quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Desabafo na espera da cintilografia

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador, garimpeiro, comerciante, Tabelião e Juiz de Paz.
In Memoriam.

Reproduzo a seguir o desabafo que escrevi no verso do laudo de um Teste Ergométrico, no dia 14/04/2015, enquanto aguardava a chamada para iniciar uma cintilografia.

Esse texto esclarece aspectos habituais encontrados na práxis dos governos do Partido dos Trabalhadores e mostra que os cidadãos brasileiros não aprenderam com as anomias do passado e optou por continuar a convivência com elas no presente.

Para ser cuidadoso com o linguajar, diria que falta estoicismo aos brasileiros!

 


Hoje, é terça-feira. Estou no Laboratório Biobrás, à espera da chamada para a realização de uma cintilografia. Há muitos pacientes aguardando ou já fazendo esse exame. O meu evento foi agendado para 15:00 h. Se houvesse controle de qualidade no processo, o tempo requerido para as cinco fases (ingestão de água e caminhada, obtenção de imagens na “gama câmara”, teste ergométrico, inalação de fármaco e caminhada, obtenção de imagens na “gama câmara”) seria cerca de 2 a 3 horas e, nesse sentido, terminaria por volta de 18:00 h.

Pois bem, vai terminar às 20:00 h. Um dos pacientes declarou hoje em uma fila de espera no Hospital Militar de Brasília (HMab) que esse tempo desperdiçado faz parte do chamado “Custo Brasil”. Ele tem razão! Mesmo atividades desenvolvidas em empresas que, em nosso País, poderiam ser de elevado padrão organizacional, possuem processos de baixo nível de desempenho. E o pior de tudo: as pessoas envolvidas não se dão conta ou não se importam com isso.

Então, no comércio de bens, na prestação de serviços de caráter privado ou no âmbito do setor público, é comum encontrarmos atividades eivadas de defeitos, de procedimentos insatisfatórios.

Se um cliente mostra sua indignação, ele se torna antipático e é criticado pela manifestação da insatisfação.

Esse estado de coisas é agravado no setor público, onde a precariedade do trabalho e do desempenho é agregada à indigência da ética e à prevalência de corrupção desenfreada. Na atual conjuntura, a cada dia que passa, estouram novos escândalos. Assim, o País foi sacudido pelo trauma chamado Mensalão, com um elevado montante de recursos surrupiado da sociedade para satisfazer a sanha dos políticos, como forma de obtenção de apoio para ações que visam à manutenção do poder pelos mandatários de plantão.

Ao Mensalão seguiu-se o Petrolão, de maiores proporções, com o sangramento da maior empresa brasileira, a Petrobrás. De uma hora para outra, como num passe de mágica, essa petrolífera perdeu mais da metade de seu patrimônio, em face das repercussões das falcatruas que a classe política dirigente impôs a essa magnífica empresa. Como que para reduzir o impacto da descoberta das quadrilhas operadoras dos desmandos, noticiou-se um escândalo no âmbito da Receita Federal, com a malversação de somas maiores do que as do Petrolão.

A riqueza de fatos escabrosos no setor público é caracterizada por um escândalo até o momento apenas cogitado, envolvendo o financiamento pelo BNDES de empresas brasileiras que atuam em ditaduras da América Latina e África. A acreditar-se nas notícias circulantes, a ordem de grandeza deixa a casa de dezenas de bilhões de unidades monetárias e chega ao patamar do trilhão.

Enfim, em um dia chuvoso, pode-se asseverar que a insuficiência do processo de exame laboratorial é uma boa metáfora do que vem ocorrendo nas plagas tupiniquins na maioria das atividades em curso, com a prevalência daquelas que são insatisfatórias, no âmbito do setor público.

 

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