segunda-feira, 30 de junho de 2025

Atributos do ministro da Educação - 1

De forma repetitiva, vou postar mensagem contendo a imperiosa necessidade do compromisso para atribuir prioridade máxima à educação, por parte dos cidadãos que estão pleiteando elevados cargos eletivos.

Claro, devo adotar esse procedimento em matérias que tratam de assuntos relativos a pleito eleitoral. O texto básico é apresentado a seguir. Pequenas mudanças podem ser necessárias, especialmente, quando há limite de caracteres para a postagem de comentário, como é o caso do jornal Estadão, em que inseri comentário consentâneo pela primeira vez.

 

Os candidatos à presidência da República devem assumir o compromisso de atribuir prioridade absoluta à Educação — em detrimento de todos as demais vertentes da arte de governança — e de nomear o ministro da Educação com os seguintes atributos:

– possuir doutorado em universidade de excelência;

– possuir livros publicados, preferencialmente sobre questões educacionais ou correlatas;

– ter experiência em gestão pública, comprovada por êxitos na solução de problemas complexos (exemplos: reitoria de universidade, titularidade em secretaria de Educação estadual et al);

– ter capacidade de diálogo e ser respeitado e acolhido no âmbito da comunidade acadêmica, do empresariado e do meio político;

– ignorar, descartar e ser imune a preferências político-ideológicas e a narrativas ideológicas de quaisquer naturezas;

– apresentar o planejamento de seu trabalho como titular do ministério da Educação, em que constem: 

(i) metas de curto, médio e longo prazos, alicerçadas em avaliação continuada de processos, de pessoas (funcionários, docentes e discentes); 

(ii) distribuição de recursos financeiros associado com metas específicas a serem atingidas por secretarias estaduais de educação, universidades, faculdades, escolas de ensino médio e escolas de ensino fundamental, se e conforme for o caso; 

(iii) estímulos ao sucesso e medidas de correção, aperfeiçoamento e melhoria, nas circunstâncias de insucesso e não atingimento das metas colimadas; e 

(iv) premiação de docentes que se destacarem no desempenho, fomento dos docentes que, mesmo sem destaque, atingirem as metas planejadas, e demissão ou transferência, para outras áreas da gestão, dos docentes que não atingirem as metas planejadas.

 

 


 

 

Mensagem para a família


A propósito do excelente vídeo sobre a Cidade Maravilhosa, enviei mensagem para Isabel e para nossas filhas, tendo anexo o citado vídeo.

 

Isabel e filhas, todas mui queridas!

Queiram curtir, com orgulho e alegria, a cidade onde vocês viram, pela primeira vez, a luz que traz brilho para a escuridão!

Onde sentiram o carinho que envolve os eventos de bem viver.

Onde viram a coragem que as empurram para a vanguarda!

Onde aprenderam a verdade que aprimora o bom senso, a razão e a lógica!

Onde encontraram a liberdade que as coloca no caminho da virtude!

Onde descobriram a ética que engrandece a faculdade de pensar!

Onde abraçaram o compromisso de pelejar pela construção de um mundo melhor para todos!

 








 

quinta-feira, 26 de junho de 2025

El mejor fútbol del mundo – [Marca e Mundo Deportivo]

El otro día hubo un debate entre los lectores de periódicos españoles sobre cuál es el mejor fútbol del mundo. Un lector mencionó que el fútbol sudamericano sería el mejor, lo que provocó que otros reaccionaran con dureza.

Entonces, aproveché que ya casi había terminado la fase eliminatoria del Mundial de Clubes en Estados Unidos — y casi comenzaban los octavos de final de la competición — para hacer una provocación a los amantes del fútbol.

 

Hasta la fecha, equipos de los siguientes países han avanzado a los octavos de final del Mundial de Clubes:

Brasil – 4 equipos; Alemanha – 2; França – 1; Itália – 1; Inglaterra – 1; Portugal – 1; Estados Unidos – 1; e México – 1. 

¿Esta proporción de 6 a 4 indica que el fútbol europeo es mejor que el fútbol brasileño? 

¡Los tontos así lo creen. Los que aman el fútbol no lo creen!

 

En cuanto al Mundial de selecciones, los equipos ganadores son: 

Brasil – 5 veces; Alemanha – 4; Itália – 4; França – 2; Espanha – 1; Inglaterra – 1. 

¿La proporción de 12 a 5 indica que el fútbol europeo es mejor que el fútbol brasileño? 

Los delirantes así lo creen. ¡Quien usa la razón para dar su opinión, no piensa! ¿En qué muestra del universo encajas?

 

 



 

Melhor futebol do mundo

Outro dia, houve um debate entre os leitores de jornais espanhóis sobre o tema "melhor futebol do mundo". Um leitor mencionou que o futebol sul-americano seria o melhor, levando outros a reagirem com contundência. 

Então, aproveitei-me do quase término da fase eliminatória do Mundial de Clubes, nos Estados Unidos — e quase início das oitavas de final da competição — para fazer uma provocação aos amantes do futebol.

  

Até hoje, passaram para as oitavas de final do Mundial de Clubes, equipes dos seguintes países: 

Brasil – 4 equipes; Alemanha – 2; França – 1; Itália – 1; Inglaterra – 1; Portugal – 1; Estados Unidos – 1; e México – 1. 

Essa proporção de 6 para 4 indica que o futebol europeu é melhor do que o futebol brasileiro? 

Os insensatos acham que sim. Os que amam o futebol acham que não!

 

No que se refere à Copa Mundial de seleções, as equipes vencedoras são: 

Brasil – 5 vezes; Alemanha – 4; Itália – 4; França – 2; Espanha – 1; Inglaterra – 1. 

A proporção de 12 para 5 indica que o futebol europeu é melhor do que o futebol brasileiro? 

Os delirantes acham que sim. Quem se vale da razão para opinar acha que não! Em qual amostra do universo você se insere?

 

 

The best football in the world

The other day, there was a debate among readers of Spanish newspapers about the best soccer in the world. One reader mentioned that South American football was the best, leading others to react strongly.

So, I took advantage of the fact that the knockout stages of the Club World Cup in the United States were almost over — and the round of 16 of the competition was almost starting — to make a provocation to soccer lovers.

 

Until today, the following soccer teams have advanced to the round of 16 of the Club World Cup: 

Brazil – 4 teams; Germany – 2; France – 1; Italy – 1; England – 1; Portugal – 1; United States – 1; and Mexico – 1. 

Does this ratio of 6 to 4 indicate that European soccer is better than Brazilian soccer? 

Fools think so. Those who love soccer think not!

 

As for the World Cup for national teams, the winning soccer teams are: 

Brazil – 5 times; Germany – 4; Italy – 4; France – 2; Spain – 1; England – 1. 

Does the ratio of 12 to 5 indicate that European soccer is better than Brazilian soccer? 

