De 13 para 14 de abril de 2024, o Irã lançou cerca de 300 drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro contra Israel. Cerca de 99% dos artefatos foram destruídos pelas Forças de Defesa Antiaérea de Israel, Estados Unidos, Reino Unido e Jordânia, antes de ingressar no território israelense.
A operação aérea foi uma represália contra o ataque de Israel ao prédio contíguo ao consulado do Irã na Síria, no qual foram mortos sete militares iranianos, dentre os quais três generais da Guarda Revolucionária Islâmica, que prestavam apoio e orientação aos militares sírios e à organização terrorista Hezbolah.
Quais são os destaques dessa retaliação que se constituiu no primeiro ataque direto a Israel, perpetrado pelo Irã?
Aspectos relativos ao Irã
O ataque a Israel compreende uma satisfação aos iranianos (militares, religiosos e cidadãos comuns), pelos supostos ataques de Israel (ou com apoio israelense) ao Irã:
– assassinato de Massoud Ali-Mohammadi e de Majid Shahriyari, cientistas nucleares iranianos, em 2010, em Teerã;
– assassinato de Darioush Rezai, cientista físico, em 2011, em Teerã;
– assassinato de Mostafa Ahamdi-Roshan, cientista químico, em 2012, em Teerã;
– assassinato de Mohsen Fakhrizadeh, principal cientista do projeto nuclear e provável pai da bomba nuclear iraniana (em desenvolvimento), em 2020, em Teerã;
– assassinato do General Soleimani, em Bagdá, em 2020, pelos americanos, com apoio israelense; e
– recente ataque israelense ao consulado iraniano na Síria, com o assassinato de 3 generais da Guarda Revolucionária Islâmica e mais 4 militares que prestavam apoio e orientação aos militares sírios e aos combatentes do Hezbollah.
O ataque contribui para que os ditadores xiitas se mantenham no poder e não sejam ameaçados por outros xiitas ávidos de substituí-los. Ou seja, fica garantida a prevalência dos mulás xiitas, localizados na cidade religiosa de Qom, a par do fato de que os xiitas constituem a maioria islâmica da população do Irã.
Ressalte-se que, entre os 2 bilhões de muçulmanos do mundo, 1,8 bilhões são sunitas [“o povo da tradição”] e 200 milhões são xiitas [“partidários de Ali”]. E de cerca de um total de 82 milhões de iranianos, mais de 90% são xiitas.
O ataque a Israel assegura o apoio dos militares da Guarda Revolucionária Islâmica — cujo poder é maior do que o poder do Exército regular — aos líderes, com ênfase para o ditador Ali Khamenei, que determina os rumos do governo e do Estado, na atualidade.
Aspectos relativos a Israel
O ataque iraniano com mísseis e drones assegura a Israel a constatação da fraqueza e da ineficácia das armas de seu arqui-inimigo iraniano; devendo se levar em conta que extremistas iranianos (tanto cidadãos comuns quanto personagens do governo) preconizam a eliminação do Estado de Israel.
Permite que Israel avalie os objetivos operacionais do Irã em caso de guerra entre os dois países.
Garante que Israel confirme a eficácia dos sistemas de armas de defesa contra foguetes e mísseis; vale dizer, na presente conjuntura, o Iron Dome e Arrow 3são suficientes para a defesa contra os ataques do Irã.
Desvia a atenção dos opositores ao governo Netanyahu — políticos, intelectuais, mídia e cidadãos esquerdistas — na campanha para derrubar o Primeiro-Ministro que mais tempo permaneceu no poder na história de Israel.
Ameniza a contundente oposição a Netanyahu, à luz sobretudo de duas considerações: as manifestações públicas dos familiares dos reféns israelenses em poder do Hamas; e a suposta desumanidade utilizada pelas forças militares israelenses contra a população da Gaza, no objetivo de destruir os terroristas do Hamas.
E por último e primordialmente relevante: por via de consequência, garante a Netanyahu mais tempo e argumentos para prosseguir na condição de Primeiro-Ministro.
Aspectos relativos aos Estados Unidos
Amplia a constatação da fraqueza do governo Biden, no atinente a hesitações relativas ao apoio a Israel, notadamente, no espectro dos cidadãos americanos indecisos na escolha entre democratas e republicanos.
Potencializa as críticas ao governo Biden, por parte dos republicanos associados com a candidatura Trump, à presidência dos Estados Unidos.
Torna mais provável a vitória de Trump no próximo pleito presidencial.
Impõe aos comandos das Forças Armadas americanas localizadas no Oriente Médio maior atenção aos possíveis ataques tanto do próprio Irã quanto de seus ‘proxies’, especialmente, no Mar Vermelho e no Estreito de Ormuz.
Aspectos relativos à Europa
O ataque do Irã a Israel enfraquece as manifestações da oposição esquerdista europeia ao governo de Netanyahu.
Reduz as retaliações consequentes, bem como a retirada do apoio de governos parceiros a Israel.
Aspectos relativos à conjuntura mundial
A possibilidade de retaliação por parte de Israel ou de guerra entre Israel e Irã poderá tornar mais instável a política e a economia relativa ao fornecimento de petróleo no mundo.
Em consequência, os países dependentes de petróleo do Oriente Médio e das demais regiões produtoras poderão ficar mais sujeitos ao aumento da inflação, bem como ao aumento de crises correlatas.
Aspectos relativos ao Brasil
O passado histórico de corrupção governamental no âmbito das atividades de obtenção e fornecimento de petróleo — agora de volta, com as tentativas de interferência do governo federal na gestão da Petrobras — poderá ser revivido de forma ampliada, com grande potencial de impacto no andamento de todas as atividades produtivas do País.
A desqualificação do governo atual — chefiado por um ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário; e apoiado e defendido por aqueles que são favoráveis à corrupção, aos desmandos de gestão, ao ‘toma-lá-da-cá’ na política e à criminalidade em geral — poderá ser potencializado, com consequências calamitosas para a população e para o futuro da juventude.
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