domingo, 12 de janeiro de 2025

A eleição presidencial brasileira de 2026

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Ao se tratar do atual governo e das discutíveis ações de gestão, é imperioso uma análise da atual conjuntura e das perspectivas que estão no horizonte em curto e médio prazos.

Dentre as maiores catástrofes judiciais da história, podem ser citadas: a condenação à morte de Sócrates na Grécia antiga, pelo exercício da liberdade de expressão; a condenação à morte de Joana d’Arc, na Europa, por bruxaria, sob a alegação de que formulava ideias demoníacas; a condenação à prisão do capitão Alfred Dreyfus, na França, por traição; a condenação à morte de Sacco e Vanzetti, nos Estados Unidos, por crime de morte que eles não cometeram; e a condenação à prisão dos irmãos Naves, no Brasil, por assassinato de quem, passados 15 anos, fora encontrado vivo.

Com prudência, reverência e respeito, deve-se citar a condenação de Jesus Cristo, o filho de Deus, como a suprema catástrofe judicial da história da humanidade.

Nesse contexto, cabem as seguintes indagações: as ações penais contra o Sr. Luís Lula da Silva pela acusação de corrupção e a respectiva liberação da prisão por erro de foro; e as prisões do Sr. Cleriston “Clezão” Cunha, da Sra. Débora Rodrigues dos Santos e de dezenas de outros manifestantes sob a alegada tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023 podem ser incluídas entre as maiores tragédias judiciais da história?

Revisando-se essas catástrofes judiciais, é possível elaborar robusta reflexão sobre a realidade brasileira atual e inferir sobre os impactos desses inaceitáveis reveses culturais e civilizacionais.

Em primeiro lugar, impõe-se que se mencione a liberdade decretada injustificadamente pelo Poder Judiciário brasileiro para alguns dentre os maiores corruptos da história da humanidade — aqueles que subtraíram riquezas incomensuráveis que poderiam ter sido utilizadas para a solução ou pelo menos para a redução dos graves problemas brasileiros, notadamente, encontrados na educação, na saúde, na segurança e na infraestrutura, com ênfase para o saneamento básico, que tanto maltrata a saúde de milhões de cidadãos. 

Subsequentemente, é imperioso tratar da condenação de cidadãos que cometeram o deslize de se manifestar contra aqueles que, valendo-se da liberdade que jamais deveriam usufruir, iniciaram a condução de um dos períodos mais lamentáveis da história pátria — com a prevalência dos corruptos, o cerceamento à liberdade de expressão, o descaso com a verdade nas manifestações oficiais de responsáveis pela gestão pública, o conluio com parcela de integrantes da criminalidade — com ênfase para aqueles que dominam as maiores cidades brasileiras e as submetem ao fatídico e hediondo tráfico de drogas — e outras formas detestáveis de afronta aos valores maiores que devem nortear todos os seres humanos. 

O cidadão comum se propõe uma sequência de indagações relevantes. O que será das futuras gerações? O que esperar dos políticos, dos intelectuais, dos magistrados, dos militares e dos empresários brasileiros? E mais especificamente, o que esperar dos magistrados e dos militares brasileiros, em realidade, aqueles a quem caberia a “Ultima Ratio Regum”O que esperar de outros cidadãos (sic) que, não raro, anonimamente, valem-se da covardia para a generalização medíocre e para a ofensa e agressão — o que jamais fariam se estivessem cara a cara e demanda para a coragem houvesse?

Há a conveniência de cogitar uma provável solução para o curto prazo, de tal sorte que as preocupações do cidadão comum, refletidas nos citados questionamentos, sejam implicitamente aliviadas.

