domingo, 25 de dezembro de 2022

1º. Encontro de Escritores

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador, garimpeiro e comerciante.
In Memoriam.

O amigo e infatigável escritor Francisco Gomes Amorim[*] concebeu reunião fictícia de uma plêiade de escritores portugueses e brasileiros já falecidos, realizada no Mosteiro de Alcobaça, em Portugal. Dentre os convidados, convém destacar Camões, Alexandre Herculano, Machado de Assis, Gilberto Freyre, Ariano Suassuna e Guimarães Rosa.

Essa reunião deu origem ao livreto Encontro de Escritores – Uma Reunião Inesquecível”, publicado pela editora Sítio Livro.pt. São autores o Francisco Gomes Amorim e Herique Salles da Fonseca (um escritor português, amigo do Amorim). É oportuno antecipar que este encontro foi seguido por outros três, todos com a maestria habitual com que este, pioneiro, foi concebido.

Valendo-se da elegância habitual, o Amorim presenteou-me com uma versão desse magistral opúsculo. Da contracapa, extraio uma indicação de seu conteúdo:

“Para além da fama como escritores o que levam os literatos desta vida? E do que falam entre eles?

Eis o que ensaiam os autores deste pequeno livro.

Tratando-se de gente culta e educada, uma coisa é certa: nenhum fala da sua própria obra, mas apenas do que aprendeu com os outros.”

O admirável texto é complementado, com uma espécie de epílogo, na forma de crônicas de testemunhas previamente escolhidas; e também com comentários de leitores que tomaram conhecimento do evento pelo blog do autor.

A leitura, realizei-a com alegria. O contato com fragmentos do que essa turma talentosa genial nos fez herdar é incomparável e nos retira das complexidades e grosserias vivenciadas na atual conjuntura, mercê da atuação de políticos, intelectuais, juristas e gente da mídia que nos entristece e envergonha.


Valho-me do ensejo para formular uma provocação ao dileto amigo. Atribui-lhe o título "O Brasil tem solução ...".

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[*] Francisco Gomes de Amorim

     Vale destacar que Francisco Gomes Amorim pertence à rara amostra de seres humanos que atingiram os 90 anos de idade, trabalhando com pertinácia, resiliência, alegria e bom humor. Nessa amostra, não há muitos homens ou mulheres. Dentre eles, podem ser citados:

– Clint Eastwood – Cineasta – 94 anos — Nascim.: 31/05/1930;

– Quincy Jones – Músico e produtor musical – 91 anos — Nascim.: 14/03/1933;

– Lindolpho Carvalho Dias – Engenheiro e matemático (consagrado mundialmente) – 94 anos — Nascim.: 01/03/1930;

– Nestor Silva – Militar e herói de guerra – 104 anos — Nascim.: dd/mm/1920 (A rigor, no sentido estrito, não trabalha, entretanto participa de inúmeras solenidades durante o ano, com deslocamentos, homenagens, entrevistas e discursos);

– Iris K. Bigarella – Escritora –  100 anos – Autora do livro “Chegando Feliz aos Cem Anos – História de uma Apaixonante Jornada” — Nascim.: dd/mm/1923;

– ‘Dame’ Jane Goodall – Antropóloga britânica – 90 anos — Nascim.: 03/04/1934; e

– Miriam Cardoso – Restauradora de obras de arte – 90 anos — Nacim.: dd/mm/1934/

 


 

 

O Brasil tem solução ...

Conforme indica a conclusão das considerações subsequentes, solução há para as distopias brasileiras.

Foram deixados de fora do Encontro de Escritores – Uma Reunião Inesquecível”, os autores que, por infelizes opção e vocação, abrigam em suas mentes o ideário socialista. 

Cabe então cogitar como seria a participação de três integrantes dessa grei — Jorge Amado, José Saramago e Jean-Paul Sartre; este, francês, para confirmar que toda regra pode ter exceção. Tentar é desafiador. 

A seguir, é apresentada uma modesta provocação atinente a esses personagens não incluídos na magnífica obra de Amorim e Fonseca.

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A trindade socialista finalmente deu as caras. Conquanto aparentemente tranquilos, José Saramago, Jorge Amado e Jean-Paul Sartre arrastavam-se sem ocultar o peso da consciência dilapidada. Dirigiram-se para uma mesa em que as taças de vinho ainda estavam intocadas. O diálogo entre Saramago e Amado é surpreendente e esclarecedor.

— Estimado Jorge, no passado,  no livro “Entre Quatro Paredes” (“Huis Clos”),  o Jean-Paul colocou no inferno três personagens para purgarem os vícios cometidos na trajetória terrena, quando cada um achava que “o inferno são os outros” (l’enfer c’est les autres”). Similarmente, deixamos nossa eternidade e, aqui retornamos, para purgar as contradições, os desvios político-ideológicos e a mácula da moralidade e da ética, contidos em nossa forma de pensar e agir.

