O Estadão publicou a matéria “Parlamentares e eleitores”, do jornalista J. R. Guzzo, em cujo subtítulo é ressaltado que “é muito ruim para a democracia que o Poder Legislativo seja tão detestado”.
Como justificativa para esse sentimento dos cidadãos brasileiros, a argumentação do Sr. Guzzo pode ser sintetizada em um período do texto: “Basta ver o que fazem, no dia a dia da vida real, os deputados e senadores. Não é só a questão criminal – estão sendo processados por peculato, concussão, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, falsificação de documento. Conseguem, até mesmo, ser acusados em ações penais por trabalho escravo.”
Opinei sobre o artigo.
É dificílimo conceber um texto tão terrivelmente verdadeiro com tanto equilíbrio, com o fez o articulista J. R. Guzzo.
Quão difícil é excluir ou acrescentar qualquer ideia, opinião ou qualquer coisa que seja. Aliás, se insistir em tentar, estraga.
Como fazer para que todos os parlamentares e todos os eleitores leiam, estudem e reflitam sobre o tema? Parabéns Dr. Guzzo!
O excelente texto do Sr Guzzo é uma radiografia de dez dentre os últimos presidentes da Câmara de Deputados.
Eis aspectos dessas autoridades de 1997 a 2019:
– Michel Temer, PMDB, 1997/2001- investigado na Lava Jato;
– Aécio Neves, PSDB, 2001/2 - processado na Lava Jato (c/pedido de prisão);
– Efraim Morais, DEM, 2002/3 – várias denúncias na justiça por irregularidade adm;
– João Paulo Cunha, PT, 2003/2005 - preso no Mensalão;
– Severino Cavalcanti, PP, 2005/5 – renunciou, suspeito de envolvimento com o “mensalinho”;
– Aldo Rebelo, PC do B, 2005/7 – único contra quem não pesa suspeita ou acusação;
– Arnaldo Chinaglia, PT, 2007/9 - investigado na Lava Jato;
– Michel Temer, PMDB, 2009/10 - investigado na Lava Jato;
– Marco Maia, PT, 2010/13 - investigado na Lava Jato;
– Henrique Eduardo Alves, PMDB, 2013/2015 - preso na Lava Jato;
– Eduardo Cunha, PMDB, 2015/16 - cassado e preso na Lava Jato; e
– Rodrigo Maia, DEM, 2016/em exercício - incluído na lista de beneficiados da Odebrecht com o codinome Botafogo.
Por relevante, acresça-se que três dentre os presidentes da Câmara citados pertencem ao PT; três pertencem ao PMDB; dois pertencem ao DEM; um pertence ao PSDB; e um pertence ao PP.
No período em questão, os Deputados elegeram integrantes dos maiores partidos da República para presidir a Casa.
É imperioso não ceder ao pânico diante do coronavírus chinês. É improvável evitar o pânico diante do descalabro da terceira autoridade brasileira na linha de sucessão presidencial.
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[Divulgado no Estadão online de 15/Mar/2020]
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