A eleição presidencial brasileira de 2026 aponta para uma perspectiva esperançosa e otimista. Nesse sentido, há a cogitação de uma candidatura vitoriosa de algum político que tenha realizado uma exitosa gestão em governo estadual. Curiosamente, há uma boa safra de governadores com esse perfil requerido. Para tanto, as propostas de tal candidato deverão contemplar, dentre outros, as seguintes vertentes (por óbvio, sujeitas a revisão, melhoria, aperfeiçoamento e transformação, por parte de cidadãos com elevado patamar cultural, conhecimento inquestionável e insuperável experiência em gestão):

     intransigente obediência aos predicados da liberdade, da verdade, da coragem e da ética;

     imprescindível cumprimento das metas constitucionais relativas à separação dos poderes da República, com a absoluta inaceitabilidade da interferência de um poder em outro;

     prioridade para a Educação, Saúde e Segurança, aplicável aos três níveis da administração (federal, estadual e municipal — nos dois últimos, por incentivo e motivação);

     os três campos prioritários devem se submeter a planejamentos, ações e procedimentos alicerçados em gestão de processosavaliação de desempenhoincentivo ao desempenhopremiação dos resultados satisfatórios e correção imediata dos resultados insatisfatórios;

     a Educação deve ter a maior prioridade, em detrimento de todos os demais campos da gestão governamental, com a previsão de metas para que as deficiências educacionais sejam equacionadas em curto e médio prazos (entendendo-se o curto prazo, o período de até quatro anos; e o médio prazo, o período de quatro a dez anos — com a inexorável demissão dos gestores que não cumprirem suas metas);

     a Saúde deve contemplar o setor público, também com a previsão de metas para que os maiores problemas no atendimento sejam equacionados em curto e médio prazos;

     a Segurança deve abranger todas as áreas com demanda, mas deve enfatizar o rigoroso e imprescindível combate e redução drástica da corrupção e do tráfico de droga e de armas;

     os outros campos da administração governamental devem estar afetos a planejamentos em cada ministério específico, com objetivos a serem alcançados, e com a permanência do titular de cada pasta condicionado ao sucesso na concretização das metas;

     proposição ao Parlamento para a transformação do Poder Judiciário, englobando os seguintes aspectos: extinção do Supremo Tribunal Federal (STF); criação do Tribunal Constitucional; transferência das atribuições não estritamente constitucionais do atual STF para o Tribunal Superior de Justiça (STJ); redução do mandato de membros do Tribunal Constitucional e do novo STJ para 8 anos, não renovável; exigência de obrigatoriedade para que juízes, promotores e procuradores ingressem na carreira por concurso público (caso já exista, essa exigência deve ser enfatizada); e exigência para os indicados para o Tribunal Constitucional e para o novo STJ, tenham sido magistrados (a metade do efetivo de cada tribunal), promotores ou procuradores (a outra metade do efetivo de cada tribunal) durante pelo menos 4 anos.

 

[Divulgado no Facebook do Estadão em 11/Jan/2025]

 

[Divulgado no Facebook do Correio Braziliense em 11/Jan/2025]

 

 

 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Anomia versus estado de virtude e o cinema brasileiro

O filme “Ainda Estou Aqui” — que faz a apologia do combate ao regime militar brasileiro de 1964  possibilitou, em 2025, nos Estados Unidos, o prêmio Globo de Ouro de melhor atriz para Fernanda Torres, uma militante inveterada do regime do ex-presidiário Lula. Em relação à interpretação da atriz, méritos devem lhe ser inequivocamente atribuídos.

Entretanto, a história não pode ser enterrada, obscurecida e alterada, como sói acontecer em sistemas e regimes reprováveis. O produtor, diretor e demais participantes da concepção do filme esquecem que o combate ao regime militar brasileiro de 1964 tinha o objetivo de substituí-lo pela ditadura do proletariado.

Ademais, no âmbito das atividades que a obra cinematográfica se compromete a esclarecer, esquecem eventos hediondos que socialistas, esquerdistas ou comunistas — chame-se-lhes do que se queira; do que seja mais apropriado — praticaram contra aqueles que, inspirados e motivados pela vitória brasileira na Europa, em 1945, contra o nazismo, impediram a vitória do comunismo em nosso país. 

Esquecem, por exemplo, o tenente Alberto Mendes Jr, que se ofereceu para ficar em lugar de subordinados em Registro-SP, e foi assassinado a coronhadas pelo grupo do traidor capitão Carlos Lamarca; esquecem o soldado Mário Kozel Filho, que no cumprimento do serviço militar obrigatório, foi morto em 1968, em um atentado perpetrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), contra QG do II Exército, em São Paulo; e esquecem o adolescente que foi esquartejado pelos guerrilheiros, na frente aos pais, na década de 1970, em Xambioá, por supostamente ter guiado e beneficiado aqueles que estavam combatendo a guerrilha.

