quinta-feira, 8 de abril de 2021

Números da pandemia e a oposição trágica

No artigo “Por que o Brasil é o atual cemitério da Covid-19”, publicado na Folha de São Paulo, um articulista que se declara doutor formado pela USP, bem como pesquisador da Universidade de Yale, analisou a situação da pandemia do coronavírus no Brasil sem levar em conta dados semelhantes de vários países relevantes do mundo. 

 

O caboclo pode dar a opinião que quiser, mas os dados ele não pode ignorar. 

Os Estados Unidos contabilizam 560 mil mortos por Covid-19 em 340 milhões de habitantes.

A soma [Alemanha + Reino Unido + França], conta com mais de 300 mil mortos em 230 milhões de habitantes. 

Já a soma [México + Argentina + Colômbia], chega a 300 mil mortos em 220 milhões de habitantes. 

Essa tragédia é similar à brasileira, com 300 mil mortos em 212 milhões de habitantes. 

O problema é oposição, coragem moral ou qualificação intelectual?

 

O leitor Amer Moussa postou: 


“Sr. Souto, não é sobre números apenas, são vidas! Este conformismo para mim não cola”. 


Como não houve grosseria de parte desse leitor, trepliquei.

 

Sr. Amer Moussa, parodiando o poeta John Donne (que no século XVII indagou por quem os sinos dobravam): cada vez que uma vida nos deixa, um pouco de cada um de nós segue junto; cada vez que milhões de vidas se vão, um pouco de cada um segue junto milhões de vezes. 

Como transmitir isso para o SarsCov2 ou para as mentes insanas que desprezam os processos democráticos e querem o ex-presidiário de volta ou querem os corruptos contumazes do Ceará ou de São Paulo?

 

O leitor Marco Casanova também postou: 

“Caro A R Souto, sua capacidade de não ver o óbvio é comovente. O modo de lidar com a crise sanitária de USA e México foi simplesmente desastroso. Esses são os exemplos que o senhor não deveria citar: os dois fizeram tudo errado. E a mudança de rumo com a eleição de Joe Biden prova isso. Mudou a política, mudaram os números. Faça o recorte. Quanto a Alemanha, Reino Unido e França, você mistura abacate com carne assada. Alemanha não tem como ser colocada no mesmo bojo. Reino Unido, porém! E nós?”.

De forma similar, trepliquei.

Caro Sr. Marco Casanova, de sua parte, li argumentos; tudo bem. 

Mas nenhum americano, britânico, alemão, francês, mexicano, colombiano ou argentino (cidadãos dos 4 países mais desenvolvidos do mundo e dos 3 países emergentes hispano-americanos mais relevantes) chama seus chefes de governo de genocida por razões políticas e por exercerem a oposição em seus respectivos países. 

O Monkey e o Donkey perguntam: por que esses humanos são tão incoerentes? Será efeito de nosso DNA?

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 8/Abr/2021]

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