quinta-feira, 4 de junho de 2020

Origem de Fake News


As Fake News entraram definitivamente na agenda nacional. Em 2019, o Parlamento instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a disseminação de notícias falsas no País; e a Suprema Corte determinou a abertura de um controverso e, até certo ponto, famigerado inquérito para apurar a questão dos ataques contra os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), por intermédio do estímulo das Fake News, nas redes sociais.
Algumas denúncias foram levadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a respeito da utilização de Fake News na eleição presidencial de 2018.
Por ultimo, um senador apresentou um projeto de lei para eliminar ou neutralizar as fontes de Fake News. Diante da reação popular, especialmente por causa do risco de impacto na liberdade de expressão, o parlamentar retirou o projeto da pauta.
Resta o andamento do famigerado inquérito em curso na Suprema Corte, com cogitações de descumprimento de normas constitucionais de toda ordem por quem deveria expressamente cuidar da manutenção dos preceitos da Carta Magna.
Talvez convenha lembrar que os analistas mais atentos tomaram conhecimento de um artigo publicado nos Estados Unidos por um especialista em campanha eleitoral por ocasião da eleição do presidente Clinton, em que é feita uma análise da campanha de Cícero para o cargo de Cônsul, na Roma antiga, em que o irmão do candidato escreve-lhe uma carta com aconselhamento, mostrando as várias abordagens para lograr êxito. De uma certa forma, aquilo que é praticado na atualidade foi parte do assessoramento a Cícero, inclusive a possibilidade da transmissão de informações sobre os adversários que não fossem necessariamente verdadeiras.
Enfim, é imperioso ressaltar que na atualidade, os boatos, as acusações contra os oponentes, sejam verdadeiras ou falsas, foram potencializadas pelos recursos providos pela Internet, pelas redes sociais e pela comunicação direta aos eleitores, em detrimento dos meios que a mídia tradicional possibilita.
Não é demais, indagar as origens das informações que chegam aos cidadãos, no período eleitoral em quaisquer outras circunstâncias. 

Ou seja, qual é a maior fonte de Fake News: 
(i) os políticos corruptos; 
(ii) os juízes que descumprem a Carta Magna; 
(iii) a imprensa que divulga inverdade; 
(iv) os cidadãos que se valem das redes sociais para, no anonimato, transmitir falsidades; ou 
(v) os cidadãos que elegem, leem, ouvem, creem e apoiam essas atividades contrárias à meta primacial de busca da paz e harmonia?
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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 4/Jun/2020]
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[Divulgado no Globo online de 4/Jun/2020]
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[Divulgado no Globo online de 4/Jun/2020]
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Manifestações públicas - II


A questão das manifestações voltaram à pauta da imprensa com o seminal e emblemático artigo do vice-presidente da República na segunda-feira no Estadão, bem como nas declarações do presidente Bolsonaro para a imprensa na terça-feira. Ambos condenaram de forma veemente as manifestações que causaram quebra quebra, agressões e outras atitudes condenáveis.

O editorial “A rua não tem dono”, do Estadão, é uma horripilante Fake News. O jornal envergonha quem tem vergonha. 
Os manifestantes verde-amarelo não fazem quebra-quebra, não agridem, não praticam a violência contra terceiros. O que se viu em São Paulo e em outras cidades brasileiras não deixa margem para dúvida. 
Não é o que o Presidente declara. É o que a televisão mostra.
A mídia convencional está indo para o brejo. Ela própria se desvaloriza, desmoraliza-se e naufraga. 
Seria risível, se não fosse trágico. Seria cômico se não fosse nefasto.
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[Comentário divulgado no Estadão online de 4/Jun/2020]
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quarta-feira, 3 de junho de 2020

Manifestações públicas – I


Nesses últimos dois meses, no contexto do isolamento resultante da pandemia do coronavírus, as manifestações públicas no Brasil se resumiam aos apoiadores do governo Federal. 
No último final de semana, a oposição se fez presente em algumas capitais. Em São Paulo, a oposição foi às ruas em número limitado, porém causou quebra-quebra de lojas, agressões aos agentes de segurança e também a outros cidadãos. Nesse sentido, pode-se estabelecer com objetividade as diferenças de atitudes.

As manifestações a favor do governo Federal podem ser facilmente identificadas: famílias com crianças, bandeiras do Brasil, calma e tranquilidade. 
As manifestações da oposição também: cópias de manifestações de outros países, mascarados, violentos, roupa preta, substituição da cor vermelha pela cor preta (covardia para dificultar a identificação da origem) e por último e essencial: apoio de integrantes da mídia descompromissados com o futuro das próximas gerações. Tão simples que se treinar um macaco ele entende e pratica corretamente.
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[Comentário divulgado no Estadão online de 3/Jun/2020]
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Calma e paciência


O ministro Celso de Mello divulgou texto em que tece severas críticas aos apoiadores do governo Bolsonaro, incluindo comparações entre a atual conjuntura brasileira e o período da ascensão do nazismo na Alemanha. 
A gravidade dessa atitude é potencializada pelo fato de que o magistrado tem em mãos processo atinente ao presidente da República, que de uma forma ou de outra se relaciona com os despautérios que esse decano da Suprema Corte produziu.
Claramente, o ministro recuou diante da possibilidade de aceitar pleito de partidos políticos de oposição que solicitaram a apreensão do celular do presidente da República para verificação de possível ilegalidade por ocasião da nomeação do superintendente da Polícia Federal. 
A decisão é apenas a confirmação da lamentável conjuntura confusa em que o País mergulhou nesses tempos de pandemia do Covid-19 e seus 30.000 mortos em três meses.

