segunda-feira, 16 de março de 2020

Os chineses e o coronavírus

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Nas décadas de 1940 e 1950, quando os chineses eram fraquinhos, eles passaram a perna nos americanos e nos soviéticos. Eles riem o tempo todo mas não brincam.
Na década de 1930, o cientista chinês Xia Quesen fez mestrado e doutorado nos Estados Unidos. Tornou-se um dos proponentes do Propulsion Lab Jet americano (o primeiro do mundo). Ao término da Segunda Guerra Mundial, foi comissionado Coronel do Exército americano para ajudar nos interrogatórios dos cientistas nazistas que passaram para o lado americano. Foi apanhando passando os segredos para a China. Perdeu o posto e foi preso. 
Com o final da Guerra da Coreia, na década de 1950, Quesen foi colocado na relação de prisioneiros a serem trocados entre chineses e americanos. Voltou para a China e tornou-se o pai do programa espacial e de mísseis intercontinentais chineses. Já morreu. Atualmente, há mais de 100 mísseis intercontinentais da lavra dele, apontados para os Estados Unidos.
Em 1949, as tropas de Mao Tse Tung tomaram o poder na China. Mao foi para a União Soviética negociar acordos do apoio prometido pelos soviéticos. Stalin fê-lo esperar de molho uma semana. Aí, recebeu o chinês uma hora da manhã. Em consequência, foram celebrados acordos militares, econômicos e científicos, aí incluído o programa nuclear, com a promessa de uma bomba atômica para extração de dados na explosão e redução do tempo de desenvolvimento. 
Nikita Khruschev, substituto de Stalin (morrendo de medo, N. K. assassinou Beria, para substituir o nefasto), foi à Pequim em junho/1959. Ao ser cobrado, negou o fornecimento da bomba atômica prometida por seu antecessor. Os chineses riram muito. Eles fizeram um programa nuclear paralelo secreto. Tudo o que faziam em parceria, repetiam no paralelo, agregando valor. Depois explodiram seu próprio artefato atômico (1964), que foi denominado “596” (59/junho), apelidado o número da honra chinesa. Em menos tempo do que americanos, soviéticos, franceses e britânicos anteriormente já tinham despendido, os chineses passaram da bomba atômica de fissão de urânio (ou plutônio) para a bomba de fusão de hidrogênio (com poder explosivo até centena de vezes maior do que a de fissão). 
Enfatizo: eles riem o tempo todo mas não brincam. Lidam bem com míssil intercontinental, bomba atômica, economia e coronavírus. Afinal em 3000 anos de história, eles só estiveram por baixo durante 300 anos (séculos XVII a XIX). Antes dos europeus, inventaram a bússola, a pólvora e a imprensa.
E por essa razão, na pandemia do coronavírus, surgida na China, todos os países do mundo estão perdendo e possivelmente somente os chineses terão vantagens. Controlaram rapidamente o surto pandêmico, enquanto a economia mundial dá sinais de ingresso na maior crise do século XXI, deixando a depressão de 2008 nos anais de instabilidade menor e passageira. 

Nesse sentido, estão acontecendo quedas fulminantes nos preços de commodities de cuja importação o povo chinês depende de forma crucial — sobretudo alimentos e petróleo (este como fator concorrente, com queda paralela resultante da disputa entre a Rússia e Arábia Saudita, os maiores produtores do mundo).
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Fontes: (i) The Nuclear Express – A Political History of the Bomb and Its Proliferation, by Thomas C. Reed & Danny B. Stillman, 2009; e (ii) Robert Oppenheimer – A Life Inside the Center, by Ray Monk, 2012.

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