Esquecem o que o embaixador colombiano Ramiro declarara no Irã, em 1999: “Se os militares colombianos tivessem eliminado os militantes das FARCs logo no início, como os militares brasileiros fizeram com os guerrilheiros do PCdoB, em Xambioá, a Colômbia não teria atingido o patamar absurdo de 50.000 mortos, nos conflitos internos.” Por oportuno, recorde-se que no final da década de 2020, autoridades do governo colombiano mencionaram que morreram na guerrilha colombiana da ordem de 200.000 cidadãos.

Enfim, como síntese emblemática, esquecem os 100 milhões de cidadãos assassinados pelo comunismo no mundo.

Nesse sentido, opor-se a atos criminosos supostamente perpetrados por um lado do espectro político-ideológico e defender, apoiar a criminalidade inexcedível do outro lado do espectro configura doença perigosa, contagiosa, incurável e nefasta; e, por via de consequência, caracteriza estupidez e indigência de caráter inaceitáveis para um estado de virtude aspirado e requerido pelo ente humano.

 

[Divulgado no Facebook da Folha de São Paulo em 10/Jan/2025]

 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Decálogo do Comunismo

O Decálogo do Comunismo — que embora atribuído a Lênin, não há provas documentais de que ele seja o autor — reflete o que essa ideologia se propõe a fazer na humanidade e compreende ideário que jamais deve ser esquecido, até porque em todos os países onde os militantes comunistas atuam, há inequívoca tentativa de praticar o que foi delineado. Eis as proposições nefastas:

I. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;

II. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa;

III. Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais;

IV. Fale sempre sobre democracia e Estado de Direito, mas, tão logo haja oportunidade, assuma o poder sem nenhum escrúpulo;

V. Colabore para o esbanjamento do dinheiro público;

VI. Coloque em descrédito a imagem do país, especialmente no exterior e provoque o pânico e o desassossego na população por meio da inflação;

VII. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do país;

VIII. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam;

IX. Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes. Nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa socialista;

X. Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa.

 

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terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Transformação do Poder Judiciário

Em face dos absurdos praticados no âmbito do Poder Executivo e do Poder Judiciário, a partir da libertação do ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário — numa das maiores anomalias da Justiça brasileira de todos os tempos —, bem como da correlata eleição presidencial de 2022, urge que não se caia no desânimo e no pessimismo e se construa perspectivas animadoras que possam representar a conquista de possibilidades para as próximas gerações.

A recente prisão do general Braga Neto se constitui em mais uma aberração do Poder Judiciário que, a rigor, impacta a maioria dos integrantes da sociedade, que demanda a reafirmação de valores essenciais.

Nesse contexto, é imperioso que o vencedor do pleito presidencial de 2026 proponha ao Parlamento a transformação do Poder Judiciário, de tal sorte a adequá-lo às estaturas políticas, econômicas, geográficas, populacionais e de riquezas naturais brasileiras. 

Nesse sentido, uma sugestão é que já conste do rol de promessas do candidato e da respectiva cogitação de Plano de Governo a proposição de uma PEC para a requerida transformação, englobando os seguintes aspectos: 

1) extinção do STF; 

2) criação de um Tribunal Constitucional; e 

3) transferência das atribuições não estritamente constitucionais do atual STF para o STJ.

4) redução do mandato de membros do Tribunal Constitucional e do novo STJ para 8 anos, não renováveis; 

5) exigência de obrigatoriedade para que magistrados, promotores e procuradores ingressem na carreira por concurso público; 

6) exigência para os indicados para o Tribunal Constitucional e para o novo STJ, tenham sido, durante pelo menos 4 anos, magistrados (a metade do efetivo de cada tribunal), promotores ou procuradores (a outra metade do efetivo de cada tribunal). 

Dessa forma, o Poder Judiciário brasileiro atingirá o patamar de seus congêneres dos países democráticos desenvolvidos.

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[Divulgado no Estadão online em 17/12/2024]

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domingo, 15 de dezembro de 2024

Mensagem para amigos notáveis

Cumprindo determinação do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal prendeu o General de Exército Veterano Braga Neto, que fora ministro chefe do Gabinete Civil da Presidência da República e candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo Sr. Jair Bolsonaro, presidente em exercício, e que foi derrotada na eleição presidencial de outubro de 2022. 

