Com o editorial “Netanyahu estava certo: como os sucessos militares recentes de Israel impulsionam sua liderança”, o jornal israelense Jerusalem Post analisa as ações políticas e militares do primeiro-ministro de Israel, e estatui que “Assim como ele se defendeu de muitos pretendentes a seu cargo ao longo dos 17 anos em que ocupou o poder (em três mandatos diferentes), ... Em uma série de operações audaciosas e meticulosamente executadas, Israel eliminou quatro de seus inimigos mais notórios ...”
Pode-se afirmar que, em questão de meses, as Forças de Defesa de Israel, consolidaram sua reputação de inteligência de alto nível e ataques militares ousados. Nesse contexto, foram eliminados os seguintes integrantes de proxies do Irã:
– em 13 de julho, Mohammed Deif, o evasivo chefe da ala "militar" do Hamas, em Gaza;
– em 31 de julho, o líder do Hamas Ismail Haniyeh, por intermédio de um dispositivo explosivo detonado remotamente em sua casa de hóspedes durante uma visita ao Irã;
– em setembro, Hassan Nasrallah, líder de longa data do Hezbollah, em um ataque aéreo de precisão em seu centro de comando subterrâneo, em Beirute; e
– Em outubro, Yahya Sinwar, o mentor do ataque de 7 de outubro, apanhado quando foi descoberto fugindo pelas ruas de Rafah.
Ademais, em setembro, a inteligência de Israel orquestrou uma robusta operação de beepers (pagers e walkie-takies) visando terroristas do Hezbollah, causando explosões que paralisaram os sistemas de comunicação do grupo e custaram a vida de 42 combatentes e feriram milhares.
À guisa de conclusão, o editorialista infere: “o que Bibi [Netanyahu] fez foi ganhar tempo, esperando e apostando que sua sorte política mudaria conforme a maré da guerra mudasse – desde o início, ele disse que esta seria uma guerra longa. Parece que a maré pode ter mudado para o primeiro-ministro.”
Em consequência, formulei os seguintes questionamentos:
1] A guerra em quatro frentes (contra o Hamas, na faixa de Gaza; contra o Hezbollah, no Líbano; contra os Houthis, no Iêmen; e contra o Irã) será vencida por Israel e permitirá a Netanyahu ampliar seus 17 anos como primeiro-ministro (o mais longo período de governo desde a fundação de Israel)?
2] Dos pontos de vista militar, estratégico e político, quais serão as consequências comparativas do conflito israelense-palestino-iraniano, no Oriente Médio, para Israel e para o Irã?
3] Quais serão as consequências operacionais do conflito no Oriente Médio para a arte da guerra? Alguma consequência específica no campo da ciência e tecnologia para a arte da guerra?
4] Quais serão as consequências do conflito no Oriente Médio para o comércio mundial do petróleo e para a economia global?
5] O conflito no Oriente Médio beneficiará Donald Trump ou Kamala Harris na eleição de novembro próximo?
6] Quais serão as consequências do conflito no Oriente Médio para o Brasil? Ademais, o Brasil será beneficiado ou prejudicado?
7] O conflito no Oriente Médio terá algum impacto na eleição presidencial brasileira de 2026?
Só havia pensado nos questionamentos. Em face da provocação de amigos, fiz o que não estava previsto, isto é, tentei elaborar respostas. É preciso notar que há uma questão de cenários vistos sob a égide da previsão, isto é, da prospectiva. Então, antes de passar às respostas que vislumbrei, posso cogitar o seguinte, sobre a veracidade dos cenários que estão implícitos em minhas proposições:
– há 54% de probabilidade de uma parcela menor ou maior do que visualizei estar certo;
– há 43% de probabilidade de tudo o que visualizei estar errado;
– há 3% de probabilidade de tudo o que visualizei estar completamente certo.
A solução cogitada para os ‘questionamentos’ é apresentada a seguir.
1] A guerra em quatro frentes (contra o Hamas, na faixa de Gaza; contra o Hezbollah, no Líbano; contra os Houthis, no Iêmen; e contra o Irã) será vencida por Israel e permitirá a Netanyahu ampliar seus 17 anos como primeiro-ministro (o mais longo período de governo desde a fundação de Israel)?
– Israel deverá vencer o Hezbollah, o Hamas e os Houthis, contudo esses grupos terroristas continuarão incomodando Israel, uma vez que o Irã continuará dando apoio para eles — seus proxies. No que diz respeito ao Irã, creio que não haverá vencedores. Israel tem capacidade (com o apoio dos Estados Unidos), de fazer face aos ataques dos iranianos, portanto, o Irã não se sagrará vencedor. Israel não invadirá o Irã, porque se o fizer, a guerra duraria anos e não haveria como derrotar a geografia, o poder militar e demais condicionantes históricas. Nesse sentido, é bom lembrar que o Irã (a partir da Pérsia) está lá há mais de 4000 anos — e considerando romanos, mongóis, gregos, ingleses, russos — nenhuma potência, exceto a governada por Alexandre, conseguiu invadir o Irã. Então, entre Israel e Irã, ambos perderão recursos de maior ou menor ordem, sendo que Israel evoluirá no sentido bélico, em consequência do conflito, por causa da base científico-tecnológica e da histórica capacitação militar.
2] Dos pontos de vista militar, estratégico e político, quais serão as consequências comparativas do conflito israelense-palestino-iraniano, no Oriente Médio, para Israel e para o Irã?
