sábado, 30 de maio de 2020

Crise, crenças e valores


Por intermédio do informe publicitário intitulado “Somos muitos”, publicado em página inteira no Estadão impresso (A4, de 30/Mai/2020), os senhores André Singer, Caetano Veloso, Fernando Haddad, Fernando Henrique Cardoso, Jean Willys, Juca Kfouri, Luiza Erundina, Manuela Dávila, Marcelo Freixo, Marcia Tiburi e outros personagens insuspeitos – vale dizer, a fina flor do PT, PSol e PC do B, liderando políticos, intelectuais e artistas – expressam, em manifesto, os seus anseios asseverando, entre outras asserções, que vão juntos sonhar e fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o orgulho de ser brasileiro, bem como declarando que estão juntos, pela vida, pela saúde, pela justiça, pela paz, (...), pela democracia, pelo Brasil”.
Por erro de edição, por engano pessoal ou com um propósito ditado por suas respectivas consciências e valores, esses notáveis deixaram de completar o texto do manifesto. 
Nesse sentido, faltou aduzir que vão juntos sonhar e pleitear a liberdade do Lula, José Dirceu, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e demais bípedes da mesma espécie que são as insuperáveis referências social, política e ética do universo que representam; e também que vão juntos lutar até o final de suas próprias vidas para devolver aos seus verdadeiros donos, os bilhões de reais que policiais, procuradores e juízes, encastelados na Justiça, surrupiaram para o governo ou para certas empresas, isto é, tudo deve voltar ao status anterior, onde a virtuosa corrupção era a regra daqueles que os participantes da súcia cultuam, prezam e apoiam.

Faltou acrescentar também que lamentavelmente a atual conjuntura política é um empecilho para que o Brasil retome sua marcha em direção à democracia prevalente na Venezuela, em Cuba e na Coreia do Norte, um sonho maravilhoso sonhado pelos partidos dos respectivos signatários.

Restam dúvidas que possivelmente jamais serão esclarecidas. 
O que é mais razoável, a crença dos manifestantes nas “verdades” de suas mentiras ou a crença nas mentiras que propugnam o convencimento dos outros com suas “verdades”? 
Quem é mais pernicioso, a crise resultante de tal pensamento político ou a crise causada pela pandemia do coronavírus? 
E por último e primacial, como a matéria é informe publicitário, quem a financiou?
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[Divulgada no Estadão online de 30/Mai/2020]
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