A mídia em geral deu ampla cobertura à decisão do ministro Alexandre de Moraes de impedir que o ex-presidente Jair Bolsonaro se ausente do País para assistir à posse do presidente Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, no dia 20 de janeiro de 2024.
No artigo “O duplo efeito da decisão de Moraes de barrar viagem de Bolsonaro à posse de Trump”, publicado no Estadão, o articulista Francisco Leali pondera que, do ponto de vista jurídico, “o ministro deixa claro que Bolsonaro é investigado, indiciado e tem contas a prestar ao STF” e que, do ponto de vista político, “o ministro frustra o plano da selfie Bolsonato-Trump. E rouba do ex-presidente a oportunidade de tentar cacifar-se interna e externamente como um político perseguido ...”
A decisão é razoável? Está limitada aos cânones consagrados da Justiça brasileira? Como os cidadãos que pelejam por um mundo melhor para todos podem encarar essa decisão judicial?
Os entes opositores ao ex-presidente Jair Bolsonaro estão contribuindo para sua inserção no universo dos maiores políticos da atual conjuntura. Desde o primeiro momento no governo, o atual mandatário do País e sua claque não conseguem ignorar o cidadão que alterou a forma de fazer política em nosso maltratado País. Citam-no em todos os momentos possíveis. Há milhares de anos, na Antiguidade, e há dezenas de anos, nas plagas Alterosas, na política, prevalece o adágio: “Falem bem ou mal, mas falem de mim!”.
Qual o destino dos magistrados que julgaram e condenaram Sócrates (exercício da liberdade de pensamento), Joana d’Arc (bruxaria inexistente), Dreyfuss (traição fictícia), Saco & Vanzetti (assassinato causado por outrem) e Irmãos Naves (assassinato falso)? Um, alguns, todos ou nenhum?
É simples, desaparece da lembrança quem pensa e age com os neurônios mergulhados na anomia da escuridão e produz injustiças prevalentes entre as decisões mais repulsivas da humanidade.
Um leitor divulgou a seguinte indagação: “Você está comparando Bolsonaro com Sócrates?”
Eu não comparo o brasileiro com o grego, até porque Platão, responsável por parte de nossa herança cultural — à luz de seu magistral “Apologia de Sócrates” — se sentiria incomodado.
Mas Platão ficaria feliz com o apontamento da similaridade das decisões judiciais nefastas, cuja respectiva lição ele foi precursor na história da humanidade. Ele ficaria feliz também pela similaridade do bom senso, da razão e da lógica, mercê de argumentação inquestionável. Ele ficaria feliz ainda porque assuntos políticos e éticos, fundamentais para o ente humano, podem ser apresentados sem covardia, ofensa e agressão.
Aproveitei o ensejo para acrescentar um dado que surpreende e causa indignação a todos que pelejam para a construção de um País relevante e com a estatura condizente com as aspirações de todos os brasileiros.
Ademais, segundo o “World Justice Project” — organização internacional da sociedade civil com a missão de trabalhar para promover o estado de direito em todo o mundo — o Brasil é o segundo pior país no ‘ranking’ de imparcialidade da Justiça, isto é, nosso País é o 141º. colocado e a Venezuela é o 142º.
Em suma, qualquer comparação deve ser submetida à prevalência da liberdade, da verdade e da moral; e deve renunciar à parcialidade, ao apego à anomia ideológica e à respectiva limitação intelectual.
À guisa de inferência, é imperioso asseverar que todos aqueles que ingressaram na quarta e última dimensão de um século não podem perder a esperança e a noção de otimismo em relação ao ambiente institucional a ser herdado pelas futuras gerações.
Quem pode, quem tem poder, age com energia inexcedível para desencadear a transformação ou se atém à perspectiva da mudança por intermédio dos procedimentos constitucionais e, portanto, o pleito presidencial de 2026 é a oportunidade de confirmar que “só a mudança é permanente!”, conforme declarara Heráclito, 400 a. C.
Que venha a eleição! Que venha o processo eleitoral com a impressão de votos! “Nessum Dorma! ... All’alba vinceró” (“Que ninguém durma! ... Ao amanhecer, venceremos!”)
Divulgado no Facebook do Estadão em 16/Jan/2025] |