The delusional think so. Those who use reason to give their opinion think not! Which sample of the universe do you fit into?

 

 

domingo, 22 de junho de 2025

Doença político-ideológica

A faculdade de pensar não é privilégio de todos os humanos. Malsinados entes há que apoiam e se alegram pela desastrosa decisão judicial de condenar a patriota que pichou a escultura símbolo da Justiça com a frase “Perdeu mané!”, de autoria de um ministro da suprema súcia, com pena superior a quem comete crime de assassinato.


Uma apoiadora dessa catástrofe do sistema judiciário postou comentário na plataforma X, expressando sua visão de mundo. Repliquei com veemência.

 

Existem mulheres com a capacidade alicerçada na doença político-ideológica que capacita seres humanos a apoiar e defender a sabedoria dos ‘astraloPTecus corruPTus’. Elas são da espécie antecedente: os ‘astraloPTecus estrumerius’. Vamos lá! Responda, identifique-se, ‘autoincrimine-se!’

 



 

 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Dez melhores universidades do Brasil

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador, garimpeiro, comerciante, tabelião e juiz de paz.
In Memoriam.

O site especializado em educação denominado  Quacquerelli  Symong divulgou o ranking internacional QS World 2026, que aponta a classificação das universidades no mundo.

São avaliadas 1.501 universidades de todo o mundo, considerando-se indicadores como reputação acadêmica, proporção de estudantes internacionais e resultados de emprego.

As tabelas apresentadas a seguir mostram as dez melhores universidades do mundo, as dez melhores da América Latina e as dez melhores do Brasil.





Para a melhoria das universidades brasileiras nos rankings internacionais, é relevante que os gestores de todos os níveis acadêmicos tenham os seguintes atributos e (ou) requisitos:

Consciência, Coragem, Conhecimento, Experiência, inexcedível Vontade e excelência em Gestão (C3EVG).

Vale dizer, é preciso trabalhar de forma infatigável com inexcedível qualificação e vontade. Não tem segredo nem mistério nem dúvida. apenas simplicidade, ousadia e presciência.

 

O que não pode é o exercício da militância político-ideológica, com a defesa e o apoio aos 'australoPTecus corruPTus' — sejam 'naziPTecus', 'fasciPTecus', 'comunoPTecus' ou subespécies semelhantes — o que normalmente ocorre por parte dos 'australoPTecus estrumerius'.

Sem ofensa, mas apenas caracterização da indigente conjuntura que atravessamos. Respondam, pois, identifiquem-se, 'autoincriminem-se'.

 

 


 



 

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Virtude em ambiente de esgoto

Uma senhora com um enorme sorriso, com aparente bom gosto, independentemente da origem e da qualidade das joias ou bijuterias que utiliza, e com um decote que a caracteriza “acima de qualquer suspeita”, divulgou na plataforma X que é de esquerda, quarentona, cientista política e que seu presidente é o ex-presidiário.

 

No Brasil, 100 milhões de pessoas (sendo 50 milhões de mulheres) não dispõem de esgoto sanitário. Qual dentre as duas doenças é pior, essa calamidade ou a tragédia de mulheres cientistas que gostam, apoiam e defendem a gestão de estado de anomia?

 

 


 

sábado, 14 de junho de 2025

Vivência no Irã — lamento e felicidade

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador, garimpeiro, comerciante, tabelião e juiz de paz.
In Memoriam.

A propósito do conflito entre Israel e Irã, neste início de 2025, é imperioso relatar que, na véspera do novo milênio, fui para o Irã e lá permaneci, durante 1999 e 2000, na condição de Adido de Defesa, Naval, do Exército e da Aeronáutica, junto à Embaixada do Brasil em Teerã. Foi um período extraordinário de minha vida pessoal e profissional. Afinal, viver no Oriente Médio — no local que sediou a antiga Pérsia, onde o dinamismo histórico se faz presente, até hoje, e impacta enormemente o ser humano — deixa lembranças que jamais se apagam.


Antes da partida para o Irã, os antigos adidos militares em Teerã, a quem visitei para obter informações sobre a missão, orientaram que, em face das características do Irã — regime fechado, autoritarismo religioso e policialesco e, também, autoritarismo no campo dos costumes e procedimentos que impactam a vida cotidiana — era conveniente aproveitar os feriados e finais de semana prolongados, bem como as férias, para viajar, sair do país, objetivando uma espécie de arejamento mental. 

No lado profissional, a aventura iraniana foi uma experiência magnífica. A embaixada é um ambiente completamente diferente da caserna. Felizmente, desde os primeiros dias, fui muito bem acolhido pelo embaixador Cláudio Luiz dos Santos Rocha e sua exemplar esposa Maria Helena.

Embora, não houvesse uma relação de subordinação, entre o adido e o embaixador, eu lhe conferia o tratamento de comandante e, em face da elegância e gentileza com que ele sempre me tratou, diariamente, após chegar ao escritório, denominado Aditância, eu me dirigia a seu gabinete para cumprimentá-lo. Essa atitude gerou uma espécie de reunião matinal, em que dialogávamos sobre assuntos amenos do cotidiano e assuntos institucionais de interesse mútuo. 

Nesse contexto, o Cláudio Luiz demonstrava interesse pelas questões militares, resultantes de meus contatos, reuniões e jantares, muito frequentes, no âmbito da comunidade de Adidos militares. Esses eventos permitiam a obtenção de dados e a superação das dificuldades de diálogo com o setor militar iraniano — algo típico de um regime ditatorial religioso — que impedia as visitas habituais às organizações militares locais, como ocorre no Brasil e na maioria dos países democráticos; nesse sentido, o contato com as instituições militares iranianas se restringia às reuniões pouco frequentes com um militar do ministério da Defesa, em um escritório chamado “protocolo”. 

De outro turno, agindo com consideração profissional rigorosa, o Cláudio Luiz transmitia sua rica vivência e incomum capacidade de observação e interpretação das realidades locais, regionais e até mesmo mundiais. Ele se valia desses contatos para, com sabedoria, transmitir aconselhamento e orientação.

Tratar da figura do embaixador Cláudio Luiz e do ser humano calmo, modesto, culto — enfatizo: de uma vasta cultura geral e específica — é algo motivador e consentâneo com senso de justiça. Ele nos deixou recentemente, mas sua imagem fica preservada para referência virtuosa de comportamento humano.

Ademais, aproveitei ao máximo as possibilidades de estar presente nos locais que, habitualmente, só existem nos livros. 

Assim, na companhia de Adidos Militares de vários países, estive em Susa, cidade histórica, hoje situada na região sudoeste do Irã, a leste do atual Iraque; e que fez parte dos impérios babilônio, persa e parsa. Susa foi fundada por volta de 4000 a. C. A cidade abrigou, sucessivamente, os sumérios, acádios, elamitas, babilônicos, persas, entre outros povos antigos. Fazem parte de sua evolução personagens como Nabucodonosor, Xerxes, Ciro II e Alexandre — sendo que os dois últimos a invadiram e conquistaram no devido tempo.

