Universidade de Brasília, foi desencadeado no meio acadêmico o movimento Docentes pela Liberdade que já atingiu o meio acadêmico de mais de 20 estados da Federação.
É curioso também ressaltar que há um número expressivo de intelectuais que se mostram mais ativos e sem receios ou restrições para expressar posições conservadoras, liberais e democráticas. Talvez o ramo ainda ausente nessas considerações transformadoras seja aquele resultante de nichos de cultura como o cinema, teatro, movimentos musicais e outros.
Dessa forma constata-se que no Poder Executivo, em menor escala no Parlamento, na Academia e na mídia, há uma convergência de direcionamento do País para uma abordagem conservadora nos costumes; liberalizante, na economia; eficaz, na gestão pública; democrática, na prática política; e enormemente combativa, no que concerne à criminalidade, em todas as suas facetas (corrupção, tráfico de drogas e de armamentos, violência de qualquer ordem).
E as ponderações que hesitam em se calar? Essa temática deve ser estimulada e tornada pública? Quais lideranças devem estar atuantes (restrinja-se a priori os similares aos oponentes, porém com sinal trocado)? Cabe apenas a integrantes do governo a iniciativa das ações, ou elas devem provir de todas as direções? Devem estar apoiadas primacialmente nas redes sociais (que podem ser consideradas ilhas ou arquipélagos isolados)? Caso não exista, deve ser buscada a integração e a convergência entre os principais conjuntos de atores (governo, iniciativa privada, academia, intelectualidade, mídia et al)?
Enfim, é fácil enxergar alguma coisa, mas é muito difícil concatenar a abordagem adequada para esses tempos curiosos, ricos e tormentosos. É imperioso admitir que a omissão é aliada desejável da vanguarda do atraso; e a ação é aliada preferencial da vanguarda da salvação. Com a palavra os talentosos e audazes.
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