quinta-feira, 24 de setembro de 2020

A carapuça na cabeça culpada

Conquanto apontando aspectos corretos da atual conjuntura, com ênfase para mazelas na comunicação social, de parte do governo Federal, com repercussões no cenário internacional, em seu artigo “De quem é a culpa?”, o articulista William Waack dirige-se para a vala comum — que caracteriza o viés opositor da mídia ao governo — e ignora o óbvio ululante que tão bem ofereceu para sociedade o saudoso Nelson Rodrigues.

Não raro, outros intelectuais, e nesse caso, também o Sr. Waack, se valem do gosto para chafurdar no pântano e atribuir aos militares responsabilidades por pensar o mundo sob a ótica da década de setenta do século passado. Ora quem extrapolou os tempos sombrios da guerra fria, mergulhou na senda líquida e dividiu os universos sociais tupiniquins — ricos contra pobres, nordestinos contra centro-sulinos, homem contra mulher, gays contra heterossexuais, preto contra branco etc? Por certo, não foram os fardados.

 

Sr. W2, a questão essencial não foi abordada — e para tanto apego-me às suas hipóteses: falta talento, falta estadista, falta visionários, falta sei lá o que mais. Por que? Com todas as deficiências que o senhor apontou, o caboclo ganhou todas as eleições de que participou e está garantindo a vitória em 2022. Que tal usar sua experiência para apontar a indigência dos oponentes como a causa primordial do estado de coisas apontado. Convenhamos, a união de corruptos com juízes, formadores de FN e outros integrantes da súcia está facilitando tudo. Não se bandeie para o lado deles!

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[Divulgado no Estadão online de 24/Set/2020]

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