After a long 100 years old, Mr. Henry Kissinger found eternity.
Even though he was not a native American, Kissinger became Secretary of State and was probably the most important and decisive protagonist of international relations practiced by the United States.
He was born in Fürth, Bavaria, Germany, in 1923, and when he was 15 years old, his Jewish family emigrated to the United States, fleeing Nazism.
Kissinger completed his undergraduate degree (most notably summa cum laude), master's degree and doctorate at Harvard; concluding them in 1950, 1951 and 1954, respectively — that is, he became a doctor at 31 years old.
He was United States Secretary of State and National Security Advisor from 1973 to 1977 under Presidents Richard Nixon and Gerald Ford.
He was awarded the Nobel Peace Prize in 1973 for his actions in the Paris Peace Agreement, concerned to the cease-fire and ending the Vietnam War.
He became a friend of China by negotiating the United States' detente with the Chinese, which enabled Chinese participation in interactions with developed countries.
His opponents (almost all supported by the Democratic Party) consider controversial his deliberations regarding the independence of Bangla Desh, due to the war between Pakistan and India; the replacement of Salvador Allende by General Pinochet, in Chile; the so-called Dirty War, led by the military government of Argentina; the Indonesian invasion and annexation of East Timor; and even the alleged support for the Brazilian military regime.
The New York Times has published several articles concerning Mr. Kissinger. I highlight two: the first, “Henry Kissinger was a hypocrite; and his legacy is the proof”, by Mr. Ben Rhodes; the second, “Lessons from Kissinger’s Triumphs and Catastrophes”, by Nicholas Kristof.
The title of Mr. Rhodes' article is an indication that he is a detractor devoid of any shame and who is not embarrassed to paint possible successes with muddy colors and possible failures with a sense of anger.
One can even agree with some of Mr. Rhodes's statements, however, waiting for the death of someone you disagree with to try to discredit him is typical of the most qualified scoundrels. In fact, in the art of the universe of scoundrel people Mr.
Rhodes is postdoctoral 'cum laude' — unsurpassable; He deserves warm congratulations.
On the other hand, Mr. Kristof tries to contrast Kissinger's greatness with his controversies, but tries to express a certain balance and moderation, which gives the text attributes that allow reliability and the possibility of impartiality in the analysis of the character who influenced, intensely and effectively, the dominant power in the world and its interactions with other powers.
At the end of the 1950s, Khrushchev went to Beijing and Mao Tse Tung demanded from him Stalin's promise that, within the scope of the nuclear cooperation project, he would provide an atomic device so that China could explode it and obtain data to accelerate the nuclear dominance project. The Russian leader denied the request, the Chinese laughed — given that they had a parallel secret nuclear project, which took advantage of and leveraged all the knowledge from the joint project — and proposed to work tirelessly to reach the top of the world powers within a century. By opening the world to China, Mr. Kissinger made the work easier for the Chinese, who anticipated their bold strategic objective by at least 30 years (possibly from 2060 to 2030). Now, the Americans have to do their best to face them as they can be surpassed, in a normal evolution of the course of history, from the Babylonians and Egyptians to current times. It seems to me that the great experts have neglected this controversial aspect of Mr. Henry Kissinger's work.
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Comentário divulgado no New York Times online de 02/12/2023] |
A partida do Sr. Henry Kissinger
Depois de longos 100 anos de vida, o Sr. Henry Kissinger encontrou a eternidade.
Mesmo não sendo americano nato, Kissinger se tornou Secretário de Estado e, provavelmente, foi o mais importante e decisivo protagonista das relações internacionais praticadas pelos Estados Unidos. Ele nasceu em Fürth, Baviera, na Alemanha, em 1923, e com 15 anos de idade sua família judia emigrou para os Estados Unidos, fugindo do nazismo.
Kissinger realizou graduação (com destaque summa cum laude), mestrado e doutorado em Harvard; concluindo-os em 1950, 1951 e 1954, respectivamente — ou seja, tornou-se doutor com 31 anos.
Foi Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, de 1973 a 1977, nos governos dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford.
Foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, em 1973, por suas ações no Acordo de Paz de Paris, relativa ao encerramento da guerra do Vietnã.
Tornou-se um amigo da China ao negociar a distensão dos Estados Unidos com os chineses, o que possibilitou a participação chinesa nas interações com os países desenvolvidos.
Seus adversários (quase todos amparados no Partido Democrata) consideram controversas suas deliberações no âmbito da independência de Bangla Desh, mercê da guerra entre Paquistão e Índia; na substituição de Salvador Allende pelo General Pinochet, no Chile; na chamada Guerra Suja, protagonizada pelo governo militar da Argentina; na invasão e anexação indonésia do Timor Leste; e até no suposto apoio ao regime militar brasileiro.
O New York Times publicou várias matérias relativas ao Sr. Kissinger. Destaco duas: a primeira, “Henry Kissinger era um hipócrita; e seu legado é a prova”, do Sr. Ben Rhodes; a segunda, “Lições dos Triunfos e Catátrofes de Kissinger”, de Nicholas Kristof.
O título da matéria do Sr. Rhodes é uma indicação de que se trata de um detrator despido de qualquer pudor e que não se constrange em tingir possíveis êxitos com cores barrentas e possíveis fracassos com o sentido da raiva.
Pode-se até concordar com algumas colocações do Sr. Ben Rhodes, contudo aguardar a morte de alguém de quem se discorda para tentar desacreditá-lo é típico dos mais qualificados canalhas. De fato, na arte dessa canalhice o Sr. Rhodes é pós-doutor 'cum laude' — inexcedível; merece efusivos cumprimentos.
Já o Sr. Kristof tenta opor à grandeza de Kissinger, suas controvérsias, contudo tenta expressar um certo equilíbrio e moderação, o que dá ao texto atributos que permite confiabilidade e possibilidade de isenção na análise do personagem que inegavelmente, influenciou de forma intensa e eficaz a potência dominante no mundo e as interações com as demais potências.
No final da década de 1950, Khrushchev foi a Pequim e Mao Tse Tung cobrou-lhe a promessa de Stalin que, no âmbito do projeto de cooperação nuclear, forneceria uma bomba atômica para que a China pudesse explodi-la e obter dados para acelerar o domínio da tecnologia nuclear. O líder russo negou o pedido, os chineses riram — dado que tinham um projeto nuclear secreto paralelo, que aproveitava e alavancava todo o conhecimento do projeto conjunto — e se propuseram a trabalhar incansavelmente para chegar ao topo das potências mundiais dentro de um século. Ao abrir o mundo à China, o Sr. Kissinger facilitou o trabalho aos chineses, que anteciparam o seu ousado objetivo estratégico em pelo menos 30 anos (possivelmente de 2060 a 2030). Agora, os americanos têm que fazer o possível para enfrentá-los, pois poderão ser superados, numa evolução normal do curso da história, desde os babilônios e egípcios até os tempos atuais. Parece-me que os grandes especialistas negligenciaram este aspecto controverso do trabalho do Sr. Henry Kissinger.
[Comentário divulgado no Estadão online de 01/12/2023] |
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