— É bem verdade, José. E nesse sentido, foi estabelecido que o Jean-Paul deve permanecer calado por ter declarado que “somos condenados a ser livres”, mas venera o sistema onde as pessoas são condenadas a viver sem liberdade; e por não se ter sensibilizado com a divulgação dos crimes de Stalin, por Kruschev, no XXº. Congresso do PCUS. Ademais, a despeito de sua expectativa por uma taça de vinho, ele está impedido dessa facilidade francesa; ele só pode ingerir vodca, que pode ser servida agora, ... ou não!

— E você meu caro Jorge, vai ter que renunciar àquela mulata baiana que está lhe esperando na recepção deste conclave. Em nosso purgatório particular, você está impedido de seguir para a Bahia acompanhado pelo espécimen de imprescindível seio desnudo — por seus próprios vícios e também porque o povo baiano está sujeito ao desastre de uma administração socialista. Só lhe resta uma vantagem: você está impedido de confirmar, in loco, o desastre de quem se propõe a abraçar o socialismo.

— É bem verdade, José! Consolo-me em saber que não estou sozinho nessa expiação. Você, por seu turno, não poderá encontrar-se com sua filha Violante e sua última esposa Pilar del Rio (presentes na recepção deste conclave), e seguir para a vila de Azinhaga, onde você nasceu, e onde seria homenageado pela gente da província Golegã, das queridas plagas lusitanas. É uma pena, dado que não poderá constatar que, de fato, “o ideal de vida é ser uma árvore”, como você bem afirmara, porém se o socialismo prevalecesse em suas plagas de origem, ele desertificaria o ambiente e assim o ideal de vida passaria a ser um deserto.

— Sim. Mas pelo menos não vivenciamos a tragédia do Jean-Paul que produziu “A Idade da Razão” (“L’Age de Raison”), porém em sua trajetória, tendo abraçado o socialismo, abdicou sistematicamente do uso da razão. Mas mudando de assunto, mestre Amado, considerando que sou um ganhador do prêmio Nobel de Literatura, você não acha que eu deveria pleitear um alívio nas medidas que esses irreconhecíveis patrícios lusitanos estão nos impondo?

— Veja bem, José, os cidadãos do mundo estão vivenciando uma questão paradoxal. Eles devem fazer a opção pelo supostamente grande José Saramago ou pelo inequivocamente grande Boris Pasternak? Como assim? Você me perguntaria. Você ganhou o prêmio Nobel por sua obra literária “Ensaio sobre a Cegueira”relato de uma epidemia torturante que aflige os seres humanos; à qual tem semelhança com a tortura resultante da atuação dos adeptos do socialismo que você venera cegamente. Já o Boris Pasternak também foi premiado com o Nobel de Literatura, exatamente porque, com sua monumental obra “Dr. Jivago”, ele realizou robusta e contundente denúncia contra os absurdos do socialismo.


Nesse instante, achegam-se integrantes da comissão organizadora do conclave para entregar o roteiro das próximas etapas do processo. A segunda etapa da purgação que começaria em breve, consistia na terrível sina de que os três malsinados passariam a ficar eternamente mudos. Um dos portadores da informação aduziu que a terceira e última etapa estava ainda em discussão. As opiniões estavam divididas; havia gente pró e outros contra. A proposta inicial era cortar as mãos dos três socialistas para que não pudessem mais escrever e, subsequentemente, eliminar do cérebro a faculdade de pensar, de tal sorte que a moléstia intelectual e moral que portavam deixasse de ser contagiosa; e não mais se espalhasse por mentes desavisadas.

Passada a surpresa das perspectivas subsequentes, os três interlocutores retomaram o diálogo.

— Afável Jorge, é imperioso que arquitetemos uma solução para impedir essa tragédia. Por acaso, não lhe ocorre alguma ideia. Por pior que sejam as nossas, não custa tentar algo. Afinal, sonhos e milagres existem. Basta que os procuremos.

— José, José Saramago! Talvez o Brasil tenha a solução milagrosa. E se nós renunciarmos a nossos ideários, denunciarmos o assassinato de cem milhões de cidadãos no mundo pelo socialismo e ... — embora não haja cadeiras, a gente precisaria se sentar para não ter um AVC! — e se nós propusermos a eliminação, antes de 1º de janeiro de 2023, das faculdades de pensar e agir dos lulo-petistas brasileiros, com a renúncia automática a qualquer cargo público eletivo ou não?

— Brilhante solução, Jorge (tão Amado)! Mas falta apenas resolver a questão daquele careca. Bom, é fácil! Um tiro na testa contraria os direitos humanos, sendo pois inaceitável, contudo, foi concebido um raio laser com o diâmetro tão diminuto que, se destinado à parte central do cérebro, não tem consequência vital, o paciente sobrevive normalmente, porém se torna tão útil quanto qualquer vegetal. Então, chamemos os integrantes da comissão organizadora.

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Por óbvio, o venerável Francisco Amorim não admitiria a inclusão deste texto adicional. Macular a obra não é preciso. Simples assim! Ele jamais quebraria a leveza e a elegância de seu magnífico opúsculo, concebidas com inexcedíveis criatividade e talento.


Demonstrar que ‘o inferno é o socialismo’ (‘l’enfer c’est le socialisme) pode ser objeto de outras obras. 

 

 




 

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