De Susa, a comitiva foi levada para as margens do rio Tigre, próximo de seu encontro com o rio Eufrates, ao norte do Golfo Pérsico. Então, olhei com os olhos a Mesopotâmia, tão cara aos apreciadores de história antiga.

Em outra oportunidade, segui para a região que abriga as cidades de Tabriz, Ardebili e Orumieh — sendo Tabriz a mais importante cidade do noroeste do país — e chegando até as proximidades da fronteira com o Iraque. Em seguida, segui para a fronteira tríplice com o Azerbaijão e Armênia, bem próxima da região objeto de disputa entre esses dois países. Enfim, dessa forma, estive no sudoeste, oeste e noroeste do Irã. Deixei de comparecer a localidades da região leste, na fronteira com o Turcomenistão, Afeganistão e Paquistão, porque essa região é a mais conflagrada do país e que, por essa razão apresenta riscos enormes — foram divulgadas notícias de sequestro de visitantes para serem usados pelos opositores ao regime, em interação com o governo do país, como meio de troca para a libertação de prisioneiros.

Merecem ser citadas também as visitas, em ocasiões distintas, às cidades de Qom, principal centro religioso islâmico xiita; às localidades de Kashan, Abianeh, Nathanz, Yazd e Ardestan, com ruínas históricas e religiosas, sendo Nathanz relevante centro de pesquisa & desenvolvimento nuclear; Isfahan e Xiraz, ambas com relevância militar e, também, centros de pesquisa & desenvolvimento nuclear; Bushehr, sede de organização militar no litoral do Golfo Pérsico; Kermansharh, sede de quartel-general do Corpo de Exército do Sul; Persépolis, com ruínas de fantástica antiga capital, alicerçada em notável arquitetura e que fora destruída por Alexandre; e a planície de Pasárgada, com o singular e distinto túmulo de Ciro e o pleito deste imperador para que ninguém o destruísse, expresso na frase: 

“Oh homem! Seja você quem for, venha de onde vier! Pois sei que virá. Eu sou Ciro, que fundou o império dos persas. Não tenha rancor de mim por causa deste pequeno abrigo que protege meu corpo.” (Ciro, 520 a. C.)

Convém ainda mencionar as idas a cada mês ou a cada dois meses, a Dubai — a mais importante dentre as capitais dos 7 Emirados que compõem o país chamado Emirados Árabes Unidos — para receber os recursos financeiros destinados à Aditância, bem como meu próprio vencimento. Como alguns anos antes, o governo iraniano congelou os ativos bancários de todos os clientes em Teerã, os diplomatas e adidos militares ficaram mais de seis meses sem poder movimentar a conta corrente. Então, eles passaram a receber os recursos financeiros através de banco em cidade europeia ou em Dubai. Dessa forma, todos os recursos a mim destinados eram depositados pelo Exército na conta do Banco do Brasil de Nova Iorque e depois transferidos para a conta de um banco árabe em Dubai.

 

Risco e surpresa

De resto, é oportuno mencionar a estadia de quase uma semana no Círculo Militar do Exército Iraniano, na praia Challous, no Mar Cáspio. Ressalto que esse evento foi oferta do “protocolo” militar iraniano aos adidos militares acreditados no país. Estes deveriam permanecer no interior da ampla dependência social-esportiva do Círculo Militar. 

No terceiro dia, contrariando as recomendações, resolvi fazer uma corrida externa; o auxiliar do adido chinês, um tenente de 26 anos, resolveu me acompanhar. Então, fizemos um percurso de cerca de 28 km, ida e volta. Meu objetivo era conhecer uma dependência prisional que ficava nas imediações — algo proibitivo naquela circunstância. Por óbvio, corri risco de até mesmo ser expulso do país; felizmente, nada foi observado pelos anfitriões. 

O oficial chinês ficou surpreso e alquebrado. Ele não imaginava que a trajetória seria longa e que eu vinha de três maratonas realizadas no Brasil. Em consequência, antes da metade do percurso, ele não suportou a batida, passou a caminhar e ficou para trás. Passados dois dias, o adido chinês me interpelou para saber o que havia ocorrido, dado que seu auxiliar estava prostrado na cama. 

 

No atinente ao lado pessoal, inicialmente, morar no Irã solteiro — e viver sob uma ditadura islâmica, onde as mulheres só podem mostrar a face e as mãos em público, afora outras restrições — era um grande problema. Curiosamente, no primeiro semestre de 1999, conheci a brasileira Isabel, filha do embaixador Cláudio Luiz e de Maria Helena. Nossa presença frequente em eventos nas embaixadas do Brasil e de países amigos, contribuiu para nossa aproximação. Então, passamos a namorar; viajamos para Dubai e cidades europeias; e retornamos juntos para o Brasil. Nós nos casamos e, em 2003, tivemos as queridas filhas Alessandra, Laura e Cecília. Hoje, passados mais de 20 anos, nossas herdeiras chegaram ao final da adolescência e ingressaram na Universidade — Alessandra e Cecília, na UnB; e Laura, no CEUB.

Essa ambientação com o tempo enriquecedor passado no Irã — aí incluídas viagens para o exterior — resulta do fato de que, a despeito de ser uma ditadura islâmica repressora em todos os sentidos, o país tem história e cultura memoráveis e, portanto, deixou marcas inesquecíveis nas lembranças, no conhecimento e na experiência. Então, o gostar do país, do povo e da cultura é um sentimento que ainda hoje permanece em meu pensamento. 

Ora, assistir aos ataques militares entre Israel e o Irã é muito impactante — eu enfatizaria: chega a ser arrasador. Muito poderia ser dito a respeito das causas distantes e próximas desse terrível conflito, porém vale mencionar algumas questões essenciais. Após a vitória da Revolução Islâmica, em 1979, com a ascensão do aiatolá Ruhollah Khomeini à condição de Supremo Líder e depois da morte, sua substituição pelo aiatolá Ali Khamenei, que até hoje exerce a condição de ditador supremo, há alguns objetivos fundamentais do Irã: 

- a permanência da ditadura religiosa; 

- a tentativa de prevalência do Irã como potência regional;

- a disposição manifesta de destruir Israel; e 

- a aceleração das medidas para concretizar a produção de bombas atômicas, um objetivo nacional permanente do Irã.

