Este texto se propõe a comparar as conjunturas vigentes no Brasil nas quadras de 1930, 1964 e 2022, buscando semelhanças e dissonâncias e a partir das constatações, lançar os questionamentos atinentes às perspectivas para o País e seus entes humanos, em médio prazo.
Em 1930, políticos, empresários e militares, ancorados nos estados da Paraíba, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, se insurgiram contra o status quo — ‘toma lá dá cá’, corrupção, desmando político-administrativo e risco de socialização do País —, prevalente sobretudo no governo Washington Luís e na política do café com leite (alternância de mineiros e paulistas, que seria quebrada se o vencedor da eleição presidencial, um paulista, assumisse o governo), e deram origem à Era Vargas, não importando se concordamos ou discordamos do que ocorrera a seguir. Naquela conjuntura, é imperioso mencionar a malograda tentativa de comunização do Brasil perpetrada no âmbito da chamada Intentona Comunista de 1935.
Em 1964, políticos, empresários e militares, apoiados pela mídia, pela Igreja, por instituições como a OAB, e por multidões que foram às ruas, novamente se insurgiram contra o status quo — ‘toma lá dá cá’, corrupção, desmando político-administrativo e risco de socialização do País. Não há como ignorar o fato de que havia algo nefasto, capitaneado pelo governo Goulart, e que foi impedido: a comunização do País, mercê de contato dos líderes esquerdistas com ditaduras comunistas, como as vigentes em Cuba, em países da Europa Oriental e na China; de treinamento militar de integrantes do Partido Comunista do Brasil (PC do B), em 1963, na Academia Militar de Pequim, na China; da intensificação do trabalho das Ligas Camponesas no Nordeste; e da formação dos famigerados “Grupos dos Onze”, que se proliferaram, no início da década de 1960, em municípios de quase todos os Estados da Federação.
Em 2022, políticos, empresários, integrantes do Judiciário e militares fizeram a opção pelo ‘toma lá dá cá’, corrupção, desmando político-administrativo e infausto alinhamento e apoio a ditaduras comunistas, com a possibilidade de nosso País seguir caminho similar. Essa tendência desaguou na vitória do Sr. Lula da Silva, na eleição presidencial de outubro de 2022, evento com acusações de fraude em urnas eletrônicas, cuja comprovação de veracidade ou falsidade foi impedida pela Justiça, aliada do suposto vencedor. A partir desse pleito, o Brasil passou a ter como governante um ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário, sendo oportuno relembrar que, a exemplo do que ocorreu no Brasil, a História registra os seguintes casos fatídicos em que meliantes saíram da prisão e passado mais ou menos tempo passaram a comandar seu País: Hitler, na Alemanha [1]; Stalin, na União Soviética [2]; Pol Pot, no Cambodja (Pol Pot a rigor não foi encarcerado, pois fugiu para a floresta) [3]; Fidel Castro, em Cuba [4]; e Hugo Chaves, na Venezuela [5]. Nesse sentido, convém mencionar que em todos esses casos, a prisão do malfeitor se deu por crimes políticos; e no caso brasileiro, a prisão se deu por crime de corrupção e lavagem de dinheiro.
É oportuno inferir que em 1930 e 1964, políticos, empresários e militares, bem como a maioria da população se insurgiram contra o estado de distopia em que se encaminhava o País por força da atuação de suas líderes maiores.
Já em 2022, de forma contrária, incompreensível e abominável, lideranças políticas, judiciais, empresariais e militares, com o apoio de parcela da população, desencadearam o retorno para similar estado de distopia, caracterizado pela aceitação de desmandos políticos, gestão econômica catastrófica, corrupção, atuação institucional fora dos ditames constitucionais e risco de socialização.
Como consequência, na atual conjuntura, o Brasil ingressou no maior retrocesso político, econômico e social da história.
Que perspectivas estão no horizonte?
Há solução para um país de dimensões continentais, população no patamar superior a duzentos milhões de habitantes e extensa gama de recursos naturais?
Refletir e aguardar os pleitos presidenciais de 2026 e 2030 são um bom começo?
Os desastres da atual gestão presidencial oferecem ensinamento para vencer a decantada incapacidade de parcela dos eleitores brasileiros em votar com consciência, eficácia e vontade de participar do êxito da gestão política?
A exemplar atuação de governadores de estado — como Romeu Zema, de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ratinho Júnior, do Paraná — constitui alternativa para a ocupação do cargo presidencial e lançamento do Brasil para a vanguarda de sucesso e desenvolvimento?
[1] Em 1923, Adolfo Hitler organizou um golpe de estado em Munique, na Alemanha, para tentar tomar o poder. O fracassado golpe resultou na prisão de Hitler. Enquanto preso, ele ditou seu primeiro trabalho literário: a autobiografia e manifesto político, Mein Kampf (Minha Luta). Em 1933, o Partido Nazista tornou-se o maior partido eleito no Reichstag, com seu líder, Adolf Hitler, sendo apontado Chanceler da Alemanha no dia 30 de janeiro do mesmo ano. Após novas eleições, ganhas por sua coalizão, o Parlamento aprovou a Lei habilitante de 1933, que começou o processo de transformar a República de Weimar na Alemanha Nazista, uma ditadura de partido único totalitária e autocrática de ideologia nacional socialista.
