"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado." Homenagem a Oscar Barboza Souto, lavrador, comerciante, tabelião, juiz de paz. In Memorian. |
Assisti a um vídeo que recebi por intermédio do WhatsApp, no qual é esclarecido que o estado do Acre, antes de ter sido comprado pelo governo brasileiro da Bolívia, foi declarado país independente por um jornalista e diplomata espanhol, chamado Luiz Galvez, que vivia nessa região.
Nesse contexto, Galvez se manteve no poder durante cerca de seis meses, até que o governo brasileiro enviasse uma expedição com quatro navios de guerra e um navio com tropas de infantaria para destituir o governante aventureiro e depois devolver o território para a Bolívia.
Tomado pela surpresa, inicialmente, decidi verificar se há outras fontes que tratam do tema e confirmam essa notícia, para mim inédita. De acordo com artigo da Wikipedia, a surpreendente independência do Acre é verdadeira.
Subsequentemente, correndo os devidos riscos por não ter as devidas autorizações, mas com a ousadia e a benemerência resultantes do conhecimento de evento histórico curioso e pouco conhecido, decidi incluir os textos — extraídos do vídeo e encontrado na Wikipedia — em meu blog, para conhecimento daqueles que me conferem o privilégio de acessar minhas modestas publicações.
Estado independente do Acre
[1]
Você sabia que o Acre já foi um país e que um espanhol foi seu presidente? Em 14 de julho de 1899, na cidade de Puerto Alonso, onde hoje é o município de Porto Acre, um espanhol chamado Luiz Galvez leu seu discurso de proclamação que criou o estado independente do Acre — “Se a Pátria não nos quer, criamos outra! Viva o Estado independente do Acre!”
Depois de inúmeras batalhas contra os bolivianos, o território do Acre se tornava independente, tendo presidente, moeda e tudo o mais.
O espanhol Luiz Galvez que morava na região foi quem governou essas terras. Ele estava esperançoso de que o novo país vingasse e crescesse em população bem como economicamente. Por isso, várias cartas oficiais de independência foram enviadas para a França, Inglaterra, Estados Unidos e para o próprio Brasil. Para os Estados Unidos, o Acre ficou conhecido como “o país da borracha”.
Luiz Galvez assumiu o cargo provisório de presidente, instituiu as armas da República, criou a atual bandeira, organizou ministérios, criou escolas, hospitais, um exército, corpo de bombeiros e exerceu funções de juiz. Também emitiu selos postais; e idealizou um país moderno para aquela época, com preocupações sociais, de meio ambiente e urbanísticas. Esta era a moeda do Acre:
Ele governou por dois períodos esse país. A primeira foi de 14 de julho de 1899 a 1º. de janeiro de 1900. Então, houve um movimento de seringalistas contra Galvez, por ele ser espanhol e não brasileiro. Ele foi deposto da presidência pelos insurgentes; mas logo depois, foi reconduzido ao poder. Esse novo país durou muito pouco. Por reclamação da Bolívia e pelo Tratado de Ayacucho que reconhecia o Acre como sendo boliviano, o presidente brasileiro Rodrigues Alves despachou uma expedição militar composta por quatro navios de guerra e um outro conduzindo tropas de infantaria para prender Luiz Galvez, destituir a República do Acre e devolver a região aos domínios da Bolívia.
No dia 11 de março de 1900, Luiz Alvez rendeu-se à tropa da Marinha de Guerra do Brasil, na sede do seringal Caquetá, às margens do rio Acre, para depois ser exilado em Recife, Pernambuco. Mais tarde, foi deportado para a Europa.
Mesmo após o país do Acre ser dissolvido e a Bolívia ter domínio, os habitantes da região não aceitavam se tornar bolivianos; e a guerra entre seringueiros e bolivianos continuou com muito derramamento de sangue; até que em novembro de 1903, foi assinado o Tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasil comprava aquele território da Bolívia e aquela região fazia parte oficialmente do Brasil.
Anos depois, o espanhol que fora presidente do Acre ainda retornou ao Brasil, mas o governo do Amazonas o prendeu e o recambiou para o Forte de São Joaquim do Rio Branco, hoje estado de Roraima, de onde fugiria tempos depois, e acabaria morrendo na Espanha. No Acre, o espanhol é lembrado com homenagem. Na entrada da Assembleia Legislativa do Estado, há uma estátua de Luiz Galvez e atrás dele a bandeira do estado independente do Acre, criada por ele. Nela está escrito: “Se a Pátria não nos quer, criamos outra. Viva o estado independente do Acre!”, frase que foi dita por ele no dia 14 de julho de 1999, perante a população que ali habitava.