A prisão ocorreu pela acusação de tentativa de golpe após a vitória e assunção do poder pelo Sr. Luiz Lula da Silva, que, em 2016, fora acusado de corrupção, julgado e condenado em três instâncias da Justiça Federal e preso durante 580 dias nas dependências policiais de Curitiba.

A esse respeito, enviei para amigos militares a mensagem transcrita a seguir.

 

 

Caro amigo ...

 

Estou em dificuldades para entender a atual conjuntura.

 

Inicialmente, cogito sobre a questão da competência e da qualificação de autoridade. Nesse sentido, convém estruturar o pensamento.

Premissa 1. Se o caboclo é de alto nível, extremamente qualificado e tenta dar um golpe, então, ele atinge o sucesso. 

Premissa 2. Se o caboclo tenta dar um golpe e não atinge o sucesso, então, ele não é de alto nível nem extremamente qualificado — ao contrário, ele é muito incompetente.

Conclusão. Minha tendência é acreditar que o caboclo não tentou dar um golpe.

 

Agora, convém tratar das consequências do que foi inferido.

Premissa 1. Se o caboclo não tentou dar um golpe e um integrante da suprema corja age contra ele, então as altas autoridades — que dispõem de coragem, são eficazes e confiáveis — têm que agir contra a suprema corja.

Premissa 2. Se o caboclo não tentou dar um golpe, um integrante da suprema corja o acusa dessa tentativa, age contra ele e as altas autoridades não agem contra a suprema corja, então constata-se ineficácia e inconfiabilidade — deixo de referir-me a covardia, para não ultrapassar a linha de partida.

Conclusão. Não resta senão surpresa, incompreensão, dúvida, incerteza e questionamento dos valores institucionais.

 

Apresentei esse raciocínio aristotélico da roça para um professor doutor, do mundo civil, e ele me declarou o seguinte: 

“Você não dispõe de todos os dados do problema! Portanto, seja cauteloso em seus juízos de valor”.

Eu repliquei: 

“Fui formado para decidir sem todos os dados que permitam a certeza da decisão.”

Refleti um pouco e emendei com algo que publicara em meu blog alguns meses antes: 

“Os Subordinados e a Missão

Sua decisão para estar ‘no local da operação’, à frente de um posto de comando, era tudo, menos rotineiro, e representava uma enorme dor de cabeça logística para seus subordinados. 

Mas seu comprometimento com seus guerreiros, sua audácia e sua determinação para assumir riscos, onde outros poderiam ter se recusado, eram parte do que o diferenciava de um chefe medíocre, que age apenas para satisfazer seus chefes, em segurança plena e com transmissão de ordens no papel. 

Ele não estava preocupado com culpa ou responsabilidade pessoal, se algum risco se materializasse; seu olho estava no jogo maior, sob a égide da prevalência de seus subordinados e do cumprimento da missão!”

Enfim, está tudo complicado, difícil, complexo, ...

Forte abraço, caro amigo.

ARS

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sábado, 7 de dezembro de 2024

Carta para a Turma 120 — Medicina da UnB

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto,
antigo lavrador, garimpeiro, comerciante, Tabelião e Juiz de Paz.
In Memoriam.

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O Centro Acadêmico de Medicina (CAMED) da Faculdade de Medicina da UnB planejou e realizou, no Teatro Plínio Marcos (localizado na faixa central do Eixo Monumental de Brasília, nas proximidades do estádio Mané Garrincha), a Cerimônia do Jaleco, com o objetivo de recepcionar a turma que ingressou, no corrente ano, no curso de Medicina da universidade — a denominada Turma 120.

          A Alessandra foi escolhida Patrona da Turma 120 e, afora ser uma das apresentadoras da solenidade, recebeu a atribuição de fazer o discurso de recepção aos calouros, nesse emblemático evento que, surpreendentemente, ocorreu pela primeira vez na UnB.

