terça-feira, 1 de outubro de 2024

Conflito israelense-palestino

Na atual conjuntura, o Oriente Médio tem sido sacudido por ações entre Israel e o Irã, dois históricos contendores; bem como entre Israel e os proxies terroristas iranianos que agem sob influência, motivação e tutela do regime islâmico do Irã.


Em 7 de outubro de 2023, o Hamas — proxy iraniano prevalente na faixa de Gaza — lançou um surpreendente ataque a Israel, causando o assassinato covarde de cerca de 1200 israelenses, incluindo crianças, mulheres e idosos e capturando mais de 200 reféns israelenses. A resposta de Israel tem sido aterrorizante nos meses subsequentes e, afora a destruição de cidades inteiras e, eventualmente, de escolas, hospitais e outras edificações — constituintes da base dos terroristas do Hamas — já causou a morte de mais de 40.000 palestinos.

Em 1º. de abril de 2024, Israel desfechou um ataque aéreo contra edificações em Damasco, capital da Síria, atingindo o consulado do Irã naquela capital, e matando o general de brigada Mohammad Reza Zahedi, um dos principais comandantes da Força Qods, do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, e também sete assessores dessa autoridade.

Em 13 de abril de 2024, o Irã revidou e lançou da ordem de 300 drones, mísseis e foguetes contra Israel. As Forças de Defesa de Israel divulgaram que conseguiram interceptar e derrubar cerca de 99% dos artefatos invasores; mercê da contribuição de forças militares dos Estados Unidos, Reino Unido e Jordânia. Ademais, fontes americanas noticiaram que, em 19 de abril, Israel revidou o ataque iraniano, disparando um míssil que atingiu o sistema de radar de defesa antiaérea que protege a instalação nuclear de Natanz, no subúrbio de cidade homônima, perto de Isfahan, no centro do País.

Em 31 de julho de 2024, o chefe do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh — que estava em Teerã, para a posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian — foi assassinado nas dependências do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, onde estava hospedado, supostamente, em ação desencadeada por integrantes da inteligência israelense. Um dos guarda-costas de Haniyeh também foi morto. Convém acrescentar que, conforme divulgado pelo Hamas, três dos filhos de Haniyeh — Hazem, Amir e Mohammad — já tinham sido mortos em 10 de abril, quando um ataque aéreo israelense atingiu o carro em que estavam; e, além disso, Haniyeh também perdeu quatro de seus netos, três meninas e um menino, no referido ataque.

Nesses últimos meses, os terroristas do Hezbollaz, na Síria e dos Houthis, no Iêmen, têm lançado ataques contra o território israelense, sendo que em alguns casos esporádicos, engenhos militares chegaram às proximidades de Telaviv.

Ainda em 31 de julho de 2024 — afora Ismail Haniyeh, do Hamas — Fouad Shukur, comandante do Hezbollah, envolvido na coordenação dos ataques de seu grupo terrorista contra Israel, foi assassinado pelos israelenses, em Beirute.

Em 17 e 18 de setembro de 2024, Israel assassinou cerca de 37 integrantes do Hezbollah, em Beirute, no Líbano, e em Damasco, na Síria; e feriu mais de 3.400 militantes desse grupo islâmico xiita, por intermédio da explosão de milhares de pagers e centenas de walkie-takies, que, por razões de segurança, foram adotados para comunicação, em substituição aos celulares. Embora sem confirmação oficial, os serviços de inteligência israelenses, supostamente, interceptaram as entregas dos citados aparatos e os equiparam com material explosivo.

Em 27 de setembro de 2024, a Força Aérea Israelense lançou um ataque devastador contra instalações do Hezbollah, em Beirute, capital do Líbano, matando o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, assessor militar do Irã no Líbano, general de brigada Abbas Nilforoushan, bem como mais de uma dúzia de comandantes do alto escalão do Hezbollah e cerca de 2000 militantes correlatos. Ademais, nesse ataque foram destruídas milhares de armas desse grupo terrorista.

Hoje, 1º. de outubro de 2024, no momento em que alinhavo esta síntese, acabo de tomar conhecimento que, com início nesta madrugada, o Irã está lançando um portentoso ataque contra Israel, mediante o lançamento de centenas de mísseis e foguetes que visavam atingir as cidades de Tel Aviv, Tel Sheva, Dimona, Nabatim, Hora, Hod Hasharon, Beer Sheva and Rishon Lezion. Ainda não há detalhes sobre as consequências desse ataque nos principais jornais israelenses e americanos.

Em face do sumário ora apresentado sobre o conflito israelense-palestino em 2023 e 2024, é imperioso e oportuno reproduzir o discurso na Assembleia Geral da ONU, em 25 de setembro de 2024, da representante de Israel, Miriam Novak, naquele evento. 

