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| "O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado" Homenagem a Oscar Barboza Souto. Antigo lavrador, garimpeiro, comerciante, tabelião e juiz de paz. In Memoriam. |
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Querida filha Alessandra,
O tempo passa despretensiosamente, até porque o tempo prescinde de vontade, querer e capacidade de ação, daí resultando a impossibilidade de termos controle sobre ele.
Contudo, o tempo nos propicia as lembranças que renunciam a se apagar da memória, e dentre elas, estão os momentos em que habitamos a restinga da Marambaia, quando sob o estímulo da brisa marítima você e suas irmãzinhas deram os primeiros passos na grama da praça, junto de nossa casa, e contígua àquela praia, e vivenciaram os cinco primeiros anos de suas vidas.
Entre nossa casa, a praça, a praia e a primeira escolinha que você frequentou — a Creche Escola Recrescer, no Recreio dos Bandeirantes — você já demonstrava uma habilidade singular e diferenciada de enfrentar os desafios colocados por aquela escola infantil.
A transferência para Brasília permitiu que, inicialmente, você estudasse no Colégio Madre Carmen Sallés, durante um ano; e na Escola Alvacir Vite Rossi, durante quatro anos, nos quais cursou os anos iniciais do ensino fundamental. E quanto orgulho você propiciava para sua família, ao se mostrar como destaque entre os demais colegas, pela facilidade de utilização da faculdade de pensar e a compreensão perspicaz dos ensinamentos dessa primeira fase educacional.
Em seguida, você ingressou no Centro Educacional Leonardo da Vinci, para participar dos anos finais do ensino fundamental, bem como dos três anos do ensino médio. Quanta alegria resultava de seu desempenho, ao confirmar seu precioso talento, nas conquistas de bolsas de estudo por ser a primeira classificada entre seus contemporâneos! E não ficava só nisso: o exercício de liderança entre os colegas de turma e a facilidade de agir sempre movida por otimismo e pela pertinaz visão do lado bom das atividades específicas e da vida em geral, tornavam-na muito querida por todos.
Quando você estava no terceiro ano do ensino médio, surgiu a surpreendente e trágica pandemia do coronavírus. Em consequência, nesse ano fundamental para todos os jovens, houve o cancelamento das aulas com os professores em sala, e o ensinamento passou a ser ‘online’, com a permanência dos alunos no ambiente doméstico. Foi o grande desafio da transição da adolescência para a idade adulta. E, confirmando os êxitos do ensino básico — mesmo sem aula presencial, durante quase um ano, e sem fazer os requeridos cursinhos como a maioria dos jovens que demandam cursos de alto nível —, sua capacidade, vontade, energia, esforço e fé prevaleceram e você teve uma vitória inquestionável e uma conquista até mesmo inimaginável, isto é, você logrou êxito e ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília.
É imperioso destacar que seu vasto leque de amizades permitiu que outra faceta de seu rico perfil acompanhasse sua evolução: a satisfação em participar, com frequência habitual, de eventos sociais em meio às atividades pedagógicas — algo que permite caracterizá-la também como uma jovem bastante sociável. E algo que pode ser considerado natural para quem tem responsabilidade com educandos: a preocupação dos pais. Nesse contexto, você jamais trouxe preocupação para nós e a razão deve ser enfatizada: você sempre demonstrou apego e respeito aos virtuosos valores que devem estar presentes nas ações de qualquer jovem e de qualquer ser humano.
Querida filha, alicerçada nessa evolução de expressiva parcela de jovens, você se encontra próxima do final do curso de Medicina. Você fez a opção instigante de possibilitar o prosseguimento das condições normais e naturais de saúde de seres humanos ou a correção de seus problemas resultantes de doenças. Você decidiu até mesmo enfrentar os gravíssimos problemas de quem se encontra na fronteira entre a vida e a morte, para tentar a prevalência da vida. Enfim, trata-se de seguir a opção e a vocação que tem lhe movido desde o surgimento da capacidade de reflexão e decisão — o que a Medicina, mais do que as demais carreiras profissionais, possibilita àqueles que fazem do sacerdócio médico a escolha para caminhar pelos trajetos atuais e em direção ao futuro.
Eu assevero que estes seus pais precisam ser cuidadosos, para não mergulhar na presunção, na vaidade e no orgulho desmedido, diante dos êxitos de sua decisão acadêmica e formação profissional. Por óbvio, é preciso contenção, mas é forçoso transmitir-lhe o reconhecimento, a gratidão e a certeza de que estamos felizes e esperançosos com a perspectiva de que você mantenha a energia, a força e a fé para viver as consequências virtuosas em todas as sendas de sua caminhada pessoal e médica. Que você consiga colher o resultado do plantio das sementes para a construção de um mundo melhor para seres humanos.
Cremos que é salutar a proclamação de algumas sugestões para o prosseguimento da formação médica, agora que você está prestes a iniciar o “Internato” no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e em Unidade Básica de Saúde (UBS) — para a observação e acompanhamento de pacientes —, e encaminhando-se para a encruzilhada restante, que é o final do curso de Medicina e o ingresso definitivo no mundo adulto e na desafiante porfia no campo da saúde. Nesse sentido, queira refletir sobre as asserções apresentadas a seguir.
Quando você estiver triste, lembre-se que a alegria é um sentimento que também está dentro de você!
Quando você for derrotada, não esqueça de que você já teve vitórias e muitas outras serão possíveis!
Quando você estiver cansada, trate de descansar pois sua energia torná-la-á pronta para o próximo embate!
Quando você se sentir só, lembre-se que a solidão é passageira e sempre há alguém que pode ampará-la!
Quando você estiver desanimada, não esqueça de que a coragem a estimula a prosseguir.
Quando você tiver a sensação de que está retrocedendo, lembre-se de firmar o pé e motivar a mente para seguir adiante.
Quando você estiver diante de um obstáculo, desborde-o e siga para a vanguarda.
Quando se sentir pretensiosa, reflita e retome a humildade.
Quando enfrentar a falsidade, acalme-se e reforce o apego à verdade e à ética.
Quando a solução não existir, invente-a.
Quando não encontrar o caminho, construa-o.
Quando você estiver impactada por situação que beira o desespero, lembre-se que a calma, a paciência e a fé equivalem à brisa suave que alivia e ao sorriso de uma criança que enternece.
Quando a raiva ficar evidente, use a razão e a lógica, acalme-se e faça o bom senso prevalecer.
E por último e primordialmente relevante, lembre-se de tentar sempre, desistir jamais e vencer sempre que possível — assim, as vitórias serão majoritárias nas sendas de sua trajetória.
Querida filha Alessandra!
Nosso entendimento é que você sempre empregará o elevado talento, a inabalável crença em valores fundamentais do ser humano, a arguta sensibilidade para a compreensão das dificuldades e limitações de outrem e a solidez da formação acadêmica, para utilizar a faculdade de pensar, para agir de forma harmônica e equilibrada e, sobretudo, para cumprir os desígnios de sua opção e vocação pela Medicina e pela inabalável decisão de — repetimos, mercê de requerida ênfase — construir um mundo melhor para outros.
Beijos, querida filha.
Sua mãe Isabel, seu pai Aléssio e suas irmãs Cecília e Laura.
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