          Decidi incluir as palavras da querida filha neste blog por duas razões: para que jamais se apague dos corações e mentes de familiares e amigos um testemunho da vocação da Alessandra — cuidar do ser humano, tentando construir-lhe um mundo inequivocamente melhor; e porque suas palavras, por um lado, refletem simplicidade pela informalidade com que ela formulou a oração e, por outro, porque os conceitos que ela ressaltou evidenciaram, no simbolismo desse primeiro contato dos acadêmicos de Medicina com o Jaleco, a complexidade da interação do médico com o ser humano, diante da imperativa necessidade de evitar que a doença tenha impacto grandioso, cujo limiar, como exceção, pode ser a morte.

          Expresso pois o privilégio e até mesmo a honra de enaltecer a distinção com que a Alessandra foi premiada ao ser escolhida Patrona da Turma 120 e a excelência com que ela se houve no cumprimento da responsabilidade que lhe foi atribuída.

 

 

Bom dia a todos!

Fiquei muito feliz quando fui chamada para ser Patrona de vocês e dirigir-lhes estas palavras. Estou um pouco à frente no curso e por isso me dou a licença poética de falar um pouco com vocês sobre a medicina, apesar de existir uma infinidade de colegas que sabem muito mais e que já passaram por isso, dos egressos mais antigos até os que ainda estão no curso, que ainda nem se formaram, como eu. Todos esses estão à frente, eu viajei muito pouco nesse universo que é a medicina. Não obstante, eu assumi essa pretensão de falar-lhes porque, se eu sei e vejo um pouco mais longe que vocês, é exatamente por estar olhando sobre os ombros destes gigantes que são os meus veteranos, que me acolheram e cuidaram de mim, trazendo paz ao caos que é entrar em um curso de medicina no patamar da excelência como o nosso. Assim, eu me submeti ao desafio de ser, para vocês, integrantes da turma 120 de Medicina da UnB, pelo menos um terço do que esses veteranos foram para mim, e espero agora cumprir esse papel tão difícil, que tão naturalmente alguns deles fizeram por mim — razão pela qual sou muito grata a eles.

E o que eu tenho a ver com a turma 120? Precisarei citar a cidade de Ceres, em Goiás, que abrigou um projeto da medicina e da enfermagem da UnB – a minha história com a turma é indiscutivelmente indissolúvel desse acontecimento. Na viagem a Ceres, eu pude conhecer muitos de vocês individualmente. Tive contato com o jeitinho tão especial, animado, cheio de vida dessa turma. E talvez por tanto expressar esse carinho e admiração que desenvolvi pelos integrantes da turma 120, que me chamaram para ler essa carta para vocês. O evento de ver vocês, naquela experiência, reinflamou em mim a chama que, muitas vezes, oscila e se enfraquece no dia a dia da medicina. A dureza da realidade cotidiana nos massacra, é verdade. Nós precisamos constantemente nos relembrar de que não somos fazedores de provas, cumpridores de prazos, mas sim seres humanos dotados de capacidade, de vontade de aprender e diante de outros seres humanos, enfermos, que buscarão a nossa resposta e a nossa assistência. Pensando nos que não conheci em Ceres, mas com os quais tive contato em outros momentos, posso dizer que senti essa mesma motivação e esse mesmo olhar curioso e aventureiro que vi em Ceres. Afortunados são os que se aventuram, portanto, parabéns por decidirem embarcar nessa aventura – vocês merecem essas congratulações, pois só se aventuram os que são corajosos; para se ter fortuna é preciso ter coragem, e todos vocês foram muito corajosos ao fazerem essa escolha. Dessa forma, eu espero que a cerimônia possa representar toda a fortuna sobretudo simbólica, não material, que é estar nesse curso.  

Nesta carta, eu gostaria de fazer três pedidos. 

