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Poderosos apanhados, condenados e presos são libertados
Um cidadão condenado a 12 anos de prisão, em 17/Abr/2018, por malfeitos na gestão pública afirmou que ele poderia ser preso mas suas ideias não eram encarceráveis. Ele foi julgado, condenado, sentenciado e colocado em estado de reclusão. Outros também o foram, mas este texto focaliza na figura do mais importante meliante entre vários outros. Então, fiquemos no campo das ideias, isto é, sem a citação, mesmo episódica e irrelevante, de qualquer nome.
Os correligionários do sentenciado estão buscando de forma pertinaz, em todas as instâncias judiciais possíveis, sua libertação. Essa busca é secundada por ameaças, desmandos e arruaças e de toda ordem e em todas as latitudes brasileiras. Quais as razões de tamanha exasperação?
Evidentemente, que não é pela prisão em si mesma. Afinal, as dimensões das dependências do cárcere são compatíveis com a estatura física e intelectual do paciente (paciente ou meliante? Há a conveniência de usar a terminologia preferencial da Corte Última!). Similarmente, deve ser considerado que nenhum carcereiro se dispôs a alfabetizar o paciente. Por essa razão, não há argumentos para lhe recomendar livros para que o tempo se escoe de forma suportável e útil.
A lógica indica que os motivos relevantes são a impossibilidade de o paciente ter os seguidores intoxicados habituais para quem possa dirigir sua indigesta verve e a inexistência da garrafinha de água potável — seu consolo é valer-se de simulação com a torneira do lavatório, que requer uma força mental avassaladora para o êxito dessa prática. Resta-lhe a opção de falar com os colchões, com o vaso sanitário e com o vento, quando a meteorologia aceder. Ele não pode nem mesmo falar para si próprio diante do espelho — seria aterrorizante dialogar com um meliante contumaz. Enfim, esgotou-se o tempo da ingenuidade, da utopia, da falsidade e do engano.
Formulo essas provocações pensando e refletindo de forma otimista e grandiosa. Pela primeira vez, na história do Brasil, vivenciamos a universalidade do sistema judicial. Nessa extraordinária inflexão, a realidade se associa à retórica e todos passam a ser iguais perante a lei. Os poderosos e os despossuídos são considerados, avaliados, julgados e, se for o caso, condenados, em conformidade com os mesmos paradigmas. O País, a Nação, as instituições e a sociedade deixam o estágio hesitante do pós-nascedouro para ingressar na juventude, que marca o início da maturidade. O primeiro passo é essencial e obrigatório em qualquer jornada evolutiva e constitui-se em indicador inequívoco do acerto do rumo a ser seguido. Adicionalmente, é lamentável ter um paciente nessas circunstâncias, mas já que ele não pode ser eliminado ou esquecido, assimilemos a auspiciosa lição de sua existência.
2 e 30/Out/2022 — Eleições presidenciais em 1º. e 2º. turnos
Tudo o que escrevi em 2018 caiu no esquecimento. Depois que a Justiça libertou indevidamente o caboclo, uma parcela dos eleitores brasileiros elegeu presidente da República um ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário.
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