Segundo o editorial “Inaptidão para a democracia” (Estadão de 25 de novembro), é errado um deputado destruir um cartaz — exposto na Câmara dos Deputados — que vilipendia a Polícia Militar, acusando-a de agir de forma ilegal contra negros. Ora, esse espaço institucional deve ser respeitado por todos, de todas as tendências, em quaisquer circunstâncias.
Crime contra negro, branco, homem, mulher, gay ou qualquer outro deve ser combatido no âmbito da lei e da justiça e não com ofensa a uma instituição essencial para a democracia. Não há razão para crime cometido por policial ter tratamento diferenciado. Ademais, a instituição não pode ser responsabilizada por crime cometido por seu integrante.
Além de criminalizar um fato razoável, porque se trata de combater ação grosseira e ofensiva, o Estadão estende, generaliza e mancha todos os que são favoráveis ao governo e discordantes do jornal. Então, se alguém se dá o direito de vilipendiar a imprensa, os demais cidadãos devem permanecer omissos e covardes? É essa a noção de democracia que viceja no âmbito do jornal que os assinantes querem equilibrado e decente?
Como neto de negra, assinante do Estadão e fervoroso adepto dos mandamentos democráticos, registro meu protesto e lamento que um dos jornais que assino tenha bipolaridade nefasta ao manifestar juízo de valor. Dito de outra forma, para o editorialista, constitui vício o que contraria seu ideário e respectivos interesses — e aí fica configurada inequívoca inaptidão para a democracia. Atribui-la a outrem é insuficiência intelectual — uma forma elegante de caracterizar a má fé.
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