quarta-feira, 19 de junho de 2019

Convocação de Greenwald pela Câmara


Por iniciativa de deputados da oposição, foi decidido que o Parlamento convocaria o jornalista Greenwald para depor sobre as publicações de seu site The Intercept. Esse jornalista é acusado de vários malfeitos em seu País. Entre as acusações, pesa a de que fazia filmes pornográficos e que, de forma criminosa, utilizara jovens brasileiros das favelas com esse intento. Postei mensagem no Estadão.

Estadão
Não foi noticiado hoje: Greenwald vai ser ouvido na Câmara. Um escorraçado em seu país, que amasiou-se a brasileiro para homiziar-se no Brasil, que usa dados de forma não republicana contra instituições brasileiras, é convocado por iniciativa de quem defende acusados dos mais severos malfeitos. Os cidadãos lúcidos, apreciadores da liberdade, da verdade, da coragem e da ética indignam-se, constrangem-se e envergonham-se. Enfim, aprendem e reforçam as diferenças entre sensatez e imbecilidade, entre verdade e falsidade, entre democracia e “corruptocracia”.

Em seguida, postei mensagem na Folha de São Paulo.

Folha de São Paulo
Não foi noticiado hoje: Greenwald vai ser ouvido na Câmara. Um escorraçado em seu país, que amasiou-se a brasileiro para homiziar-se no Brasil, que usa dados de forma não republicana contra instituições brasileiras, é convocado por iniciativa de quem defende acusados dos mais severos malfeitos. Isso é democracia ou madrugada e confusão.

Em face das mensagens dos leitores da Folha, repliquei a mim mesmo.

Folha de São Paulo
Um cidadão mata e estupra mãe e filha de cinco anos. O juiz interagem com a acusação em busca da eficácia da Justiça (e poderia interagir com a defesa, como até ministro do STF o faz); o infrator é condenado e preso; e suponhamos que o juiz tenha cometido alguma ilegalidade. Então, na democracia de alguns, o processo deve ser anulado e o condenado libertado? Manter o cidadão preso e processar o juiz não é fascismo; é democracia e decência. Ponto. Em certas cabeças isso não cabe. Fazer o que?

De forma agressiva, os leitores continuaram se contrapondo. Trepliquei-me.

Folha de São Paulo
A questão essencial não é a quantidade de pessoas atrás das grades por infração das leis da democracia. A questão essencial é a quantidade de pessoas que estão fora das grades e apoiam os que foram condenados. Essas pessoas fazem parte do universo daqueles que gostam da situação em que o povo brasileiro foi submetido nas últimas décadas. Se lessem Apologia de Sócrates e Hamlet, veriam que o Brasil tem arquipélagos iguais à Grécia de 2000 anos atrás ou países Shakespearianos de 400 anos atrás.

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[Divulgado no Estadão online de 19/Jun/2019]
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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 19/Jun/2019]
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