Neste início do ano de 2021, foi realizado o lançamento do livro “General Villas Bôas: conversa com o comandante”, de Celso Castro, no qual — no âmbito de uma ampla gama de questões nacionais relevantes — são esclarecidas as razões da divulgação em 2018, por intermédio de tuíte, do seguinte comentário do então Comandante do Exército:
“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.
Entre os esclarecimentos constantes do livro, é mencionado que esse texto foi elaborado por Villas Bôas, a partir de uma proposta conjunta dos integrantes do Alto Comando do Exército.
À época, houve a interpretação de que a motivação do general Villas Bôas teria sido o então iminente julgamento pelo STF da ação que poderia impedir a prisão do ex-presidente Lula por corrupção. Nesse contexto, alegou-se que o comandante teria interferido no curso das ações em julgamento na Suprema Corte.
No livro recém-lançado, as explicações são extensas, complexas e geraram reações diante do pressuposto que houve incorreção ou inadequação de parte do notável comandante do Exército.
O ministro Fachin, do STF, foi uma das autoridades que se posicionaram publicamente alegando “que é intolerável e inaceitável qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário”.
Subsequentemente, o ex-presidente Lula — enfatize-se, condenado a prisão por corrupção, em segunda instância, e, com a anuência da Suprema Corte, encarcerado durante 580 dias em Curitiba —, proclamou que “Fachin se acovardou ao não reagir a tuíte de Villas Bôas em 2018” e acrescentou que “não é direito constitucional do Alto Comando do Exército pressionar o Supremo”.
Postei um comentário correlato no jornal Folha de São Paulo. Houve reação de vários leitores. Um deles questionou a prisão do ex-presidente Lula após condenação em segunda instância, à luz de impedimentos da legislação vigente. Outros leitores postaram réplicas em tom grosseiro e ofensivo. Em comentários adicionais, sem apelar para grosserias, tentei responder aos replicantes.
É emblemático que um condenado em segunda instância — que deveria estar recolhido a uma penitenciária — atribua a condição de covardia a integrantes da Suprema Corte. É a segunda vez que esse caboclo presidiário comete essa ofensa.
É surpreendente que não haja qualquer reação por parte do poder Judiciário. Quais as razões? Seria uma, alguma ou todas dentre as seguintes: dívida, doença ideológica, temor, irresponsabilidade?
Isso contribui para que as autoridades sejam respeitadas?
Em todos os países do mundo, exceto no Brasil, a prisão ocorre após a condenação em primeira ou segunda instância.
No Brasil também era assim, à luz da Carta Magna de 1988. Mudou de forma casuística para beneficiar alguns poderosos.
Em relação às demais mensagens, como não há argumentos, apenas grosserias, não vale a pena debater. Afinal, como dizia um velho professor: "Não ensine a um jumento, pois ele pode se encher de vontade e verdade!".
Pela quantidade de reação de leitores, constata-se que os admiradores do Eduardo Cunha, Delúbio Soares, Gedel, Lula, André do Rap, Sérgio Cabral, José Dirceu, Renato Duque e outros estão acordando.
Os brasileiros precisam estar atentos. Se essa turma voltar, o Brasil retomará a marcha para outra maior crise de corrupção e criminalidade da história.
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[Comentários divulgados na Folha de São Paulo online de 18 e 19/Fev/2021]____________________
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