A análise política voltada para a eleição presidencial de 2022 se cinge agora a Bolsonaro e a Lula. As questões de fundo essenciais deixam de ser consideradas. Elas são tão graves que podem levar a um limiar que não resta senão o precipício.
As mentes mais lúcidas e que deveriam acenar com alternativas estão se perdendo no exercício de suas responsabilidades. Será que os cidadãos terão a lucidez requerida para atravessar o Rubicão? Olhemos com atenção a metáfora que constitui a anatomia da atual situação brasileira.
Por que houve ruptura institucional em Mianmar e não houve na França, no Reino Unido e na Alemanha? Porque em Mianmar não prevalecem as práticas democráticas; porque os poderes não são independentes e harmônicos; porque a Constituição não é cumprida; porque a metade dos parlamentares são acusados de corrupção e outros crimes, e não são julgados; porque os poucos criminosos poderosos julgados e condenados são colocados em liberdade; porque as altas instâncias judiciais são preenchidas por quem não atende aos preceitos de notório saber e conduta ilibada.
Paradoxalmente, a quantidade de mortes resultantes da pandemia em Mianmar é menor do que aquelas verificadas em conjunto na França, na Alemanha e no Reino Unido. Enfim, para complementar esta abstração, em Mianmar, os intelectuais miam, mas não enxergam a tempestade no mar; e, por extensão, onde a democracia não prevalece, a sociedade demanda ruptura.
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[Divulgado no Estadão online de 11/Mar/2021]
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