A propósito das interações da Presidência da República com o Parlamento, convém lembrar que, no artigo “Isso é Bolsonaro”, o historiador e professor da UNESP, Alberto Aggio, fez uma tentativa de avaliar o significado do personagem que está no comando do Poder Executivo brasileiro.
Nesse contexto, o professor Aggio tratou das interações de Bolsonaro com o Exército, da forma como teve sucesso em suas primeiras eleições, da característica mais relevante que é a busca permanente do confronto. Porém, deixou de lado a turbulência que fez os cúmplices da maior crise político-institucional serem afastados do poder no Brasil; e acabou ficando nas margens do redemoinho, não conseguiu ir além da antiga visão de mundo e não teve sucesso em caracterizar as transformações em curso.
O articulista não logrou êxito em sair do universo de políticos, intelectuais, jornalistas e artistas que desde a campanha política pré-eleitoral de 2018 insistem em querer a permanência do Brasil no fingimento de que estamos vivenciando a liberdade, a verdade, a coragem e a ética requeridas e ansiadas por larga margem dos seres humanos.
Ele asseverou que “Bolsonaro é efetivamente um personagem singular, minimamente letrado, um tanto tosco ...”, porém prefere não admitir que esse personagem enxerga a realidade anos antes dos outros e usa sua percepção e singularidade para transformar o que outros povos só conseguiram via revolução violenta.
Ao invés de mencionar que “Isso é Bolsonaro”, melhor seria o professor afirmar “Bolsonaro é a consequência do que fizeram com o Brasil”. Vale dizer, não se pode analisar um personagem que aflorou na conjuntura; é preciso uma plena compreensão da própria conjuntura, bem como a decisão da maioria dos cidadãos de opor-se àqueles que protagonizando a trajetória, jogaram o País para a beira do precipício, conspurcando valores, noções de decência e tantas outros paradigmas caros aos cidadãos. Tivesse enveredado para essas sendas, aí ele poderia destrinchar o fundo, onde age imperceptivelmente o redemoinho.
A nave segue e vai ultrapassar 2022.
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[Extrato do texto divulgado no Estadão online de 18/Abr/2020]
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