Pois bem, o Irã fomentou os chamados proxies, minorias terroristas que se posicionavam a favor do objetivo do Irã de destruir Israel. São elas: os palestinos radicais, na Cisjordânia; o Hezbollah, no Líbano; os fundamentalistas, na Síria; o Hamas, na faixa de Gaza; e os Houthis, no Iêmen. Com o ataque do Hamas ao território de Israel, em 7 de outubro de 2023, causando a morte de mais de 1000 jovens israelenses e a prisão de cerca de 200 reféns, Israel desencadeou um processo de tentativa de destruição do Hamas, causando a morte de mais de 40.000 dentre seus integrantes. Em seguida, Israel atacou os terroristas do Hezbollah. Depois, contribuiu para a queda do regime de Bashar al-Assad, na Síria, o qual era bancado pelo Irã. Até agora, está exercendo um duro combate contra os Houthis. Por conta dessa sucessão de eventos, em 2024, o Irã atacou Israel com mísseis e drones; Israel respondeu de forma parcial, bombardeando as defesas aéreas e as bases de lançamento de mísseis do Irã. Essas ações podem ser consideradas escaramuças de pequena monta.

Na passagem para essa nova conjuntura, além de perder bilhões de recursos empregados no financiamento de seus proxies, o Irã se tornou muito enfraquecido; daí, resultando a provável necessidade de acelerar a produção de um artefato atômico. Ao ser eleito, o presidente Donald Trump tentou um acordo no sentido de impedir o progresso iraniano na obtenção da bomba atômica. As reuniões programadas não chegaram a bom termo. Por essa razão, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu — que é mandatário que mais tempo ficou na condição de primeiro-ministro de Israel; e tem o objetivo inarredável de permanecer ainda mais tempo no poder, bem como de inscrever seu nome na história — tomou a decisão de realizar ataques aéreos ao Irã. Nesse primeiro dia de conflito, foram contabilizadas as seguintes consequências para o Irã: 

- bombardeio, pela aviação israelense, de dezenas de organizações militares e de pesquisa & desenvolvimento nuclear;

- bombardeio das seguintes cidades iranianas: Teerã, Tabriz, Isfahan, Hamedan, Ahvaz, Khorramabad, Kermanshah e Qasr-e Shirin;

- morte de 6 cientistas nucleares: Abdolhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Seyed Amirhossein Feqhi, Motlabizadeh Mohammad, Mehdi Tehranchi e Fereydoun Abbasi; e

- morte, dentre outros, de 4 comandantes militares de alto escalão: major-general Mohammad Bagheri (Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, maior autoridade militar do país), major-general Hossein Salami (Comandante do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica), major-general Gholamali Rashid (Comandante do Quartel-General Khatam al-Anbiya) e almirante Ali Shamkhani, principal assessor do Supremo Líder, Ali Khamenei.

Enfim, o conflito tende a se agravar nos dias subsequentes. Quaisquer que sejam os resultados, a crise é mundial, afetando, por exemplo, a economia do petróleo que, no primeiro dia, subiu mais de 5% no mercado internacional.

O que importa nesses despretensiosos garranchos? Eu os escrevo para deixá-los como testemunho para familiares e amigos. Mais do que tudo, quero asseverar meu inexcedível lamento, minha grande tristeza, pelo terrível conflito enfrentado pela região que está inserta em minha modesta evolução pessoal e profissional ou — quem sabe, com um certo atrevimento e (ou) egoísmo — em minha incomum história de vida, que, a despeito das falhas e vícios resultantes da condição humana, engloba o nascimento na roça; a saída da casa dos pais aos sete anos de idade; o estudo apenas em escolas públicas; a graduação na admirável Academia Militar das Agulhas Negras, a graduação e mestrado na melhor escola de Engenharia do País; e a oportunidade de ter vivido, durante dois anos esplendorosos, no país resultante da antiga Pérsia, que acolheu, como conquistador, Alexandre, o Grande, o mais ousado comandante e líder humano.

Importa sobretudo, estar vivenciando o privilégio de ter, com Isabel — que conheci quando tive a ventura de morar no Irã — conquistado a concepção de três criaturas adoráveis: Alessandra, Cecília e Laura. Para elas, registro a passagem pelas sendas iranianas e conexas, para que fique evidenciado o lamento pelos traumas humanos resultantes do atual conflito entre Israel e Irã, que se correlacionam com a felicidade resultante de suas existências.

Anexo 1 apresenta uma descrição sucinta das viagens para o exterior que realizei durante o período passado naquele país.

O Anexo 2 apresenta a terrível evolução do conflito entre Israel e Irã, que foi a motivação para o registro destas memórias, formuladas no dia seguinte ao ataque de Israel ao Irã, enriquecedoras da modesta trajetória de quem veio ao mundo na fímbria do pantanal sul-mato-grossense.

 

 

Anexo 1 – Viagens para o exterior

Durante a missão no Irã, aproveitei os feriados e finais de semana prolongados, bem como os períodos parcelados de férias, para viajar a outros países, com a meta de ampliar as vivências históricas, geográficas e culturais, bem como para aliviar as tensões experimentadas no ambiente ditatorial iraniano.

A seguir são apresentados relatos sucintos das viagens que realizei no período de março de 1999 a março de 2001.

Ressalto que na viagem à França e Holanda, iniciada em 27/Dez/1999 e nas demais, ora relatadas, segui acompanhado de minha namorada Isabel, com quem me casei ao voltar para o Brasil.

Emirados Árabes Unidos (16 a 21/Mar/1999)

No primeiro mês da missão em Teerã, tomei conhecimento de que em Abu Dhabi, capital de um dos 7 Emirados que compõem o país chamado Emirados Árabes Unidos, haveria a exposição e conferência de material militar chamada IDEX/99(International Defence Exhibition and Conference/1999)

Devidamente autorizado pelo Estado-Maior do Exército, fiz a inscrição e compareci ao evento. De fato, valeu a pena! Não se tratava apenas da maior exposição de material militar do Oriente Médio, ocorrida a cada dois anos, como também uma das maiores do mundo; o que é natural, dado que essa região é a mais conflagrada do planeta e com um padrão econômico elevadíssimo, graças às receitas oriundas do petróleo. 

No início da prestigiosa missão no Irã, consegui enviar para o Estado-Maior do Exército um robusto relatório relativo aos mais recentes armamentos, a maioria resultante de tecnologia de ponta e, portanto, inéditos para grande parcela de forças armadas do mundo.

Suíça e Áustria (23 a 30/Jul/1999)

No meio do ano, a temperatura em Dubai não raro ultrapassa o patamar de 50º C. Então, fiz o que meus antecessores fizeram no passado: em julho, fui apanhar recursos financeiros na Suíça. O embaixador Cláudio Luiz me solicitou que eu aproveitasse e recebesse o dinheiro da embaixada, pois, dessa maneira, ele economizaria a viagem de um diplomata. Não foi exatamente uma boa solução. 

A volta, planejei-a para sair de Zurich, passar em Genebra excursionar em Lausanne, Vevey e Montreux e receber os recursos financeiros; ir para Viena, excursionar ao longo do rio Danúbio, até Melk, cidade da Baixa Áustria, à margem do rio, famosa por sua abadia beneditina de 1089; e, finalmente, retornar para Teerã.