– Há que considerar a resposta israelense ao último ataque iraniano de mísseis e foguetes. Vai ocorrer? Quando? Antes da eleição americana no dia 5 de novembro? O que será atacado (infraestrutura militar, nuclear ou de combustíveis — estas duas últimas são muito improváveis)?
Em qualquer situação, o povo israelense perde uma parcela do padrão de vida, com o conflito. Israel perde recursos financeiros e gasta uma parcela de seu poder bélico. As Forças de Defesa de Israel saem fortalecidas em um sentido específico: a base científico-tecnológico vai obrigar a aceleração da evolução, entre outros, de sistemas de defesa antiaérea e, particularmente, defesa contra drones, que nenhum país do mundo está preparado. O Irã — que tem o objetivo permanente de prevalência no Oriente Médio — poderá sair perdendo, com os proxies enfraquecidos, e estará mais distante dos árabes sunitas (Arábia Saudita, EAU e outros). Por óbvio, terá reposição de poder bélico, pelo apoio da China e da Rússia.
3] Quais serão as consequências operacionais do conflito no Oriente Médio para a arte da guerra? Alguma consequência específica no campo da ciência e tecnologia para a arte da guerra?
– A capacitação de Israel, no sentido operacional, estará mais aprimorada e consolidada — nos ataques aos proxies (Hezbollah, Hamas e Houthis), na defesa contra os ataques de mísseis e foguetes e no preparo de defesa antiaérea, em particular, contra drones. A inteligência que já é a mais qualificada do mundo vai aprimorar mais ainda. A ciência e tecnologia para defesa vai evoluir pela demanda e pela necessidade, que sempre é mestra da vida. Os proxies perdem em todos os sentidos. Já o Irã deverá buscar a evolução de seus mísseis e foguetes, não podendo ser esquecido que os iranianos querem, a todo custo, foguetes lançadores de artefato atômico. Ademais, vai intensificar os processos de desenvolvimento nuclear, com vistas à obtenção da bomba atômica. — em suma, o Irã perde na atual conjuntura, mas alavanca suas tentativas de ampliação do poder estratégico. Nesse contexto, a nova administração americana e os europeus terão que fazer ingentes esforços para adotar medidas contrárias à evolução do projeto nuclear do Irã.
4] Quais serão as consequências do conflito no Oriente Médio para o comércio mundial do petróleo e para a economia global?
– Como há a tendência de o mercado de petróleo ser afetado pelo conflito — o que não se pode prever é a dimensão desse impacto — o Ocidente adotará medidas para a aceleração da obtenção de alternativas ao petróleo como combustível automotivo. Veículo elétrico? Dúvidas há. Veículo movido a hidrogênio? Muito provável. Em relação à economia como um todo, haverá impacto, como ocorre em qualquer grande crise regional ou global.
5] O conflito no Oriente Médio beneficiará Donald Trump ou Kamala Harris na eleição de novembro próximo?
– Caso Israel decida atacar o Irã antes da eleição em 5 de novembro, haverá derrota das tentativas do governo Biden de obter cessar-fogo e redução do conflito, daí decorre a vantagem para o candidato Donald Trump. Se não houver o ataque a Israel ao Irã antes da eleição, ainda assim, pode haver algum favorecimento para o candidato republicano, dado que de uma forma ou de outra, a administração democrata não foi eficaz na gestão do conflito no Oriente Médio.
– No amanhecer de sábado, 26 de outubro de 2024 (pelo horário de Israel; equivalente à noite de sexta-feira, por volta de 21:00 h, de 25 de outubro, em Brasília), Israel fez três levas de bombardeio aéreo em pelo menos três cidades iranianas — Teerã, Karaj e Shiraz. Foram empregados mais de 100 aviões de caça, que supostamente se deslocaram de Israel, e depois de se deslocarem por mais de 2000 quilômetros, bombardearam instalações militares críticas do Irã. Creio que dúvidas não há, o conflito no Oriente Médio favorecerá a candidatura de Donald Trump na eleição americana de 5 de novembro.
6] Quais serão as consequências do conflito no Oriente Médio para o Brasil? Ademais, o Brasil será beneficiado ou prejudicado?
– O impacto do conflito do Oriente Médio é muito menor do que o impacto de um governo liderado por um ex-presidiário e integrado por contumazes malfeitores da gestão pública. Nesse sentido, o Brasil estará influenciado pelo citado conflito, porém, em escala muito menor do que as consequências de seu atual governo desastroso. Em síntese, o Brasil será pouco prejudicado pelo conflito do Oriente Médio. E aí cabe a dúvida e a indagação crucial: algum governante desastroso do mundo (Idi Amin, Hitler, Stalin, H. Chave, F. Castro, ...) sobreviveu (antes da queda!!!) sem o apoio de magistrados e militares?
7] O conflito no Oriente Médio terá algum impacto na eleição presidencial brasileira de 2026?
– Com argumentação bem conduzida, o conflito do Oriente Médio poderá ter consequências para a eleição presidencial brasileira de 2026, caso ocorra a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos (que terá sido eleito com alguma influência do conflito) e caso Beniamin Netanyahu permaneça no governo israelense. Caso essas possíveis vitórias não se concretizem, ainda assim, haverá influência, porque o desastre da atual gestão, mesmo em pequena escala, será agravado pelo conflito