Entrevista telefônica com jornalista do The Guardian
Neste texto, são apresentados trechos de artigo publicado no The Guardian. Na realidade, minhas opiniões foram coletadas pelo correspondente do jornal britânico no Brasil, Dom Phillips, em entrevista por telefone.
Como será o governo Bolsonaro?
[Trechos]
Bolsonaro prometeu políticas para impulsionar a economia, mas ainda há temores sobre o futuro da Amazônia e da comunidade LGBT do país
Dom Phillips – Rio de Janeiro
Seg 29 Out 2018, 05:30
Última modificação em Seg 5 Nov 2018, 21:03
Jair Bolsonaro, que ganhou a presidência do maior país da América Latina no domingo, fez grandes promessas para seu governo, mas ofereceu poucos detalhes.
E em um país que emergiu do regime militar há apenas 33 anos, Bolsonaro gerou preocupações com sua promessa de incluir generais aposentados em seu gabinete.
Entre os ex-oficiais militares que desempenharam um papel central na elaboração de suas propostas políticas estão os generais aposentados Aléssio Ribeiro Souto – que se concentrou em ciência, tecnologia e educação – e Oswaldo Ferreira, que elaborou planos para infraestrutura e a Amazônia.
O general Augusto Heleno, que comandou a missão das Nações Unidas do Brasil no Haiti, será seu ministro da Defesa e é visto por alguns como uma potencial força moderadora.
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A Amazônia e o meio ambiente
Bolsonaro fez campanha com a promessa de unir o Ministério do Meio Ambiente do Brasil ao Ministério da Agricultura — sob o controle de aliados do lobby do agronegócio. Ele atacou agências ambientais por administrarem uma "indústria de multas" e defendeu a simplificação de licenças ambientais para projetos de desenvolvimento. Seu chefe de gabinete, Onyx Lorenzoni, e outros aliados desafiaram a ciência do aquecimento global.
"Ele pretende que a Amazônia continue brasileira e a fonte do nosso progresso e das nossas riquezas", disse Ribeiro Souto em uma entrevista. Ferreira também disse que Bolsonaro quer reiniciar as discussões sobre as polêmicas hidrelétricas na Amazônia, que foram paralisadas devido a preocupações ambientais.
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Educação
Ribeiro Souto disse que, sob um governo Bolsonaro, os currículos escolares seriam revisados para remover o que ele descreveu como a "ideologia" deixada por 12 anos de governo do Partido dos Trabalhadores de esquerda. Ciência e tecnologia terão prioridade e a "família tradicional" será o foco, ele disse.
"Você tem que valorizar a família tradicional sem abandonar os cidadãos que não se encaixam no aspecto da família tradicional", ele disse.
Souto disse que a história da ditadura militar brasileira de 1964-1985 — durante a qual 400 ativistas de esquerda foram mortos ou desapareceram à força, e milhares foram torturados — foi um "processo complexo e até certo ponto traumático ".
Mas ele argumentou que a história ensinada nas escolas deveria reconhecer o que ele chamou de sucessos econômicos e instituições criadas durante a ditadura e mostrar os dois lados da história, ele disse, incluindo cerca de 120 vítimas de grupos armados de esquerda.
"Havia brasileiros lutando pela implementação da ditadura do proletariado. Havia brasileiros que lutavam contra sua implementação”, disse ele.
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