Depois de passar por Zurich, cheguei em Genebra ao anoitecer. Fui para o modesto hotel que tinha previamente reservado. A recepcionista era uma portuguesa jovem e bem-falante; perguntei-lhe se tinha algum bom programa cultural que ela pudesse indicar; ela respondeu que no Grand Théatre de Genève, estava sendo apresentada a ópera Norma de Bellini. Pedi-lhe que solicitasse um táxi para me levar ao teatro e ela afirmou que era necessário adquirir, com antecedência o ingresso. Insisti que ela chamasse o táxi. 

No hall do teatro, entrei na fila extensa para a compra de ingresso. À minha retaguarda, entraram um rapaz e duas moças israelenses que chegaram na cidade no dia anterior, e com os quais entabulei conversa. Passados quase 10 minutos, a fila não andou, pedi que guardassem meu lugar e fui à bilheteria; estava fechada e não tinha mais ingressos à venda. Voltei e alertei os jovens e vizinhos de que estávamos na fila dos turistas desavisados, isto é, na “fila dos bobos”. 

Eu e os jovens fomos saindo devagar, paramos no portal de entrada do teatro e ficamos conversando. Então, em dado momento, chegou uma senhora dizendo que suas sobrinhas não poderiam assistir ao programa e, por isso, ela estava vendendo 4 ingressos. Não vacilamos, compramo-los e, dessa forma, conseguimos assistir à fantástica obra-prima de Bellini. 

Norma é uma ópera trágica em dois atos, de Vincenzo Bellini, com libreto de Felice Romani, cuja estreia ocorreu no Teatro alla Scala, de Milão, no dia 26 de dezembro de 1831. Essa ópera é considerada o ponto alto da tradição do bel canto. O papel principal (Norma) é geralmente avaliado como um dos mais difíceis do repertório de soprano. O papel foi criado para Giuditta Pasta, que também encarnou, pela primeira vez, o personagem Amina na ópera La sonnambula. Durante o século XX, somente um pequeno número de cantoras foi capaz de desempenhar o papel de Norma com sucesso: Rosa Ponselle, no início da década dos anos 1920, depois Joan Sutherland, a partir da década de 1960, e, mais recentemente, Montserrat Caballé. Maria Callas é considerada a intérprete suprema do papel-título de Norma. Ela representou-o inúmeras vezes e gravou-o, em estúdio.

 

 

Legado político e diplomático

Dentre os jovens israelenses, as duas moças eram irmãs e o rapaz namorava uma delas. Tive uma longa conversa com a irmã acompanhante. Ela era mestranda em história e declarou que estava fazendo a dissertação requerida sobre o tema da formação do estado de Israel. Ao tomar conhecimento de que eu era brasileiro, ela mencionou o trabalho meritório do brasileiro Oswaldo Aranha na presidência da Assembleia da ONU que criou seu pais.

Asseverei-lhe que, no Brasil, os políticos e os diplomatas — e, especialmente, Oswaldo Aranha — herdaram o legado de dois dentre os estadistas presentes em nossa história, os quais são responsáveis pela grandeza territorial de nosso valioso pais.

O primeiro, o Duque de Caxias, por ter, como comandante militar, enfrentado alguns movimentos revoltosos no Brasil, por tê-los vencido com enorme qualificação militar e, mercê de sua condição de soldado e estadista sintese de nossa nacionalidade, ter oferecido a paz com dignidade para todos.

O outro, o Barão do Rio Branco, por ter utilizado suas virtudes de negociador em excelsas ações diplomáticas para consolidar trechos de fronteira com vários países vizinhos, tendo evitado conflitos que, não raro, ocorre em circunstâncias similares.

 

 

Na viagem aérea de Genebra a Viena, segui ao lado de uma moça bonita de cerca de 30 anos. Pensei em dialogar com ela, mas a timidez falou mais alto. Ela tomou a iniciativa, pois queria superar o medo de avião. Então, conversamos durante quase toda a viagem. Chamava-se Edna Meyer; era professora, mãe e cantora lírica. Estava se dirigindo para Baden, situada cerca de 30 km ao sul de Viena, onde participaria da apresentação da 9ª. sinfonia de Beethoven, no auditório do Casino Baden-Baden. Ela sugeriu que eu fosse. 

Ao chegar ao hotel, em Viena, indaguei sobre o evento de Baden e recebi a informação de que era preciso obter ingresso no próprio local do concerto. Não quis arriscar e preferi um concerto no Palácio de Schönbrunn, com músicas de Strauss e Mozart, cujo ingresso era vendido no próprio hotel. No auditório do Palácio, sentei-me ao lado de uma iugoslava de uns 40 anos. Conversamos antes e após o concerto. Era violonista amadora, mãe e estava em Viena em face de exigência de seu trabalho. 

É curioso revelar que os encontros, nessa viagem, com duas mães contribuíram para ampliar minhas percepções das complexidades do universo feminino, diante dos dilemas da condição de mãe e do exercício profissional. 

Ampliando a reflexão para a conjuntura atual, a faculdade de pensar é estimulada por uma questão crucial: se a fertilidade mundial da mulher se tornar inferior a 2,1 filhos, ocorre um decréscimo progressivo da população, de tal sorte que em menos de 5000 anos, a humanidade se extingue. Daí resultam problemas existenciais, filosóficos e antropológicos! Como será o mundo sem seres humanos? Como será o mundo sem seres pensantes capazes de enxergá-lo?Existirá mundo?

Fazer o percurso englobado por Genebra, Viena e Teerã, praticando turismo, submetendo-me aos trâmites burocráticos ao longo das trajetórias terrestres e aéreas, com uma pasta na mão, contendo cerca de 260.000 dólares, não foi uma decisão razoável. Por óbvio, na atualidade, seria impossível. 

Cheguei em Teerã de madrugada e o motorista da embaixada confundiu o horário e não foi me apanhar. Não quis telefonar para o embaixador e incomodá-lo; a solução foi pegar um táxi. Aí, ocorreu o inesperado: o taxista começou a circular em Teerã, fora do roteiro habitual; e, mercê da dificuldade de comunicação (ele não falava inglês, só farsi, o idioma oficial do Irã — também, praticado no Afeganistão — que eu tinha desistido de aprender), comecei a imaginar que seria assaltado. Com uma hora de circulação à deriva, consegui que ele parasse perto de transeuntes e aí houve a descoberta: o caboclo era refugiado afegão e não conhecia Teerã. Já quase amanhecendo o dia, os notívagos conseguiram transmitir para o afegão como chegar ao endereço de minha residência, que ficava perto da embaixada do Brasil.