Ah quer dizer que juiz de "matéria em processo de decomposição" (apud Saulo Ramos) pode falar fora dos autos?

Pode dar decisão fora dos mandamentos da Carta Magna? Pode mandar recado embutido em mensagem pessoal sobre fatos históricos que admira? 
Pode servir de ilustração para o texto de Rui Barbosa quando o Águia de Haia discursou para a juventude? 
Pode enganar muitos durante muito tempo? 
Bom, mas a conquista da democracia impõe calma e paciência com a espera da descarga.
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[Comentários divulgados no Estadão de 3/Jun/2020]
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terça-feira, 2 de junho de 2020

Desinformação e insignificância [New York Times]


No artigo "O Vírus está Crescendo Mais nos Países com Líderes ‘Populistas não Liberais’ " (New York Times, 2/Jun/2020), o Sr. David Leonhardt faz comentários genéricos sobre chefes de Estado e coronavírus, inferindo virtudes e defeitos dos respectivos países e de seus líderes — inclusive atribuindo a elevação acelerada de mortes resultantes da pandemia, à ação de cada um dos mandatários dos Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e Brasil. 
Em face de suas crenças, talvez o Sr. Leonhardt devesse afirmar — provavelmente, houve um pequeno lapso em sua memória — que o regime político chinês seria muito melhor do que o sistema americano porque a quantidade de mortos por coronavírus nos Estados Unidos seria dezenas de vezes maior do que na China. Se ele produzisse essa preciosidade, ele acharia que estava falando sério.
Ademais, o Sr. Leonhardt mencionou os dados do Brasil, sem considerar que há o equivalente a pelo menos 6 países diferentes em seu interior e, em consequência, há uma enorme variação de mortos por milhão de habitantes pelo COVID-19 em cada região brasileira. 
Portanto, estabelecer padrões para o Brasil inteiro (e para qualquer outro país) sem levar em conta as diversidades locais e outras peculiaridades é uma ótima maneira de fazer proselitismo ideológico e também de errar, desinformar os leitores e condenar-se à insignificância.

Misinformation and insignificance

In the article “Where the virus is growing most: countries with 'illiberal populist' leaders” (New York Times, June 2nd, 2020),  Mr. D. Leonhardt makes general comments about pandemic, inferring countries and their leaders virtues and defects — including assigning an accelerated increase of the Covid death, to the action of each one of the leaders of the US, Russia, UK and Brazil.

Due to his beliefs, perhaps Mr. Leonhardt should declare — probably he forgot — that the Chinese political regime is better than the American system, because the amount of coronavirus deaths in the United States is very higher than in China. If he mentioned such preciousness, he would think he was serious.

In addition, Mr. Leonhardt mentioned the Brazilian data without considering there is the equivalent of at least 6 different countries in Brazil and as a consequence there is a huge variation of deaths per million inhabitants by COVID-19 in each Brazilian region. 

Therefore, establishing standards for Brazil (or any other country) without considering the local diversities and other peculiarities, it is a great way to proselytize ideologically and also to make mistakes, misinform readers and condemn himself to insignificance.
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[Mensagens divulgadas via Twitter em 2/Jun/2020]
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Reações ao IBOPE


O jornal Globo divulgou o resultado da pesquisa do IBOPE sobre dois projetos de lei em curso no Congresso sobre a regulamentação da divulgação de Fake News nas redes sociais.

O que é IBOPE? Consultou 1000 cidadãos e chegou à conclusão que 90% são a favor da lei do FAKE News? Há uma pesquisa do Parlamento, com mais de 60.000 cidadãos, dando conta que mais de 50% são contra a lei. O que é IBOPE? A essa indagação, todos respondem com muitos palavrões.
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[Mensagem divulgada no Globo online de 2/Jun/2020]
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Nota.
Em face da repercussão negativa dessa iniciativa, o autor do projeto teria retirado a proposta do projeto. A conferir.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Alcunha não virtuosa


No artigo “Auxiliares de Bolsonaro propõem pedir suspeição de Celso de Mello” (Estadão de 1º/Jun/2020), a jornalista Jussara Soares informa que apoiadores do presidente da República cogitam acionar a Suprema Corte contra o decano do STF pelo processo relativo à possível interferência do presidente da República na Polícia Federal. 
Obviamente, se tiverem juízo, esses cidadãos inferirão que é preferível que o ministro Mello permaneça com os processos, na condição de enfraquecimento depois que ele formulou a comparação entre o Brasil atual e a Alemanha, no período de ascensão do nazismo naquele país. 

Na citada matéria, a jornalista relatou que "Celso de Mello é considerado uma referência na Corte". 
Quem informou isso para ela? Será que foi o jurista Saulo Ramos?
Se não foi, há a conveniência de que ela leia o livro "O Código da Vida". 
Do contrário, a credibilidade da jornalista também pode ir para a descarga.

Para refrescar a memória, é oportuno relembrar que no livro “O Código da Vida”, o jurista Saulo Ramos relata que, em conversa telefônica, caracterizou o ministro Celso de Mello com a alcunha “juiz de matéria orgânica em estado de decomposição”. Estou utilizando um eufemismo para evitar a linguagem chula usada pelo Sr. Ramos. 
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[Comentário postado no Estadão online de 1º/Jun/2020]
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