sábado, 13 de fevereiro de 2021

Distopia e boçalidade

No artigo “O realismo oportunista do Centrão e a distopia bolsonarista” (Estadão de 13 de fevereiro), o Sr. Sérgio Fausto, diretor-geral da Fundação FHC, atribui ao governo federal os atributos de distopia, boçalidade e patrimonialismo. Ademais, o articulista critica de forma acerba os decretos do presidente da República que permitem aos cidadãos a aquisição de armas sem obstáculos intransponíveis.

Não posso esquecer que, em 2018, ao vasculhar uma livraria em Paris, encontrei um livro do pai do articulista publicado na França. Há indícios de que foram utilizados recursos públicos para levar ao público mundial uma obra que de per si não teria sido acolhida naquelas plagas. Enfim, é fácil ser contra o governo atual, afinal a fonte secou.

No mencionado artigo, constata-se que a distopia e boçalidade do autor não permitem que ele perceba que a cultura do governo a que se sujeitou permitiu a aquisição da reeleição que tantos males causou ao País. A distopia e boçalidade do caboclo não permitem que ele se recorde que a intelectualidade do governo que venera facilitou a ascensão ao poder de integrantes da maior organização criminosa da história do País. 

 

A distopia e boçalidade do virtuoso desarmamentista impedem que ele registre que Hitler, Stalin e Pol Pot desarmaram suas populações para ter a certeza de que exerceriam seus nefastos e hediondos poderes sem qualquer risco. A distopia e boçalidade do cabra não permitem que ele veja o sistema judicial — produto das gestões magníficas que ele apoia — liberando de forma recorrente integrantes de organizações criminosas de todas as latitudes, inclusive algumas que lhe são caras. Similarmente, não permitem que o moço se coloque diante do espelho e se assuste com seu reflexo distópico e boçal. 

 

Enfim, a distopia e boçalidade do rapaz impedem-lhe a percepção de que não adianta sua análise por Aristóteles, Santo Agostinho, Freud, Sabin, Rudolf Virchow e outros notáveis, dado que sua morbidade é ideológica e incurável; e desafortunadamente contagiosa.

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[Comentários divulgados no Estadão online de13/Fev/2021]

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