Por iniciativa de deputados da oposição, foi decidido que o Parlamento convocaria o jornalista Greenwald para depor sobre as
publicações de seu site The Intercept. Esse jornalista é acusado de vários
malfeitos em seu País. Entre as acusações, pesa a de que fazia filmes
pornográficos e que, de forma criminosa, utilizara jovens brasileiros das
favelas com esse intento. Postei mensagem no Estadão.
Estadão
Não foi noticiado hoje: Greenwald vai
ser ouvido na Câmara. Um escorraçado em seu país, que amasiou-se a brasileiro
para homiziar-se no Brasil, que usa dados de forma não republicana contra
instituições brasileiras, é convocado por iniciativa de quem defende acusados
dos mais severos malfeitos. Os cidadãos lúcidos, apreciadores da liberdade, da
verdade, da coragem e da ética indignam-se, constrangem-se e envergonham-se.
Enfim, aprendem e reforçam as diferenças entre sensatez e imbecilidade, entre
verdade e falsidade, entre democracia e “corruptocracia”.
Em seguida, postei mensagem
na Folha de São Paulo.
Folha de São Paulo
Não foi noticiado hoje: Greenwald vai
ser ouvido na Câmara. Um escorraçado em seu país, que amasiou-se a brasileiro
para homiziar-se no Brasil, que usa dados de forma não republicana contra
instituições brasileiras, é convocado por iniciativa de quem defende acusados
dos mais severos malfeitos. Isso é democracia ou madrugada e confusão.
Em face das mensagens dos
leitores da Folha, repliquei a mim mesmo.
Folha de São Paulo
Um cidadão mata e estupra mãe e filha de
cinco anos. O juiz interagem com a acusação em busca da eficácia da Justiça (e
poderia interagir com a defesa, como até ministro do STF o faz); o infrator é
condenado e preso; e suponhamos que o juiz tenha cometido alguma ilegalidade.
Então, na democracia de alguns, o processo deve ser anulado e o condenado
libertado? Manter o cidadão preso e processar o juiz não é fascismo; é
democracia e decência. Ponto. Em certas cabeças isso não cabe. Fazer o que?
De forma agressiva, os
leitores continuaram se contrapondo. Trepliquei-me.
Folha de São Paulo
A questão essencial não é a quantidade
de pessoas atrás das grades por infração das leis da democracia. A questão
essencial é a quantidade de pessoas que estão fora das grades e apoiam os que
foram condenados. Essas pessoas fazem parte do universo daqueles que gostam da
situação em que o povo brasileiro foi submetido nas últimas décadas. Se lessem
Apologia de Sócrates e Hamlet, veriam que o Brasil tem arquipélagos iguais à
Grécia de 2000 anos atrás ou países Shakespearianos de 400 anos atrás.
[Divulgado no Estadão online de 19/Jun/2019]
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