Trata-se de uma espécie de resposta da diplomacia israelense às constantes manifestações de integrantes do alto escalão de governos de países europeus, de governos de países árabes, e mesmo de alguns personagens dos Estados Unidos, opondo-se às decisões e ações de Israel, em resposta aos ataques da Autoridade Palestina, do Irã e dos proxies iranianos na presente conjuntura.

 

 

"Senhoras e senhores,

Como vocês sabem, vivemos entre vocês há dois mil anos, oferecendo-lhes nossos conhecimentos, descobertas e invenções.

Há oitenta anos, a Europa, liderada pela Alemanha, realizou uma limpeza étnica: quase exterminou todos os judeus que ali viviam. Franceses, belgas, holandeses, noruegueses, húngaros, eslovacos, polacos, lituanos, ucranianos — todos ajudaram os fascistas.

A Europa matou pelo menos 6 milhões de judeus, incluindo bebês. Cada um deles poderia ter dado ao mundo filhos, netos e bisnetos, de modo que o número de mortes pode ser multiplicado por quatro ou cinco.

E agora, quando os judeus são mais uma vez saqueados, espancados e mortos em todos os seus países, e os seus tribunais libertam os assassinos, vocês nos dizem que não temos o direito de nos defender? Não temos o direito de alertar os nossos inimigos de que responderemos a uma nova limpeza étnica com um golpe ainda mais forte?

Talvez vocês possam citar outra nação cuja destruição é tão desejada pela sua nova comunidade internacional liderada pelo Irã...! E por quê?

Há dois mil anos vivemos entre vocês, oferecendo-lhes nossos conhecimentos, descobertas e invenções. Demos-lhe o alfabeto, a Bíblia, Maria, a Virgem, Jesus, os doze apóstolos, Spinoza, Disraeli, Colombo, Newton, Nostradamus, Heine, Mendelssohn, Einstein, Zimer, Eisenstein, Freud, Landau, Gershwin, Offenbach, Rubinstein, Saint-Saëns, Kafka, Lombroso, Montaigne, Mahler, Marcel Marceau, Svyatoslav, Richter, Yehudi Menuhin, Stefan Zweig, Arthur Miller, Maya Plisetskaya, Stanley Kubrick, Irving Berlin, Edward Teller, Aryeh Poykhtvangar, Paul Newman, Robert Oppenheimer, Benny Goodman, Eugène Ionesco, Imre Kálmán, Marcel Proust, Marc Chagall, Barbra Streisand, Claude Lelouch, Steven Spielberg, Enoch Aime, Leonard Bernstein, Norbert Wiener, Larry Page, Mark Zuckerberg, Sergey Brin, Andrew Lloyd Webber e milhares de outros cientistas e educadores.

Imagine quantos gênios semelhantes poderiam ter nascido dos milhões de judeus assassinados na Europa, e depois de seus filhos, netos e bisnetos. Mas os gênios que ainda não nasceram, desapareceram para sempre nas câmaras de gás, nas sinagogas incendiadas e nas valas comuns.

Então vocês realmente acreditam que suas decisões, boicotes e sanções podem nos mandar de volta às câmaras de gás?

Não, senhoras e senhores!

Tendo vivido entre vocês por dois mil anos, tivemos que nos adaptar a vocês e aprender não apenas suas línguas, mas também alguns aspectos de sua psicologia. 

Caso contrário, como teríamos sobrevivido na Pérsia sem a traição persa?

Na Espanha sem a crueldade espanhola?

Na Alemanha sem a submissão alemã à disciplina?

Na França sem a ganância francesa?

Na Polônia, sem a arrogância polonesa, e na Rússia, sem insultos e sem o costume russo dos tribunais, onde se deveria mentir e falar sobre grandeza espiritual? [Risos na sala]

É por isso que lhes digo sinceramente: sim, não somos anjos. Entre nós estavam golpistas e gangsters internacionais, Lansky, Madoff e Epstein, ladrões, saqueadores, aventureiros e até pedófilos. Mas em toda a nossa história partilhada, nunca houve um judeu Bohdan Khmelnytsky, um Adolf Hitler ou um Joseph Stalin.

Nunca houve um Josef Mengele ou um Eric Koch; um judeu Adolf Eichmann ou Idi Amin, Andrei Chikatilo ou Li Zicheng; um judeu Jeffrey Dahmer ou Jean Boksa, Fritz Herman e Ted Bundy, Nikolai Dzhomgaliev ou Albert Fish.