Em relação ao primeiro, convém relembrar que, em diferentes textos sagrados, desde a Bíblia até o Corão, é presente a ideia muito forte de que nós estamos exatamente onde deveríamos estar, obra da vontade divina. Em variadas formas de espiritualidade, esse princípio também existe, seja por fruto do destino, seja por arquitetura do cosmos. Mesmo para aqueles que são ateus, é factível acreditar nisso – como escreveu Camus, Sísifo precisa acreditar que é feliz, ou seja, é melhor acreditar que se está onde deve estar do que o contrário. Desse modo, eu gostaria de pedir que vocês possam sempre acreditar que estão no lugar que merecem; afinal, não à toa chegaram aqui, foram muitas batalhas e sacríficos para isso. E é claro que em um curso tão difícil como esse – e abro um parêntese, tem que ser difícil; afinal, como poderia ser fácil lidar com a vida de outra pessoa? – nós podemos nos sentirmos insuficientes, que não estamos no lugar certo, que não merecíamos ou deveríamos estudar aqui, mas isso não é verdade. Embora seja difícil nos convencer disso, vocês estão aqui, e tudo que foi feito para que estivessem aqui já foi uma grande jornada por si só. Então, continuemos a jornada, mesmo nos momentos mais difíceis, quando parece que não estamos entendendo nada em uma aula, ou na véspera de prova de bioquímica, que nós continuemos acreditando que estamos no lugar onde deveríamos estar, que nós merecemos estar e pelo qual nós batalhamos.  

O segundo pedido é para que honremos a nossa história e a história de quem nos acompanhou e apoiou desde o princípio. Neste auditório, estão essas pessoas, como o meu pai, e foram elas que permitiram que estivéssemos aqui hoje.  

O terceiro pedido é que vocês sigam fazendo o melhor que podem fazer, simplesmente e acima de tudo, porque vocês podem; ademais, porque vocês devem. Afinal, existem pacientes que vão estar esperando e que vão precisar disso e de vocês.  

Além dos pedidos, dou três conselhos. O primeiro: levem a sério o curso de vocês, porque com grandes poderes vem grandes responsabilidades. No livro Eclesiastes, está escrito que o Altíssimo deu-lhes a ciência da medicina para ser honrado em suas maravilhas. Ou seja, vestir esse jaleco traz realmente grandes poderes, mas não para acreditarmos que somos deuses, ou que podemos brincar de deuses. Pelo contrário, somos humanos, incrivelmente humanos, e nenhum homem é uma ilha, somos parte de um continente; assim, a morte de um homem nos afeta e todos compartilhamos essa característica de humanidade. E, diante da morte, nós escolhemos contribuir com um verso no texto que é a vida dos nossos pacientes. Se essa miscelânea literária que fiz com Salomão, John Donne e Walt Whitman ficou confusa, podem lembrar só da frase do Homem-Aranha mesmo (risos).  

O segundo conselho: aprendam muito bem a medicina, mas lembrem-se também de que quem sabe somente medicina, nem mesmo medicina sabe. Então, interessem por medicina, sim, e muito, mas interessem também pelos seus pacientes, pela história não clínica deles, pela vida deles, por música, por arte, por cultura popular, por livros, por esportes, por festas, por namorar, por tudo aquilo que nos faz humanos e nos faz viver e que não tenha a ver com o ciclo de Krebs.  

O terceiro conselho: permitam se orgulhar e ficar felizes por onde vocês estão e acreditem no que vocês podem ser. Vocês podem ser muito, pois o caminhante faz o caminho ao caminhar; quem faz o curso de medicina são vocês, estudantes, e eu espero que vocês façam com muito amor, muita dedicação e muita alegria mesmo.  

Para finalizar, contem sempre comigo, eu me proponho a acender um ponto luminoso para que vocês se encontrem quando se sentirem perdidos; eu sou uma guia que caminha na mesma direção desconhecida (risos), mas que já conhece parte dos percalços por já ter andado nessa rota, decifrado o início do labirinto e traçado, no mapa, as sendas que percorri. Vocês me ajudaram a refazer esse percurso — e a mapeá-lo e enxergá-lo novamente — então espero ajudá-los também.

Sejam muito bem-vindos ao curso de medicina da Universidade de Brasília!

Obrigada!

 

 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Botafogo, o Glorioso

 

O Botafogo, campeão da Copa Libertadores da América de futebol e, a partir de amanhã, campeão brasileiro, foi beneficiado com o sorteio do Mundial de Clubes de 2025, nos Estados Unidos. Na primeira fase da competição, vai treinar contra duas grandes equipes — PSG e Atlético de Madrid. Tudo ocorrerá como na Copa Libertadores, em que treinou contra o Flamengo, Palmeiras e São Paulo – claro, times apenas médios, mas bons para os treinamentos requeridos. No contexto do Mundial de Clubes de 2025, com o treinamento contra os franceses e os espanhóis, o Botafogo vai chegar na segunda fase do torneio em excelentes condições. Quem gosta de futebol e da vida, se sobreviver, verá.



