No artigo “Os próximos dias do resto da nossa vida” (Estadão de 27/10/2018), um cidadão que se declara professor de universidade paulista assevera que “se Haddad vencer, será uma vitória da resiliência democrática e do poder das redes”. Não cito nome do autor da preciosidade porque ignorar sua identificação é preferível — evita o preconceito contra os que estão sob o impacto de doença.
É bem verdade que o articulista tenta mostrar uma dicotomia não desejável da disputa presidencial e apontar mazelas correlatas. Entretanto, não consegue camuflar sua opção preferencial por um dos lados — aquele que ocasionou a maior crise ética, moral, política, econômica e de outras vertentes em nosso maltratado país.
Conquanto o candidato petista se fundamente em um programa de governo que preconiza a prevalência de conselhos populares na gestão pública, a intervenção no poder judiciário e o controle da imprensa — para citar apenas uma trindade muito cara à sua corrente político-ideológica —, desafortunadamente, o sábio autor do artigo associa essa pregação à resiliência democrática.
Mesmo sabendo-se que essa improvável governança levaria o país na direção do destino da Venezuela, ainda assim o tal professor ganha o direito de exercer a liberdade num órgão de comunicação social consagrado.
Tudo bem que ele usufrua a liberdade da forma como queira. Tudo bem que é preferível que ele tenha a liberdade de viver dissociado da verdade e da ética — é o preço a pagar pela opção democrática; é o preço a pagar pela imperiosa necessidade de não abandonar os doentes incuráveis. Mas convenhamos, é duro de aceitar e aguentar um professor desses.
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