Mas para você, como estaria a República do Acre, hoje em dia, se esse país tivesse dado certo?
Luis Gálvez Rodríguez de Arias
[2]
Luis Gálvez Rodríguez de Arias (San Fernando, 1864 — Madrid, 1935) foi um jornalista, diplomata e aventureiro espanhol (muitas vezes erroneamente apontado como boliviano) que proclamou a República do Acre em 1899. Governou a República do Acreentre 14 de julho de 1899 e 1 de janeiro de 1900 pela primeira vez, e entre 30 de janeiro e 15 de março de 1900, pela segunda e última vez.
Biografia
Gálvez estudou ciências jurídicas e sociais na Universidade de Sevilha e depois trabalhou no serviço diplomático espanhol em Roma e Buenos Aires. Migrou para a América do Sul para procurar o Eldorado da Amazônia, em 1897. Em Belém do Pará foi jornalista no Correio do Pará. Em Manaus, escreveu para o jornal Commercio do Amazonas.
Logo depois do governo boliviano celebrar um acordo de comércio e exportação de borracha, através de um Contrato de Arrendamento com um sindicato de capitalistas estrangeiro, o Bolivian Syndicate, presidido pelo filho do então presidente dos Estados Unidos, Gálvez recebe uma cópia do documento para ser traduzido para o inglês, como funcionário do Consulado boliviano em Belém.
Leva então o assunto ao conhecimento do governador Ramalho Júnior e revela seu intento de promover a independência do Acre. O Governador apoia a ideia clandestinamente, fornecendo recursos financeiros, armas, munições, provisões, um navio especialmente fretado e equipado com um canhão e uma guarnição de vinte homens.
Lidera então uma rebelião no Acre, com seringueiros e veteranos da guerra de Cuba, no dia 14 de julho de 1899, propositadamente a data do aniversário de cento e dez anos da Queda da Bastilha. Fundou a República Independente do Acre, justificando que “não podendo ser brasileiros, os seringueiros acreanos não aceitavam tornar-se bolivianos”. Implantou o governo do país, que os Estados Unidos classificaram como um país da borracha.
Chamado Imperador do Acre, assumiu o cargo provisório de presidente, instituiu as Armas da República, a atual bandeira, organizou ministérios, criou escolas, hospitais, um exército, corpo de bombeiros, exerceu funções de juiz, emitiu selos postais e idealizou um país moderno para aquela época, com preocupações sociais, de meio ambiente e urbanísticas. Também baixou decretos e envia despachos a todos os países da Europa, além de designar representantes diplomáticos.
Um golpe de Estado em seu governo com apenas seis meses de existência o retirou do cargo, sendo substituído pelo seringalista cearense Antônio de Sousa Braga, que um mês depois devolveu o poder a Gálvez.
O Tratado de Ayacucho, assinado em 1867 entre o Brasil e a Bolívia reconhecia o Acre como possessão boliviana. Por isso, o Brasil despachou uma expedição militar composta por quatro navios de guerra e um outro conduzindo tropas de infantaria para prender Luis Galvez, destituir a República do Acre e devolver a região aos domínios da Bolívia. No dia 11 de março de 1900, Luis Gálvez rendeu-se à força-tarefa da marinha de guerra do Brasil, na sede do seringal Caquetá, às margens do rio Acre, para depois ser exilado em Recife, Pernambuco. Mais tarde foi deportado para a Europa.
Gálvez ainda retornou ao Brasil, anos depois, mas o governo do Amazonas o prendeu e o recambiou para o Forte de São Joaquim do Rio Branco, hoje estado de Roraima, de onde fugiria tempos depois. Morreu na Espanha.
Homenagens
- Existe um rio com seu nome no Acre.
- Na entrada da Assembleia Legislativa do Estado do Acre (ALEAC) há uma estátua de Gálvez e atrás dele a bandeira do Estado Independente do Acre. Nela, está escrito “Se a Pátria não nos quer, criamos outra! Viva o Estado Independente do Acre!”, frase que foi dita por Gálvez no dia 14 de julho de 1899, durante a declaração da República do Acre perante a população que ali habitava. A frase virou um "bordão" e, até hoje — mais de 1 século depois de dita pelo Imperador Gálvez — a maioria dos acreanos não a conhece perfeitamente.
(i) “Luis Gálvez Rodríguez de Arias” — https://pt.wikipedia.org/wiki/Luis_Gálvez_Rodríguez_de_Arias
(ii) “Luis Gálvez Rodríguez de Arias – 1859-1946”https://web.archive.org/web/20110706155331/http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/LuisGRAr.html
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