ESTADÃO — 1/Set/2018
Brasil em chamas
Em artigo com este título, o Sr. Miguel Reale Júnior volta mais uma vez suas baterias contra o candidato Jair Bolsonaro. Para diminui-lo, vale-se do testemunho do Sr. Sérgio Fausto, presidente do Instituto FHC — empreendimento que o Lula tentou copiar, mas não cuidou de camuflar devidamente as fontes de recursos e, na empreitada, colhe maus frutos até hoje — e de um certo Al Satan Hussein, comissário da ONU. Combater o Bolsonaro é lídimo. Esquecer a herança do PSDB, PMDB e PT não é virtuoso. A resposta deste eleitor tenta explicar.
RESPOSTA DESTE (E)LEITOR
No artigo “Brasil em chamas” (Estadão, 1/Set/2018), o Sr. Miguel Reale Júnior oferece um conjunto de ambiguidades e impropriedades, à guisa de argumentos, como forma de combater o candidato do qual ele discorda. Analisemos a argumentação do articulista, reprisando suas posições, identificando uma parcela das demandas da sociedade e caracterizando minimamente os conceitos para a gestão pública correlata.
O Sr. Júnior se refere aos benefícios do Estatuto da Criança e do Adolescente, como se cuidar de criança — seja pela família, pela escola ou pelo governo — dependesse de estatuto; e não fosse uma obrigação pétrea de pais, professores e governantes. Eu até entendo o Sr. Júnior: os integrantes do PSDB, do PMDB e do PT desconhecem esse dever, daí a necessidade do ECA.
O Sr. Júnior se refere ao trabalho das ONGs em favor dos desassistidos, como se retirar cidadãos da margem da sociedade não fosse um problema dos gestores públicos. Ora, os governantes não podem permitir que os cidadãos se encaminhem para a situação marginal. E se por falhas das lideranças, uma grande quantidade de brasileiros está alijada da normalidade, os políticos do PSDB, PMDB e PT deveriam ter a decência de agir, independentemente de ONGs para sanar essa imoralidade tão presente na realidade brasileira. Parece que o Sr. Júnior e seus correligionários não sabem disso. Então, começam a ser criadas essas ONGs que não raro se transformam em monstros.
O Sr Júnior cita Goebels — será que é mais um que odeia Goebels e adora Beria? — para sem qualquer sutileza referir-se àqueles com os quais não concorda. Técnica lugar comum de radicais de quaisquer latitudes: atribuir ao oponente atributos que carregam no fundo da mente.
O Sr. Júnior — não me refiro dessa forma para apequená-lo! — menciona o Sr. Sérgio Fausto que considera o candidato Bolsonaro um tosco e cita também um alto comissário da ONU — será que ele tem mais de dois metros de altura? — que está dando palpite sobre a realidade brasileira, asseverando que o Bolsonaro representa um risco para os direitos humanos no Brasil. Bem, nesse caso, esse Al Satan Hussein não sabe o que será exposto a seguir.
Os brasileiros estão propensos a votar em outubro próximo contra o “balcão de negócios”, o “toma-la-dá-cá” que os correligionários do Sr. Júnior, do PMDB, do PSDB e do PT implantaram na atividade política no Brasil — ressaltando-se a política como uma atividade nobre e fundamental da democracia —, com a compra da reeleição, com o Mensalão, com o Petrolão e outras mazelas alicerçadoras do caos moral e ético prevalente. O que os eleitores querem é a escolha de ministros, a votação dos assuntos de Estado e a gestão pública em geral, sem a intervenção espúria dos canalhas da política.
Os cidadãos querem a educação voltada para o conhecimento, diferente daquela conduzida pelo PSDB, PMDB e PT, que nos legaram um dos piores sistemas educacionais do mundo dentre os 80 países mais organizados. Então, entre as metas fundamentais colimadas para escoimar a herança dos vícios que agrada ao Sr. Júnior incluem-se: a valorização dos professores (retórica, formação, treinamento e aperfeiçoamento continuado, avaliação, equilíbrio e aumento dos salários, entre outras medidas) e a motivação dos alunos; a ênfase para o ensino infantil, ensino fundamental e ensino médio; o fomento do ensino técnico e profissionalizante; e eliminação do viés ideológico, de tal sorte a priorizar a lógica, a razão e a busca de harmonia; a adequação da bibliografia, dos currículos e dos processos educacionais; a correção da matriz de recursos financeiros ensino superior versus ensino infantil, fundamental e médio; a correção da matriz de dimensão do ensino superior versus ensino técnico e profissionalizante; e a eficácia do emprego dos recursos em educação (eliminando as perdas de 40% que rolam para o esgoto da corrupção e má gestão).