Itália (17 a 26/Out/1999)

O Chefe do Estado-Maior do Exército, general de Exército Hermes, aproveitou sua missão em Roma para agendar uma reunião de coordenação de adidos militares brasileiros na Europa, Ásia e África. Dessa forma, foram convocados os adidos de Teerã, Cairo, Varsóvia, Moscou, Pequim, Roma e Londres (o adido de Paris, coronel Lúcio, estava previsto, mas foi impedido de fazer parte do evento, porque teve que apoiar o Ministro do Exército, general Zenildo, que enfrentou um sério problema de saúde no avião, ao aterrissar em Paris). 

Então, compareci e participei, na embaixada do Brasil em Roma, ao lado dos demais companheiros, de excelente programação, que abrangeu contatos com o embaixador Flecha de Lima e outros diplomatas, reuniões com o general Hermes e palestras de todos os adidos. A embaixada fica no Palácio Pamphilj, na histórica Piazza Navona. Esse Palácio foi reformado pela esposa do embaixador, senhora Lúcia Flecha de Lima, de tal sorte que uma maravilha arquitetônica antiga foi renovada, com ênfase para a extraordinária decoração, que inclui obras-primas de artistas famosos. 

O adido do Exército em Roma ofereceu uma magnífica recepção em sua residência. Compareceram, além do general Hermes e todos os adidos participantes do evento, quatro embaixadores acreditados em Roma, incluindo o embaixador Flecha de Lima e o embaixador Júlio Cesar. 

Essa passagem pela capital italiana foi enriquecida por outros eventos singulares, tais como a visita às ruínas históricas de Roma, com destaque para o Coliseu, Fórum Romano e Largo da Torre Argentina (associado com o assassinato do imperador Júlio César, por Brutus); a presença numa opereta no Teatro Flaiano; o comparecimento a uma casa noturna, para verificar como a juventude se divertia; e uma corrida no Orto Botanico di Roma

 

 

A virtude da criatividade

No evento na casa noturna, eu tinha a expectativa de me comunicar com alguma moça italiana, porém as tentativas foram rechaçadas. Conheci uma mexicana, que se declarou artista plástica e, ao saber que eu era brasileiro, afirmou que apreciava a cultura e a história do Brasil. Mencionou obras de Di Cavalcanti e de Djanira, e fez comentário crítico sobre o regime militar brasileiro, sob a alegação de que muitos cidadãos foram assassinados. Concordei com sua assertiva, mas acrescentei fatos que ela desconhecia.

Na Amazônia, os brasileiros integrantes de um foco de guerrilha contrário ao regime militar de 1964 prenderam e esquartejaram um adolescente por ter ajudado os militares que eles combatiam

{Esses militares prenderam 2 guerrilheiros e os obrigaram, com violência, a revelar onde estavam os autores do assassinato. Dessa forma, os militares conseguiram chegar a uma reunião e, no embate resultante, cerca de 20 guerrilheiros morreram. Dentre eles, encontravam-se os responsáveis pelo assassinato do adolescente. [Nota – Esta narrativa sobre a retaliação contra o assassinato hediondo do adolescente eu a inventei para me contrapor à narrativa nefasta daqueles que apoiam e defendem os socialistas responsáveis pelo assassinato de cerca de 100 milhões de pessoas no mundo]}.

 Adicionalmente, fontes oficiosas deram conta de que quase 100 guerrilheiros foram mortos pelos militares na Amazônia.

Prossegui, declarando à cidadã mexicana que o embaixador Ramiro, então titular da representação diplomática da Colômbia no Irã, um intelectual também apreciador de história do Brasil, asseverou-me que, se os militares colombianos tivessem destruído, naquele país, o foco inicial de guerrilha de cerca de duas centenas de militantes, da mesma forma como os militares fizeram no Brasil, a Colômbia teria impedido o prosseguimento do movimento de sedição e teria evitado a catástrofe de mais de 50.000 colombianos mortos pelas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Enfim, asseverei a ela que, por intermédio das artes plásticas, ela tinha a virtude de recriar o mundo, independentemente da verdade ou da falsidade — o que não é possível em relação a fatos históricos.

 

 

Ademais, fui recepcionado pelo Izaías dos Anjos Souza, aquidauanense, com quem, na adolescência, segui de Campo Grande para Barbacena, após termos sido aprovados no concurso para a Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica (EPCAr). O Izaías prosseguiu na Força Aérea, chegou ao posto de coronel aviador e estava exercendo a função de adido da Aeronáutica, junto à embaixada do Brasil em Roma. Ele me convidou para jantar em um restaurante contíguo à Piazza Navona, no lado oposto ao Palácio Pamphilj. Ao perceber que éramos brasileiros, o gerente determinou que fosse colocada música de fundo brasileira, dirigiu-se à nossa mesa e nos relatou que, quando estavam em Roma, o Vinicius de Moraes e o Toquinho costumavam comparecer ao restaurante. 

Complementando essa vivência relevante, dei uma passada em Florença, considerada o berço do Renascimento italiano. Florença é célebre por ser a cidade natal de Dante Alighieri, autor da Divina Comédia; por ser cenário de obras de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Sandro Boticelli, Rafael e Donatelo; e por abrigar belíssimas catedrais e a Grande Sinagoga de Florença, chamada Tempio Maggiore (Templo Principal).

França e Holanda (27/Dez/1999 a 6/Jan/2000)

Réveillon do Milênio foi parte de narrativa divulgada pelos meios de comunicação do mundo inteiro. Por isso, eu e Isabel planejamos o ingresso no novo milênio, em Paris. 

Seguimos para a capital francesa em 27 de dezembro. Rever a bela metrópole e sua história e arte ao vivo e em cores é inexcedível, especialmente em uma data tão especial. Usufruímos todas as possibilidades culturais, no curto tempo disponível. 

Em 29 de dezembro, fomos convidados pelo coronel Lúcio, adido do Exército em Paris, e esposa, para jantar no restaurante L’Alsace, na companhia de outro casal, o novo adido de Defesa no Cairo e esposa, que estavam se dirigindo para a capital egípcia. À guisa de atualização, relembro que o Lúcio foi comandante do Batalhão da Guarda Presidencial quando exerci a Chefia a Comissão Regional de Obras da 11ª. Região Militar, em Brasília. Posteriormente, após completar o tempo na caserna, no posto de general de Exército, o Lúcio foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar. 

Em face do pedido de Isabel, passamos de 2 a 6 de janeiro em Amsterdã, Holanda. Conquanto seja uma cidade média, com cerca de um milhão de habitantes, como grande parte das cidades europeias, Amsterdã se notabiliza pela história, cultura e arquitetura — dentre seus antigos residentes podem ser citados: Anne Frank, os artistas Rembrandt e Vincent van Gogh, e o filósofo Spinoza; ademais, a cidade abriga os seguintes museus: o Museu Rijks, o Museu van Gogh, o Museu Stedelijk, o Hermitage Amsterdã, a Casa Anne Frank e o Museu de Amsterdã.

