sexta-feira, 30 de abril de 2021

Coronavírus e vacinas


Vacinas se prestam a estimular o sistema imunológico de uma pessoa para enfrentar as consequências da invasão do corpo por um vírus.

Quando a vacina é injetada e funciona, o sistema imunológico da pessoa vacinada produz anticorpos que repelem qualquer infecção caso o vírus ataque.

 

As vacinações tiveram início na década de 1790, quando um médico inglês chamado Edward Jenner percebeu que muitas mulheres que faziam a ordenha de vacas eram imunes à varíola. 

Todas tinham sido infectadas por uma forma da doença que afeta as vacas e é inofensiva para os humanos, e Jenner presumiu que a doença das vacas havia dado às leiteiras imunidade contra a varíola. 

Por isso, ele pegou um pouco de pus de uma bolha de uma vaca doente, esfregou em pequenos cortes que fez no braço do filho de 8 anos de seu jardineiro e depois expôs o menino à varíola. Ele não ficou doente. (Conf. Walter Isaacson)

 

As vacinas podem ser produzidas por métodos tradicionais ou por edição genética. Esta é resultado de processos de engenharia genética e bioengenharia, que têm a perspectiva de causar uma transformação mais extraordinária do que a revolução digital desencadeada em meados do século passado. 

1.  Vacinas tradicionais

– versão atenuada e enfraquecida do vírus — exemplos: vacina oral da pólio, desenvolvida por Sabin; e vacinas contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela;

– subunidade do vírus (proteína que fica na membrana da superfície do vírus) — exemplo: vacina contra a hepatite B.

– vírus morto — exemplo: vacina Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Butantan; 

2.  Vacinas genéticas

– compreendem instruções genéticas para fabricar o fragmento seguro de um vírus;

– em vez de injetar uma versão atenuada ou morta do vírus, é injetado um gene ou um pedaço de código genético (adenovírus do chimpanzé editado, RNA ou DNA) que orienta as células humanas a produzir, por conta própria, componentes do vírus; 

– então esses componentes estimulam o sistema imunológico do paciente a produzir os anticorpos requeridos.

– dentre as vacinas genéticas podem ser citadas: vacina tipo Jenner, vacina de RNA e vacina de DNA. 

 

2.1.    Vacina tipo Jenner 

§  É resultante da reengenharia genética de um vírus seguro (um adenovírus de chimpanzé). 

§  A reengenharia (preparo) compreende a edição genética desse adenovírus para acrescentar-lhe o gene que produz a proteína da espícula que fica sobre a superfície do coronavírus. 

§  O adenovírus editado geneticamente é injetado no corpo humano e chega às células.

§  As células produzem proteínas das espículas do coronavírus, que, por seu turno, estimulam o sistema imunológico do paciente a produzir anticorpos contra o coronavírus.

§  Exemplos: vacina Oxford-AstraZeneca (desenvolvida em Oxford, Inglaterra e produzida no Brasil pela Fiocruz) e vacina Johnson & Johnson.

 

Uma curiosidade relevante. A principal pesquisador de Oxford era Sarah Gilbert. Em 1998, quando os trigêmeos dela nasceram prematuros, o marido tirou uma licença do emprego para que ela pudesse voltar ao laboratório. 

Em 2014, ela trabalhou no desenvolvimento de uma vacina para o coronavírus MERS, por meio de um adenovírus do chimpanzé, editado para conter o gene de uma proteína da espícula do MERS. 

Em 2020, com o sequenciamento genético do coronavírus SarsCov2, ela começou o trabalho de engenharia genética para produzir uma nova vacina com adenovírus de chipanzé contra o esse coronavírus. 

Seus trigêmeos já estavam com 21 anos de idade, estudavam bioquímica e se voluntariaram para estar entre os primeiros a fazer os testes. A vacina mostrou-se satisfatória e produziu anticorpos nos filhos da pesquisadora. (Id, ib)

 

 

2.2.   Vacina de RNA

§  É resultante da inserção do código genético (RNA mensageiro), não em um adenovírus, mas diretamente no corpo humano pela vacinação.

§  Numa operação extremamente complexa, no ambiente da célula humana, o RNA mensageiro supervisiona a produção das proteínas das espículas do vírus.

§  Essas proteínas estimulam o sistema imunológico do paciente a produzir anticorpos contra vírus como o SarsCov2.

§  Exemplos: vacina Moderna e vacina BioNTech/Pfizer (importada pelo Brasil da Alemanha).

 

2.3.   Vacina de DNA

§  É resultante da inserção do código genético (DNA), não em um adenovírus, mas diretamente nas células humanas.

§  Em 2020, os pesquisadores criaram um pequeno círculo de DNA que continha o código de partes da proteína da espícula do SarsCov2.

§  A ideia extremamente complexa é que essa porção de DNA chegue à célula, produza fragmentos de RNA mensageiro.

§  O RNA mensageiro, por seu turno, supervisiona a produção das proteínas das espículas do SarsCov2, que estimula o sistema imunológico do paciente a produzir anticorpos contra o vírus.

§  Esse tipo de vacina ainda não chegou à fase de produção, mas a abordagem é brilhante e promissora porque pode ter uso em muitos tratamentos no futuro.

________________

Fonte: The Code Breaker: Jennifer Doudna, Gene Editing and the Future of the Human Race. Walter Isaacson. Simon & Schuster, New York. 2021, March 21st.

 

t t t

Nenhum comentário:

Postar um comentário