No atinente à Ciência & Tecnologia — voltadas para a transformação de conhecimento em bens, em inovações, em qualidade de vida — que os governantes do PSDB, PMDB e PT descuraram e jogaram o País em estado de anomia, os cidadãos exigem medidas como a identificação de talentos e a valorização dos cientistas; a priorização de tecnologias portadoras de futuro; o fortalecimento e a integração dos Polos de Inovação; a interação dos centros tecnológicos com a universidade e a indústria, visando às inovações para o parque produtivo; a eficácia do emprego e o aumento do montante de recursos para esse campo transformador de organizações, sociedades e países.
Em relação à segurança pública — pela quantidade de políticos encarcerados e pela quantidade dos que devem ser enjaulados, o maior emblema da disfunção produzida pelos políticos que o Sr. Júnior defende —, os eleitores querem o combate à corrupção como paradigma fundamental do equacionamento das questões de segurança (especialmente levando em conta: (i) o exemplo, isto é, não se pode prender o cidadão que roubou o celular, se líderes estiverem roubando desbragada e impunemente; (ii) quando milhões e até bilhões são roubados, escolas e hospitais deixam de receber os recursos requeridos e que são escassos, sobretudo pela mão grande dos correligionários do Sr. Júnior). Os eleitores querem o endurecimento das penas para os condenados por crimes hediondos, inclusive para os menores de idades (que não devem ser tratados como menores, mas como bandidos monstruosos); querem a prevenção sistemática, obrigatória, estratégica, rotineira como forma primacial do combate à criminalidade em geral; querem também a valorização, o aperfeiçoamento e melhoria da formação e treinamento continuado dos agentes da lei. Enfim, querem o que os integrantes do PMDB, PSDB e PT se omitiram, deixaram de fazer, dado que os interesses pessoais de cada um têm prevalecido de forma recorrente, para gáudio do Sr. Júnior.
Na área da saúde pública — mais uma; mais uma não! Todas as áreas em que o PMDB, PSDB e PT se envolveram atingem as raias da degradação, da insuficiência, da abjeção —, os cidadãos demandam o equacionamento e solução dos graves problemas de saneamento que agravam a saúde de cerca de 100 milhões de brasileiros; demandam o ajustamento no atendimento primário da saúde básica, com cerca de 80% dos problemas existentes sem a necessidade de hospitalização; demandam as medidas e procedimentos preventivos como forma de evitar a doença ou para combatê-la no momento inicial de seu surgimento, aí incluídas as questões de vacinação e solução de problemas que historicamente estavam resolvidos e agora retornaram; demandam a formalização de um plano de cargos na área da saúde, de sorte a fomentar e motivar a movimentação dos médicos dos grandes centros para a periferia dos estados; demandam a extinção da utilização de recursos preciosos no fomento de ditaduras hediondas, sob a desculpa de um programa Mais Médico, que a rigor, traz estrangeiros cuja formação médica é insuficiente ou inexistente. Os cidadãos demandam pois o que os correligionários do Sr. Júnior lhes negaram.
O que até aqui foi mencionado em política, educação, ciência & tecnologia, segurança e saúde, — isto é, degradação, disfunção; e respectivas ações mitigadoras, corretivas e aperfeiçoadoras — é prevalente e recorrente em todas as demais áreas da gestão pública nos últimos 20 anos; vale dizer, em todos os governos cujos próceres foram ou são integrantes do PMDB, PSDB e PT, correligionários do Sr. Júnior.
De fato, os cidadãos brasileiros querem, exigem e vão eleger um tosco, como asseverou o Sr. Fausto. Claro, somente um tosco pode resolver a anomia deixada pelos macios, decentes, aristocratas, elegantes e éticos — cujo maior ou menor grau desses atributos depende da densidade de canalhice do intelectual analista — que administraram a conquista da reeleição e consecução do Mensalão e do Petrolão.
Com certeza, os eleitores brasileiros querem, exigem e vão eleger alguém que representa um grande perigo para o país deixado pelos correligionários do Sr. Júnior. Nesse sentido, o Sr. Júnior tem razão em citar o risco que o Sr. Hussein, da ONU declarou. Há o risco de a corrupção endêmica, sistêmica e atávica ser combatida de forma fatal; há o risco de os recursos passarem a ser aplicados com eficácia em saúde, saneamento, segurança pública, educação, ciência & tecnologia et al; há o risco de a pena dos criminosos hediondos ser endurecida; há o risco de secar a fonte de recursos que os elegantes e aristocratas desviavam para seus interesses pessoais — tudo isso em desfavor dos direitos humanos dos elegantes canalhas que o Sr. Júnior implicitamente defende.
Os cidadãos, eleitores e contribuintes estão diante de um ponto de inflexão da história do Brasil. A questão essencial é usar a liberdade associada com a verdade para infletir na direção correta, com coragem e ética. Os indicadores atuais permitem uma boa expectativa. A mudança e a transformação são necessárias e virão; com a contribuição de pessoas corajosas como Janaína Paschoal; sem violência, e no amparo da democracia. É possível pois construir um Brasil grande para as crianças da atualidade e para as que virão — um país com oportunidade e qualidade de vida para todos, com generosidade, transparência e harmonia.
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