Grécia e Turquia (17 a 28/Mar/2000) 

Em 17 de março, eu e Isabel fomos para a Grécia e depois para a Turquia. Em Atenas, na Grécia, visitamos as ruínas da Acrópole, e nos familiarizamos com o Partenon e outras maravilhas da antiguidade. Depois, fizemos questão de passar pela planície de Maratona, um imperativo resultante de eu ter corrido 3 maratonas no Brasil. 

Continuando em direção ao oeste grego, seguimos para o templo de Apolo, no santuário de Delfos, onde, na antiguidade, as pitonisas homônimas, sacerdotisas daquele templo, se notabilizaram por suas profecias — e, nesse caso, eu recordei que o tema de minha monografia no CPEAEx, o curso de política e estratégia, realizado na ECEME, em 1998, foi prospectiva, com estudos preliminares que fizeram referência à previsão do futuro, realizada pelas citadas pitonisas. 

Em 24 de março, fomos para Istambul, na Turquia. Ficamos no hotel Citadel, com vista para o estreito de Bósforo, que liga o mar Negro ao mar de Mármara e separa a Europa da Ásia. Os principais eventos na cidade turca foram as visitas às grandiosas Catedral de Santa Sofia e Mesquita Azul. 

A Catedral de Santa Sofia foi construída a partir de 537, pelo Império Bizantino, para ser a Catedral de Constantinopla, da religião ortodoxa; em 1453, ela foi transformada em mesquita, quando Maomé procedeu o cerco de Constantinopla, com o objetivo de convertê-la ao islamismo; em 1931, deixou de ser islâmica e foi secularizada; de 1935 a 2020, serviu como museu; e, de 2020 até o presente, voltou a funcionar como mesquita. 

A Mesquita Azul foi construída a partir de 1609, em um estilo clássico otomano; é considerada “um triunfo em harmonia, proporção e elegância”; e o arrojo de seu magnífico exterior é condizente com seu suntuoso interior.

Inglaterra e Alemanha (21 a 27/Jul/2000)

Em 21 de julho, fomos para Londres e depois para Berlim. Além dos eventos turísticos habituais que a capital inglesa possibilita, essa visita permitiu que Isabel reencontrasse duas amigas britânicas dos tempos de adolescência, vividos em Santiago do Chile. Então, fomos recebidos na residência de Susan, por ela própria e por Sally Ann, que mora no litoral sudoeste, a uns 200 km de Londres. 

Seguimos para Berlim em 24 de julho. Pelas razões já expostas, um dos objetivos dessa viagem foi o recebimento de recursos financeiros; para tal, solicitei ao Banco do Brasil de Nova Iorque que transferisse os montantes do mês de julho para a agência de Berlim, onde eu os recebi. 

Ficamos em um hotel simples na região oriental da cidade, anteriormente, comunista — hotel Luisenhof. Chamou nossa atenção o elevado padrão socioeconômico do lado capitalista, em comparação com o antigo lado comunista, cujo padrão se mostrava inequivocamente inferior. É difícil compreender a razão da preferência de uma expressiva parcela de cidadãos do mundo pelas mazelas comunistas. 

China (6 a 13/Set/2000)

A embaixada chinesa em Teerã, organizou uma visita para diplomatas e adidos militares à China. Conquanto tivesse também caráter turístico, a viagem foi organizada com ênfase para a apresentação de aspectos políticos, econômicos, culturais e históricos do país. Houve a confirmação de que os chineses riem muito, mas não brincam — o objetivo não declarado, foi projetar poder. Nesse contexto, em setembro, a comitiva se deslocou para a China. Na companhia de quase duas dezenas de diplomatas, fui com Isabel e, também, com a futura sogra Maria Helena. 

Em Pequim, fomos recepcionados em organizações públicas do governo; visitamos museus, conjuntos arquitetônicos e outras atrações turísticas; e desfrutamos da incomum gastronomia chinesa. 

O aspecto mais expressivo da programação foi a visita à histórica cidade de Xian, bem como o conhecimento do acervo de escultura em terracota (argila cozida no forno), de figuras de militares, englobando organizações militares inteiras, que foram descobertas intactas, passados mais de mil anos de sua elaboração.

Rússia e Áustria (25/Dez/2000 a 4/Jan/2001)

Réveillon de 2001 foi precedido de aventura incomum. No dia 25 de dezembro, à tarde, eu e Isabel pegamos uma aeronave de fabricação russa, da companhia aérea estatal iraniana e fomos para Moscou. Houve alguma preocupação porque o avião era velho e malcuidado. A aterrisagem causou um grande alívio. 

Hospedamo-nos no hotel Intourist, na rua Teverskaia, bem próximo do Kremlim e da Praça Vermelha. O hotel Intourist foi construído em 1970, era destinado para hóspedes estrangeiros; ele foi demolido em 2002 e em seu espaço foi construído o hotel Carlton

Das várias atrações moscovitas, convém mencionar a ida, em 27 de dezembro, ao teatro Bolshoi, para assistir ao balé Quebra-nozes. Comemoramos o evento com jantar no refinado restaurante do hotel Metropol, que fica próximo ao Teatro. Vale mencionar também a ida à galeria Tretyakova, que abriga artes plásticas apenas de autores russos. 

Subsequentemente, fomos para São Petersburgo. Dois eventos devem ser citados nessa bela cidade. Em primeiro lugar, fomos assistir ao concerto nº. 2, de Rachmaninoff, no Great Hall do Teatro Sociedade Acadêmica Filarmônica de São Petersburgo, com a Orquestra Filarmônica de São Petersburgo e tendo como pianista encarregado do solo, o chinês Lang Lang, com apenas 19 anos — ocorreu algo incomum: um chinês ser aplaudido pelos russos durante quase 5 minutos. O outro evento foi a visita ao Museu Hermitage, que tem porte histórico e cultural que se aproxima do Museu do Louvre. 

Finalmente, nos dirigimos para Viena, onde ressalta a passagem do réveillon no histórico café Grinzinger Stüberl, uma tradicional taberna operando desde o século XVIII, no bairro vienense de Grinzing. 

França e Espanha (26/Fev a 5/Mar/2001)

No retorno para o Brasil, no final de fevereiro, aproveitamos para passar alguns dias em Paris, outros em Madri e, também, em Toledo. Em Paris, ficamos no hotel do Cercle National des Armées, muito bem localizado, com típica arquitetura parisiense e com instalações sóbrias e confortáveis. 

Na capital francesa, demos prioridade para a visita aos locais turísticos relevantes e para o aproveitamento da gastronomia, com um almoço no restaurante La Coupole

Em 26 de fevereiro, seguimos para Madrid. Isabel já conhecia a capital espanhola e eu estava indo pela primeira vez. Além de apreciarmos a arquitetura, especialmente nas várias praças, fomos ao Museu do Prado — dúvida não resta, ele tem um acervo de obras imperdível, tais como: “Maja desnuda” e “Maja vestida”, de Goya; “As três graças” e “O julgamento de Paris”, de Rubens; e “A anunciação”, de Fra Angelico. 