Nunca preparamos correntes para ouvidos humanos; nunca esfolamos, nunca comemos carne humana, nunca fizemos sabão com gordura humana, nunca fizemos candelabros com pele humana, nunca fizemos colchões com cabelo de mulher, nunca queimamos pessoas em templos religiosos e nunca matamos crianças em câmaras de gás.

Em vez disso, criamos coisas que mudaram o mundo para melhor: irrigação por gotejamento, dessalinização da água do mar, processadores Intel e plataformas Centrino e Core Duo, o menor computador do mundo e o primeiro pen drive, o endoscópio e a câmera para comprimidos, droga para esclerose múltipla e o exoesqueleto; óculos Google para cegos e monitor respiratório para bebês; radar que pode ver através de paredes; realidade holográfica, sintetizadores de inteligência artificial e centenas de outras coisas maravilhosas.

Representamos apenas 0,2% da população mundial, mas demos ao mundo 32% dos Prêmios Nobel.

Sim, esqueci de lhes dizer: nunca consumimos o sangue de bebês cristãos para fazer matzá. Já em 1913, três especialistas ortodoxos em judaísmo demonstraram isto no famoso julgamento de Beilis, em Kiev.

Em 1962, o Concílio Vaticano II eliminou a nossa culpa pela crucificação de Jesus e, em 2011, o Papa Bento XVI declarou que “um cristão não pode ser anti-semita, temos as mesmas raízes”.

Em 2019, o seu sucessor, o Papa Francisco, disse que “todo cristão tem um judeu dentro de si” e “não se pode ser um verdadeiro cristão sem reconhecer as suas raízes judaicas”.

Além disso, o líder da Igreja Católica global afirmou que “a aliança entre Deus e os judeus continua a existir” e que “o antissemitismo inclui não apenas ataques contra os judeus, mas também críticas a Israel”.

Finalmente, em junho de 2020, o Pastor John Hagee, líder dos cristãos evangélicos na América, publicou “O Apelo ao Mundo Inteiro”, onde afirmou de forma simples e clara: “Porque é que nós, oito milhões de patriotas cristãos americanos, apoiamos Israel? Porque Deus está do lado de Israel”.

Se um cristão diz que não ama os judeus, então o seu falso cristianismo está em grande dúvida.

Deus diz: “Abençoarei aqueles que abençoarem Israel e amaldiçoarei aqueles que o amaldiçoarem”.

E agora quero perguntar aos representantes da Europa presentes nesta sala: quem vocês pensam que são?

Vocês são cristãos ou não?

Quando vocês oram a Jesus Cristo, a Maria, a Virgem e aos santos apóstolos, vocês não estão orando aos judeus?

E quando dizem que carregam a imagem de Jesus no coração, não reconhecem que carregam um judeu na alma?

Mesmo que alguns de vocês sejam ateus convictos, seus ancestrais foram cristãos por dois mil anos, então o Judaísmo está em seu sangue, goste ou não! Portanto, senhoras e senhores, se insistem num boicote internacional a Israel porque ainda odeiam os judeus e querem a destruição total dos judeus na Terra, sejam consistentes: comecem por vocês mesmos, façam seppuku [uma forma de haraquiri].

Isso seria uma verdadeira limpeza étnica.

E agora, como dizem aqui na América, tenho novidades para vocês: depois dos cristãos, é a vez dos muçulmanos se livrarem do antissemitismo.

Sim, não será fácil, mas assim como o Santo Abençoado ajudou a humanidade a livrar-se da peste, do antraz, da cólera e do coronavírus, Ele os ajudará a livrar-se do antissemitismo.

Vocês se perguntam: por quê? Por que Deus os trouxe de volta à terra e os forçou a abandonar o desejo de nos exterminar?

Porque deve ter um propósito, certo?

Darei a minha opinião pessoal: segundo o ensinamento do nosso Deus, cada povo deve contribuir para a humanidade com o que sabe fazer de melhor.

Os franceses – cozinheiros e perfumistas; os ingleses e russos – escritores e poetas; os italianos – artistas e músicos; os alemães – soldados e filósofos; e nós, judeus – gênios em todos os campos que promovem a humanidade ao invés da barbárie; e a idolatria da cultura, do humanismo e do progresso técnico.

Esta é a nossa missão, que cumprimos há dois mil anos, apesar de tudo. Portanto, quer tenhamos armas genéticas, de torção, nucleares, tectônicas, cósmicas ou outros tipos de armas de defesa, não é da sua conta se podemos ter armas de defesa ou não, para nós é tudo a mesma coisa.

Um dos fundadores do nosso estado, Ze'ev Jabotinsky, disse certa vez: “Quer você goste ou não, nós realmente não nos importamos, chegamos antes de você e partiremos depois de você.”