[2] Joseph Stalin é originário de uma família pobre em Gori, Império Russo, iniciou sua carreira revolucionária após juntar-se ao Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) quando jovem. Lá, editou o jornal do partido, o Pravda, e levantou fundos para a facção bolchevique de Vladimir Lenin por meio de roubos, sequestros e redes de proteção. Repetidamente preso, sofreu vários exílios internos. Governou a União Soviética (URSS) de meados da década de 1920 até sua morte, servindo como Secretário-Geral do Partido Comunista de 1922 a 1952, e como primeiro-ministro de seu país de 1941 a 1953. Inicialmente presidindo um estado unipartidário que governava por um sistema de liderança coletiva, consolidou o poder tornando-se o ditador ou autocrata da União Soviética já na década de 1930.
[3] Pol Pot era filho de um próspero fazendeiro em Prek Sbauv, na Indochina Francesa. Foi educado em algumas das escolas de elite do Cambodja. Enquanto esteve em Paris durante a década de 1940, ele ingressou no Partido Comunista Francês. Retornando ao Cambodja em 1953, ele se envolveu na organização marxista-leninista Viet Minh e em sua guerra de guerrilha contra o novo governo independente do rei Norodom Sihanouk. Após o retiro do Viet Minh, em 1954, para o Vietnã do Norte, controlado por marxistas-leninistas, Pol Pot retornou a Phnom Penh, trabalhando como professor e permanecendo um membro central do movimento marxista-leninista do Cambodja. Em 1959, ele ajudou a formalizar o movimento no Partido dos Trabalhadores do Kampuchea, que mais tarde foi renomeado Partido Comunista de Kampuchea (CPK). Para evitar a repressão estatal e a prisão inevitável, em 1962, ele se mudou para um acampamento na selva e em 1963 tornou-se o líder do CPK. Em 1968, ele relançou a guerra contra o governo de Sihanouk. Depois que Lon Nol depôs Sihanouk em um golpe de 1970, as forças de Pol Pot ficaram do lado do líder deposto contra o governo de Lon Nol, que foi reforçado pelos militares dos Estados Unidos. Ajudadas pelas milícias vietcongues e pelas tropas do Vietnã do Norte, as forças do Qmer Vermelho de Pol Pot avançaram e controlaram todo o Cambodja em 1975. A ditadura comunista de Pol Pot ocasionou a morte e eliminação de cerca de 25% da população cambodjana. Pol Pot foi preso ao final da vida e morreu em prisão domiciliar.
[4] Fidel Castro era filho de um rico fazendeiro, adotou a política anti-imperialista de esquerda enquanto estudava Direito na Universidade de Havana. Depois de participar de rebeliões contra os governos de direita na República Dominicana e na Colômbia, planejou a derrubada do presidente cubano Fulgêncio Batista, lançando um ataque fracassado ao Quartel Moncada em 1953. Depois de um ano de prisão, viajou para o México onde formou um grupo revolucionário, o Movimento 26 de Julho, com seu irmão Raúl Castro e Che Guevara. Voltando a Cuba, Castro assumiu um papel fundamental na Revolução Cubana, liderando o movimento em uma guerrilha contra as forças de Batista na Serra Maestra. Após a derrota de Batista em 1959, Castro assumiu o poder militar e político como primeiro-ministro de Cuba.
[5] No dia 4 de fevereiro de 1992, o então tenente-coronel Hugo Rafael Chávez, comandando cerca de 300 militares, protagonizou um golpe de Estado contra o presidente Carlos Andrés Pérez, da Acción Democrática (1974-1979 e 1989-1993). O insucesso da insurreição resultou na prisão de Chávez. Embora fracassada, a tentativa de golpe em 1992 o levou a fundar o Movimento Quinta República e a projetá-lo no cenário nacional venezuelano. Em 1993, o presidente Carlos Andrés Pérez foi afastado do governo, sob a acusação de corrupção. Depois de cumprir dois anos de encarceramento, Chávez foi anistiado pelo novo presidente, Rafael Caldera Rodríguez, e abandonou a vida militar, passando a se dedicar à política. O agravamento da crise social e o crescente descrédito nas instituições políticas tradicionais o favoreceram. Na condição de líder da Revolução Bolivariana, e inspirado no gramscismo, Chávez advogava a doutrina bolivarianista, promovendo o que denominava de socialismo do século XXI. De tendência social-democrata, ele seria o líder e iniciador da Onda Rosa, um fenômeno político latino-americano que se caracterizou pela chegada de lideranças de esquerda ao poder no início do século XXI. Chávez foi também um crítico do neoliberalismo e da política externa dos Estados Unidos. Ele se tornou o 56º. presidente da Venezuela, governando o País por 14 anos, de 1999 até sua morte em 2013.
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