Demos uma passada no celebrado shopping El Corte Ingles e aproveitei para comprar um relógio de parede mecânico de pêndulo, com que iniciei uma modesta coleção. 

A passagem por Toledo foi rápida. A cidade tem quase 100 mil habitantes e foi capital da Hispânia visigótica, até a conquista moura da península ibérica, no século VIII. Foi possível incluir no rol das lembranças magníficas, a Catedral de Toledo, do século XIII, uma das três catedrais góticas da Espanha, sendo considerada umas das obras magnas desse estilo; e o Museu do Exército, dedicado à história do Exército Espanhol.

 

 

Anexo 2 – Evolução do conflito

16/Jun/2025 (2ª. f)

Passados 4 dias do início das ações, a situação se agravou, a partir dos ataques com mísseis balísticos realizados pelo Irã contra Telaviv, Haifa e outras cidades israelenses. Israel prosseguiu com os ataques com aeronaves de caça da Força Aérea, com foco em instalações militares no território iraniano e sedes de organizações do governo em Teerã, aí incluída a TV estatal iraniana, que estaria sendo utilizada para fins militares.

 

A rigor, o ataque israelense ocorreu na noite de 12 de março, quinta-feira, pelo horário de Brasília (madrugada do dia 13 de março, sexta-feira, pelo horário de Israel).

Portanto, a noite de 15 de junho, domingo, pelo horário de Brasília (referência de datas utilizadas neste texto), é o quarto dia das hostilidades entre os dois países.

 

Hoje, dia 16 de junho, segunda-feira, foi noticiado que os ataques israelenses já mataram mais de 200 iranianos e feriram cerca de 1.400 cidadãos daquele país. Do lado contrário, os ataques do Irã causaram, aos israelenses, a morte de 20 pessoas e da ordem de 350 feridos.

Constata-se que há uma desproporção numérica dentre as vítimas dos dois países, contudo uma ou dezenas de vítimas são igualmente deplorável e aterrorizante, dado que causadas por desavenças entes semelhantes.

 

19/Jun/2025 (5ª. f)

O conflito entre Israel e o Irã prossegue, com as duas partes ampliando a intensidade e a letalidade das ações.

Hoje, Israel bombardeou alvos estratégicos do Irã. Nas primeiras horas desta quinta-feira, 40 caças israelenses lançaram cerca de 100 bombas sobre alvos que inclui organizações militares, complexos de produção e de lançamentos de mísseis e instalações nucleares. Foram atingidos o reator de Arak, as instalações de Natanz e o complexo nuclear de Isfahan.

Por sua vez, o Irã retaliou a ação lançando novos mísseis balísticos contra o território israelense e destruiu o hospital Soroka, em Beersheba, no sul do país, deixando 76 feridos, sendo 6 em estado grave.

Dessa forma, desde o início da ofensiva, o Irã já contabiliza o lançamento contra Israel de mais de 400 mísseis, inclusive mísseis com bombas de fragmentação, difíceis de serem interceptados, e cujos efeitos são mais dilacerantes; e cerca de 1.000 drones.


21/Jun/2025 (Sáb.)

Hoje, o mundo foi pego de surpresa. O presidente Donald Trump anunciou que os Estados Unidos bombardearam o Irã e causaram extensos danos às instalações nucleares de Fordow, Nathanz e Isfahan. 

Posteriormente, fontes oficiais americanas divulgaram alguns detalhes sobre as operações. Seis aeronaves B-2 Stealth, da Força Aérea americana, bombardearam o complexo nuclear de Fordow com bombas “bunker-busters” de 30.000 libras [*] e submarinos da Marinha lançaram 30 mísseis de cruzeiro sobre as instalações nucleares de Nathanz e Isfahan. O porta-voz americano acrescentou que um B-2 bombardeou Nathanz com duas bombas “bunker-busters”.

                        [*] Bomba “bunkers-busters” (ou bomba “destruidora de bunkers”) — é a bomba denominada GBU-57 ou MOP (Massive Ordnance Penetrator) de 30.000 libras, equivalentes a 13.600 kg, cujas dimensões são 6 metros de comprimento e 80 centímetros de largura.

Adicionalmente, fontes militares israelenses informaram que 20 aeronaves da Força Aérea de Israel conduziram ataques a alvos militares em Teerã e na região oeste do Irã.


23/Jun/2025 (2ª. f)

O presidente Donald Trump anunciou um cessar-fogo entre Israel e Irã. Horas depois autoridade do Irã negou que haja compromisso dos iranianos com o cessar-fogo.

Os iranianos mantêm o posicionamento contrário ao cessar-fogo. Em consequência, o Irã lançou ataque com mísseis à base americana no Qatar. Tudo indica que não houve vítimas. Essa é a maior instalação militar dos EUA no Oriente Médio, com cera de 40.000 militares.


28/Jun/2025 (Sáb.)

Passados 15 dias do ataque de Israel ao Irã, o cessar-fogo anunciado na última segunda-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está em vigor, sendo que as autoridades de Teerã não declararam a aceitação oficial da proposta, porém — após a retaliação contra os Estados Unidos com o ataque ao maior aquartelamento americano no Oriente Médio — reduziram gradativamente os ataques de mísseis contra Israel, a tal ponto que, na prática, o cessar-fogo está em vigor.

A imprensa israelense divulgou hoje uma espécie de contabilização dos danos do conflito. Com os ataques aéreos a 900 alvos no Irã, as ações de Israel danificaram severamente as organizações de defesa aérea, as indústrias de produção de mísseis e as instalações nucleares do Irã. Teriam sido assassinados cerca de 30 altos chefes militares e 11 cientistas nucleares. Nesse sentido, a capacidade de enriquecimento de urânio do Irã, até 90%, foi neutralizada por um longo período e a possibilidade de produzir uma arma nuclear foi neutralizada.

As autoridades do Irã declararam que 672 iranianos foram mortos nos ataques aéreos; e as autoridades de Israel afirmaram que 28 israelenses foram mortos nos ataques de mísseis.

O objetivo inicial de Israel era neutralizar o programa nuclear do Irã, com ênfase para impedir a produção de arma atômica.

As autoridades iranianas continuam com a retórica de que eles não têm o objetivo de construir arma atômica e que eles não renunciam ao direito de prosseguir com o programa de desenvolvimento nuclear para fins pacíficos.



Anexo 3 – Localização do Irã no Oriente Médio



[Localização do Irã no Oriente Médio e respectivas fronteiras com os países vizinhos]

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[Viagens realizadas no Irã, por Aléssio Ribeiro Souto, no período de 1999 a 2000, na condição de Adido Militar de Defesa, Naval, do Exército e da Aeronáutica, junto à Embaixada do Brasil em Teerã]

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