Em contato com o jornal Estadão, o ex-presidente Michel Temer declarou que o governo federal deveria admitir erro e propor um pacto, pois segundo ele, “A economia se recupera. A vida, não.” Em resposta, apresentei dados que contradizem as observação do ex-presidente e de outros formadores de opinião, argumentando que a situação do Brasil não é tão dramática quanto tem sido considerada.
De acordo com fontes confiáveis de 19 de março, a vacinação encontra-se no seguinte patamar:
– em Israel, 5,5 milhões de pessoas vacinadas;
– na soma de México, Argentina e Colômbia, 7,5 milhões;
– na França, 7,9 milhões;
– na Alemanha, 10,2 milhões; e
– na Itália, 7,5 milhões.
Já o Brasil atingiu a marca de 11,5 milhões (Nota. Em 22 de março, o Brasil pulou para 13,5 milhões de vacinados).
Não pode ser esquecido que Israel tem a população menor que a cidade do Rio de Janeiro; e a soma dos 3 países latino-americanos tem cerca de 250 milhões de habitantes e, portanto, se parece mais com o Brasil.
Constata-se pois que embora haja países como os Estados Unidos e Reino Unido, que ultrapassaram a marca de 100 milhões e 30 milhões de vacinados, respectivamente, no geral, a situação brasileira pode ser considerada melhor do que uma parcela expressiva de países desenvolvidos e melhor do que todos os emergentes. Não estou tratando de política, atenho-me à realidade e à verdade. Essa faceta da conjuntura pandêmica precisa ser considerada pelos analistas.
Alguns leitores replicaram meus comentários. Como os textos não continham grosserias (o que às vezes ocorre), contra-argumentei em todos os casos. O primeiro leitor deu ênfase para a porcentagem de pessoas vacinadas e também para o fato de que, em relação à vacinação mundial, o Brasil está em 57º lugar.
Tudo bem. Argentina + México + Colômbia tem 3% da população, já vacinados; Brasil atingiu o patamar de 5% já vacinados; e Alemanha + França + Reino Unido chegou aos 11% vacinados. Em síntese, o Brasil está melhor do que os emergentes latino-americanos e não está tão longe dos mais desenvolvidos da Europa.
Está aí a conta certa que você pediu. Considerar os 50% de Israel, com a população de Campinas mais umas 3 cidades similares, com a grana que eles têm e com um espaço geográfico do tamanho de Sergipe e um pouco mais é a coisa certa pra quem cara pálida? Por respeito, chamo-o apenas de "cara pálida".
Um segundo leitor asseverou a inexistência de política por parte do governo federal e aduziu — de forma aparentemente depreciadora — que os dados que apresentei se deviam à Coronavac, por ele apelidada de “vachina”.
Quem já esteve na China, sabe que os chineses riem muito mas não brincam. Quanto eram fraquinhos (décadas de 1940/50), passaram a perna nos americanos e nos soviéticos. Ademais, as universidades chinesas estão competindo com as europeias (e estão próximas das americanas) e são as melhores dos países emergentes.
Não por acaso, eles têm cerca de 200 mísseis intercontinentais apontados para os Estados Unidos e já enviaram nave para Marte. Por essa razão, ontem tomei a Coronavac. Produtos chineses não me agradam, porém "não se pode fugir da realidade, é ela que propicia um bom bife!" (Woody Allen).
Um outro leitor entrou no debate ressaltando a necessidade do cálculo proporcional e afirmando que a “vachina” chinesa do Dória possuía a metade da eficácia das usadas no primeiro mundo.
O cálculo proporcional pedido foi colocado em um comentário anterior. Quanto ao proprietário da vacina, a recomendação é: "Então, vote no Dória." Por que? É a certeza da vitória de outro, seja lá quem for. O debate sem agressão é desejável, mas o que conta é a argumentação, os dados da realidade e a verdade.
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[Divulgado no Estadão online de 20/Mar/2021]
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[Divulgado no Correio Braziliense online de 20/Mar/2021]
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