A USP cancelou a matrícula de estudantes de colégios militares aprovados no vestibular pelo Enem, sob a alegação de que as escolas mantidas pelo Exército não se enquadram no sistema de cotas, contrariando dessa forma até deliberação com interesse para o tema, do Supremo Tribunal Federal.
No ranking CWTS Leinden Ranking, pouco conhecido mas de insuspeita credibilidade — e que avalia a efetividade da produção científica — a USP se coloca na desconfortável posição 780º. É difícil de acreditar, porém quem duvida pode pesquisar no site http://www.leidenranking.com/ranking/2018/list. Por apego à verdade, convém destacar que os demais rankings confiáveis (que levam em conta outros aspectos além da produção científica), colocam a USP na faixa de classificação entre 150 a 300, o que não configura uma situação alentadora.
Em relação ao cancelamento das matrículas, não há problema, a justiça já foi acionada pelos estudantes e é uma questão de tempo, a correção da atabalhoada decisão dos gestores da principal universidade brasileira. O adjetivo utilizado é uma forma de suavizar o que na realidade é um desastre lógico, racional e acadêmico.
No atinente à efetividade da produção científica, aí entramos em outra esfera da arquitetura do pensar. Primeiramente, quais seriam as causas desse desempenho? Alinhavemos as possibilidades: atuação dos gestores decisores, qualificação dos professores, responsabilidade e comprometimento na condução da atividades acadêmicas, qualidade do universo fornecedor dos pós-graduandos, processo de admissão dos pós-graduandos, metodologia de produção dos trabalhos acadêmicos, insuficiência de recursos financeiros, deficiência no emprego dos recursos disponíveis, corrupção financeira e, sem querer esgotar as ideias, a prevalência de viés ideológico em detrimento do essencial viés científico. Não seria o caso de se pensar em todas essas causas como arcabouço do pífio desempenho da USP? Segundamente, dá o que pensar ..., afinal os grandes desastres jamais têm uma única causa; habitualmente, derivam de uma conjugação encadeada de vários fatores desencadeadores. Então, uma hipótese razoável é imaginar que a maioria dos fatores apontados contribui para que a USP decida, pesquise, publique mal e, em sentido geral, responda pior.
Imaginemos um diálogo fictício entre Armando Sales de Oliveira e Julio de Mesquita Filho, fundadores da USP. Apenas duas frases:
— Naquela época, fizemos o que era necessário para que as gerações posteriores tivessem a oportunidade de viver à luz do ser, pensar e saber, de forma plena, para buscar o objetivo primacial do ser humano — a paz e a harmonia.
— É verdade! É desalentador constatar que agora eles preferem o lado sombrio da realidade.
Imaginemos também um diálogo real entre dois dos integrantes do universo de 11 milhões de brasileiros que passam fome:
— Quando, por não dispor de recursos, a gente deixa de comprar bens essenciais, estamos contribuindo para que os recursos que deveriam ser empregados em nosso favor sejam desviados para Educação na USP.
— É verdade! Mas quando falta “alimento” para os gestores acadêmicos, eles fazem o que estão fazendo!
Para sair do ambiente lamacento em que a mediocridade se assenta, é imperioso asseverar que estamos vivenciando um momento histórico de transformações em nosso País. Há a aspiração, a expectativa e a esperança de que as mudanças revolucionárias cheguem à Educação e, em particular, às 69 universidades públicas federais e às congêneres estaduais, e assim os fundadores da USP não precisem mais dar solavancos onde quer que estejam.
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