Em face do questionamento fundamental do programa WW Especial, da TV CNN (2 de fevereiro de 2025, domingo) — isto é, “na conjuntura atual, a direita está ganhando a Guerra Cultural?” — o Sr. William Waack e seus convidados deram uma aula de política, cultura e evolução humana nos tempos atuais. Contudo, convém que eles sejam provocados em suas digressões.
Amparado na excelência do programa, tenho a ousadia de cogitar que os três convidados — Tarso Genro, Eduardo Gianetti e Luiz Felipe Pondé — deixaram de considerar, de forma explícita, as grandes transformações do ente humano (algo essencial para avaliar a Guerra Cultural em curso):
– há 50.000 anos, a conquista da linguagem falada e o surgimento das redes dos falantes (cuja origem divide os cientistas, mas há evidências de que o início das primeiras palavras pode ter ocorrido há mais de um milhão de anos);
– há 3.500 anos, a conquista, pelos macedônios, da escrita e as redes de registro do conhecimento;
– há 650 anos, a conquista da impressão de texto e as redes de reprodução e divulgação do conhecimento, com a máquina de Guttenberg (o que, há 985 anos, o chinês Bi Sheng já o fizera também, mas sem impacto global); e
– há cerca de 30 anos, a conquista da telemática, ou melhor dizendo, da Internet e as redes sociais, alicerçadas nas máquinas de Steve Jobs e Bill Gates.
Como leigo — pouco ou nada culto ou talvez inculto — eu diria que tudo o que eles transmitiram é fundamental para a reflexão e para uma compreensão do mundo atual. Porém, eles focaram muito suas análises em pessoas — Lenin, Stalin, Hitler, Trump, Bolsonaro, Milei, … — e ignoraram que o mundo atual está submetido, quase escravizado, pela quarta transformação da evolução humana, o advento da Internet e das redes sociais, assim como estivera em relação ao advento da fala, da escrita e da impressão de texto. Entendo, pois, que eles deveriam ter tratado dessas questões de forma explícita, dado quão impactante e acachapante são.
Ademais, misturar e comparar os três últimos personagens políticos com os três primeiros e cogitar que Trump, Bolsonaro e Milei representam, similarmente, risco para a humanidade — o que, de certa forma, ficou evidenciado pelo menos por dois dentre os intelectuais liderados pelo Sr. Waack — revela desapego do bom senso, da razão e da lógica, para não ir além e mencionar o apego ao intelectualismo adoecido pela ideologia.
A inconsequência de alguns é formidável, por óbvio, para eles. Para os demais, pode ser um pesadelo. Imaginem quando a próxima transformação ultrapassar o ponto de não retorno — a Inteligência Artificial que, de forma desafiadora, está chegando! Que tipo de líderes ousará enfrentar a imaginação humana?
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