Botafogo, el Glorioso

Ahora, Messi está en el fútbol de Estados Unidos. Entonces, ... El equipo de Botafogo, campeón de la Copa Libertadores da América del fútbol y, a partir de mañana, campeón brasileño, se benefició del sorteo del Mundial de Clubes 2025 en Estados Unidos. En la primera fase de la competición entrenarán contra dos grandes equipos: el PSG y el Atlético de Madrid. Todo sucederá como en la Copa Libertadores, en la que entrenó contra Flamengo, Palmeiras y São Paulo; por supuesto, solo equipos promedio, pero buenos para el entrenamiento requerido. En el marco del Mundial de Clubes 2025, con entrenamientos contra franceses y españoles, Botafogo llegará en excelentes condiciones a la segunda fase del torneo. Los que les guste el fútbol y la vida, si sobreviven, lo verán. 

 

 

Botafogo, the Glorious

The Botafogo soccer team, champion of the soccer Copa Libertadores da América and, as of tomorrow, Brazilian soccer champion, benefited from the draw for the 2025 Soccer Club World Cup in the United States. In the first phase of the competition, they will train against two great teams — PSG and Atlético de Madrid. Everything will happen as in the Copa Libertadores, where they trained against Flamengo, Palmeiras and São Paulo – of course, only average teams, but good for the required training. In the context of the 2025 Soccer Club World Cup, with training against the French and Spanish teams, Botafogo will arrive at the second phase of the tournament in excellent condition. Those who love soccer and life, if they survive, will see.

 

 

Botafogo, le Glorieux

L'équipe Botafogo, championne de la Copa Libertadores da América de football et, à partir de demain, championne brésilienne, a bénéficié du tirage au sort du Mondial des Clubs 2025 aux Etats-Unis. Lors de la première phase de la compétition, ils s'entraîneront contre deux grandes équipes : le PSG et l'Atlético de Madrid. Tout se passera comme lors de la Copa Libertadores, dans laquelle il s'est entraîné contre Flamengo, Palmeiras et São Paulo – des équipes certes moyennes, mais bonnes pour l'entraînement requis. Dans le cadre du Mondial des Clubs 2025, avec des entraînements contre les Français et les Espagnols, Botafogo atteindra la deuxième phase du tournoi dans d'excellentes conditions. Ceux qui aiment le football et la vie, s’ils survivent, le verront.

 

 

Botafogo, il Glorioso

La squadra del Botafogo, campione della Copa Libertadores de América nel calcio e, da domani, campione brasiliano, ha beneficiato del sorteggio del Mondiale per club 2025 negli Stati Uniti. Nella prima fase della competizione si alleneranno contro due grandi squadre: PSG e Atlético Madrid. Succederà tutto come in Copa Libertadores, in cui si è allenato contro Flamengo, Palmeiras e San Paolo: squadre nella media, certo, ma buone per la preparazione richiesta. Nell'ambito del Mondiale per Club 2025, con gli allenamenti contro francesi e spagnoli, il Botafogo arriverà alla seconda fase del torneo in ottima condizione. Chi ama il calcio e la vita, se sopravviverà, vedrà.

 

 

Botafogo, der Herrliche

Das Team Botafogo, Meister der Fußballmeisterschaft Copa Libertadores da América und ab morgen brasilianischer Meister, profitierte von der Auslosung der Klub-Weltmeisterschaft 2025 in den USA. In der ersten Phase des Wettbewerbs werden sie gegen zwei großartige Teams trainieren – PSG und Atlético de Madrid. Alles wird wie bei der Copa Libertadores sein, wo er gegen Flamengo, Palmeiras und São Paulo trainiert hat – natürlich nur durchschnittliche Mannschaften, aber gut für seine Trainingsbedürfnisse. Im Rahmen der Klub-Weltmeisterschaft 2025 wird Botafogo die zweite Phase des Turniers in hervorragender Verfassung erreichen und gegen die Franzosen und Spanier trainieren. Wer Fußball und das Leben mag, wird sehen, ob er überlebt.